
- Ah, pai, antes eu usei a do Haiti, mas agora é a vez de apoiar o Chile!
Hoje ao passar pelos lados
Das brancas paredes, paredes do forte
Escuto ganidos, ganidos, ganidos, ganidos
Ganidos de morte
Vindos daquela janela
É Bárbara, tenho certeza
É Bárbara, sei que é ela
Que de dentro da fortaleza
Por seus filhos e irmãos
Joga gemidos, gemidos no ar
Que sonhos tão loucos, tão loucos, tão loucos
Tão loucos foi Bárbara sonhar
Se deixe ficar por instantes
Na sombra desse baobá
Que virão fantasmas errantes
De sonhos eternos falar
Amigo que desces a rua
Não te assustes, não passes distante
Procura entender, entender
Entender o segredo
Desse peito sangrante
Outros locais históricos de Fortaleza são:
Teatro José de Alencar - principal e mais bonito teatro da cidade, este ano completa 100 anos, 10 a menos que o Teatro São João, de Sobral. Além da bela construção, vale a pena visitar o jardim feito pelo Burle Marx.
Praça José de Alencar - onde fica o Teatro José de Alencar e uma estátua do escritor, já foi um terminal de ônibus, hoje abriga muitos camelôs. Na década de 60 foi palco de manifestações estudantis.
Estação Ferroviária João Felipe - estação de trem, é uma bela construção do início do século XX e abrigará a estação central do Metrofor.
Central de Artesanato - já foi a Cadeia Pública até o início dos anos 70, depois foi a EMCETUR, onde tinha um teatro muito legal, hoje tem lojas de artesanato.
Santa Casa de Misericórdia - primeiro hospital de Fortaleza, ano que vem fará 250 anos de sua instalação com o nome de Hospital da Caridade. Num é lugar de visita pra turista, mas muito bonito de se apreciar. Fica ao lado do Passeio Público.
Museu do Ceará - antiga sede da Assembleia Provincial, depois Assembléia Legislativa, além de ser uma construção muito bonita, acolhe o mais interessante museu sobre a nossa história.
Praça dos Leões - uma dos lugares mais agradáveis da cidade, encontra-se meio abandonado, o nome oficial é Praça Gen. Tibúrcio, mas as enormes estátuas felinas deu o mote pro povo rebatizá-la ao seu modo. Rachel de Queiróz tá sempre por lá, sentada num banco.
Academia Cearense de Letras - antigo Palácio da Luz, foi sede do governo estadual até o início dos anos 70, abrigou também a Casa de Cultura Raimundo Cela, um lugar incrível lugar que simplesmente deixou de existir.
Praça do Ferreira - o chamado Coração da Cidade homenageia o Boticário Ferreira e tem ao seu redor o Cine São Luiz, o Hotel Excelcior, a Farmácia Osvaldo Cruz e o antigo Cine Magistic, hoje uma agência da Caixa Econômica Federal.
Catedral - uma construção imponente, é uma espécie de Sagrada Família, de Barcelona, só que foi concluída depois de muito tempo e muitas doações.
Palácio do Bispo - construida por um ricaço, depois foi morada do Bispo e depois Arcebispo, até virar sede da Prefeitura em 1973, que de lá saiu pra dois lugares, mas agora voltou e eu ando com vontade de saber se ficou bonita mesmo.
Cidade da Criança - um belo lugar, que também pode ser chamado de Parque da Liberdade, porém está num estado de abandono que faz pena.
Palácio da Abolição - único lugar situado fora do centro da cidade, é uma construção muito bonita. Foi sede do governo estadual até 1986, depois que Tasso Jereissati resolveu fugir do povo e se esconder no distante Cambeba. Sediou várias secretarias de governo e agora está sendo restaurado para receber novamente o governador.
Colaborou Guilherme Pires Carvalho Arruda, de quem sou o pai.
Mandela Day
Dia de Mandela
It was 25 years they take that man away
Há 25 anos eles prenderam aquele homem
Now the freedom moves in closer every day
Agora a liberdade se aproxima a cada dia
Wipe the tears down from your saddened eyes
Enxugue as lágrimas dos seus olhos entristecidos
They say Mandela's free so step outside
Eles dizem que Mandela está livre, então pise lá fora
Oh oh oh oh Mandela day
Oh oh oh oh Dia de Mandela
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh oh Mandela está livre
It was 25 years ago this very day
Há 25 anos nesse mesmo dia
Held behind four walls all through night and day
Preso entre 4 paredes durante noite e dia
Still the children know the story of that man
As crianças ainda sabem a história daquele homem
And I know what's going on right through your land
E eu sei o que está acontecendo bem na sua terra
25 years ago
25 anos atrás
Na na na na Mandela day
Na na na na o Dia de Mandela
Oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh o Mandela está livre
If the tears are flowing wipe them from your face
Se as lágrimas estão fluindo, enxugue-as de seu rosto
I can feel his heartbeat moving deep inside
Eu posso sentir a batida do coração dele movendo bem fundo
It was 25 years they took that man away
Há 25 anos eles levaram embora aquele homem
And now the world come down say Nelson Mandela's free
E agora o mundo desce e diz "Nelson Mandela está livre"
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh oh o Mandela está livre
The rising suns sets Mandela on his way
O sol nascente guia Mandela em seu caminho
Its been 25 years around this very day
Faz 25 anos nesse mesmo dia
From the one outside to the ones inside we say
Desde o dia livre até os dias presos, nós dizemos
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh oh o Mandela é livre
Oh oh oh set Mandela free
Oh oh oh o Mandela é livre
Na na na na Mandela day
Na na na na o Dia de Mandela
Na na na na Mandela's free
Na na na na o Mandela é livre
25 years ago
25 anos atrás
What's going on
O que está acontecendo?
And we know what's going on
E nós sabemos o que está acontecendo
Cos we know what's going on
Porque nós sabemos o que está acontecendo
Tradução: letras. terra.com.br
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Nassif:
Se na Terra ainda estivesse, Henfil comemoraria, hoje, 66 anos e certamente perturbando mais do que fazia antes pois, afinal de contas, quem já era bom com o tempo melhora.Humberto Teixeira: o baião de água boa
Iguatu quer dizer água boa, e água boa dá belos frutos. Um exemplo é o primo de meu pai, aquele homem que engarrafava nuvens: Humberto Teixeira. Desde criança, costumava ouvir histórias sobre este meu conterrâneo poeta. E essas histórias, como a brincadeira de telefone-sem-fio, chegavam até nós mal contadas e distorcidas. O documentário O homem que engarrafava nuvens, um sensível resgate de sua filha Denise Dumont, tenta fazer justiça a ela própria, a sua mãe Margarida Jatobá e também à memória do compositor cearense, que hoje divide o reinado do baião com o mestre Luiz Gonzaga.
O filme tem um certo olhar estrangeiro sobre o sertão nordestino, o que permite que se fuja, especialmente em algumas cenas, dos surrados estereótipos que reencontramos incontáveis vezes nas biografias de personagens nordestinos. A cantoria de Asa Branca, ainda mais lírica na voz de Maria Bethânia (e mais sofrida na versão do jovem e descabelado Caetano), traduz este olhar forasteiro numa das mais belas imagens do filme: os cavaleiros em slow motion, em verdadeiros animais encantados, que jamais teriam a mesma plasticidade se retratassem fielmente o cotidiano dos nossos vaqueiros.
Esse olhar de quem saiu do Nordeste ainda jovem para tentar a carreira de atriz no Rio de Janeiro e depois em Nova Iorque, revelado constantemente por Denise Dumont nas duas horas de projeção do documentário que produziu é, ao mesmo tempo, a virtude e o pecado da história. Não se pode negar que as raízes de Humberto Teixeira e do próprio baião ganharam um colorido e um contexto dignos de quem compôs nada menos que 400 canções, que ficaram na história da música brasileira. Por outro lado, a vida pessoal de Humberto Teixeira fica ainda mais misteriosa, salvo por sua predileção pelas mulheres de olhos verdes, bem registrada em “Kalu” (tira o verde desses ói de riba d'eu...).
Poucos nomes de nossa música ficam de fora da homenagem a Humberto Teixeira: além de Bethânia e Caetano, Chico Buarque, Gal Costa, Gilberto Gil, Bebel Gilberto, Dalva de Oliveira, Lenine, Alceu Valença e Cordel do Fogo Encantado, Carmem Miranda, David Byrne. A lista é longa e a direção musical de Guto Graça Melo, primorosa. O baião ganha versões japonesa, italiana e inglesa (na incomparável voz de Bebel Gilberto, interpretando “Juazeiro”), dialoga com o rock (Raul Seixas), o reggae, a bossa nova. O passeio histórico-musical do baião, no país e fora dele, é um ótimo motivo para se ver O homem que engarrafava nuvens.
Além de um reconhecimento ao trabalho bem menos visível do que talentoso de Humberto Teixeira, o filme lança fogo sobre as historinhas de família que diziam que Denise Dumont não usava o sobrenome Teixeira porque ele não era “artístico”. Não é bem assim: o próprio Humberto quis que ela retirasse o Teixeira do nome se resolvesse seguir a carreira de atriz, profissão que ele, publicamente, desaprovou. Depois de tantos anos de uma conflituosa (“próxima e distante”) relação com o pai, Denise Dumont (ou Teixeira) consegue provar, com o documentário, que o mito Humberto Teixeira é bem diferente de seu pai Humberto. E que aquela menina, Denise Dumont (ou Teixeira), na contramão da vontade do pai, amadureceu e agora se revela mais um talento da safra de Água Boa.