segunda-feira, 30 de junho de 2008

Flores ...

"Flores
Flores
As flores de plástico não morrem
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem"

Caravana no interior

Desde quinta-feira a tarde entrei num ritmo quase doido de viagem pra acompanhar as convenções do PCdoB no interior. Lá purumas cinco da tarde eu tava na BR 116 com o Uóshton como motorista e o Zé Tampinha (uma figura curiosíssima) como carona. Destino: Juazeiro do Norte.

Foi a quarta vez neste semestre que andei pela terra do Padim Ciço (Joan, o Mestre Matuto deve ta mortin de inveja, mas se impressione não meu amigo véi, ainda num foi dessa vez que fui conhecer a estátua de perto). Vou acabar como um devoto dos mais fiéis. Nossa comitiva perdeu Tampinha (que ia se abençoar com seu pai e resolver umas broncas lá na terra dele) e ganhou Chico Lopes, que chegou de avião na madrugada, direto de Curitiba, onde foi conhecer o Cindacta (ainda num foi dessa vez que passou a agonia dele na hora voar).

A agenda era meio pesada. Tínhamos cinco convenções pra dá conta. Se fosse tudo no Cariri até que era moleza, mas por lá íamos pra Araripe, Crato e Juazeiro, as outras eram em Jucás e Milhã. Em dois dias e meio rodamos uns miliquinhentos quilômetros. Junto comigo levei minha quase inseparável Sonynha e fiz foto que só a peste.

Quase um Da Vinci

Vendedor, boleiro, confeiteiro, garçom, palhaço de circo, lavrador, mascate, faxineiro, servente e nas horas vagas “faz mandado prosoutros” . Essas são algumas das habilidades do José Ferreira (é só esse o nome dele, o reste ele disse que engoliram), o Zé Tampinha, que pegou esse apelido porque gostava de juntar tampinha de refrigerante em todo canto que ia.

De Fortaleza até Juazeiro do Norte a viagem durou umas sete horas, pois ele falou durante quase 420 minutos. Depois que ele desceu o Uóshton disse que num tem perigo de ter sono numa viagem com ele e eu concordo totalmente pois até quando eu começava a dar um cochilo o cabra puxava um assunto.

Naquele dia ele completava 40 anos e em nenhum deles teve uma comemoração. Resolvi pelo menos pagar um jantar bem reforçado e ainda procurei uma vela pra apagar, mas no restaurante lá em Jaguaribe num tinha nem pro caso de faltar energia. Só num sei como é que cabe tanta história em tão pouco tempo de vida. O cabra já tinha atendido até a Madonna e o Rod Stewart ( em sua homenagem botei pra tocar um CD do escocês ) quando trabalhou de garçom no Hotel Mofarreji, em São Paulo. Acho que se alguém perguntasse mais detalhes de suas aventuras, ele se sairia a la Chicó, do Suassuana, “sei não, só sei que foi assim”.

Num vou contar nenhuma proeza do cabra e nenhuma piada que ele contou, mas vou aguardar o bolo que ele prometeu deixar pra mim no meu trabalho quando voltar pra Fortaleza.

Cabinha Artur

Nas muitas vezes que fui ao Cariri, pouquíssimas vezes fez algo diferente de trabalho. Reuniões, encontros, cursos, seminários, manifestações e mais que se possa imaginar eu já fui por lá. Já tive de chegar as seis da manhã, dar aula num curso do PCdoB durante o dia e as 10 da noite já tava dentro dum ônibus voltando pra Fortaleza. Dessa vez consegui uma brechinha na “programação oficial” e fui fazer algo diferente. Uma das novidades foi a visita muito rápida à Fundação Casa Grande, em Nova Olinda. Conhecia algumas coisas de lá, entre elas duas apresentações culturais em Fortaleza. O mais era só por leitura. Tinha prometido pra Mariana Albanese, assessora de imprensa da Fundação, que conheci a partir dos releases que ela envia e que o Vermelho/Ce publica, que passaria por lá e cumpri a promessa.

Ao chegar, com o Chico Lopes e o Uóshton, quem nos recebeu foi um cabra, ou melhor, um cabinha, chamado Artur. Nosso guia também toca contra-baixo na banda Os Cabinha, que por sinal tá disponibilizando na internet seu último CD. Ele nos apresentou o Memorial do Homem Kariri, me levou pra conhecer a gibiteca onde tem mais de dois mil exemplares ( o Guilherme ia pirar com tanta revistinha), as salas de aula, a editora, o estúdio de rádio, o teatro Violeta Arraes ( que estava sendo preparado pra receber as cinzas de sua madrinha falecida recentemente) e depois proseamos sobre o trabalho da Fundação. Quem me conhece sabe do meu querer por criança. Gosto de saber suas histórias criativas e aventuras, de trocar idéias e experiências, por mais simples que sejam e principalmente de admirar suas curiosidades. Pois o Artur é desses cabinhas que conquistam facilmente amigos. Guardou o endereço do Blog Do Carvalho (taí a foto que num me deixa mentir) e nossa amizade continua agora pela internet.


Um abraço pequeno amigo.

Ô saudade das quadrilhas

Cada cidade do Cariri tem um jeito de conquistar seus visitantes. Em Araripe, terra de gente ilustre como Jovita Feitosa, Miguel e Violeta Arraes, quem me conquistou primeiro foram as pessoas.

A começar pelo prefeito Humberto e seu vice, Neno, ambos do PCdoB, bem como suas mulheres, Denise e Joseane, todo mundo é muito gentil, hospitaleiro, parece que nos conhecíamos a muitos anos. Outra figura muito gente fina é o Demir, roqueiro (há alguns anos foi dono do Bar do Rock, que lamento muito não ter conhecido) e funcionário da prefeitura. Nessa terceira visita a cidade o trabalho era consolidar a aliança eleitoral para eleger o sucessor do Humberto, que não mais disputará um mandato. O PCdoB esta sem candidato e a decisão é apoiar o Jucélio, do PP, com um vice indicado pelos comunistas. Uma reunião na casa do Neno (ainda muito abalado pela morte do Dedé, seu irmão e outro cabra distinto) e depois de muito falatório as coisas se encaminharam muito bem.

Mas o Humberto num queria que saíssemos sem ir na abertura do FEQUARIPE, o Festival de Quadrilhas de Araripe, pra ele “a festa mais bonita do mundo” . A agenda tava apertada, mas como Crato saiu da rota (o candidato do PSB que teria o apoio do PCdoB desistiu e a convenção foi apenas um ato formal, sem necessidade de nossa presença), fomos pra festa e foi a decisão mais correta que tomamos. Solenidade de abertura, falatório e apresentação dos jurados. Pronto, agora toca o forró pulamordideus! Eita coisa mais linda! A garotada dos colégios tava bonita e doida pra se apresentar pro distinto público. Eu me peguei com a Sonynha e fui ver como tava um belezura! Espie só.

Campeã em versos


Depois do falatório, a turma da Escola Luiz Guedes apresentou sua quadrilha, a campeã do Juaforró, o evento mais importante do Cariri, nestes tempos juninos. Num vi os que disputaram com o “Luiz Guedes”, mas o que vi ali foi coisa de emocionar. Começaram contando a origem da quadrilhas nos salões da Inglaterra e depois tocaram fogo na quadra. O casamento matuto foi uma delícia de se assistir, com um detalhe, todos os diálogos em versos de cordel. E pra completar quem puxou a apresentação foi uma menina, e num tem macho mais animado do que aquela cabrita.

Os cabras e as cabritas de Lampião





“Lampião desceu a serra/Deu um baile em Cajazeiras”, mas mandou essa turma pra representar seu bando lá no IX FEQUARIPE. Tinha uns cabra “mal encarado”, umas cabrita bonita e muito solado de pneu nas “pregata de coro” pra mode arrastar no chão ao som da safona, da zabumba e do triângulo.

Unzói de fogo

Do bando de Lampião veio também o Azulão e o cabra tava era de oi grelado, espiando a animação, mas tumém com as bituca tudo ligada mode num deixar os macaco se chegar e estragar o baile perfumado de alegria e animação.

O vôo da alegria

A mariposa pousou na festa, arrumou um parceiro animado e espaiou alegria.

Agonia

O padre até que tava concentrado mode os versos do casório num se perderem da cabeça dele, mas o cabra da frente tava agoniado e quase num se segurava querendo saber o que tanto demorava e porque num começava logo essa festa.

O mais bonito

Rainha tinha um monte delas lá, mas num vi uma com um sorriso mais bonito que esse.

E no fim ...

... os pés da cabrita tavam marcados pela apresentação da campeão que começou animada e terminou animando ainda mais todo mundo. E vamos simbora Chico Lopes, que ainda tem reunião lá em Juazeiro do Norte e nós já tamos é muito atrasados.

A galeria do mestre

Quem viaja pro interior com o Chico Lopes, num tem perigo de num dar um passeio na feira ou no mercado da cidade. Em Juazeiro ainda fomos na Galeria Mestre Noza. “Nozassinhora”, que lugar mais interessante! Quem recebe a gente é logo o Mateus, um cabra dos mais arretados do Reisado e que ali tem pra todo gosto. Pequeno, grande, de toda cor, de todo estilo. Padim Ciço, Nossasinhora, tudo que é santo, tudo que é personagem das histórias e da vida do povo, tudo que é imaginado pelos artesãos tá ali, feito de madeira e argila. Na sexta-feira feira passamos pra conhecer e no sábado chegamos antes de abrir, mas só saímos depois de comprar uma coisinhas, admirar ainda mais os trabalhos e prosear com os artistas. Ali é lugar pra nunca mais eu deixar de ir.

Corisco e Dadá

- Se entrega Corisco
- Eu não me entrego não
Eu não sou passarinho
Pra viver lá na prisão
- Se entrega Corisco
- Eu não me entrego não
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão
- Se entrega corisco
- Eu não me entrego não

A primeira vez que vi uma peça dessas, uma mistura de quadro e escultura, foi na produtora do Rosemberg Cariry e já faz tempo. Pois nunca mais deixei de apreciar tanta beleza. Dessa vez num deixei de levar pra mim a do Corisco coma Dadá e mais duas. A vontade é de ter muita parede pra enfeitar com as belezuras dos nossos artistas populares.

O artesão ...

Na sexta-feira eu vi esse cabra tirando a santa da madeira bruta com um formão, pedi pra fotografar e fui atendido.

...e a devoção

No sábado ele ainda num tinha chegado, mas encontrei a santa quase pronta pra receber devoção.

Gavião meiacinco


O encanto da Galeria Mestre Noza fez a gente se atrasar um bucado na chegada pra convenção do PCdoB de Jucás. Pra completar nos enrolamos na estrada pouco conhecida e pegamos o caminho errado. Fomos parar em Lavras da Mangabeira e na tentativa de achar o caminho certo acabamos passando no Cedro, do Mestre Matuto Joan. Uma pena num poder falar com Dona Idalzira, transmitir o recado beijado do seu filho e agradecer os versos que ela mandou pro Guilherme quando meu menino nasceu. Chegamos a Jucás no finzinho da convenção, mas ainda deu tempo do Chico Lopes tocar fogo na multidão que se juntou pra aprovar a volta do gavião Elânio ( ao lado do Chico) à prefeitura, substituindo o gavião pescador Gabriel (ali detrás com a mão no bolso). Poisé, lá em Jucás, quem carrega a foice e o martelo dos comunistas é um gavião. Pode ver eles juntos aí no cantinho da foto.

Santo protetor

Na convenção do PCdoB de Milhã, que escolheu a brava Liana de Cássia como candidata a prefeita, quem primeiro foi pra mesa foi São Francisco. Depois é que os políticos, inclusive o xará Chico Lopes, vieram fazer companhia ao amigo dos animais. Num sistema eleitoral em que o voto ainda é disputado na base do “é dando que se recebe”, nada melhor do que a presença de São Francisco pra dar o sentido certo a sua oração e reforçar a idéia de que é preciso banir a corrupção e a ladroagem que as elites implantaram na Terra de Santa Cruz.

Arrocha o fole, sanfoneiro!

E como não se vive só de discurso e oração, a convenção de Milhã terminou com muito forró, afinal era véspera de São Pedro e a fogueira já tava queimando. No PCdoB é assim, a política é feita em sintonia com os sentimentos e os costumes do povo. Os comunistas já sabem que a construção do socialismo não pode ignorar a história e a cultura de cada país. Os erros cometidos no passado nos serviram de lição e não há modelo único. O modelo será o brasileiro, com nossas características mais fortes e com a participação real do povo que deseja “festa, trabalho e pão”.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Os amigos do Orlando devem viver


Quando eu trabalhava em Brasília, na assessoria do então deputado federal Inácio Arruda, bati alguns papos com o então presidente da UNE e hoje Ministro dos Esportes, Orlando Júnior*. Certa vez o Orlando, oriundo da periferia de Salvador, disse que metade de seus amigos de infância estavam mortos ou presos. Com isso ele quis demonstrar o grau de violência que prevalência em sua cidade. Nunca esqueci este diálogo e o tenho como uma referência no debate sobre violência e juventude.


Nesta semana, lendo uma matéria no jornal Diário do Nordeste sobre a morte de jovens na periferia da Região Metropolitana de Fortaleza, lembrei da conversa com o Orlando. Ele ultrapassou barreiras que muitos garotos e garotas do Brasil não conseguem. Aqui, só este ano, foram registradas mortes de quase quarenta jovens, na imensa maioria por envolvimento com drogas. O juiz da Infância e da Juventude, Darival Bezerra, disse ao jornal: “Eles morrem mais do que matam. São muito mais violentados do que praticam a violência”. De cara o que o meritíssimo diz já desfaz o papo de que é preciso reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. Ele falou ainda que faltam mecanismos de atendimento aos envolvidos com drogas e também condições para que os infratores possam cumprir suas penas.

Este é um problema muito grave e que precisa de uma ação muito intensa do poder público. Políticas públicas para a juventude, como o Programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes ( imagino que o Orlando deve pensar muito nos amigos dele diante do sucesso do programa) devem ser espalhadas pelo Brasil inteiro. Educação, cultura, lazer, esportes, além da geração de emprego, tudo que puder ocupar a galera deve ser utilizado. Sinceramente, não dá pra ficar parado diante de uma situação que mata mais gente no Brasil do que guerras como a do Iraque. Como sentenciou o Douto Juiz: “Como não existe a oferta de políticas públicas, as ofertas de ´serviço´, pelos traficantes, parecem mais atraentes aos adolescentes que não encontram outra oportunidade. E aí não tem jeito. Voltando às drogas, só existem dois caminhos a frente: a cadeia ou o cemitério, infelizmente
* Curiosidade: O nome do ministro é em homenagem ao seu pai, que por sua vez foi batizado com esse nome para homenagear Orlando Silva, o “Cantor das Multidões” e nós chamávamos o “Júnior” de “Agitador das Multidões” - aliás apelido ali é o que não faltava. O Lindberg Farias, que era deputado federal e também fora presidente da UNE, tinha o apelido de “Paraíba” e me chamava de Inácio Júnior, para diferenciar-me do Xará, o deputado federal, que tinha como chefe de gabinete o Carlos Décimo, também chamado de “Mapa do Chile”, devido sua altura e magreza.

Os amigos do Orlando podem viver


A divulgação do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre a redução da desigualdade social no Brasil é um fato muito animador, especialmente pra juventude. Diz lá que a redução foi de 7% entre 2002 e 2008 ( período dos dois governos do Lula), igualando-se à situação de 1960. O IPEA informa constatou que em 2003, entre os assalariados, o rendimento médio dos 10% mais bem pagos era 27,3 vezes superior aos 10% que têm menor renda. Em 2007 a diferença baixou para 23,5 vezes. Para o Presidente do IPEA, Márcio Pochman, “os dados mostram uma melhora, mas ainda estamos longe de um país menos injusto”. As causas desta conquista da sociedade são o crescimento econômico, os ajustes do salário mínimo acima da inflação e os programas de transferência de renda como o Bolsa Família. O Márcio Pochman, se essa situação permanecer, em 2016 o Brasil deixará de ter uma distribuição de renda “primitiva”. Já pensou se a situação melhorar?

Talvez a melhoria da distribuição de renda não tenha muita importância para a elite econômica e política do Brasil e por isso a chamada “grande imprensa”, especialmente a Globo e cia, não tenham dado o merecido destaque. Já para a maioria do povo é um alento, mesmo que ainda pequeno. É também um sinal pra que o próprio governo Lula reforce muito mais ainda as ações responsáveis por esse fato, especialmente o necessário desenvolvimento econômico capaz de melhorar ainda mais a vida do povo. Por outro lado é preciso conter a retomada do crescimento dos juros. Só para se ter uma idéia das conseqüências negativas dos juros anos, em 2009 o Brasil deverá torrar algo em torno de 200 bilhões de reais só pra remunerar os especuladores do mercado financeiro. Imagine se essa grana toda fosse gasta em atividades produtivas e geradoras de emprego, assim como nos programas sociais! Um exemplo é a refinaria de petróleo prevista pro Ceará. Um investimento duns 20 bilhões que provocará a geração de 90 mil empregos.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

...um épico...


"Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!"


O Navio Negreiro, do qual publico as duas últimas estrofes, é um poema magnífico do jovem Castro Alves que tinha apenas 22 anos quando o escreveu há 139 anos.

Eita impunidade véia de guerra

Há mais de 15 anos uma discussão no trânsito de Fortaleza entre dois carros dirigidos por jovens filhinhos de papai findou na morte da bailarina Renata Braga. Semana passado Wladimir Porto, assassino confesso, foi absolvido no segundo julgamento, depois de ter sido condenado antes e até cumprido pena por 11 meses. A tese da defesa foi de que o assassino reagiu em legítima defesa porque teria se sentido ameaçado pelo outro carro que o perseguia em plena Avenida Beira-Mar. O advogado do assassino chegou a dizer que se não tivesse havido a perseguição, a bailarina não teria morrido.

Sinceramente, todo criminoso tem direito a defesa, por pior que seja seu ato (este é um principio essencial do direito e até da democracia – a confrontação de opiniões), mas acho que o nobre jurisconsulto exagerou aí na dose. Após a absolvição dum cara que depois de dar um tiro na direção de um carro cheio de gente e que teve como preocupação imediata trocar o pára-brisa que ele mesmo atingiu a bala, vejo a hora condenarem o rapaz que dirigia o carro atingido ou ate mesmo a vítima ser acusada de suicídio por ter ficado no caminho duma bala que era só pra “atingir o motor do carro”, como declarou o assassino.

Razões geográficas

O Benjamim Ferro é o gaijo aí da foto, nascido em Moçambique, que ainda criança mudou-se para a África do Sul onde morou muito tempo antes de se transferir para a metrópole lusitana. Duns anos pra cá veio morar em Fortaleza e casou-se com minha companheira de trabalho Samia, também conhecida como Preta, por razões que ninguém contesta. Ontem fomos passar o domingo com o casal e de quebra assistir ao jogo Espanha x Itália. Diante da indagação de sua amada sobre a razão de torcer pela Espanha, o lusitano respondeu que gosta mais do futebol da “Fúria” e rejeita o calcio. O Guilherme, ligado que é, completou: “E também porque Portugal fica na Península Ibérica, né Benjamim?”

domingo, 22 de junho de 2008

Uma senha pro novo tempo


Já pensou o que é sair do melhor duma festa pra ir pra ir a uma reunião? Pois neste sábado, dia 21, eu tava no restaurante Maria Bonita, no aniversário coletivo do Pedro Albuquerque, Patinhas, Assis Aderaldo e Luiz Teixeira (até em aniversário comunista faz uma atividade coletiva, aí é socialismo, viu?) e tive de sair pruma convenção conjunta do PCdoB e mais oito partidos em São Gonçalo do Amarante. Pois bem, quando um monte de comunista faz festa, um tem que ir pra reunião, ontem fui eu.

Lá fui eu com meu filho Guilherme e meu sobrinho Pedro Vitor como ótimas companhias. Tudo novidade pros dois. São Gonçalo fica pertinho, menos de uma hora, a estrada é muito bonita, a começar pela foz do Rio Ceará (onde nasceu Fortaleza), passa por carnaubais enormes, lagoas e lagamares, muito verde.

Chegamos ao local, muita gente, alguns políticos bem conhecidos, outros ainda se projetando e muita animação. A decoração, além de bandeiras e faixas de partidos e candidatos, tinha um toque de festa junina e muita barraquinha. Programada pras 4 da tarde, a coisa começou mais de 6 e o Guilherme já tava quase sem paciência, mas depois que o fuá teve início ele se animou e curtiu.

Fazia tempo que eu num falava num ato político desses, talvez nem falasse, mas como representante do PCdoB, além do Chico Lopes e do Inácio Arruda, ia ter que dar um plá. O nome da Coligação, encabeçada pelo Cláudio Pinho, do PSB, é Novo Tempo e aí o mote era bom. Quando comecei a falar o Ginásio já tava animado e tratei de manter o pique. Juntei a idéia de passado (tava o Barros Pinho, um cara do PMDB histórico e pai do Cláudio) e presente (uma aliança ampla, necessária para enfrentar uma oligarquia), para construir um futuro melhor pra cidade. E como o candidato é criticado por não ser da cidade, usei esse mote e disse que os grandes projetos que serão implantados no Complexo do Pecém ( Siderúrgica, Refinaria e várias outras empresas) também não são da cidade, mas trarão desenvolvimento, emprego e ajudarão a criar um novo tempo na região toda. Escutei um “muito bem, Inácio”, do Cláudio e a vibração grande no meio da multidão: “é isso mesmo! Viva o Cláudio”. Bom, achei que tava na hora de começar a encerrar e tratei de jogar nas mãos do povo a responsabilidade de ajudar a construir o novo tempo. Agradeci e recebi um forte abraço do futuro prefeito.

Não foi o melhor discurso da noite, mas considerando que na eleição de 2004 o candidato da oposição perdeu porque também num era nativo, imagino que dei uma boa dica pra enfrentar essa polêmica.

Churrasquinho e lua cheia

Na volta de São Gonçalo resolvi fazer uma surpresa pros meus companheiros de viagem. Parei na esquina da Leste-Oeste com a Dr. Theberge e convidei os garotos prum jantar diferente. Ali tem um churrasquinho maravilhoso que me foi apresentado por uma índia moradora da vizinhança. Cada um comeu um, mas o Pedro e eu pedimos logo o bis, enquanto o Gui ainda tentava limpar o espetinho. Quando terminou olhou pra mim e disse: ‘Pai, mais um e agora com cebola, certo?’. Esse é o meu Guizote. Traçou o segundo cheio de estilo.

Paguei a conta e fomos pro carro. Demos de cara com uma lua imensa misturada com a iluminação pública. O PV falou logo: “e aí tio, num vai fotografar essa lua?”. Tava difícil, a Sonynha num passa de uma pretensa semi-profissional, num tinha um lugar pro tripé, a briga com as luzes da cidade e dos carros era desigual, mas num perdi tempo. Longe de ser uma foto boa, é apenas um registro da noite desse jantar fora, à luz da lua.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

vamos viver 100 anos

Passei todo o primeiro semestre de 1977 morando numa fazenda próxima a Sobral. Ali acordava as três da madrugada (nossa referência de horário era posição da “Estrela Dalva” – pode existir relógio mais incrível?), me juntava com dois vaqueiros, tirava leite de umas dez vacas e lógico que meu café da manhã era leite mugido. Às sete da manhã eu já estava no Colégio Sobralense pra assistir a primeira aula. Esse semestre foi um dos períodos mais importantes da minha vida, reforçou minha ligação com a vida simples do povo (desde criança convivi com muitos amigos no “Otoladorrie”, entre eles o Chico Paula, filho da Paulinha e neto da Dona Luzia – respectivamente engomadeira e lavadeira de roupas). Ali a vida tinha outra dinâmica, as relações eram muito amistosas e eu era mais um integrado na vida da fazenda, nunca fiz diferença por ser um “filho do patrão”.

Foi difícil voltar pra vida urbana depois daquela temporada rural, mas tive a felicidade de me integrar numa turma que jamais esquecerei. Éramos quase todos da mesma turma, ou pelo menos da mesma série no colégio e sempre compartilhamos muitos momentos juntos. A música e o gosto pela ousadia eram ligas importantes entre aqueles amigos. O rock era a trilha inicial, depois ampliamos nosso gosto para a música brasileira ( o Festival do Mandacaru ajudou a nos aproximar da nossa música) e logo estávamos curtindo também música erudita. Cabelos longos, bolsa tiracolo, encontros no bosque (um lugar inaugurado em 1976 mas que ninguém freqüentava), rodas de dança nas festas e boates, domingos de piscina e vodka com laranjada no sítio Siloé, revista POP, encontros para ouvir música e comentar leituras e por aí iam aqueles meninos e meninas, que não tardou pra serem chamados de “maconheiros” pelos incomodados. Tadin de nós, tudo careta! Uma acusação bem injusta, na época.

Eu passaria meses escrevendo e ainda faltaria muita coisas pra falar sobre aquela turma que hoje não convive mais, porém nunca deixou de existir. Por isso as histórias virão de vez em quando.

Mas essa semana recebi um email do João Rodrigues o meu amigo João. ( na foto, de 1980, ele tava servindo o exército, era o Cabo Pinto e é o cabra aí do meu lado esquerdo. Os outros são o Juarez (de costas e cabeludo), da Desafinado e o Nildon Filho ( de perfil), funcionário da Receita Federal. Um dos Joãos, já que tinha ainda o João Cícero, um outro que vive hoje na dimensão dos sentimentos. Pois bem o João escrevei pra dizer que tava se iniciando na internet e falou o seguinte: “meu amigo,não sei escrever e-mails (NR – ele pode dizer que num sabe escrever emails, mas ainda publico aqui umas letras de música e vocês vão ver o que ele escreve) mas quero praticar mais agora nesses novos tempos.vou tentar mandar outros pra ti e para o resto da turma que tenho tanta amizade e vontade de conversar”.

No email, na motivado pelo meu aniversário, João faz o seguinte comentário: “li teu blog e achei muito bom,legal constatar que tu continua com o coração revolucionário.um dia numa bodega um cara afirmou com uma mistura de raiva hipocrisia e cachaça que todo homem se vende,todos tem um preço.ai eu falei na lata do falso profeta,tu diz isso por que não conhece o inácio...ai o bicho ficou calado com os olhos muito abertos e não falou mais besteiras”. Deusdocéu, o que posso dizer diante de tanto carinho dum amigo?

Ele conclui o email assim: “o titulo é uma saudação italiana que eu não sei como se escreve e quer dizer,vamos viver cem anos.depois tu olha isso pra gente,falando fica mais bonito em italiano,em portugues fica meio esquisito.meu irmão Deus te abençoe seja sempre feliz.um abraço.”

Claro que viveremos, meu amigo João!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Chorem por mim, arrrrentinos

Assisti apenas ao segundo tempo do jogo de ontem. Sinceramente eu nem me importava muito qual seria o resultado. Sei que perder pra Arrrrrentina é dose, mas o perigo mesmo é ficar fora da Copa da África do Sul. Ainda mais que o Guilherme tá todo animado pra ir. Já pensou? E tem mais, já recebi do Benjamim Ferro ( um portuga gente muito fina, casado com a Samia, a Preta da assessoria do Chico Lopes) até uma oferta de hospedagem lá. Já declarei anteriormente que com o Dunga não dá, por isso o que puder ajudar pra ele voltar pra turma da Branca de Neve, vale.

Só que eu fiquei surpreso com um cartaz no final do jogo onde tava escrito: "Fica Dunga". Pensei logo que a Globo tava querendo aliviar as vaias da torcendo e arrumou uns babões pra exibirem o cartaz ridículo. Mas quando vi que eram esses arrrentinos aí, pensei logo que tá na hora mesmo do futuro técnico (sim porque isso ele num é ainda, pode até vir a ser, mas demora) desocupar a moita. A sorte dele é que as eliminatórias só voltarão em setembro, mas até lá tem as Olimpíadas do China (eeeita que vai ser muito porreta esse evento. tô só esperando pra ver o show que uzóim vão dar). E num acredito mesmo que seja dessa vez que o ouro olímpico no futebol saia. Num saindo o ouro, sai o Dunga.

Por isso eu acho que devemos acabar com a alegria desses arrrentinos aí e fazer como os mineiros: "Adeeeeus Dungáááá! Adeeeeeus Dungáááá!!!"


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Samba ou Tango, o Brasil num pode é dançar


A primeira Copa do Mundo que eu lembro de acompanhar foi logo a de 70. Tinha lá meus sete anos e lembro bem direitinho da festa que a gente fazia a cada gol do Brasil. O Ducito, o Veveu e eu demos 19 voltas no quarteirão da Rua Jornalista Deolindo Barreto, onde moramos em Sobral até 1973. Cada gol era uma volta. Eles corriam na frente agitando uma bandeira do Brasil e o pivetinho corria atrás. Eita lembrança boa! Já cheguei ganhando.

Mas depois veio o jejum de 24 anos, até o tetra. E num foi uma escassez qualquer. Aquela onda de “campeão moral” em 1978 foi de lascar. Ainda mais perder pra milicada argentina, que armou um esquema com o Peru pra tirar o Brasil da parada. E em 1982? Ali é que foi. Eita time bonito de se ver jogando. Tinha lá suas porcarias, a começar pelo Valdir Peres no gol e findar pelo Serginho como centroavante. Uma pena mesmo que o Careca tenha se contundido já a caminho da Espanha. Mas ver aquele time jogando, era mesmo um sonho. Confesso que depois disso num vi mais uma seleção que encantasse. Talvez a de 98, na França. Nem o time campeão de 2002 era lá essas coisas, o que não me impediu de fazer umas boas farras.

Bom, mas isso tudo que tô falando é pra chegar no jogo de logo mais contra a Arrrrentina. O Lula Morais, que num desanima nunca, acha que dá pro Brasil ganhar. Pra ele os arrrrentinos num tão com essa bola toda. Quase perderam pro Equador em pleno “Monumental de Nuñez”. Mas eu num acho que aquela turma ali se garante diante dos chamados “hermanos”. Eu vou dizer uma coisa: num sei se é bom perder logo agora, o Dunga se dedicar a apoiar a carreira de estilista da filha dele e o Brasil arrumar um técnico que bote a seleção pra jogar com mais estilo. Ora, se a seleção é composta, ou pelo menos deveria ser, pelos melhores jogadores, num seria razoável que o técnico fosse o melhor? Um dos mais experientes, com títulos acumulados em clubes? E por que o do Brasil é um cabra que NUNCA FOI TÉCNICO NA VIDA? Paciência, né?

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sucessores do Zé Carioca

Na Segunda Guerra Mundial a máquina de propaganda ideológica dos Estados Unidos usou os desenhos animados do Walt Disney pra fazer política de boa vizinhança com o Brasil e a América do Sul. Daí surgiu o Zé Carioca. A edição no. 32, da Revista História da Bibioteca Nacional conta direitinho como se deu a coisa.

Pois bem, tenho a impressão que a mesma estratégia pode estar de volta. O objetivo seria o mesmo e o alvo são os governos democráticos e progressistas que se contrapõem aos interesses estadunidenses nessa banda de cá da América.

Sempre vou ao cinema com o Guilherme e nos últimos tempos dois filmes me chamaram atenção. O primeiro foi o Indiana Jones, que desta vez resolveu fazer suas estripulias no Peru. Aliás, o tal filme deu um show de desrespeito àquele país. Apresentou música mexicana como trilha sonora, exibiu um rio cheio cataratas – que na verdade ficam no Havaí - em plena selva amazônica, mostrou que o herói mexicano Pancho Villa e seus amigos falavam quechua ( língua dos antigos povos peruanos) e de quebra localizou no país andino a pirâmide mexicana de Chichen Itzá. Os peruanos protestaram, e com toda razão.

O outro filme é a mais nova aventura do Hulk ( por sinal, verde como o Zé Carioca) que tem muitas cenas na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Imagino o impacto entre a população ver sua comunidade num filme hollywoodiano. Só que, além das incríveis aventuras do verdão lá, há coisas inacreditáveis. De noite o cara vira bicho no Rio e de dia aparece como gente no meio duma floresta da Guatemala. Eu lá sabia que o Hulk voava, e tão rápido. Da Guatemala ele pega umas caroninhas e num instante chega ao México. Eita bicho danado!

Bom, todo mundo sabe que a CIA bancou e ainda banca muito da guerra ideológica no mundo inteiro, mas os Estados Unidos num são de ficar só fazendo filme pra enfrentar as situações adversas. Por via das dúvidas, se os sucessores do Zé Carioca não funcionarem como reforço à agressiva diplomacia da Casa Branca, a Quarta Frota está de volta com seus navios de guerra e um enorme contingente de marines pra dar uma forcinha. É o velho Big Stick ameaçando novamente os povos.

Solidão

Fiz essa foto da janela do apartamento do Ducito. Olhei pra esse monte de prédios – como Fortaleza tá marrom - e percebi o anúncio gigante se sobressaindo. Mas será que essa moça usaria uma tão bolsa sofisticada com um maiô? Pra ajudar a vender, a mulher sempre é exposta mais do que o necessário. Bom, mas depois de olhar melhor a foto percebi que nome do anunciante é Couro&Cia e anúncio tá tão solitário, né? Talvez seja esse o objetivo, se destacar no cinza-marrom da cidade. Talvez funcione. Se algum publicitário quiser opinar, tá convidado.

Preconceito

O que se poderia imaginar se fossem apagadas do mapa cearense cidades como Maranguape, Aquiraz, São Benedito e Crateús, pra ficar nas maiores? E como ignorar o papel de um senador cuja eleição impactou a disputa de 2006 na medida em que levou de volta ao Senado a representação comunista 61 anos depois da eleição do Cavaleiro da Esperança, Luis Carlos Prestes? Será que um partido que poderá, nas eleições de 2008, ter um desempenho dez vezes superior ao de 2004 pode ser escondido numa matéria de cinco páginas sobre o novo mapa político que surgirá no final deste ano?

Pois o jornalista Erivaldo Carvalho conseguiu fazer tudo isso na edição de domingo do jornal O POVO. Sinceramente eu gostaria muito de ter oportunidade de perguntar isso pessoalmente, e o farei quando uma ocasião me permitir.

Não quero acreditar que seja má vontade, mas não posso ter dúvidas de que se trata de uma visão preconceituosa. A matéria não faz uma só referência ao papel destacado que terá o PCdoB e o senador Inácio Arruda nas eleições desse ano. Nos últimos tempos viajei ao interior em companhia do deputado federal Chico Lopes e em algumas ocasiões, com o próprio Inácio. Pois umas das novidades que sairá das urnas eletrônicas será justamente o desempenho dos comunistas.

Curioso que a matéria faz uma referência ao declínio do PSDB em todo o Ceará, o que poderá comprometer seriamente a tentativa do Tasso Jereissati de se reeleger pro Senado, mas ignora o provável desempenho exitoso do PCdoB. Talvez para o Erivaldo isso não tenha um significado maior, mas para o povo e para a história será um acontecimento marcante.

A caravana passa.

É guerra!

O Ducito tem um humor e uma presença de espírito fantástico. Estávamos assistindo ao jogo Brasil e Paraguai no apartamento dele e os canarinhos pareciam atolados no chaco, sem saber se defender e muito menos atacar. Enquanto os paraguaios, com um futebol nada falsificado e um jogador a menos metiam 2 gols, o anfitrião, sacador que é, afirmou que na sua preleção o técnico do Paraguai contava aos seus jogadores como foi a Guerra do Paraguai em que o Brasil quase destruiu aquela nação. Daí pros jogadores “vingarem” seus antepassados, eram questão de tempo. Noventa minutos, para ser mais exato.

Dois botafoguenses ( O Ducito e eu), assistindo ao jogo na companhia de dois flamenguistas (Guilherme e Pedro Vitor) não perdemos a chance de tirar um sarro. Depois que o Cabañas deu um passe pro primeiro gol paraguaio e fez o segundo, além de ter infernizado a vida da defesa brasileira, identificamos o problema: o goleiro Júlio César era jogador do Flamengo antes de ir pra Itália. Alguém falou isso pro paraguaio e com ele flamenguista não tem vez. No próximo jogo entre os dois times é bom o Brasil escalar outro goleiro.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Bandifila

Ontem a noite eu deixei a televisão ligada enquanto me preparava pra dormir. Tava passando o Jornal da Globo. Já no finalzin, entre os gols e uma matéria açucarada sobre dia o dos namorados o William Waak disse, quase sussurrando que a Petrobrás tinha anunciado a descoberta de um novo poço de petróleo gigante. O nome provisório é Guará, e é ainda maior do que o Tupi, o mais promissor até agora, com reservas estimadas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris. Pois o global lá num usou mais do que 20 palavras e pronto. Doido pra saber algo mais, corri pros jornais O POVO e Diário do Nordeste de hoje e, naaada! Nem uma linhazinha pra fazer remédio.

Agora eu fico imaginando se fosse no tempo do FHC. Era matéria especial, helicóptero sobrevoando o local, declarações de especialista, gráficos e animações gráficas pra mostrar o grande feito. Mas é o governo do Lula e o que importa é escândalo. Até a Denise Abreu, que há um ano era trucidada por conta do acidente com o avião da TAM em Guarulhos, foi purificada - depois de uma conversinha de pé de orelha com a tucanagem – e agora é a pessoa mais imaculada, injustiçada e perseguida. Desde que seja pra acusar o Governo Lula, qualquer um serve.

Galera dos 2%

Nem pense que eu tô insinuando que essa turma aí da foto é a galera dos 2% por conta de propinas. Essa prática,ainda resiste nesse Brasil de Mãe Preta e Pai João, apesar dos esforços do Governo Lula ( PF já fez umas 500 operações contra a corrupção, que é um mal do capitalismo – ainda postarei aqui um artigo muito interessante do Aldo Rebelo sobre esse assunto). Mas eu num seria injusto de acusar esse pessoal aí de “galera dos 2%”, afinal é um percentual muito baixo. Aqui no Ceará tinha um apelidado de “Quinzinho”. Uma coisa que eu não sou é injusto.

Pois bem, esses meninos aí da foto protestam contra a aprovação da CSS, que significa Contribuição Social para a Saúde e mais recursos pro SUS, sistema público de saúde que atende a quem num tem plano de saúde, nem jatinho pra ir cuidar do coraçãozinho lá em Cleveland, iniuessei. Tudo um bando de enganador que, com apoio da tal grande imprensa, fica por aí dizendo que o governo tá criando mais imposto contra o povo e que isso vai aumentar a inflação. Pois vamos ver se isso é mesmo verdade.

No Portal Vermelho tem um artigo do jornalista Cláudio Gonzalez que esclarece essas duas lorotas da oposição demotucana.

Vamos ver o que diz o Cláudio sobre a inflação:

“Argumento hipócrita usado pela oposição para questionar a CSS é a de que a cobrança do tributo irá agravar a inflação, já que a tendência do mercado é repassar o imposto para os preços de produtos e serviços. Porém, para sustentar este argumento, a oposição precisa primeiro explicar por que os preços não caíram quando a CPMF deixou de existir.


Considerando que a alíquota da CPMF era 0,38% e a da CSS é apenas um quarto disso (0,1%), não há como sustentar o argumento de que a CSS, com alíquota de apenas 0,1%, terá impacto maior nas contas das empresas do que a queda da CPMF, que tinha uma alíquota quase três vezes maior".

Antes de ver o que ele diz sobre os efeitos da CSS sobre o povo é bom dizer que apenas os que ganham acima de R$ 3.038,00 serão taxados. Diz lá o Cláudio:

“Segundo critérios adotados por institutos de pesquisas privados a partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as classes A e B representam uma pequena parte da população brasileira -- somadas, são apenas 15% dos mais de 187 milhões de brasileiros. Pesquisa encomendada pela Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ipsos revela que nas classes A/B, a renda média foi de R$ 2.484 em 2005, R$ 2.325 em 2006, e de R$ 2.217 em 2007. Se considerarmos os trabalhadores formais que ganham acima de 3 mil reais por mês, este percentual cai para cerca de 5% do total de trabalhadores brasileiros, o que representa cerca de 2% da população.

É para defender o interesse destes 2%, contra o interesse da imensa massa de usuários dos serviços públicos de saúde que a oposição e a grande mídia armam suas barricadas contra a CSS. No fundo, fazem o que sempre fizeram: defendem os interesses de uma minoria privilegiada em detrimento da maioria do povo”.

Precisa dizer mais nada não, né? Mas vale uma observação. A venda de óleo de peroba tem tudo pra aumentar. (Aimeudeus, vai aumentar o consumo, chama o Meireles, sobe mais os juros. Vixemaria!!!)

Paraskavedekatriaphobia

Usando umas letrinhas mais conhecidas chama-se parascavedecatriafobia O que é isso? É o mesmo que frigatriscaidecafobia. Ainda não entendeu? Pois tá, vou explicar.

Hoje né sexta-feira, 13? Pois o medo específico da sexta-feira 13 (fobia) é chamado de paraskavedekatriaphobia ou parascavedecatriafobia, ou ainda frigatriscaidecafobia. Triscaidecafobia é um medo irracional e incomum do número 13. (Vixemaria, será que a oposição demotucana tem esse negócio aí?)

Mas eu fui querer saber porque essa onda toda com a sexta-feira 13 e tasquei lá no Google ( o pai dos curiosos na internet) e na wikipedia tem umas explicações que achei legal trazer pra cá.

Lá diz que “a superstição pode ter tido origem no dia 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França; os seus membros foram presos simultaneamente em todo o país e alguns torturados e, mais tarde, executados por heresia”.

A enciclopédia virtual diz também que “outra possibilidade para esta crença está no fato de que Jesus Cristo provavelmente foi morto numa sexta-feira treze, uma vez que a Páscoa judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, no calendário hebraico”.

As histórias vão também pela mitologia e tem logo duas lendas da mitologia nórdica( eita povo pra ter história interessante!). Na primeira delas, diz lá a wiki, “conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa”. Tá vendo, lembram-se quantas pessoas tavam na ceia com Jesus? Pois é, mais ele, 13. Não deu outra, calvário e cruz!

Na outra história pra explicar a superstição a enciclope’dia virtual conta que “a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem a frigadag, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, Friga foi transformada em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio. Os 13 ficavam rogando pragas aos humanos”. Essa é boa demais, né? A Friga era doida por uma confusão, hoje é só ver as confusões que rolam na sexta-feira, principalmente na noite. Tá tudo explicado.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

...passadopresente...

Ontem fui pra casa do Veveu com meus pais, meu irmão Ducito e o Guilherme. Numa mistura de comemoração do meu aniversário e lembranças dos 50 anos do Veveu, ele acabou exibindo o vídeo feito pra sua festa. Pois bem, o Guilherme sentou-se num banquinho assistiu todo. Resolvi fazer uma foto, que num ficou lá essas coisas todas. Pois num é que a danada achou de flagrar exatamente o instante em que o vídeo exibia fotos da Rua Deolindo Barreto, onde nasci e morei até a idade do meu filhote? Pois taí, a imagem é isso, um encontro do meu filho no presente com o meu passado.

O meu galo é o Vermelho

Quem me conhece sabe que sou amigo dos galinácios e, antes que alguém fresque, num tem nada a ver com semelhança de nome. Sou talvez quem mais preserva essa espécie animal. Se dependesse de mim estariam todos vivos e seus ovos fecundados, nenhum iria parar nas panelas.

De uns anos pra cá meu chamego aumentou ainda mais. Um galo, cantador e noticieiro, é o símbolo do Portal Vermelho, que é um xodó meu. Se pudesse ficava o dia inteirin só lendo, mandando notícias pra lá, ajudando a ser o melhor portal e maior site de notícias do país. Cada vez mais o portal da “esquerda bem informada”. Isso num é lorota, nem imodéstia não. Em seis anos o Vermelho já ganhou dois Prêmios IBEST de melhor site de política, inclusive em 2008, já publicou mais de 100 mil notícias e é um dos “ponto org” mais visitados do Brasil com mais de 20 mil acessos diários.

Nunca me animei tanto por comunicação e isso me faz ter mais interesse pela área. Pelo Vermelho tenho um carinho especial. Jussara Varoli, que trabalho no Vermelho/Ce comigo sabe disso. Pois tem mais gente também que sabe desse meu chamego e por isso ganhei um presente muito lindo, o galo vermelho aí da foto. É uma peça maravilhosa. O gesto é também um estímulo, por isso dei mais valor ainda.

Mas eu queria também aproveitar pra dizer que ando muito arretado com o que tão fazendo com o Vermelho. Ele tá crescendo e aparecendo. Daí pra virar alvo de todo tipo de ataque é um trisco. Pois já apareceu tudo que é marmota de internet pra comlicar a vida do coitado. Mas os bravos “encarnados”, como eu gosto de chamar a equipe que toca o portal, tão monstrando que num são bom só de notícia. Tem sido assim na história da comunicação (ou agitação e propaganda como a gente chamava antes) dos comunistas. No passado empastelavam jornais, invadiam e destruíam gráficas, torturavam e até matavam nossos jornalistas e agitadores de idéias, mas nunca nos calaram a voz e muito menos nos impem de continuar lutando. Podem sofisticar os ataques, mas o Vermelho num vai parar de cantar de galo.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Otoladorrie


Essa foto aí do lado aniversaria hoje. Foi feita há exatos quarenta e quatro anos e registra a primeira vez que apaguei uma velinha de aniversário. Ninguém faria a besteira de pedir pra lembrar desse dia, mas se pedir pra eu contar o que fiz na vida daí por diante, ah vou ter muita história. Se eu já sou meio língua solta, me pedir pra falar das lembranças destes 45 anos de vida é querer aturar uma fieira de histórias sem fim.

O lugar da minha primeira festa de aniversário foi um dos mais importantes cenários das infindáveis histórias que vivi. Era um sítio no bairro D. Expedito, em Sobral, e ficava na margem direita do Rio Acaraú, enquanto morávamos na margem esquerda. Por isso o nome do lugar era “Outro lado do rio”. Na verdade o nome era “Otoladorrie”, que era o jeito que chamar o lugar.

Num sei onde vai ser a festa hoje, nem se vai ter festa. Num programei nada, mas digo que tô danado de feliz por ficar um ano mais velho. Gosto de viver, mesmo que a vida ande muito agoniada nos últimos tempos, eu gosto dela. Num posso reclamar da falta de gente que quero bem e de gente que me quer bem. Tenho muita atividade todo dia e ainda fico inventando mais coisa, como esse blog. Também num me falta esperança de construir dias melhores. Ainda tem muita coisa pra se arrumar na minha vida e na minha cabeça também e num devo reclamar disso não, mesmo que me agunei,anima mais a vida. Sou pai dum cara incrível, o Guilherme (às vezes até fico imaginando a felicidade sem fim que tenho por isso).

Até uns anos atrás eu me preocupava porque estava ficando mais velho, até que um dia liguei pro Fernando, meu velho amigo e também cunhado, pra dar parabéns por seu aniversário. Fui longo dizendo: “Eita cabra, ta mais velho, hein?”. O Fernando sorriu e disse: “Que nada cara, vive mais um ano e isso me faz muito feliz”. É isso, gente, aos 45 anos o cabra já ta no meio da travessia do rio e até aqui eu posso dizer que vou bem. Num tenho pressa, nem preocupação em atrasar a chegada no outro lado, mas devo sempre ter cuidado pra chegar bem.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Disposição e carinho

No ato de formalização do apoio do PCdoB de Fortaleza à reeleição de Luizianne Lins, o Senador Inácio Arruda demonstrou toda sua disposição de participar da campanha e o seu carinho pela prefeita com palavras e atos. “Vamos com garra e com coragem aderir à campanha a reeleição da prefeita Luizianne Lins. (...)Vamos com muita energia, como muita determinação ajudar Fortaleza a dar passos mais largos. Vamos trabalhar pela vitória das forças democráticas”. Vamos sim, xará!

Pra quem o Fantástico mente?

Santana do Acaraú fica a menos de 40 km de Sobral e pra mim era mais perto ainda porque eu tinha vários amigos e colegas de sala no Colégio Sobralense que eram de lá. A primeira vez que fui por lá foi num sábado de julho de 1981, num dos dez dias de festas dedicados a padroeira da cidade. Fui numa garupa de moto, com o Sales Neto, cunhado do meu amigo João Rodrigues. Ao voltar, com o domingo já quase amanhecido, só escapei vivo duma sobrada na primeira curva porque estava com capacete que me protegia toda a cabeça. Ainda fui parar na Santa Casa de Sobral pra ver se minha cabeça era mesmo dura e se o desmaio com a queda num tinha provocado nada mais sério. Tava inteiro, mas passei um bocado de dias com o corpo doido que nem prestava. Dali em diante resolvi: se eu já num gostava de sair pra festas em outras cidades vizinhas, agora era definitivo, nunca mais faria uma besteira daquelas.

Pois bem, Santana do Acaraú nunca mais passou pela minha vida, ou eu nunca mais passei por ela. Só que há uns cinco anos atrás o João Ananias, que tinha sido prefeito de lá, veio pro PCdoB. Com o “Jão” – é assim o jeito que o Patinhas pronuncia o nome do atual Secretário de Saúde do Ceará - vieram outros companheiros, inclusive o então vice prefeito da cidade, Totonho Arcanjo. Em 2004 Totonho entrou para a história como o primeiro prefeito comunista eleito no Ceará. Pois num é que domingo passado a nossa Santana foi parar numa longa matéria do Fantástico? E uma materiazinha muito da sacana.

A Globo, que no Ceará tem um núcleo na TV Verdes Mares com dois repórteres – Aline Oliveira e Alessandro Torres – mandou um dos seus repórteres investigativos só pra fazer uma reportagem sobre denúncias de supostas irregularidades da Prefeitura. Assim que soube da presença da equipe global, Totonho se colocou a disposição para prestar todos os esclarecimentos, mas só depois de muita insistência, o repórter, cheio de má vontade, concordou em ouvir o prefeito por meio do núcleo local da “Toda Poderosa”. O curioso é que enquanto estiveram na cidade os globais teve o apoio e usou como fonte justamente os adversários políticos do Totonho comandados por um tal de Sabino ( que já foi do PSOL, do PT, agora ta no PMDB e tem o apoio do deputado estadual tucano Rogério Aguiar, um cabra tão idôneo que por precaução registrou a candidatura do seu “Juninho” pro caso do TRE não aceitar seu registro). Tava na cara que ia faltar insenção e profissionalismo na reportagem, mas sobraria muita patifaria.

Num deu outra! O Fantástico disse que foram desviados para “empresas de fachada” pelo menos 1 milhão e setecentos mil reais, mas nem se preocupou em saber se as obras foram realizadas. Aqui os argumentos dos adversários políticos do Totonho valeram mais do que o fato das obras todas terem sido executadas ou estarem em execução. Disseram também que três empresas ganham a maior parte das licitações e na verdades muitas outras também realizam obras na cidade e muito mais outras participaram das 26 licitações de obras executadas na cidade entre 2005 e 2007. Eita povin sacana!

Pra mim, que sou muito puto com injustiça, a sacanagem maior foi insinuar que o Totonho tinha algo a ver com o atentado praticado contra o vereador Chico Carneiro em que sua mulher, Maria do Socorro, acabou morrendo 26 dias depois.( Tire sua conclusão do texto da matéria: “As denúncias não são novas na cidade. Em 2003, o vereador Francisco Carneiro da Silva presidia uma CPI sobre o uso de verbas públicas e sofreu um atentado". ) Ora, mas se foi justamente o Totonho, que na época era vice-prefeito e tinha rompido com o prefeito Aldeny Farias, quem apoiou as investigações e articulou solidariedade e até proteção ao vereador. Como uma matéria pode insinuar de forma tão leviana. Pra mim, isso é crime.

Agora uma perguntinha está me azucrinando o juízo desde hoje cedo quando eu soube que a matéria tinha ido ao ar. O que levaria a Globo, que não se move se não for em função de seus interesses nem sempre confessáveis, a fazer uma reportagem sobre um cidadezinha de 28 mil habitantes, no interior do Ceará baseada em “denúncias” que não representam nenhuma novidade? Se há interesses locais, mesmo estaduais, por que a matéria não foi feita pelas emissoras daqui mesmo? Por que ocupar o horário de uma das “estrelas” da programação da Globo para veicular a denúncia?

Pra mim tem muito caroço nesse angu. A briga municipal, a disputa pela Prefeitura de Santana do Acaraú, é a motivação mais aparente, mas o fato do PCdoB viver a fase de maior expansão de seus 86 anos de história causa muitos incômodos. Até hoje tem gente que não aceita que os comunistas tenham eleito o Inácio Arruda como Senador do Ceará, que mais sete prefeitos ( Aquiraz, Araripe, Graça, Jucás, Maranguape, Piquet Carneiro e São Benedito) e dezenas de vereadores tenham se filiado ao partido, que o governador Cid Gomes tenha confiado ao João Ananias a tarefa de conduzir a Secretaria de Saúde do Estado e que o partido viva a expectativa de seu melhor desempenho eleitoral não apenas no Ceará, mas em todo país. É demais pra uma turminha que se achava dona do Ceará e também do Brasil.

É um período magnífico na história do PCdoB ( e eu me sinto muito honrado em viver esse momento histórico), mas num parece que vamos ter calmaria. Como afirmou o Sorrentino, do Comitê Central, “o partido passou a navegar em alto mar, onde as ondas são mais fortes e exigem mais habilidade para navegar”. Bom, num sei se ele falou literalmente assim, mas a idéia central é essa mesmo. Esse episódio de Santana do Acaraú é apenas uma preliminar do que ainda vamos encarar.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Deus é brasileiro, ou num é?


Mal o Rio de Janeiro foi escolhido entre os finalistas para sediar as Olimpíadas de 2016, a turma do baixo-astral já começou a fazer barulho. No blog de política do jornal O POVO, o Érico Firmo (um dos caras até bons na editoria de política do jornal) pede a Deus que o Rio não seja escolhido porque significaria uma ameaça aos cofres públicos. Lamentoso dessa opinião, postei um comentário lá no blog e reproduzo o texto aqui. Veja aí o que acha dessa polêmica.

"Mas Érico que coisa mais lamentável esse seu complexo de inferioridade em relação ao Brasil! Sinceramente, preciso lhe dizer que esse seu pensamento faz coro com a tentativa de jogar pra baixo a auto-estima do Brasil. Espero mesmo que Deus não lhe escute e dê uma forcinha pra que seu filho possa receber os atletas de todo mundo de braços abertos lá do alto do Corcovado. Suas afirmações sobre os Jogos Panamericanos são generalizantes e superficiais. Você acha mesmo que não houve ganhos para o Brasil e o próprio Rio de Janeiro com os investimentos que foram feitos lá? Você acredita que seria possível organizar os jogos com apenas 300 milhões de reais? Se você tiver lido a matéria publicada ontem no jornal O POVO sobre os investimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém deve ter percebido que algumas melhorias que estão sendo feitas custarão quase 1 bilhão de reais. Vamos com calma, caro amigo. O Brasil vive um outro momento, com certeza bem melhor do apagão vivido nos anos FHC. Se você prefere ter uma posição isenta, independente, apartidária, o que é um direito seu, pelo menos não jogue contra o Brasil."

Nanpaula

Faltava menos de hora e meia pro dia de ontem findar e eu num tinha ainda falado com a Nanpaula. O nome dela é Ana Paula, mas nesse jeitin carinhoso da gente chamar as pessoas mais queridas acabou que virou algo como “nanpaula” o som que faz quando eu digo o nome dessa minha irmã querida. Ontem foi o aniversário dela e na agonia do dia corrido vi a hora eu nem falar com ela.

A gente é irmão há 43 anos (cês acham que uma mulher bonita dessas vai achar ruim dizer a idade dela?) e achando pouco ainda ficamos mais amigos depois que passamos a fazer parte da mesma turma lá de Sobral. E ela achou pouco resolveu namorar e casar com um dos meus melhores amigos, o Fernando Cela, também da turma (será que ela se enturmou pra namorar com ele? me dei conta disso agora, mais de 30 anos depois). E pouco parece que ainda era, o primeiro filho deles, Lucas, nasceu no dia 7 de fevereiro, só pra deixar feliz um dia que entristeceu a nossa turma com a morte do Xyko, um cabra que esse mundo perdeu quando tinha só 16 anos. Depois vieram o Gabriel e José Artur ( assim mesmo, nada de Zé, na verdade é algo como Jhoshé), dois lorinhos espertos e maravilhosos.

Se eu tivesse de substituir a palavra parabéns no dia do aniversário de alguém diria apenas FELICIDADE. A Nanpaula é fonte e destino de muita felicidade. (aimeudeus meus olhos já tão brejando. tá bom, tá bom, era só mesmo pra botar pra fora esse carinho enorme que tenho pela Nanpaula)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Papo com o Guilherme

No dia 27 de abril de 2007 o Guilherme e eu batemos esse delicioso papo pelo msn. Quem quiser curtir um pouco da nossa amizade de pai e filho é só ler.

Inácio, comunista de carteirinha diz:
ei cara
Inácio, comunista de carteirinha diz:
vc precisa colocar uma foto sua no msn
Inácio, comunista de carteirinha diz:
tá vendo como eu to bonito?
Guilherme diz:
vo pedir
Guilherme diz:
pra mãe]
Inácio, comunista de carteirinha diz:
sua mãe tem algumas fotos suas
Inácio, comunista de carteirinha diz:
e eu posso mandar mais
Guilherme diz:
pois é
Guilherme diz:
mais , pra que?
Inácio, comunista de carteirinha diz:
para a pessoa que está conversando com vc saber que vc é lindo
Inácio, comunista de carteirinha diz:
né?
Guilherme diz:

(...)
Guilherme diz:
depois vou adicionar da mãe
Guilherme diz:
ums emoticons beeeeeeeeeem legais
Inácio, comunista de carteirinha diz:
ah eu quero saber
Guilherme diz:
não sei quais são ainda
Guilherme diz:
vou escolher
Inácio, comunista de carteirinha diz:
depois me manda
Guilherme diz:
tá bom
Guilherme diz:
OK
Inácio, comunista de carteirinha diz:
filhinho eu já vou sair
Guilherme diz:

Guilherme diz:
tchau
Inácio, comunista de carteirinha diz:
muitos beijos pra vc
Inácio, comunista de carteirinha diz:
amanhão ierei aí
Guilherme diz:
legal
Guilherme diz:
tchau
Inácio, comunista de carteirinha diz:
ciao, mi bambino
Guilherme diz:
ciao
Guilherme diz:
benne grazzie pela conversa
Guilherme diz:
t c h a u
Inácio, comunista de carteirinha diz:
grazzie
Inácio, comunista de carteirinha diz:
hasta manana
Guilherme diz:
vou ficar offline
Inácio, comunista de carteirinha diz:
eu vou sair
Inácio, comunista de carteirinha diz:
estou saindo do trabalho
Inácio, comunista de carteirinha diz:
Muito beijos no meu menino amigo dos carneiros*
Guilherme diz:
tá e eu también


* o amigo dos carneiros é porque desde que o Guilherme era pequenino eu embalava seu sono com a música O Menino e os Carneiros, do Geraldo Azevedo e do Carlos Fernando (a letra taí embaixo), que ele curte muito até hoje. Eu tenho essa música como parte da minha forte identidade com o sertão, com o interior do Ceará, Sobral, onde eu aprendi a ser menino-gente.


No tempo que eu era menino
Brincava tangendo carneiros
Fim de tarde na rede sonhava
Belo dia seria um vaqueiro
Montaria de pelos castanhos
Enfeitados de prata os arreios
Minha vida hoje é pé no mundo
Sem temer a escuridão
Jogo laço quebro tudo
Meu amigo é meu irmão
Sou a sede de boa palavra
Sou a vida raios de sol
Tenho tudo não tenho nada
Tenho fé no coração
Só que isso tudo
Era no tempo que nós era menino

Amador...

Vamos ver se alguém aí sabe a diferença entre uma foto de um profissional e a de um amador.
Essas duas fotos são do Terminal de Regaseificação lá do Porto do Mucuripe, onde estive nesta segunda-feira, dia 02, numa visita articulada pela senador Inácio Arruda.
Uma das fotos aí foi publicada na edição de hoje do jornal O POVO e é do premiado Evilásio Bezerra, a outra será publicada somente neste blog e é uma foto do (INácio) Carvalho, responsável pelas linhas traçadas neste espaço.
Se você quiser ganhar uma viagem à Sobral, com direito a um
passeio pelo distrito de Jordão, onde as emoções dos tremores
são mais fortes e depois tomar uma cervejinha com o melhor torresmo do mundo lá no bar Fuscão Preto, mande um comentário ou escreva para inaciocarvalho1@gmail.com .



Em terra de cego, tem gente pensando que os outros são bestas


O governador de Minas, Aécio Neves andou por aqui na semana passado, andou de carro e deve ter proseado muito com o Ciro e Tasso (ainda frescou com o galego porque ele tava de motorista particular do mineiro). Mas o neto do Tancredo Neves, que tá doido pra ser um candidato de consenso à Presidente da República em 2010 (é só ver a marmota que ele o PT mineiro tão fazendo por lá) tenta enfiar a candidatura dele num "grande projeto", que embale todo mundo - isso é que ia se chamar de saco de gatos - e que faça o país avançar. Pois ele saiu com essa frase aí:

"Temos que construir um grande projeto que passe pelas reformas, que tenha ousadia e coragem política para superar os gargalos que têm feito o Brasil crescer timidamente. Em um momento de expansão da economia internacional, em que países em desenvolvimento crescem a dois dígitos, nós crescermos só 4,5% não é um grande êxito".

Só que a coisa num é bem assim. Com o Lula, além do Brasil sair duma paradeira total imposta pelo FHC, que conseguiu fazer pior do que a década perdida dos anos 80, e travou o Brasil nos 90 também, hoje num tem nenhum país crescendo a dois dígitos não. Nem a China.

O FMI divulgou dados em abril desse ano que mostram o seguinte: entre os países em crescimento a China vem puxando o trem do desenvolvimento e em 2006 cresceu 11,1%, em 2007 11,4% e projeta em 2008, 9,3% e em 2009, 9,5%. Já a Rússia, os percentuais, pela ordem são: 7,4%, 8,1%, 6,8% e 6,3%. Na Índia os números são maiores um pouco: 9,7%, 9,2%, 7,9% e 8%. Lá na África a coisa é até boa: 5,9%, 6,2%, 6,3 e 6,4%. No oriente médio os números também animam: 5,8%, 5,8%, 6,1% e 6,1%. As médias nas economias emergentes é a seguinte: 7,8%, 7,9%, 6,7% e 6,6%. Pra findar, a produção cresce com os seguintes percentuais: 5%, 4,9%, 3,7% e 3,8%. Bem parecidin com o Brasil, né?

Arreema, é número que num se acaba mais. Mas o negócio é o seguinte. Isso aí tudo é pra dizer que o Brasil tem crescido ( até o Tasso admitiu isso lá na Coletiva), apesar da maluquice que é o Banco Central, que tem um tucano na sua direção, voltar a aumentar os juros. O Aecin num deve falar coisa que num é verdade, pois aqui num tem besta não. Aliás o paraíso dos tucanos lá no norte, os Estados Unidos, é que tão travando o desenvolvimento. Em 2006 cresceram 2,9%, ano passado 2,2%, esse ano tá previsto 0,5% - isso mesmo meio por cento - e em 2009 um pouquin mais, 0,6%. Eita exemplo bom, viu?!

Economia nunca foi o meu forte, mas esse conversê do tucanin mineiro num me pega e nem me venha com essa de um acordão pra suceder o Lula. O Brasil tem que ir pra frente, mestre. Tucano a gente tem é que botar pra voar longe.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

As meias do Tasso


Alguém aí percebeu que o Tasso Jereissati tava sem meias no entrevista que deu no programa Coletiva, da TV O POVO? Pois tava sim. Mas também, num passeio daquele, ele tinha mais era que ir bem à vontade. Sim porque ô conversinha mais água com açúcar.

Eu já peguei o bonde andando do primeiro pro segundo bloco, por isso eu num vi o galego (ô apelidozin certo, afinal né ele que gosta de vender tudo, principalmente se for o patrimônio público?) dizer que somente dois senadores do Ceará lutavam pra trazer uma refinaria pro Ceará. Se disse isso o homi tá precisado dum oleozin de peroba, viu?

O programa acabou e eu fiquei catando uma coisa mais consistente na fala do Tasso. Achei que a turma de entrevistadores fez um corpin mole e até ajudou a levantar a bola contra o governo Lula pro tucano-mor do Ceará chutar. Ninguém deu nem um apertin no cabra. Nem perguntaram se ele pretendia se candidatar à reeleição em 2010. Sim porque se o resultado das eleições desse ano num for muito bom pro PSDB, cume que o “zóiazul” vai ter base pra tentar continuar no Senado?

Se eu tivesse ali tinha perguntado umas coisinhas pra ele. Por exemplo:

Quando ele disse que foi o PSDB quem inventou o bolsa-escola e que o Lula apenas mudou o nome pra bolsa-família, eu tinha afirmado na lata que a idéia foi posta em prática pela primeira vez em 1995, pelo então governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, que na época era do PT. Nesse caso sou “testemunha ocular da história” porque trabalhava em Brasília, no primeiro mandato de deputado federal do hoje Senador Inácio Arruda. Cheguei a ir à Secretaria de Educação do DF e conversar com a responsável pelo programa, que me passou toda a documentação. E aí, senador, o que você me diria disso?

O tucano anda por aí dizendo que o Ceará num recebeu nenhum investimento importante do Governo Lula e que ele é o bonzão pra fazer as coisas pelo Ceará. Pois bem, quando ele era governador, se não me engano no início de 1999, enviou uma mensagem de início de ano para a Assembléia Legislativa onde dizia que as obras de terraplanagem da companhia siderúrgica já estavam em curso no Complexo do Pecém e que os entendimentos com a Petrobrás para a instalação da refinaria já estavam bastante adiantados. Bom, a realidade mostra que aquela mensagem era uma enganação. O que diria o senador se alguém apresentasse o texto pra ele hoje?

O Tasso falou também que a maioria das melhorias que Fortaleza obteve nos últimos anos foi graças à ação do seu partido. Será que num daria pra alguém pedir pra ele citar pelo menos algumas, só pra gente saber o que melhorias foram essas?

Sobre as eleições de Fortaleza, os entrevistadores perderam uma oportunidade de insistir sobre o mal desempenho dos tucanos nas disputas da capital. O Gualter chegou a perguntar o que ele achava da “lenda” de que o apoio do Tasso prejudica candidaturas em Fortaleza. Alguém acha que entrevistado iria concordar? Aliás o próprio Tasso tratou de reforçar essa “lenda”ao enfatizar que Patrícia Sabóya tem perfil próprio, ela mesma tem suas idéias pra Fortaleza e ela conduziria sua campanhia. Alguém acredita nisto? Pois os entrevistadores acreditaram. Pra mim parece mesmo uma atitude de não demonstrar vínculo estreito com a pedetista emplumada. Aliás, o senador quase cometeu um ato falho quando anunciou uma reunião do PSDB com a senadora para discutir um projeto para Fortaleza. Mas ninguém teve iniciativa de puxar o fio da meada e ver até onde iria esse vínculo com a candidata.

Houve muitos momentos em que se poderia ter apertado o entrevistado, impacientá-lo mesmo, insistir com uma questão que ele não tivesse respondido a contento. Que tal forçar mais a barra para que explicitasse os pontos divergentes com o governo Cid, já que ele falou que a bancada estadual tucana deveria endurecer o jogo na Assembléia? E por que não cobrar os nomes de secretários e as áreas do governo que ele acha que estão mal? Tasso disse que não falaria sobre isso e pronto, ninguém insistiu. Ele disse ainda que o governo Lula loteia cargos em busca de apoio político, numa prática que foi abolida há muito tempo. Só se ele tá falando de antes do Governo FHC porque é só lembrar quem foram os ministros do tucanão bocamole. Sem falar que ele pagou literalmente para aprovar a emenda da reeleição. O que o que dizer da criação do mensalão pelo senador Eduardo Azeredo, quando era presidente nacional do PSDB? Acho que faltou vigor nos entrevistadores. Não sei se seria essa moleza toda com alguém dos governos federal e estadual, ou com a Luizianne. Vamos ver como serão as próximas coletivas da TV O POVO.