quarta-feira, 30 de julho de 2008

Vá em frente, meu menino!


Aqui todo mundo sabe que ningém tem mais meu carinho, meu amor e minha atenção do que meu menino, o Guilherme. Compartilho e vibro com suas conquistas, seu aprendizado, suas curiosidades, seu conhecimento surpreendente - atualmente anda todo por dentro da mitologia grega -, mas também procuro ajudá-lo a aprender com os erros, com as pequenas frustrações e com os tombos. Aliás, nesses casos ele tá aprendendo muito porque descobruiu que pode andar de bicicleta sem a famosas "rodinhas de apoio" e todo dia quer uma sessão de "bicicletada". Assim, mamãe Cláudia ou papai INácio precisam dedicar parte de seus dias a essa nova conquista. Mas digo, e sei que pais e mães sabem muito bem, que são momentos de extrema felicidade. Ainda mais ver que o filho fica feliz com suas realizações e neste caso é mais um passo no rumo da liberdade, da autonomia, que todo mundo sonha ter.

Vai lá meu menino, vasto é o mundo, o sertão é grande, disseram Carlos e João, dois mineiros dos bons. Desde garoto eu sempre disse que nunca estabeleceria um jeito de criar meu filho. O jeito é o que nós dois vamos criando juntos, como aquele seu jeitin de descer da bicycle, como você chama. Estamos juntos nessa vida, eu como pai e você como filho, cada um no seu papel, nos respeitando, sendo amigos e francos um com o outro. Felizes, como merecemos ser!

Viva, amigo!

Essa foto é da quarta-feira de cinzas de 1984 e foi feita no sítio do meu pai, na Vila Palestina, lá na Serra da Meruoca. Junto comigo estão o meu sobrinho mais velho, o André, hoje com 26 anos e quase um arquiteto, e o Régis, um amigo, quase irmão, que conheci nos tempos do movimento escoteiro, e que uma tragédia o levou há 11 anos.

A idéia de postar essa foto foi justamente pra deixar aqui nesse meu lugar um registro desse amigo, um folião, que no carnaval sobralense assumiu a organização do Blocos dos Sujos - uma instituição que existe na cidade há mais de 50 anos -, um cara muito divertido, contador de piadas e também um cabra sensível, solidário, que deixou uma saudade danada lá na "Metrópole". O Régis tenha uma enorme identidade com Sobral e por uma dessas coincindências grandes da vida, o acidente que o levou foi no dia 5 de julho, justamente o dia do aniversário da cidade.

Por estar viajando, não presenciei nada que se relacione ao Régis sem vida, por isso só guardo imagens dele vivo, o que pra mim é muito melhor, podem ficar certos. Isso o torna vivo, mesmo que não viva mais entre os amigos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Em sua memória, meu capitão!

Há 70 anos, a estas horas, na beira do Riacho Tamanduá, em Angicos, sertão brabo de Sergipe, a catinga de pólvora e sangue certamente ainda dominava o ar. No chão, os corpos decepados de Virgulino, Dona Maria, uns quinze cangaceiros e os cachorros Juriti e Ligeiro, que parecem aí na foto, mortos numa emboscada que durou coisa de quinze minutos. Nos últimos dias eu li um monte de coisas sobre Lampião e quero destacar algumas coisas, em homenagem ao vaqueiro que campeou justiça terrena no meio do sertão nordestino.

Lampião, por Virgulino

“Não vivo a vida do cangaço por maldade minha. É pela maldade dos outros. Dos homens que não têm a coragem de lutar corpo a corpo como eu e vão matando a gente na sombra, nas tocaias covardes. Tenho que vingar a morte dos meus paes. Era menino quando os mataram. Bebi o sangue que jorrava da pelle de minha mãe, e beijando-lhe a boca fria e morta, jurei vinga-la... É por isso, que de rifle de costas, cruzando as estradas do sertão, deixo um rastro sangrento a procura dos assassinos de meus paes. (...) É por isso que eu sou cangaceiro. Não sei quando hei de deixar os horrores desta vida, onde o maior encanto, a maior belleza seria exttinguir a maldade daquelles que roubaram a vida de minha mãe e de meu pae e de minhas irmãs.”
( entrevista publicada pelo jornal O POVO, em 4 de junho de 1928)

O amor ...

Acorda Maria Bonita
Levanta vai fazer o café
Que o dia já vem raiando
E a polícia já está de pé
Se eu soubesse que chorando
Empato a tua viagem
Meus olhos eram dois rios
Que não te davam passagem
Cabelos pretos anelados
Olhos castanhos delicados
Quem não ama a cor morena
Morre cego e não vê nada

Um erro e o finado

Uma das melhores leituras que fiz nos últimos dias foi o artigo do meu amigo e camarada de partido, Joan Edessom, meu Mestre Matuto, intitulado “Lampião, um rastro de ousadia e ódio pela caatinga”, publicado na última edição da Revista Princípios. Gostaria de publicar todinho aqui, mas acho melhor que seja lido na própria revista, que tem outros textos muito bons para serem lidos. Como Joan e eu gostamos sempre de citar um erro do capitão Virgulino em nossas conversas políticas, reproduzo uma parte do final do seu artigo.


"Lampião viveu quarenta anos, mais da metade no cangaço. Comeu o pó das estradas sertanejas ao longo de mais de vinte anos. Palmilhou, por vezes a cavalo, mas no mais das vezes a pé, com suas sandálias de couro, incontáveis léguas por sete estados brasileiros. Travou centenas de combates e escapou de todos eles. Em Angicos, o cego não disparou um tiro sequer.

Cometera em toda sua trajetória no cangaço, um erro muito sério. O fracasso do ataque a Mossoró, no Rio Grande do Norte, acompanhou-o por toda a vida. (...)

Em Angicos ele errou pela segunda vez. Muitas vezes repetira que não se fica em coito com uma única saída, “ ratoeira”, segundo os cangaceiros. Angicos era exatamente isso. (...)

Na manhãzinha de 28 de julho de 1938 havia em Angicos os bandos de Lampião, Luis Pedro e Zé Sereno. Corisco ainda chegaria com Dada e seu bando. Conforme dizem os sobreviventes, o combate durou apenas quinze minutos. Foi o mais curto da vida de Lampião, e também o que apresentou maior número de baixas. Foi o combate fatal. Há setenta anos passados.

Lampião e Maria Bonita correm o sertão até hoje, nos romances de cordéis, na boca dos cantadores, na voz sussurrante das contadoras de histórias, na boca do povo, de pai para filho, de avó para neto, de bisavô para bisneto."

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Zero é 10


Há uns dias atrás entrei uma superbanca de revistas em Fortaleza, alás é uma loja de revistas, ou revistaria, chamada Revista e Cia com o Guilherme, que é fissurado por leitura e logicamente, curte muito quadrinhos. Pois bem, no dito lugar eu já havia comprado muita coisa legal, inclusive a Comuna de Paris e a biografia do Che Guevara, em quadrinhos. Coisa fina mesmo. Na minha incursão com meu filhote, que hoje é freguês da casa, vi essa edição da Recruta Zero, a primeira editada no Brasil, lá pelos anos 50 e reedita em 1991. Paguei uma nota, mas num pudia deixar de ter uma coisa rara como essa publicação. Nunca vi uma forma tão saborosa e descontraida de tirar um sarro com os rigores da caserna. Me diverti muito com as trapalhadas do Zero e sua turma, Dentinho, Quindim e outros, o Sargento Tainha e seu cachorro Oto, o General Dureza, sua esposa Marta e sua secretária Tetê, além de uma ruma de cabra de tudo que é patente. O dono das revistas que eu lia era o Ducito, que tinha uma coleção incrível. Pois tá, quem quiser ler minha raridade, tem que agendar. Por enquanto divirta-se com uma provadinha aí embaixo.

Degustagem


Flor da Paisagem

Hoje cedinho escutei essa música, que é do Fausto Nilo e do Robertinho do Recife, mas que ficou muito conhecida por duas interpretações: uma da Amelinha, no disco Flor da Paisagem, e outra do Fagner, no disco Orós. A danada ta tocando até agora nos meuzuvidos e por isso eu botei a letra aí e um vídeo meio ruinzinho no You Tube, aqui.


Teus "zói" a flor da paisagem
Sereno fim da viagem
Teus "zoi" é a cor da beleza
Sorriso da natureza
Azul de prata meu litoral
Dois brincos de pedra rara
Riacho de água clara
Roupa com cheiro de mala
"Zoinho" assim são mais belos
Que renda branca
Que renda branca
Que renda branca na sala
Quem vê não enxerga a praia
Nós num lençol
Nós num lençol
Nós num lençol de cambraia
Teus"zoi" no fim da vereda
Amor de papel de seda
Teus "zoi" clareia o roçado
Reluz teu cordão colado

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Faustão marcou bobeira

Esse tal de Faustão tá mesmo merecedor duns cascudos naquela cabeçona de balde. Além de falar besteira a tarde toda do domingo, agora resolveu agredir ainda mais as mulheres que já são vítimas da violência. Pois o Bobão da Globo, referiu-se à farmacêutica Maria da Penha, que deu nome à Lei 11.340, que pune a violência contra mulheres, dizendo que ela "de tanto apanhar ficou paraplégica". Ora, onde já se viu uma coisa dessas?

Maria da Penha botou a boca no trombone e exigiu retratação pública já no próximo domingo. Ela reagiu com justa indignação dizendo o seguinte: "Não gostei de terem mudado minha história. Em 15 minutos, minha trajetória de vida foi desconstruída. É necessário que o programa se retrate. Eu acho que o programa vai fazer isso". Eu tenho impressão que vai ser o dia de maior audiência daquele programa porque muita gente estará solidária àquela que é um símbolo da luta para combater a violência contra a mulher e vai querer conferir se o Faustão vai se retratar. É capaz até da Globo botar o pedido de desculpas por final só pra garantir mais audiência, afinal, na TV do Roberto Marinho, vale tudo pra faturar mais um pouquinho.

Vou dizer uma coisa, eu até num acredito que o Fausto Silva concorde com o que disse. Ele deve tá morto de arrependido da besteira que falou. Mas o problema é a naturalidade com que essas coisa são tratadas. É comum vermos a violência contra a mulher ser levada com certo deboche, já arrumaram até um apelido pra Lei Maria da Penha, fazendo um trocadilho bem sacana, que justamente minimiza a violência.

Esse episódio deve servir de lição. A retratação deverá ocorrer, até porque a Globo num vai querer ficar com essa acusação de desrespeitar uma mulher como a Maria da Penha e agredir todas as outras mulheres. Mas a coisa num deve ficar só por aí. Há muitos outros casos em que as mulheres são agredidas e desrespeitadas na TV brasileira e nada acontece. Nas novelas, nas mini-séries, nos programas de auditório e em outras situações, há muita exploração da imagem das mulheres, que ainda são usadas pra fazer propaganda de tudo em quanto. Essa é parte da luta das mulheres, que na verdade deve ser encampada por todos que aspiram uma sociedade mais justa, mais humana, que respeite e valorize os cidadãos independente de sexo, raça, cor, idade, condição econômica ou social.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Mano Dotô

Esse senhor aí é meu pai com seu primeiro filho, o Francisco, que eu chamo de Ducito por influência da nossa irmã Ciana (ela num sabia pronunciar o nome do mano véio) e eu resolvi nunca aprender. Nesse domingo o menino da foto chegou aos 52 anos.

O Ducito é o cientista da nossa prole. Pra quem se acostumou a imaginar um cientista cercado de tubos de ensaio, dentro dum laboratório e com mil fórmulas químicas, pode tirar essa imagem da cabeça. Meu mano véio é engenheiro, doutor, doutor mesmo, né só coisa de cerimonial não. O cabra tem diploma mesmo, da Escuela de Camiños e Canales da Universidad de Madrid (num sei se é mesmo esse o nome, só sei que é algo assim) e a sapiência dele é em concreto, patologia do concreto. Coisa de doutor mesmo, né?

Eu poderia ficar aqui um tempo sem fim falando dum doutor, mas também se fosse falar dum irmão muito querido num dia hora pra findar. O Ducito é um cabra que todo mundo gosta de ser amigo e que deixa os irmãos e irmãs felizes por num terem outra escolha na vida. Por conta duma viagem, hoje eu num pude dar um abraço nele e já falei com ele quando o dia tava começando a terminar. Fiquei sabendo que perdi o "famoso vatapá", mas sei que terei ainda muitas ocasiões pra comemorar muitos outros aniversários. Vida longa, meu mano!

90 anos

"Uma boa cabeça
e um bom coração
formam sempre
uma combinação formidável".

sábado, 19 de julho de 2008

Na quinta-feira, no comecinho da noite, fui a Sobral pegar o Guilherme. O cabritin já tava lá há quase dez dias, passando férias com meu pai, minha mãe, primos e tios. Dormi na minha cidade e acordei na sexta-feira, dia 18, data em que a Mãe Teresa, na foto aí do lado, faria 78 anos.

Há muita coisa boa pra lembrar dela, muita coisa, boa mesma. Mas num quero fazer isso aqui não porque faria lembrar outra data e outro acontecimento que nada tem a ver com o aniversário dela.

Teresa, ontem lembrei de você o dia inteiro, mas numa correria danada num consegui parar nem um segundinho pra organizar umas coisas pra lhe escrever. Anotei umas idéias enquanto voava de Fortaleza pra São Paulo, onde tô nesse instante, e só agora consegui guardar você nesse lugarzin que arrumei na vida. Saiba sempre que nós todos, seus filhos (irmãos e irmãs mais novos do Chical, que continua nos protegendo) e netos (primos e primas do Rildson, do Romin e do Renan - os mais novinhos, inclusive o meu Guilherme, você nem conheceu) somos felizes demais por ter você em nossas vidas. E vou parando por aqui senão vou molhar o computador alheio. Beijos pra você.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O rumo eleitoral de Fortaleza

A notícia do dia hoje é a divulgação da primeira pesquisa eleitoral da disputa em Fortaleza, feita pelo Vox Populi. Ontem mesmo vi os números no Caderno Cearense do Portal Vermelho, que previu uma disputa acirrada. Não sou nenhum analista político, mas já faz um certo tempo que convivo com pesquisas eleitorais e mais ainda eleições. Daqui, desta posição de militante político quero dar uma opinião ainda meio superficial, até porque nem conheço o relatório todo da pesquisa.

A pesquisa apresentou apenas os índices de preferência (estimulada e espontânea) e de rejeição. É pouca coisa mesmo, mas é um indício forte do que vem por aí. Pra começar, a disputa deverá ficar restrita aos três primeiros colocados, Luizianne Lins (PT), Moroni Torgan (DEM) e Patrícia Saboya. Nenhum dos demais sequer se aproxima desses. Dos “lanterninhas” quem mais pontuou foi o Renato Rosendo (PSOL), com 2% na preferência estimulada, e isso reflete um certo recall da campanha de 2006, quando foi candidato ao governo do estado. Adahil Barreto (PR) e Luiz Gastão (PPS) poderão até ir além do 1% que têm hoje, mas nada que os torne competitivos. Os demais candidatos no máximo ajudarão a eleger vereadores, sendo que alguns cumprirão o vexatório “papel cítrico”.

Moroni, verdadeiro ou falso?

O primeiro lugar de Moroni, com 30% na preferência estimulada, parece ser o teto do delegado. É preciso considerar que ele até ampliou seu apoio partidário ao conquistar o PP, do seu vice Alexandre Pereira, mas penso que, além de mais recursos financeiros, o homem das padarias acrescenta pouco capital político-eleitoral.

O discurso policialesco de Moroni já não tem o mesmo apelo, em boa parte graças ao efeito “Ronda do Quarteirão” e o candidato, que já acumulou três derrotas expressivas nas últimas disputas majoritárias que participou, vai ter muita dificuldade para agregar uma imagem de bom gestor, como apregoa em seu novo discurso. Aliás, soa muito falso tentar enfiar no seu jingle de campanha o bordão “deixa o homem trabalhar”. Essa é uma marca forte da eleição de Lula em 2006 e se tem alguém que não combina com o Presidente é justamente Moroni. Ninguém o impede de trabalhar, até porque não se sabe o que ele fez ou deixou de fazer nos últimos dois anos que andou afastado do Ceará. E mais, a rejeição do Moroni é alta, 24%, e isso parece revelar que o povo pode deixar o delegado trabalhar, mas numa delegacia e não na Prefeitura de Fortaleza.

Por fim, os 15% dele na preferência espontânea, metade da estimulada, revela ainda que o eleitor não lembra muito dele e isso exigirá muito esforço para recuperar sua base de apoio na periferia pobre da cidade, hoje bastante receptiva à ação da Prefeita Luizianne e do Governo Lula, ambos do PT

Luizianne tem que cuidar de sua vidraça

Já a segunda posição de Luizianne, com 26% na estimulada, demonstra que a Lôra tem bom potencial de disputa e está melhor do que a boataria espalhou. O bombardeio contrário da oposição e da mídia, que todo dia apresenta um problema na cidade (até um engarrafamento numa rua da Aldeota virou um caos em todo o bairro), não foram ainda suficientes pra tira-la da disputa.

A prefeitura tem uma folha de serviços até razoável para mostrar e isso vai potencializar muito a candidatura da Luizianne. É bem verdade que o “núcleo duro” de articulação política da prefeita, em que pese ter conseguido formar uma aliança partidária bem ampla, às vezes atrapalha. A indefinição do vice é o exemplo mais patético. Tem ajudado bastante a criar notícias negativas e problemas delicados para serem resolvidos. O pedido de impugnação da chapa já mobiliza boa parte das forças para uma ação defensiva e isso é tudo que uma candidatura não precisa, ainda mais no começo da campanha. Essa pendenga pode durar todos os 80 dias que nos separam do dia 5 de outubro.

Um outro problema de Luizianne é seu alto índice de rejeição, 33%, o maior de todos os candidatos. Imagino que se deve somar aí uma rejeição política e uma também uma rejeição administrativa. É claro que Fortaleza tem um número razoável de eleitores conservadores e até de direita, estes rejeitam uma candidata de esquerda, por mais que ela amplie seu apoio a setores políticos que nada têm de esquerda. Além disso, é preciso considerar que a opção da Prefeita em fazer uma administração que beneficia áreas mais carentes da cidade gera insatisfação, até mesmo nos chamados setores médios, e isso se reflete em rejeição.

O certo é que ao contrário de 2004, quando correu solta no primeiro turno, este ano a Lôra vai ser o principal alvo da maioria dos candidatos. Luizianne vai ter que gastar muita sandália e goela pra se manter firme na disputa e, indo ao segundo turno, terá de ampliar ainda mais seu apoio para vencer a eleição. Desde já é preciso envolver de fato os partidos da aliança e as lideranças políticas que a apóiam, do contrário o segundo turno pode virar miragem.

Patrícia atrás de vôo próprio

Mesmo estando em terceiro lugar, tanto na preferência estimulada, 21%, como na espontânea, 10%, Patrícia tem uma situação muito boa na disputa. A começar pelo fato de que a distância que a separa dos dois primeiros não é nada expressiva, está dentro da margem de erro. Isso torna a disputa “embolada” e pra quem está em terceiro é uma boa situação porque não vira alvo, ainda. Para Patrícia isso é um certo alívio, ainda mais se ela pensar que em 2000 todo mundo quis tirar votos dela, o que de fato aconteceu, e agora ela tende a ganhar votos.

Também é positivo para Patrícia que sua rejeição seja tão baixa, apenas 4% e não foi à toa que ela comemorou tanto esse fato. Um percentual desses normalmente é de candidatos pouco conhecidos (Neto Nunes(PSC) esta acima dela com 5%) e, com certeza a senadora é bastante conhecida. Quando a disputa começar pra valer sua rejeição poderá subir, mas duvido muito que se assemelhe ao que ocorreu em 2000, quando ela foi identificada como a “Candidata do Cambeba” e esse foi um golpe forte na sua pretensão de ser prefeita. Agora, apesar do PSDB e, principalmente do senador Tasso Jereissati, serem os principais fiadores de sua candidatura, os tucanos não estão com tanta evidência pra provocar uma rejeição desestabilizadora.
O caminho de Patrícia para o segundo turno pode estar limpo e talvez o seu maior desafio seja consolidar uma imagem de candidata com idéias próprias e confiável como gestora. Se por um lado o apoio de figuras como Ciro Gomes e Tasso Jereissati podem agregar apoio, por outro arrisca passar uma idéia de dependência, inclusive do ex-marido.

Rádio e TV na decisão

Como dizem os chavões de análise política “o quadro é de indefinição de quem vencerá o pleito eleitoral na capital alencarina”. Isso é verdade e creio que há uma forte tendência do equilíbrio ir até os últimos dias da campanha, o que exigirá muita habilidade dos candidatos e seus estrategistas para que se mantenham na disputa. Em geral a eleição costuma ser mais dinâmica do que as análises, por isso ocorrem certas movimentações que podem surpreender. A disputa de 2008 é uma preliminar da batalha principal de 2010, quando estará em disputa a Presidência da República e o destino das mudanças em curso no país. Ninguém imagina que Lula vai ficar apenas olhando a água passar debaixo da ponte e sua ação com certeza favorecerá as candidaturas que daqui a dois anos ajudarão a movimentar o moinho lulista.


A primeira etapa da campanha, que irá até o dia 19 de agosto, quando se inicia a propaganda eleitoral no rádio e na tv, vai ser uma espécie de conhecimento mútuo das candidaturas. É provável que nenhum lance decisivo ocorra, mas também será a fase em cada campanha se posicionará da melhor forma para a batalha final na tv e no rádio. A fase atual exigirá campanha na rua, corpo a corpo, pé no chão. Quem conquistar a simpatia da população agora, será melhor recebido em suas casas e quem conseguir envolver o povo, empolgar o eleitorado, garantirá uma das vagas no segundo turno, que é a única certeza da eleição em Fortaleza.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Trabalho e chamego

Sexta-feira passada iniciei uma viagem de trabalho com um toque familiar. Muita correria e muita coisa pra fazer pela manhã só me permitiram sair de Fortaleza quase três horas depois do previsto. Tinha uma reunião de planejamento da campanha do Dr. Sales, candidato a prefeito de Miraíma pelo PCdoB. Nunca tinha ida até aquela cidade, mas conheço um pouco a região (até previa fazer umas fotos bem legais, mas o atraso adiou registro de casas sertanejas, vaqueiros e boiadas na estrada, além de paisagens muito bonitas – tem nada não, num vai faltar ocasião, inclusive pra fotografar casas e pessoas daquela cidade miudinha) e por isso pude seguir com uma certa pressa. Sozinho, me acompanhei da música de gente como Rita Lee ( Entradas & Bandeiras), Rick Wakeman (Jornada ao Centro da Terra), Manassés e Tina Turner (The Best).

Quatro horas de reunião (digitadas nesse momento aí que o Guilherme flagrou quase dois dias depois), um tempinho pra uma prosa e umas piadas, um cafezinho com tapioca e peguei a estrada pra Sobral. Descobri que há mais um caminho pra minha Metrópole, só num sabia que ia saber disso meio na marra. A noite até tava bonita de estrelas e tinha uma lua crescente pra alumiar o caminho, mas percorrer 20 km a uns 40 por hora, numa estradinha carroçável, sem saber onde tava e sozinho, né uma coisa boa não. Me perdi três vezes, mas aparecia sempre uma alma boa pra mandar ir em frente, “é bem aí”. Pois sim, quem conhece o “bem aí” no sertão sabe que na verdade é “bem acolá” e pode esticar o beiço porque é chão! Teve um que disse “Você ta só a alguns metros”. Pois ou ele esqueceu de dizer ou eu não ouvi o prefixo “quilo”, porque eu ainda rodei um bucado pra chegar no distrito de Caracará e logo em seguida pegar a BR 222.

Pois aí eu me dei o direito de parar pra jantar num lugarzinho especial. No Restaurante da “Maria dos Patos” só tinha carne do sol assada ou carneiro cozido, e eu fui na primeira opção. Aimeudeus, um manjar que comi me deliciando, mas também com certa pressa pois tava roxin de saudade do Guilherme, ainda mais depois de falar com ele por telefone e prometer chegar em 40 minutos (se alguém promete algo ou marca prazo com meu menino, cumpra, porque ele cobra mesmo, inclusive os seis minutos que me atrasei por conta da obras na entrada de Sobral). Finalmente em casa encontrei uma turma boa, tomando um vinho na varanda, proseando sobre a viagem da Ana Paula e do Fernando, mas o melhor foi o abraço e o grude do Gui ( tava lá na casa dos primos há quatro dias), que decidiu logo ficar comigo naquela noite.

Tava só começando dois dias muitos legais de trabalho e chamego.

Encanto mineiro


Se alguém quiser convidar Guilherme e eu prum almoço saboroso, ofereça comida mineira. No sábado, depois de fazer contatos com o PCdoB e encaminhar umas coisas de campanha eleitoral numa gráfica, peguei meu menino e subi a Serra da Meruoca. No caminho uma parada a pedido do filhote pra comprar o melhor torresmo do mundo, que traçamos no meio duma prosa bem gostosa.

Fomos almoçar no Canto Mineiro, um restaurante de dois caras muito legais (Tomáz, mineiro e Carlos, cearense resolveram curtir juntos a vida no clima serrano) que lota nos finais de semana e quem quiser saber porque é só provar a comida, o ambiente, a música e o atendimento do lugar. O almoço ficou ainda mais gostoso porque encontramos Ana Paula e Fernando, com seus meninos (Lucas, Gabriel e José Artur).

Um canto pra nunca esquecer



Quando o papai era menino passava férias e brincava no Canto. Quando minhas irmãs, meus irmãos e eu éramos meninos também íamos pro Canto. Quando tinha festas de aniversário dos Arruda Coelho, as melhores eram no Canto. No Canto uma família viveu e ainda vive tantas emoções ... O Tizé, irmão do papai que num ta mais entre nós a três anos e que era uma criatura querida por todo mundo, fixou as coordenadas do lugar numa placa. Esse é um dos lugares que nunca saem de nossas vidas e por isso fui apresentá-lo ao Guilherme.

Será que ainda volto?

“Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá”

Vida longa, Seu Chico!

Francisco das Chagas Silva é um trabalhador brasileiro talentoso. Eu tinha uns 8 anos quando o vi a primeira vez fazendo móveis, portas e janelas da casa que meu pai mandou construir na margem esquerda do Rio Acaraú. Nasceu filho da Dona Ana e foi menino na Rua da Palha, exatamente atrás da casa que ajudou a fazer. Começou a trabalhar em olarias, aos 10 anos e aos 18 foi ser marceneiro. Que artista o mundo do trabalho e as casas de Sobral ganharam. Disse que ganhou muito dinheiro, mas as “nega” comeram tudo e hoje ta aposentando com um salário-mínimo. Quando vou à Sobral, quase sempre encontro o "Chico Ana" lá por casa, tomando um cafezinho, fazendo um servicinho por ali (olha ele aí numa foto do Guilherme, ajeitando a porta do armário da cozinha) e proseando. Vai interar 79 anos no dia 6 de setembro e quer “chegar aos menos aos 100, daí pra frente é lucro!”

Guilherme viu e fotografou

“Eu vi o pato
Pataqui patacolá
Eu vi o pato
Para ver o quié que há”

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Lula fã


Olha só a cara do Lula diante de Vo Nguyen Giap, o cara que, junto com Ho Chi Min, comandou a resistência do povo vietnamita contra a França e os Estados Unidos e em 1975 botou os gringos pra correr do Vietnam, que sob a bandeira do socialismo lidera, junto com a China, os países que mais se desenvolvem.

Lula manifestou sua admiração pelo General Giap ao dizer que "não é pouca coisa, para um povo, vencer no mesmo século franceses e americanos". E disse mais: "A vitória de vocês e o orgulho de vocês é quase um patrimônio da humanidade. Tenha certeza de que, no mundo inteiro, muitos, mas muitos jovens naquela época ficaram felizes pela vitória do Vietnã".

Há um tempo atrás me contrapus à opinião do Lula ao dizer que não era só Fidel Castro o único ícone da esquerda ainda vivo, mas também Nelson Mandela. Pois eu falhei já que esqueci Vo Nguyen Giap.


Uma curiosidade: é muito comum vermos o nome Nguyen nos vietnamitas. Pois é essa palavrinha cujo som parece um gemido é o nome mais comum de lá. É o Zé ou Chico nosso, Joaquim ou Manoel, dos patrícios.

Patriotada

Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra em nosso peito varonil
Querido símbolo da terra
Da amada terra do Brasil



Foto obtida no Blog do Adeodato

Singular, mas plural

Essa foto é do Beethoven Rodrigues e recebi hoje cedinho. O flagrante foi no dia 7 de setembro de 2007 e a ocasião era o Grito dos Excluídos. Nela (clic na bicha pra ver os detalhes), além da bandeira do PCdoB tremular mais alto, chama atenção o olhar dos presentes. Apesar de prevalecer uma direção, muitos se desgarraram e seus olhares sairam em busca de algo mais, inclusive o meu. É assim que somos, os brasileiros. Um povo, miscigenado; uma língua, falada de formas mais diversas; uma cultura, mas diversificada. Vou parar por aqui porque o Brasil é bonito demais, tem nenhum igual no mundo, e me emociona.

Daniel "Beira-Mar" Dantas


Esta noite, madrugada começando, eu já tava deitado pra dormir e resolvi ver as notícias no Jornal da Globo. O primeiro bloco inteiro foi sobre a prisão da gangue comandada pelo Daniel Dantas, junto com o Naji Nahas e o Celso Pitta. Uma corja de bandidos que conviveu muito bem com a maré de privatizações do Governo FHC, como bem demonstrou o Altamiro Borges em seu blog. Todo mundo tá acompanhando as notícias e nem vou falar sobre o caso ( só peço por favor, que cê leia um esse artigo do Bob Fernandes sobre a prisão ) mas vou só comentar duas coisinhas surpreendentes.

Pra começar a decisão Presidente do do Supremo Tribunal Federal – STF, Gilmar Mendes, de conceder um habeas corpus pra soltar Dantas e uma parte da curriola. Logo quem soltou a quadrilha, o Gilmar Mendes (Ex-Advogado Geral da União no tempo do FHC) que classificou a Operação Sathiagraha (em sânscrito, significa: “resistência pacífica e silenciosa”) como ''espetacularização das prisões incompatível com o Estado de Direito''. Ora onde se viu uma coisa desses? Quer dizer que os bacanas não podem ser vistos usando algemas? Qualé a diferença deles pros bandidos que assaltam bancos, que praticam assassinatos, seqüestros e outros crimes comuns? O Daniel Dantas é menos bandido que o Fernadinho Beira-Mar? A motivação para que fosse decretada a prisão da Gangue do Dantas foi uma tentativa de corrupção do delegado que investigava crimes financeiros. Tudo comprovado com imagens, inclusive as famosas montanhas de dinheiro, e relatórios da PF. A corrupção visava dificuldades uma investigação e pelo que me restou de conhecimento jurídico é justamente essa umas das motivações para decretar a prisão de um criminoso. Porque os bacanas foram tratados dum jeito diferente?

Outra coisinha estranha foi reação parlamentares contra a operação da Polícia Federal. O telejornal exibiu uma polêmica entre os senadores Pedro Simon, defendendo a prisão, e o tucano Artur Virgílio Neto, criticando. Contestar prisões de “pessoas de bem” num é novidade do cabra lá do Amazonas, ele reagiu assim quando o Artur Bisneto, filho dele aprontou aqui mesmo no Ceará no final de 2004. Além de preso, o Bisneto Jr mostrou a bunda pra delegada lá da cidade de Euzébio. O senador achou um absurdo que o filhinho dele fosse impedido de desabafar contra o povo de Manaus que o havia rejeitado vergonhosamente nas eleições daquele ano. O cabra leva uma surra eleitoral na terra dele e vem botar boneco na terra dos outros. Marminiiiino!!!

Agora vou meter um dedo numa ferida. Como a maioria dos brasileiros, eu também repugnei a morte da garota Isabela Nardoni. Só que torci muito pra que o pai dela e sua esposa não tivessem envolvidos. Torci pra que um gesto tão desumano não tivesse sido praticado por pessoas que deveriam cuidar da criança. Sou assim mesmo, nunca quero que o ser humano chegue ao limite da desumanidade. Agora, já que eles parecem mesmo envolvidos, que sejam punidos. Mas porque eles foram execrados, suas vidas devassadas, condenados antes de qualquer investigação e muito menos de uma decisão judicial, e a Gangue do Dantas não pode? Por que a justiça os mantém presos enquanto o Daniel Dantas com sua quadrilha criminosa é solta?
Recebi um email do Luis Carlos Paes com uma observação que gostaria de compartilhar. Diz lá: "A preocupação de Dantas seria apenas com o processo na 'primeira instância', uma vez que no STJ e no STF ele 'resolveria tudo' com facilidade". Este foi um dos destaques do Jornal Nacional de ontem.

Depois o Ministro-Presidente deu declarações contra as prisões... Esquisito não?"
E eu acrescento, mais esquisita ainda fica a decisão do Gilmar Mendes liberando a bandidagem bacana!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

É problema nosso sim!


Depois que foi anunciada a volta da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos pipocaram artigos, opiniões, inclusive do Fidel Castro, notas oficiais do PCdoB, da CTB e até uma campanha do CEBRAPAZ contra a mais nova ameaça imperialista. É isso mesmo, ameaça imperialista.Tem por aí uns ingênuos que dizem que isso é coisa ultrapassada, da época da Guerra Fria, mas o Bush Jr num é de dar moleza. A coisa é séria mesmo é por isso o governo brasileiro pediu explicação aos gringos.Neste final de semana Elio Gaspari publicou um artigo demonstrando que temos muito a ver com o assunto.


A volta da 4.ª Frota é um ato arrogante
Elio Gaspari

Sem consulta aos demais países, o presidente George Bush recriou a Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos, que deverá proteger seus interesses nas águas da América Latina e do Caribe. A medida recebeu o apoio da equipe do candidato Barack Obama. Má notícia para a turma do andar de baixo.

Um levantamento do professor John Coatsworth, da Universidade Columbia, ensina que, entre 1898 e 1994, os Estados Unidos ajudaram a derrubar 41 governos latino-americanos. Um a cada 28 meses. As intervenções militares diretas foram 17 e nessa conta não entraram a fracassada invasão de Cuba, de 1961, e a deposição do presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, em 1984.

No Brasil, faz-se de conta que a frota só ameaça os outros. Falso. A primeira intervenção norte-americana ocorreu em 1864, com o seqüestro de um vapor confederado no porto de Salvador. Estão documentadas outras três.

A maior de todas, durante a Segunda Guerra Mundial, ficou no papel. Segundo a primeira versão do “Plano do Teatro de Operações do Nordeste do Brasil”, de 1º de novembro de 1941 (um mês antes do ataque japonês a Pearl Harbour), os Estados Unidos desembarcariam até 100 mil soldados num arco que iria de Belém a Salvador. A cabeça de ponte da invasão ficaria em Natal. Getúlio Vargas entendeu que não lhe restava outro caminho e cedeu aos norte-americanos o acesso ao Saliente Nordestino.

A frota norte-americana meteu-se na vida nacional em duas outras ocasiões. A primeira, em 1893, contribuiu para o fim da Revolta da Armada e a convocação de eleições por Floriano Peixoto. Os Estados Unidos concentraram na Baía da Guanabara cinco cruzadores, equivalentes a um terço da tonelagem da Marinha norte-americana. Esse foi o primeiro grande lance de imperialismo naval da história dos Estados Unidos. A história segundo a qual Floriano disse que receberia “à bala” uma ajuda internacional pode ter sido patriótica lorota. O caso está contado no livro “Trade and Gunboats” (Comércio e Canhoneiras), do historiador Steven Topik.

Em 1964, quando a “Quarta Frota” estava desativada, os Estados Unidos planejaram outra intervenção. Chamou-se Operação Brother Sam e era formada por um porta-aviões e seis contra torpedeiros. Destinava-se a mostrar que a Casa Branca estava do lado da revolta contra o presidente João Goulart. O espetáculo militar foi desnecessário e os barcos deram meia-volta.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Che vive!


O governo da Bolívia, tendo à frente Evo Morales, divulgou ontem manuscritos e duas fotografias apreendidas com Che Guevara quando o grande revolucionário latino americano foi preso e assassinado pelo Exército em outubro de 1967. São relíquias de imenso valor histórico na medida em que contêm relatos de Ernesto de La Serna sobre a sua última empreitada contra os opressores e em favor dos povos.
Certamente o estado de conservação dos manuscritos devem exigir muito cuidado ao manuseá-los, mas o conteúdo, com certeza, deve estar intacto, cheio de muito vigor e têmpera revolucionária, particularmente as idéias avançadas em favor do socialismo e das lutas do povo.

El ingenioso hidalgo

Quando eu digo que a minha irmã Nanpaula e meu cunhado Fernando são duas das pessoas que mais gosto na vida, num tô brincando de jeito nenhum. Ontem eles chegaram, junto com o Ducito, meu irmão, e a Bida, cunhada, duma viagem à algumas cidades européias, dentre elas a encantadora Madrid, que os madrilenhos pronunciam "madrizz".

Na bagagem muitas histórias (o Fernando é capaz de proezas inacreditáveis, além de ter uma cabeça fantástica pra buscar conhecimentos) e também uns regalitos para as pessoas queridas. Fomos todos pra casa do Veveu, que nos acolheu com um saboroso jantar (o mano véi cozinha até bem e por isso ganhou um presente que só o bom humor do Fernando, que é cunhado do Veveu duplamente, já que é irmão da Izolda, lembraria de trazer). A mim coube essa maravilha aí da fato. É uma estatueta duns dez centímetros apenas e que a Nanpaula veio me entregar dizendo que se tratava apenas duma lembrancinha, mas ela sabia que eu gostaria. Disse que comentou com seu amado: "Olha Fernando, acho o Dom Quixote o presente ideal pro Inácio, tenho certeza que ele vai gostar".


Pois ontem mesmo tratei de guardá-lo ao lado duma foto do Guilherme (que sempre lembra o nome do cavaleiro andante: Alonso Quijano) , no meu quarto. Gosto mesmo desse personagem, já li bastante a respeito, mas tenho uma dívida comigo mesmo. Nunca cheguei a ler o tricentenário livro de Cervantes, mas desta vez estou desafiado a saldar um débito tão alto. Como estarei ao longo do ano envolvido na batalha eleitoral, creio que a companhia do cavaleiro de La Mancha, seu fiel Sancho e o Rocinante será mais do que agradável. Adelante!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Da paz


Junto do Patativa do Assaré, cachorro e gato num brigavam não.

Tarde vermelha

No dia 1º. de outubro de 2006, fui votar no finalzinho da tarde, acompanhado do Guilherme. Aliás foi ele quem votou por mim, como faz desde 2004. Até tivemos uma pequena divergência, mas nada que um bom diálogo não pudesse resolver. Depois de cumprirmos nosso “compromisso cívico-democrático” fomos tomar um aliviar o calor na Sorveteria 50 sabores, lá no fim da beira-mar. Depois caminhamos um pouco pelo calçadão, demos de cara com um pôr-do-sol dourando a enseada do Mucuripe, cujas velas tavam recolhidas, e avermelhando o horizonte de Fortaleza. Resolvi registrar com a câmera do telefone celular. Algumas horas depois foi constatado que o Ceará tinha mandado de volta para o Senado Federal, depois de 61 anos, um representante comunista, Inácio Arruda. De quebra o PCdoB cearense ainda elegeu o Chico Lopes deputado federal com mais do que os 150 mil votos que ele pediu durante a campanha eleitoral.

Sorriso lunar


No segundo semestre de 2006 morei num condomínio próximo à Lagoa de Parangaba, bem no início da Avenida Augusto dos Anjos. Numa certa noite eu ia pela Avenida José Bastos, voltando pra casa com o Guilherme e a lua tava bem ali, na nossa frente, desse jeitin aí na foto. Meu menino viu a belezura e embelezou ainda mais a cena: “Olha papai, a lua tá sorrindo!”.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Passou...

"E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor..."

Eu era um menino véi (devia ter uns dez anos, e "no meu tempo", era idade de menino véi, hoje já é tudo rapaz) quando passava com minha mãe ao lado do Teatro São João e escutava a banda municipal ensaiando. Dava uma vontade doida de subir lá e assistir aquilo de perto. Lembro até duma vez que "Domaducarmo", falou do seu gosto parecido com o meu, só que a banda era formada por garotos dos bairros populares e parecia que num ficaria bem um rapazinho de classe média ir praquele meio ali.
Até hoje Sobral ainda tem um pouco desse preconceito. Num tenho notícia que tenha mudado muito o público da Escola de Música da Prefeitura. Nessa parte eu num gosto mesmo da minha cidade. Na parte que me toca, fiquei fora da banda, na parte que me incomoda, rejeito esse preconceitozinho vagabundo. Coisa de gente à toa na vida.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Coração civil


"Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver"
(Milton/Brant)

Ai meudeus ...


....que saudade!