terça-feira, 28 de abril de 2009

Filho coruja

Todo mundo que me conhece sabe que sou um pai coruja assumido. Basta só ver a frequencia do Guilherme por aqui e como ele e eu nos damos super bem. Agora, preciso dizer ele não fica atrás. No fim de semana passado ele viajou com a turma do colégio pra Aracati e Mossoró. Tava todo prosa por que fazia sua primeira viagem interestadual. "Ameacei" ir de carro seguindo o ônibus e ele num quis nem saber disso. Pois bem, quando ele voltou da viagem, no domingo, fui buscá-lo e depois fomos jantar juntos. A certa altura ele disse: "Pai, queria que o meu cartão pudesse dar direito a duas pessoas". Sem entender muito perguntei que direito ele tava querendo e a resposta foi o de também ter ido a viagem. Quando perguntei que ele queria levar, a resposta me comoveu pacas. "Tu, né pai?"

Ameaça?

Essa charge diz muito sobre a "ameaça" dos piratas somalis. Traduzindo: Porque esses piratas não nos deixam em paz? Uma piada, né?

Tô com os piratas da Somália


Quando eu trabalhei em Brasília escutei um cabra bom lá da Bahia me falar uma coisa que me vale muito até os dias de hoje. Ele dizia que na chamada "Boa Terra", no tempo que o ACM era o manda chuva, as forças progressitas ficavam de olho no que ele fazia e sempre procuravam estar do lado oposto. Lembrei dessa história por conta da onda que tão fazendo com os chamados Piratas da Somália. Desconfiado que sou, pensei aqui comigo. "Cumé que um bando de magricelas, com umas metralhadores e umas lanchas miudinhas, ameaçam aquelas esquadras com porta-aviões, destroiers e mais navios de guerra de tudo que é tipo? Pra mim tem caroço nesse angu". Pois achei a resposta nesse final de semana, numa notinha de canto de página do jornal O POVO. Lá falava dum artigo do jornalista Johann Hari , que o site Rebelión repercutiu, e eu fui atrás ler. Pois a história tá muito mal contada pela tal de grande mídia e, na verdade, quem tá ameaçada mesmo é a Somália e seu povo. Abaixo vou reproduzir trachos do artigo, mas só uma pequena parte e se você quiser ler todo, é só clicar aqui.

Quem imaginaria que em 2009, os governos do mundo declarariam uma nova Guerra aos Piratas?


"No instante em que você lê esse artigo, a Marinha Real Inglesa – e navios de mais 12 nações, dos EUA à China – navega rumo aos mares da Somália, para capturar homens que ainda vemos como vilãos de pantomima, com papagaio no ombro. Mais algumas horas e estarão bombardeando navios e, em seguida, perseguirão os piratas em terra, na terra de um dos países mais miseráveis do planeta. Por trás dessa estranha história de fantasia, há um escândalo muito real e jamais contado. Os miseráveis que os governos ‘ocidentais’ estão rotulando como "uma das maiores ameaças de nosso tempo" têm uma história extraordinária a contar – e, se não têm toda a razão, têm pelo menos muita razão.

(...)
O governo da Somália entrou em colapso em 1991. Nove milhões de somalianos passam fome desde então. E todos e tudo o que há de pior no mundo ocidental rapidamente viu, nessa desgraça, a oportunidade para assaltar o país e roubar de lá o que houvesse. Ao mesmo tempo, viram nos mares da Somália o local ideal onde jogar todo o lixo nuclear do planeta.

Exatamente isso: lixo atômico. Nem bem o governo desfez-se (e os ricos partiram), começaram a aparecer misteriosos navios europeus no litoral da Somália, que jogavam ao mar contêineres e barris enormes. A população litorânea começou a adoecer. No começo, erupções de pele, náuseas e bebês malformados. Então, com o tsunami de 2005, centenas de barris enferrujados e com vazamentos apareceram em diferentes pontos do litoral. Muita gente apresentou sintomas de contaminação por radiação e houve 300 mortes.

Quem conta é Ahmedou Ould-Abdallah, enviado da ONU à Somália: "Alguém está jogando lixo atômica no litoral da Somália. E chumbo e metais pesados, cádmio, mercúrio, encontram-se praticamente todos." Parte do que se pode rastrear leva diretamente a hospitais e indústrias européias que, ao que tudo indica, entrega os resíduos tóxicos à Máfia, que se encarrega de "descarregá-los" e cobra barato. Quando perguntei a Ould-Abdallah o que os governos europeus estariam fazendo para combater esse ‘negócio’, ele suspirou: "Nada. Não há nem descontaminação, nem compensação, nem prevenção."

(...)

Por que os europeus supõem que os somalianos deveriam deixar-se matar de fome passivamente pelas praias, afogados no lixo tóxico europeu, e assistir passivamente os pesqueiros europeus (dentre outros) que pescam o peixe que, depois, os europeus comem elegantemente nos restaurantes de Londres, Paris ou Roma? A Europa nada fez, por muito tempo. Mas quando alguns pescadores reagiram e intrometeram-se no caminho pelo qual passa 20% do petróleo do mundo… imediatamente a Europa despachou para lá os seus navios de guerra.

A história da guerra contra a pirataria em 2009 está muito mais claramente narrada por outro pirata, que viveu e morreu no século 4º AC. Foi preso e levado à presença de Alexandre, o Grande, que lhe perguntou "o que pretendia, fazendo-se de senhor dos mares." O pirata riu e respondeu: "O mesmo que você, fazendo-se de senhor das terras; mas, porque meu navio é pequeno, sou chamado de ladrão; e você, que comanda uma grande frota, é chamado de imperador." Hoje, outra vez, a grande frota europeia lança-se ao mar, rumo à Somália – mas… quem é o ladrão?"



Pra ler a repercussão no Rebelión, gaste seu espanhol clicando bem aqui



segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tardio, mas a tempo

Pecador que sou, cometi a infâmia de não marcar aqui os 35 anos da Revolução dos Cravos. Mas nenhum cristão me negaria um perdão se eu buscasse minha remissão logo que me fosse dada uma oportunidade. Pois o Érico Firmo, em sua coluna Menu Político, do jornal O POVO, de ontem , conta uma história muito da interessante que me absolverá e lhe ajudará a saber mais das nossas eternas ligações com os patrícios.

Navegar, navegar


A história é conhecida, mas só a beleza da canção já justifica o registro. Em 1975, em Chico Buarque escreveu a canção Tanto mar, em louvor à Revolução dos Cravos. A música foi censurada e a liberação só veio três anos depois. Mas os ares já eram outros e Chico acabou mudando a letra. A primeira versão dizia:


“Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente alguma flor
No teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera pá
Cá estou doente
Manda urgentemente algum cheirinho
De alecrim”.


A segunda versão:


“Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim”.



Gênio, né?



domingo, 26 de abril de 2009

O doutor advogado

Pronto, taí uma foto que eu gosto. Esses aí são eu e o Luciano Filho, meu irmão mais novo, que exatamente hoje jtá ficando um ano mais velho, acontecimento merecedor de muita festa. Esse cabra aprontou comigo desde que foi crescendo e me empurrando pra fora do colo da mamãe e depois de nascer me "botou no canto", como se dizia antigamente. Pra ver se aliviava a barra dele eu pegava um espelho, olhava pra e depois pra ele, mas num via nada parecido. Mas o Luciano é talentoso, jeitoso que nem presta, e quando aprendeu a falar me arrumou um apelido que eu gostova demais, Nal. Ele podia me chamar donde tivesse e eu ia correndo. A gente cresceu, teimou e, ainda teima, um bucado um com o outro, mas, data venha, o nosso gostar é coisa de irmão, coisa dessa turma que o papai e a mamãe botaram no mundo. É coisa demais mesmo. Um abraço, Dr. Luciano, um abraço dos fortes, daqueles que a gente sabe que tem carinho, bem querer e uma amizade sem fim.

poeta até debaixo dágua

Uma das muitas vantagens de ser amio do Joan Edessom, o Mestre Matuto, é ter mais oportunidades de se emocionar, que é coisa que eu gosto mesmo de viver. O cabra hoje é Secretário de Cultura de Sobral e umas das responsabilidades dele é cuidar do Museu MADI, jóia de muito valor da miunha cidade. Pois num é que no meio duma "quase tragédia", o Joan achou inspiração pra escrever uam coisa linda sobre a vida de sertanejo, misturada com tesouros da literatura e ainda foi mexer mais ainda com minha emoção ao citar Floretino e Fermina? Achando pouco, o poeta registrou com a prima da minha Sonynha, a cena que ele descreveu. Olhe, eu num sei o que mexeu mais comigo, se foi o texto que ele envou pra mim e pro Gilvan Paiva - outro poeta talentoso - , se reviver um pouco do drama das inundações em Sobral ou se foi tudo isso misturado, mais saber que minha cidade recebeu tão bem um poeta que veio lá do Cedro e criou raízes no chão árido de Sobral. Curta aí que é coisa boa.


Meus caros e velhos amigos (mais caros do que velhos),

as cenas do Acaraú, empanzinado, estufando para além dos estreitos limites das suas margens e com uma gulodice voraz em busca de terras ainda mais altas aonde espraiar as suas águas, tem um quê de tragédia e de espanto. Mas também, e talvez haja aí a minha origem sertaneja, de escassas águas por toda a minha infância, há uma beleza, uma beleza trágica, digamos assim, a encantar meus olhos mais afeitos à poeira e à sequidão que à coisas de dilúvio.

A imagem do MADI, que envio a vocês, é literária. Como um afogado que busca desesperadamente manter a cabeça fora d'água; um imenso aquário a convidar os peixes à ocupação do seu latifúndio de vidro; ou como a jangada de pedra de Saramago, disposto a apartar-se de Sobral e ir navegando rio abaixo, ganhando o rumo do Atlântico; ou ainda feito o barco de Florentino Ariza e Fermina Daza, na prosa fantástica de Garcia Márquez, flutuando sem mais querer atracar em margem alguma.

Um grande abraço do velho amigo (bem menos velho do que amigo).

imaginação do poeta


sexta-feira, 24 de abril de 2009

ôôôôôôô iéééééééiiiiiissss

Quem em conhece sabe que sou doidin por música, do Brasil, do mundo, música boa. Hoje eu lembrei dessa beleza que é Killing Me Softly, que eu escutei a primeira vez com o Jackson Five e sempre gostei. Mas essa versão aí, com Roberta Flack e The Fugees, é de num deixar a gente quieto mesmo. Dá um vontade danada de dançar, flutuar mesmo. Curta que faz um bem danado!

Lula Morais, também é o cara

Depois do Presidente Lula virar o cara pro Obama, agora é a vez do Lula Morais ser o cara lá na Assembléia Legislativa do Ceará, onde ele é deputado do PCdoB. Olhe que eu já tô nessa parada de assessoria parlamentar há mais de vinte anos, vi todo tipo de briga política e grandes batalhas do povo em defesa dos seus direitos. Vitórias e derrotas convivem ali, juntinhas. Houve um tempo que mesmo algumas vitórias históricas, como a aprovação do projeto de lei do então deputado estadual Chico Lopes que criava a meia passagem macrorregional pros estudantes teve um gostinho amargo porque tivemos que recuar bastante pra garantir o fundamental. Pois o Lula Morais arrebentou com a proposta de CPI da Coelce, que vai investigar o aumento abusivo até demais de 11,25% - quase o dobro da inflação - nas contas de energia elétrica.

Essa é daquelas batalhas que ainda tão só no começo, mas que a gente já sabe que daqui pra frente o que vier vem bem, é lucro. A Assembléia do Ceará tem 46 deputados e o Lula Morais conseguiu o apoio de 41, e ainda se diz que os outros cinco só não assinaram porque estão viajando. Isso é motivo mesmo prá dar parabéns ao Lula, um cabra que quando mete uma coisa na cabeça, vai fundo. Eu mesmo tinha ponderado com argumentos políticos sobre a oportunidade de persistir na idéia CPI. Eu temia que ele se isolasse, afinal a Coelce tem muita força, e a gente sabe que os argumentos desse tipo de gente, movida por interesses poderosos, são muito "fortes" e podem ser bem recebidos por gente de convicação frágil. Pois o danado do Lula conseguiu apoio mais do que suficiente.


A batalha agora é pra que seja instalada a CPI. Vai ser uma batalha dura mesmo porque, como me disse meu camarada Francinet, um cabra muito sabedor das coisas, "a Coelce ainda num entrou no jogo pra valer". Ele tem razão, mas uma coisa importante deve ser considerada, a situação da Coelce né muito fácil não. Lembro que quando a empresa foi privatizada, há 10 anos, a mesma Assembléia Legistiva deu apoio massivo e quem ousasse contestar era inimio da sociedade, porque a privatização ia garantir eficácia na prestação do serviço. No dia do leilão de privatização houve uma batalha campal em frente a Bolsa de Valores. A polícia, comandada pelo Cel Evanildo Lopes, que depois foi Chefe da Casa Militar do Tasso Jereissati e hoje é chefe de segurança do Shopping Iguatemi, do mesmo Tasso, desceu a lenha e no dia seguinte a manifestação foi minimizada pelos mesmos jornais O POVO e o Diário do Nordeste que hoje dão ampla cbertura às reações contra o aumento da energia.


O que mudou? Quem mudou? Porque a Coelce perdeu apoio na Assembléia? Qual será o desdobramento da CPI? O movimento social tem o que fazer agora? Essas são algumas questões que devemos levantar para entendermos a situação e sabermos o que fazer daqui pra frente. Mas antes de tentar responder volto a dizer que o Lula Morais tem um mérito que é só dele: a persistência, a convicação de que é possível encurralar a Coelce que tem a cara de pau de enfiar na tarifa uma conta de energia gerada por uma termelétrica pertencente ao mesmo grupo empresarial que ela, a ENDESA, sem que sequer tenha gás no Ceará para fazer a tal térmica funcionar. Por esta e outras, nos dez anos da privatização, a tarifa de energia aumetou 274%, contra 190% de reajustes do IGP-M e 100% do IPCA. A Coelce arrumou um "cabra chato" pra encher o saco dela. Lula Morais é o cara que num vai sossegar enquanto não provar que tem um curto circuito na conta de luz e ele pode ficar certo que a população sabe muito bem reconhecer os que de fato lutam em defesa dos seus interesses.


E as questões relevantes que listei lá em cima? Pois é, eu até tinha pensando em falr disso depois, pra num esticar muito essa postagem. Mas acho que dá dizer logo que o Brasil mudou, afinal a chegado do Cara Lula à Presidência da República, queiramos ou não, e eu quero, provocou mudanças, algumas mais, outras menos, e outras quase nada. Mas nesse negócio de privatização a pauta é outra. Estatal agora é valorizada e respeitada, taí a Petrobrás que num me deixa mentir. Na épca do FHC, o Coisa Ruim, como gosta de chamar o Messias Pontes, estas empresas foram impedidas de investir, viraram inimigas da nação. E o que tem a ver a Coelce com isso, se ela agora é privada. Tudo a ver! Na privatização prometeram o céu, e na verdade a vida povo virou um inferno. O fogo desse inferno é exatamente a conta no fim do mês. E foi exatamente isso que a ANEEL não entendeu quando concedeu o aumento absurdo de 11,25%.


Nesse cenário aí muita gente mudou e procurou ficar em sintonia com os novos tempos e com a população. Não vou entrar no mérito da sinceridade das mudança de comportamento de alguns antigos apoiadores da privatização. Não acho o mais relevante discutir as intenções. Já se disse que o inferno tá cheio de boas, e acho que no céu também deve ter más. Pra mim o que conta mesmo são os ganhos que a população e o país tem. Vou lá perguntar porque o cara mudou, até porque num quero que ele volte atrás. Bom, essa mudança se reflete na Assembléia Legislativa e claro, na CPI. Tem gente que assinou o pedido, em 1998 aprovou a privatização e até pouco tempo andava de chamego com a Coelce. Isso pode complicar a vida da empresa na CPI e é justamente aí que o movimento social tem o que fazer. É preciso criar um movimento amplo, com a presença das entidades populares e de outros setores sociais que se sintam prejudicados com o aumento da energia. O objetivo imediato é revogar o aumento, mas é também apoiar uma investigação profunda na CPI da Coelce e se tiver força questionar a privatização. Afinal o Brasil mudou, muita coisa também tá mudando pelo mundo a fora, e isso deve nos inspirar e motivar para querer mudanças mais profundas e até mudar o que mudou de forma errada, como a venda da Coelce.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tiradentes em Cuba

Ontem participei de um debate sobre Cuba, no programa Da Hora, da TV União. Comigo estavam também a Fatinha Feitosa, uma brasileira quase cubana, que eu tô doido pra ver como presidente da Casa de Amizade Brasil-Cuba no Ceará, dos professores de História Henri Randel(UECE) e Jorge Ledesma (UFC) e do velho amigo, militante política da antiga corrente prestista Avançando, Zé Alves. Foi muito legal, trocou-se muita idéia e obviamente que o ponto mais tratado foi o bloqueio dos Estudos Unidos. Mas também rolou um papo sobre democracia, crise econômica, saúde (Fatinha arrebentou aqui), solidariedades e até erros, ou excessos de Cuba, como definiu o VJ , Rodrigo, mediador da prosa. Che Guevara também não poderia estar ausente e como sempre foi analisada sua trajetória e o mito que ficou aí pra eternidade. A certa altura eu fiz questão de registrar o motivo do feriado de ontem e falei que em Cuba Tiradentes também é homenageado com uma estátua. Surpresa geral! Ninguém ali sabia deste fato. Pois taí a prova documental. Como diz o velho Comandante Fidel, o povo cubano reconhece que vive em um país pobre e em dificuldades, mas sua consciência política é elevada e a solidariedade é cultivada em gestos como esse, de saber a história das lutas do povo latino americano.

Somos todos brasileiros

Eu já tinha feito minha homenagem aos índios brasileiros através da Tuíra, mas ontem a noite eu tava com meu filho Guilherme, na casa da D. Eridan, vó materna dele, quando vimos esse vt da Caixa e ficamos os dois curtindo essa maravilha de peça. Coisa linda mesmo e que mostra o quanto é importante ter nossos irmãos índios como parte dessa grande nação brasileira. Somos todos frutos de uma miscigenação e se a ciência tá demonstrando que num existe esse negócio de raça, brasileiro é um tipo de gente especial que mistura povos do mundo inteiro, falando uma mesma língua, se entendendo com muita harmonia e com um desejo único, fazer esta terra "cumprir se ideal".

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Causeiro

O Tarcísio Matos é um dos caras mais gente fina que eu conheço. Isso já seria suficiente pra qualquer um gostar dele, mas o cabra é também um baita jornalista, conhecedor da vida do povo e de muitas histórias, ou melhor, de "causos". Todo domingo, na coluna Aos Vivos, do jornal O POVO, ele conta uns causa que mata um cidadão de rir. De vez em quando eu vou pescar um e postar aqui. Pra começar vamos ver esse sobre um aspecto da crise econômica. Curta.

Crise nos peitos

Com a palavra, agora, o intanguido Combogó. Fala, sem vergonhamente, que o filho Valdimar saiu ontem bem cedo pra comprar sutiã pra mãe da mulher e só retornou à boquinha da noite. “Comprar califon pra pustema da sogra é atraso de vida maior pro cristão”.

“Sabe por que Valdimar demorou? E o pior, voltou de mãos abanando? Tomou o dinheiro do califon da véa todim de cana mesmo! No Montese! Mulher e mãe preocupadas com a chegada da mercadoria (e não do mercadoria – meu filho). Queriam explicações. Meu garoto parecia Joelmir Beting:

- Dona Lurdes (sogra dele), a crise mundial parou a produção de tecido...

- E eu com isso, Valdimar?

- Ora mais! Cadê pano pra sutiã que dê na bitola dos peitos da senhora?”

Onde estão?

O Bergson Farias foi um dos mais importantes e combativos jovens militantes do PCdoB no Ceará. Líder estudantil da UFC nos anos 60, foi muito perseguido pela ditadura militar e, obrigado a atuar na clandestinidade, acabou se integrando aos que combateram na Guerrilha do Araguaia, onde morreu em junho de 1972. Ontem o jornal O POVO publicou um artigo muito interessante de sua irmã, a Ielnia, que hoje mora nos Estados Unidos e continua antenada com as coisas do Brasil. Eu achei legal reproduzir esse texto aqui na íntegra em homenagem a luta dos familiares e amigos, assim como todos os democratas, que desejam saber onde estão os nossos heróis.



Tragédias brasileiras

Meu passado de militância política se distancia. Porém, hoje residindo nos Estados Unidos, tenho momentos de periódico reencontro com o Ceará, e, integrada numa geração participativa, me toca a realidade atual do País. Nessa condição, observo que duas graves tragédias ainda nos rondam, além das muitas outras, geradas pelas desigualdades sociais - contra as quais lutamos intensamente ao longo ditadura que maltratou a sociedade brasileira por 21 anos.

Refiro-me, primeiro, à tragédia das prisões, torturas, caçadas e assassinatos que se deram em nome da raivosa doutrina de segurança nacional. Eu mesma, ainda muito jovem, fui sequestrada por dois homens em Parnaíba (PI), conduzida para Recife (PE) e submetida a bárbaras torturas, sem noção do que poderia acontecer comigo.

A segunda tragédia consiste na desumanização dessa memória, na indiferença ou descaso quanto ao destino das vítimas do regime. Inúmeras famílias abaladas pe la barbárie têm sido "reparadas" com indenizações, como se a moeda remisse a luta, o luto e a dor da perda de entes queridos, inúmeros deles "desaparecidos".

Na atual temporada, fui surpreendida pela noticia (JB, 4/4/2009) de que presumidos restos físicos do meu irmão, Bergson Gurjão Farias, executado pelos militares na Guerrilha do Araguaia (abril-1972 a janeiro-1975), estão largados no armário de um anexo do Ministério da Justiça, entre dez esqueletos recolhidos na região em 1991, 1996 e 2001. Hoje, 37 anos após o início do confronto, isso me parece, além de trágico, revoltante.

O governo ainda não agiu para tratar as feridas das famílias enlutadas, mas sabe que há muito está em pauta o clamor pelo enterro digno de seus mortos - um rito da Grécia antiga, onde a um soldado que tombou em combate se rendia sentida homenagem nos solenes funerais.

Bergson foi um bom e bravo filho do povo brasileiro - determinado a doar s ua vida pela conquista da liberdade. Numa emboscada, protegeu seus camaradas. Enfrentou a fúria dos que covardemente o "trucidaram a golpes de baioneta, num dos episódios mais grotescos protagonizado pelos militares: varado de tiros e barbaramente massacrado, seu corpo foi levado para Xambioá e pendurado numa árvore" (JB).

Minha mãe, aos 94 anos, me pergunta (e a Tânia e Gessiner, meus irmãos) quando e como faremos o enterro do nosso terno e inesquecível guerreiro. E isso me instiga a realizar todas as ações necessárias para a viragem desta página infeliz da nossa História, mesmo vivendo num país onde a reação comum é a do espanto quanto aos feitos da ditadura militar brasileira.
Ao governo brasileiro, cabe oferecer firme resposta ao nosso anseio, em harmonia com a ansiedade do nosso povo. E, desse modo, restabelecer os laços e sentimentos de confiança e cooperação, nesta questão crucial, na relação com quem o elegeu.


Ielnia Farias Johnson, é farmacêutica, radicada nos EUA, foi líder estudantil da UFC nos anos 1960, irmã de Bergson Gurjão, morto no Araguaia

domingo, 19 de abril de 2009

Todo dia ...

Essa cena aconteceu há 20 anos, no 1º Encontro dos Povos Indigenas do Xingu, realizado entre os dias 20 a 25 de fevereiro de 1989, em Altamira (PA). O evento ficou marcado pelo gesto da índia kaiapó Tuíra, que tocou com a lâmina de seu facão o rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, aliás presidente da estatal durante o governo FHC.

Com esta imagem de ousadia de Tuíra, de quem eu nunca mais tive notícias, quero homenagear a todos esses brasileiros, os primeiros, que aqui vivem há mais tempo e que precisam ter seus direitos respeitados, sua cultura preservada, mas que também têm direito de se incorporar à vida nacional, não devem ser excluídos, afastados das conquistas humanas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

É só o começo ...

Tá lá no Diário do Nordeste on line:


A cidade de Sobral, a 235 quilômetros de Fortaleza, na região Norte do Ceará, voltou a sofrer com os tremores de terra. Os técnicos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte já estão no local para avaliar a intensidade dos novos tremores. De acordo com especialistas, o abalo chegou a 2,6 graus de magnitude na escala Richter. Segundo informações da Defesa Civil, nos últimos 15 meses foram registrados 1.805 tremores e micro-tremores na região. O maior deles aconteceu no dia 21 de maio de 2008, com a marca de 4,3 graus.

Pois é, daqui a umas horinhas o tremor lá em Sobral vai ser muito maior ali pelas bandas do Estádio Juncão, onde o Guarany vai pegar o Fortaleza e esse tal de leão vai encarar um time a fim de ganhar um turno do campeonato cearense depois de quase quarenta anos. Vai ser uma pauleira e tenho impressão que a terromoto vai ser grande mesmo, e muito animado, é depois do jogo porque a alegria da triobo do cacique do vale deve se espalhar pela cidade inteira. Vou ficar torcendo daqui e pode ser que no domingo eu volte ao Castelão, depois de muito tempo, pra ver o meu Guarany campeão. Treme, leão!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Brasil encruzilhado


Editorial do Portal Vermelho


A diminuição do superavit primário é para valer?

Popularizou-se nos meios intelectuais a frase de Nelson Rodrigues de que ''toda unanimidade é burra''. Os que concordam cegamente com ela ignoram que há unanimidades úteis e inteligentes, como aquelas que são compartilhadas por equipes de trabalho para se chegar a um objetivo comum.

A palavra ''unanimidade'' vem do latim unanimis e significa a convergência de um grupo de pessoas em torno de um (unus) só ânimo (animus). Nos círculos políticos, prefere-se usar a expressão ''unidade'', geralmente conquistada após amplo e democrático debate que leva a convergirem visões diferentes sobre um mesmo assunto.

Em economia, unanimidades são quase impossíveis. Diante da atual crise financeira mundial, por exemplo, os especialistas ainda não chegaram a um acordo sobre qual o tamanho do problema e até que ponto afetará a economia brasileira. Em qualquer debate sobre o assunto sobram dúvidas e faltam certezas. Há quem avalie que a crise já atingiu o fundo do poço e há quem sustente que ela ainda vai se aprofundar muito mais.

Mas nesta semana, porém, começou-se a esboçar um certo consenso de que a economia brasileira está reagindo positivamente às medidas que o governo adotou contra a crise. Por enquanto, os indicadores mostram uma recuperação tímida, e só daqui a alguns meses será possível avaliar se a retomada é consistente ou apenas um ''vôo de galinha''.

Diante da dúvida, o governo não pode relaxar e deve acelerar o ritmo das mudanças na economia, incluindo a rápida diminuição dos juros, o incremento dos investimentos públicos, a ampliação do crédito e a flexibilização do superávit primário. Mas para isso é preciso que os gestores da economia brasileira se unam, pelo menos no âmbito das ações governamentais.

Nos últimos dias dois episódios mostraram que esta unidade está longe de ser alcançada. Primeiro, foi preciso trocar o presidente do Banco do Brasil - que é estatal - para que a instituição adotasse as medidas sugeridas pelo governo. E ontem (dia 15), em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda Guido Mantega garantiu que os juros continuarão caindo, mas horas depois foi encaminhada ao Congresso a planilha da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2010, sinalizando que os juros continuarão no mesmo patamar. Não é de hoje que o Banco Central age em discordância com as expectativas da equipe econômica do governo. Mas o ministério do Planejamento desmentir o ministro da Fazenda no mesmo dia é lamentável.

Ainda ontem, Mantega anunciou outras medidas muito positivas para o desenvolvimento nacional, como o abrandamento do superávit primário, que passa para 2,5% do PIB. Diante de uma LDO que contraria os próprios esforços do governo, como se pode confiar que as medidas anunciadas vão se transformar em operações efetivas?

O grande entrave entre o que o governo pretende e o que realmente se estabelece na economia nacional continua sendo o poder excessivo do sistema financeiro, que age nos bastidores para que seus interesses não sejam atingidos. Enfrentar este poder é uma tarefa urgente e exige unidade dos ''economistas'' do governo.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Educação para todos

Guilherme, esse rapaz aí da foto, usa poucas palavras pra perguntar ou responder. Na última segunda feira, enquanto voltávamos do colégio onde ele estuda, o 7 de Setembro, meu filho perguntou porque tantos colégios como o Cristhus, o Ari de Sá e o dele, funcionavam ali tão próximos. Respondi que era porque os colégios disputavam os alunos que moravam na área, em torno do bairro Aldeota, da chamada classe média alta. Sua reação foi com uma pergunta que revela uam certa preocupação social. Disse meu menino: "Pai, e os alunos do Conjunto Zé Walter, também não têm direito a um colégio?"

terça-feira, 14 de abril de 2009

Bancos contra o desenvolvimento

Eu já disse aqui que economia não é mesmo o meu forte e por isso caras como o Paul Krugman me ajudam a entender do assunto. No último final de semana eu li um artigo muito esclarecedor dele sobre esse dragão da maldade que é o sistema finaceiro. Gosto sempre de fazer um link para artigos longos, mas nesse caso eu posto o texto na íntegra só pra você entender mais sobre o papel dos bancos. leia que vale a pena.

Sem reforma financeira, crise atual será só início de dias piores


Progresso econômico alcançado após a Grande Depressão, quando os bancos eram conservadores e pouco lucrativos, deve inspirar regulamentação do setor

Há 35 anos, quando eu estava fazendo minha pós-graduação em economia, apenas os menos ambiciosos dos meus colegas procuravam carreiras no mundo das finanças. Já então os bancos de investimento pagavam mais do que as universidades ou o serviço público -mas não muito mais, e de qualquer maneira todo mundo sabia que trabalhar em bancos era, para ser franco, tedioso.

Nos anos que se seguiram, os bancos se tornaram qualquer coisa menos tediosos, como bem sabemos. As transações ousadas floresceram, e as escalas salariais das finanças dispararam, o que levou o setor a atrair alguns dos melhores e mais brilhantes jovens do país. (Está bem: não estou certo quanto à parte do "melhores").

E todos nos asseguravam de que nosso setor financeiro superdimensionado seria a chave para a prosperidade. Em lugar disso, porém, as finanças se transformaram no monstro que devorou o mundo. Recentemente, os economistas Thomas Philippon e Ariell Reshef publicaram um estudo que poderia levar o título "Ascensão e Queda dos Bancos Tediosos" (mas na verdade se chama "Salários e Capital Humano no Setor Financeiro dos EUA, 1909-2006"), no qual demonstram que as atividades bancárias passaram por três eras nos Estados Unidos ao longo dos últimos cem anos.
Antes de 1930, os bancos eram um setor excitante, povoado por diversas figuras monumentais, responsáveis pela construção de gigantescos impérios financeiros (alguns dos quais, como se descobriu posteriormente, baseados em fraudes). Esse setor financeiro ativo e ambicioso presidiu uma rápida expansão do nível nacional de dívidas. A dívida domiciliar, como proporção do PIB (Produto Interno Bruto), quase dobrou entre a Primeira Guerra Mundial e 1929.

Durante essa primeira era de predomínio das finanças, os executivos dos bancos recebiam salários médios muito superiores ao de suas contrapartes em outros setores. Mas o setor perdeu o glamour quando o sistema financeiro entrou em colapso durante a Grande Depressão.

Bancos conservadores

O setor bancário que emergiu daquele colapso era estreitamente regulamentado e bem menos audacioso do que antes da Depressão e também muito menos lucrativo para aqueles que o geriam. Os bancos se tornaram tediosos, em parte porque os banqueiros se tornaram muito conservadores quanto aos empréstimos. A dívida domiciliar, que havia caído acentuadamente como proporção do PIB durante a Depressão e a Segunda Guerra Mundial, estabilizou-se em níveis bastante inferiores aos dos anos 30.

É estranho dizer, mas a era de bancos tediosos foi também uma era de espetacular progresso econômico para a maioria dos norte-americanos. Depois de 1980, porém, os ventos políticos mudaram, muitas das regulamentações que pendiam sobre os bancos foram suspensas, e os bancos voltaram a ser excitantes.A dívida começou a subir rapidamente, e terminou por atingir proporção do PIB semelhante à que existia em 1929. E o setor financeiro explodiu em tamanho. Pela metade da década, respondia por um terço dos lucros empresariais. Enquanto essas mudanças aconteciam, as finanças uma vez mais se transformaram em carreira de alta remuneração.

De fato, a disparada nas rendas do setor financeiro teve papel importante na criação de uma segunda era dourada nos Estados Unidos. É desnecessário dizer que os novos superastros acreditavam ter direito à fortuna conquistada. "Acredito que os resultados que nossa companhia obteve, que são a origem da grande maioria de minha fortuna, justificam o que recebi", disse Sanford Weill em 2007, um ano depois de se aposentar no Citigroup. E muitos economistas concordavam.

Colapso

Apenas algumas pessoas afirmavam que esse sistema financeiro superdimensionado poderia chegar a um fim destrutivo. Talvez o mais notável desses profetas de dificuldades seja Raghuram Rajan, da Universidade de Chicago e ex-economista chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional). Ele argumentou, em uma conferência de 2005, que o rápido crescimento do setor financeiro havia ampliado o risco de "um colapso catastrófico".Mas outros participantes da conferência, entre os quais Lawrence Summers, hoje presidente do conselho de assessoria econômica da Casa Branca, ridicularizaram as preocupações de Rajan. E o colapso aconteceu. Boa parte do aparente sucesso do setor financeiro era ilusório, como agora sabemos. (As ações do Citigroup perderam mais de 90% de seu valor desde o discurso autocongratulatório de Weill.)

Ainda pior, o colapso do castelo de cartas das finanças causou devastação no restante da economia; o comércio mundial e a produção industrial estão caindo mais rápido do que aconteceu na Grande Depressão. E a catástrofe resultou em apelos por maior regulamentação do sistema financeiro. Mas minha sensação é de que as autoridades estão pensando simplesmente em termos de reordenar as posições nos organogramas de fiscalização dos bancos. Não estão preparadas para fazer o que precisa ser feito: tornar os bancos tediosos novamente.

Parte do problema é que bancos tediosos significam banqueiros e executivos mais pobres, e o setor financeiro continua a ter muitos amigos em posições de poder. Mas é também questão de ideologia. A despeito de tudo que aconteceu, muita gente que ocupa cargos importantes ainda associa um mundo financeiro sofisticado a progresso econômico. Será possível persuadi-los do contrário? Teremos a força de vontade necessária a impor reformas financeiras sérias? Se não, a crise atual não será um evento único, mas sim um prenúncio do que está por vir.


PAUL KRUGMAN, economista, é colunista do jornal "The New York Times" e professor na Universidade Princeton (EUA)

O amigo do Che

Como foi passar a infância e a juventude ao lado do Che? Quem era o Ernesto?

Eu sinto um grande orgulho dele e às vezes me sinto um pouco triste por pensar que não tenho mais meu grande amigo. Conheci o Che quando ele tinha quatro anos. Ele se mudou para Alta Garcia, uma província de Córdoba cujo clima era adequado para a asma dele, e meu pai foi o primeiro médico que o atendeu. Nossas famílias ficaram amigas e por toda nossa infância e juventude estivemos muito próximos.Depois, quando mudamos para Buenos Aires para terminar o ensino secundário, a amizade continuou. Até que, aos 21 anos, ele fez a viagem que foi retratada em "Diários de Motocicleta". Quando ele voltou, completou as matérias da faculdade de medicina que faltavam e, em seguida, saímos rumo a Caracas (Venezuela), onde morava Granado, passando por Bolívia, Peru e Equador. Era dia 7 de julho de 1953.


Essa é só a primeira pergunta da entrevista de Carlos "Calica" Ferrer, amigo de infância de Ernesto Che Guevara - na foto com filho de Che, Camilo Guevara March -, publicada pelo UOL no último domingo, cujo título é "Mentiras sobre Che me levaram a escrever sobre meu amigo de infância".


Leia todinha a partir daqui.

miopia política

O que o Obama falou sobre a popularidade do Lula nós aqui no Brasil já sabíamos e nos orgulhamos muito de ter um presidente em sintonia com a maioria das aspirações do povo e os destinos do país. O que o Obama talvez não saiba é que o Lula é popular aqui e lá fora apesar da atitute hostil da imprensa e de alguns jornalistas bem amestrados. Em tudo os caras acham de pegar no pé, botar defeito. Veja só o que o Erivaldo Carvalho, que nas segundas feiras faz a coluna Política, do jornal O POVO arrumou pra falar mal do Lula. Disse ele lá:

DINHEIRO COM POLÍTICA

Após boiar um bom tempo em óleo fervente, Antonio Francisco de Lima Neto foi substituído na presidência do Banco do Brasil por Aldemir Bendine. Um dos motivos oficiais é a agressividade com que a instituição deve conduzir sua política de juros. Nada mal, do ponto de vista da clientela, diante dos índices pornográficos praticados no País. Mas há um lado pouco explorado nessa história. Bendine é ligadíssimo ao presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, que fez carreira política no sindicalismo bancário paulista. Numa versão light, o PT amplia – e muito -, seu raio de influência no maior banco público do País a um ano e meio da corrida presidencial.


Agora vou eu daqui:

1. Começando pelo título da nota, o que é mesmo que tem a ver uma coisa com a outra?

2. Dá pra perceber bem que o jornalista acha mais importante a fofoca de que o Bendine é amigo do Berzoini do que a decisão política do governo em substituir alguém que não tá a fim de seguir a orientação política de reduzir os juros. E isso também não diz respeito apenas à clientela, como o rapaz aí pensa, afinal a repercussão é muito maior para o impulso que deve ser dado ao desenvolvimento, que fica preso pelos altos juros.

3. A conclusão do moço é ainda mais lastimável e tem tudo a ver com a paranóia tucana que em tudo que o governo faz vê a disputa presidencial de 2010. Outra vez ele esquece o fundamental e foca o secundário. O que pode garantir a vitória da candidatura de Lula no ano que vem é justamente o bom desempenho da economia, uma travessia razoável da crise capitalista e não um cargo a mais que o PT venha a ocupar no governo por ele hegemonizado.


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ciana

O dia hoje tá meio corrido porque, depois de uns dias viajando, voltei ao trabalho e há muito o que cuidar. Mas eu nem de longe pensei em deixar de falar aqui da Ciana, a minha irmã que nasceu primeiro. Poderia chamar de minha irmã mais velha, mas ficaria muito estranho pra ela que num tem jeito de envelhecer. Você pode ver aí na foto dela junto com a filha Marina, se eu num tenho razão. Isso porque você num conhece a cabeça dela.

Tem uma coisa com a Ciana que me surpreende, ela parece que vai ficando com a cabeça mais arejada a medida que o tempo passa. É uma coisa muito legal. Tá certo que todos nós, os quatro irmãos e as quatro irmãs, amadurecemos com o tempo, e os pequenos desentendimentos se foram, mas a Ciana já foi até meio conservadora quando era mais jovem. Continua rigorosa, responsável até demais, mas também adorável como nunca. Alguém com esse sorriso aí pode não ser querida?

A Ciana é irmã, mas é também meio mãe e até meio pai. Talvez porque levou ao pé da letra o nome dela, Maria, da mamãe, e Luciana, do papai. E assim ela somou muita coisa boa e distribui com quem chega perto dela. Por essa razão ela também recebe muito carinho da gente e hoje vai daqui um beijo enorme pra que ela até fique velha, mas continue tão gente boa quanto é.




domingo, 12 de abril de 2009

Araguaia


Quando eu me banho no meu Araguaia
E bebo da sua água sangre fria
Bichos caçados na noite e no dia
Bebem e se banham eles são comigo


Triste guerrilha companheiro morto
Suor e sangue, brilho do corpo
Medo só
Mas se o corpo desse pó é pó
Um círio da luz dessa dor
Violento amor há de voar

(música de Ednardo)

Fala a guerrilheira

Em 28 de marco de 2005 o jornal cearense O POVO publicou uma entrevista da ex-guerrilheira do Araguaia, Luzia Reis, e hoje, em homenagem a todos que ali lutaram, recomendo que você leia o que disse aquela brava mulher.

LUZIA REIS

Em memória dos companheiros desaparecidos

Foram muitos os desdobramentos após a implantação do Regime Militar no Brasil. Para a ex-guerrilheira Luzia Reis, um capítulo que ainda permanece sombrio e incompleto é o que se refere aos confrontos da região do Araguaia.


Passados 41 anos da instalação do Regime Militar no Brasil (1964-1985), algumas feridas permanecem abertas. Uma delas, é falta de informações sobre quem não resistiu à Ditadura e virou "desaparecido". É o caso do cearense Bergson Gurjão Farias e um grupo de guerrilheiros mortos durante os confrontos com as Forças Armadas na região do Araguaia (Pará).

Quem sobreviveu, como a ex-guerrilheira baiana "Lúcia" ou Luzia Reis Ribeiro, hoje com 56 anos, faz coro com as famílias de "mortos desaparecidos" pelo direito de saber o paradeiro de seus parentes e amigos. Recrutada pelo PCdoB, em 1968, para engrossar a resistência ao governo militar, Luzia reclama da morosidade governo federal em abrir os arquivos do período e identificar ossadas de supostos militantes.

Não fomos de imediato sabendo que ia ser a guerrilha, porque foi o ataque da repressão que causou a guerrilha. Sabíamos que era um trabalho de campo que ia nos preparar para uma guerra popular. A gente lia os documentos, sabia que o PCdoB optou pela luta armada contra a ditadura. Mas não sabíamos do local e que seria de imediato. Nem eles sabiam.



Confira a entrevista toda clicando bem aqui

Fala o PCdoB

''Exigências democráticas em relação à Guerrilha do Araguaia''


''No dia 12 de abril completa-se 37 anos do início da Guerrilha do Araguaia, principal movimento armado de resistência à ditadura militar, ocorrido nas selvas da Amazônia, no sul no Pará.

Mais de 70 combatentes, com o apoio da população local, sobretudo, dos camponeses pobres, por quase três anos enfrentaram as tropas das Forças Armadas que mobilizaram mais de 12 mil homens para a região. Os guerrilheiros e guerrilheiras lutaram e deram suas vidas para a edificação de um país democrático, soberano e que assegurasse vida digna ao povo.

Naquele período o país vivia sob uma sangrenta ditadura que havia sufocado as liberdades democráticas e reprimia violentamente as formas mais elementares de manifestação. À medida que a ditadura multiplicava seus crimes, crescia na Nação o sentimento e a consciência de que a resistência em prol da democracia deveria se insurgir contra àquelas atrocidades. O PCdoB ecoando está consciência de amplos setores da sociedade, concluiu que a resistência guerrilheira seria um importante instrumento na luta pelas liberdades e pela democracia.

O Partido Comunista do Brasil rende suas homenagens aos combatentes do Araguaia— homens e mulheres que tombaram em combate ou foram covardemente torturados e executados pelos algozes. Por terem lutado ao preço de suas próprias vidas pela causa do Brasil, do povo e da democracia, integram a galeria dos heróis do povo brasileiro.

Transcorridos quase quatro décadas daquela heróica jornada, hoje vivemos uma nova situação. Grandes avanços democráticos, de afirmação da soberania nacional e conquistas sociais foram obtidos. Há, no entanto, uma mácula que torna inconcluso o processo de redemocratização do país. Uma dívida de caráter humanitário que o estado brasileiro sob a direção de forças progressistas não pode deixar de pagar.

Até agora se negou ao povo e à história o conhecimento dos fatos ocorridos num período tão importante para a nação. Os arquivos da ditadura não foram abertos e os corpos dos mortos e desaparecidos no enfrentamento ao regime militar não foram entregues as seus familiares para que pudessem ser sepultados em túmulo honroso.

Fatos novos impõem a retomada do debate sobre o tema.

Há uma sentença proferida pela Juíza da 1ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, já transitada em julgado. Tal sentença determina, entre outras medidas, a abertura dos arquivos relativos à Guerrilha do Araguaia e a devolução dos corpos dos guerrilheiros a seus familiares.

Para agravar a situação há em discussão o projeto de construção da Usina Hidroelétrica de Santa Izabel que, segundo notícias da imprensa poderá alagar a região da guerrilha, o que tornaria impossível encontrar os restos mortais dos que ali tombaram.

O Partido Comunista do Brasil, por suas convicções e em sintonia com os legítimos direitos e anseios dos familiares dos mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, mais uma vez, exorta o governo federal para que acelere a abertura dos arquivos da ditadura sobre a Guerrilha do Araguaia. De igual modo, com apoio dos democratas brasileiros, conclama o governo da República a atuar com firmeza e agilidade para remover obstáculos que há décadas impedem que os corpos dos guerrilheiros sejam entregues aos seus familiares.

São Paulo, abril de 2009
Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB

quinta-feira, 9 de abril de 2009

história boa



Agora me dê licença que eu vou tirar uns dias pra num chegar nem perto dum computador, ficar de papo pro ar tomando uma na beira duma piscina e relaxar muito. Mas deixo mais um causo sensacional do Jessier Quirino. Divirta-se com um matuto contando uma ida ao cinema.

Aleluia, DJ !

A Rádio Universitaria FM, da Universidade Federal do Ceará foi fundada em 1981 e seu primeiro diretor foi o Rodger Rogério, o mesmo do Pessoal do Ceará, que hoje é aposentado como professor do Curso de Física da UFC . Pois bem, quando a emissora foi fundada os recursos não eram lá essas coisas e a equipe era pequena. O Rodger dava um jeito de incorporar quem tivesse o mínimo de talento pra coisa.

Entre os que foram "recrutados" tavam dois vigilantes que trabalhavam na rádio e toparam o desafio de ser operadores de áudio, ou DJs, como se chama hoje. Pegaram um treinamento com as coisas básicas e nas folgas como vigilantes, assumiam o controle da rádio. Só que num é duma hora pra outra que iam conhecer tudo de música e a coisa quase desabou quando a emissora foi noticiar o falecimento duma pessoa importante. O locutor pediu pro "vigilante dj" que tava no comando escolher uma música classe, bem emocionante, pra soltar logo depois dele dar a triste notícia. Notícia dada, qual é o música que se escuta? ALELUIA! Isso mesmo, o clássico gospel de louvor a Jesus Cristo. O vexame foi geral e o dj quase fica só como vigilante.

Benito Berlusconi

"As pessoas estão bem porque têm muita assistência, muito calor humano, recebem muito amor de nossos voluntários, que são pessoas extraordinárias. Eles têm tudo de que precisam, têm cuidados médicos, têm medicamentos à disposição, têm refeições quentes e abrigo à noite, que são provisórios. É como um fim de semana no camping e temos de achar soluções mais concretas."

Essa declaração do Silvio Berlusconi e a insistência dele em negar que tenha cometido uma gafe demonstra que é um falastrão, mas ninguém deve menosprezar suas atitudes dele. Nunca é demais lembrar que ele é um cara de comunicação e sabe muito bem mobilizar os sentimentos dos italianos. Lembre-se que ele recusou ajuda internacional pras vítimas do terremoto de Aquila dizendo que os italianos são orgulhosos. Na Itália, Il Cavaliere, como ele é chamado, tá dando as cartas e pra completar a esquerdas e as forças progressitas estão frágeis e divididas. O antes poderoso Partido Comunista Italiano é hoje uma força de centro direita, a exemplo do PPS no Brasil. Pobre Itália, do jeito que a coisa vai, a tragédia sísmica que matou quase 300 pessoas, vai parecer um tremorzinho de nada diante das consequências que seu povo poderá sofrer com o sucessor de Mussolini.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PCdoB agradece


Num sei quem elaborou o Programa de Desevolvimento do Turismo Regional do Ministério do Turismo, lançado ontem na abertura do Encontro Nacional de Competitividade Turística - O Desenvolvimento do Turismo em Pauta, mas queria muito cumprimentar a definição da quantidade dos chamados destinos indutores. Dê só uma olhadinha na logomarca do Programa e veja se os comunistas não devem apoiá-lo.

Entre dois pólos


Uma coisa que me impressiona na Luizianne Lins é sua enorme capacidade de criar problemas pra ela mesma. Uma crise de hipertensão e sua internação foi a última causa de muita especulação em torno da prefeita de Fortaleza. Depois duma internação que teve até UTI, a Lôra entrou num embalo de exames, repouso e foi parar em São Paulo por um longo período, sem que sua assessoria desse nenhuma informaçnao durante 17 dias. Isso é um prato cheio pra imprensa especular de todo jeito. Chegou-se a questionar até se ela não teria confrontado a Lei Orgânica Municipal ao se ausentar de Fortaleza por mais de 10 dias sem pedir autorização à Câmara Municipal. Diante disso seu gabinete informou que ela teria vindo a Fortaleza prum casamento e voltou pra Sampa.

Isso tudo porque a Prefeitura informa mal, ou não informa. Diante disso fico lembrando do vice-presidente José Alencar, que não esconde nada do seu grave problema de saúde, ele mesmo fala com a imprensa, ao contrário da misteriosa prefeita. Nem parece que é uma jornalista.

O fato é que depois de ter sido eleita já no primeiro turno, numa campanha que empolgou a cidade, a Luizianne Lins vive hoje uma situação meio desconfortável de desgaste e há um certo sentimento em Fortaleza duma gestão estagnada. Soube que a situação já preocupa os dirigentes políticos da Prefeitura e o clima interno é tenso. Eita povo complicado!

Cotovelo

“É bom para o Brasil ter um político popular, mas não sei se isso corresponde aos fatos. Não sei se ele é o mais popular. Ele é um dos mais (populares)". Fernando Henrique Cardoso

Lustosão irônico

O sobralense Lustosa da Costa disse hoje em sua coluna, do Diário do Nordeste

"Não está certo humilhar ladrão rico, com algemas nem com publicidade. Nem mesmo prender a dona da Daslu por ter prontuário do tamanho de uma bíblia, de um léxico. Estamos, porventura, num regime ditatorial? Quem deve ser espezinhado é o delegado de polícia que prendeu Daniel Dantas. Para isto, esta aí a bancada de Daniel Dantas. Quem for mais agressivo contra ele, ganha mais. Defender Camargo Correia dá um dinheirão".



terça-feira, 7 de abril de 2009

atrás dum parafuso



Coisa boa de se conhecê são os versos do Jessier Quirino. Prestenção que coisa bem gostosa esse passeio purum bodega enquanto procura um parafuso de serrote

Je suis Guarany

Sobral tá em festa. O valoroso Guarany Sporting Club (cuidado com a pronúncia, hein), o nosso Cacique do Vale, tá nas semifinais do Segundo Turno do Campeonato Cearense e basta vencer o Ferroviário, a quem derrotou recentemente numa virada sensacional, pra chegar na final. É bom lembrar que o time tava na Segunda Divisão no ano passado e agora tá nas cabeças, liderou todo o Segundo Turno e pode fazer mais bonito ainda.

Nem me pergunte sobre o time, mas sei que por lá tá o Clodoaldo, bonequeirinho que só, mas dando conta do recado. O artilheiro é um tal de Jessuí (a pronuncia aqui é em francês, por favor não erre) , que já jogou até num ilustre União Leiria de Portugal, e sobre os resto do time você dar uma olhadinha no Portal Zero Zero, o preferido do Guilherme pra se informar sobre futebol do mundo inteiro. Aliás, quando o convidei pra torcer pelo Guarany, meu filhote respondeu com o monossilábico "Tá", o que me encheu de esperança que torçamos um mesmo time além da seleção brasileira, e talvez a semelhança das cores rubronegras do "Guará", com as do Flamengo dele ajude um pouco.

Pra ajudar a torcer é baixar o hino cliancando aí embaixo e aprender a letra. Fácil, extremamente fácil!


Hino do Guarany de Sobral

Letra e Música: Luiz Gonzaga Frota

Guarany, teu nome é glória
Guarany, símbolo de vitória
Guarany, na luta és tão forte
És orgulho da "Princesa do Norte".

És cacique de um vale vibrante
Que vai muito avante, avante lutar
Por um povo que ama seu time
Guarany! Guarany!
Vamos lutar, vamos ganhar.

nada de festa

Na semana passada falei aqui, com indignação, sobre a absolvição do ex-presidente do BNB, Byron Queiróz e sua turma, da acusação de haver provocado um rombo de 7 bilhões quando dirigiram o banco nos tempos de FHC. Pois hoje li no Blog do Roberto Maciel, que apesar da absolvição, aqueles "anjinhos" da era tucana ainda têm muita conta a prestar coma justiça. Diz lá o Roberto:

"Em 31 de março passado, o TRF decidiu inocentar Byron e seu estafe em processo no qual haviam sido condenados pela Justiça do Ceará por irregularidades na administração de carteiras de crédito do banco.

No entanto, permanecem tramitando na Justiça Federal ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público Federal no Ceará contra eles. Só pela acusação de atos de improbidade administrativa são cinco. Outras duas ações imputam a Byron e aos demais a prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e violação a lei de licitações.

E veja mais: uma das ações por improbidade administrativa está conclusa para julgamento da Justiça Federal. Mais duas estão em grau de recurso - uma no próprio TRF-5a. e outra no Superior Tribunal de Justiça. Duas outras tramitam em primeira instância".


É bom tucanalha esperar um pouco mais pra comemorar!


segunda-feira, 6 de abril de 2009

entre eu e o mar

Esse passarinho pousou num galho seco, entre eu e o mar da Praia de Iparana.

o porque do nome

O meu filho Guilherme, autor da ilustração aí do lado, vai gostar muito dessa postagem e, se tiver algum erro, vai logo falar pra eu corrigir. Essa eu fui buscar lá no Blog do Adeodato, o mais desfocado da internet, como ele mesmo se define, e diz o porque dos nomes dos países da América do Sul.


Argentina - Seus descobridores encontraram lá muita prata, que em latim se chama argentum - uma das riquezas do solo, inspirou o nome do país.

Bolívia - Homenageia Simon Bolívar - herói sul-americano responsável pela independência de vários países inclusive a Bolívia.

Brasil - Nome da árvore que era abundante na região. Produto extremamente lucrativo do qual se extraia um corante vermelho-brasa, daí o nome.

Chile - A palavra clilli, na língua de uma tribo chamada aimarás significa - "onde acaba a terra" por sua localização era considerada final do continente.

Colômbia - Homenageia o italiano Cristóvão Colombo descobridor do continente americano em 1492.

Equador - Alusão à linha imaginária que corta o país, o Equador.

Guiana e Guiana Francesa - Palavra indígena guyana que significa "terra de muitas águas".

Paraguai - Os índios que viviam nesta região eram os payaguaes, que viviam às margens do rio que tinha o mesmo nome da tribo.

Peru - Na língua inca quíchua, a palavra peru significa "terra de riquezas e esperanças". Outra versão aponta uma adaptação do nome de um importante cacique inca - Birú.

Suriname - Derivação da palavra surinen, nome da tribo que habitava originalmente a região.

Uruguai - O nome faz referência a um dos principais rios do continente, o Uruguai, que em tupi significa "rio dos pássaros", ou "rio dos caracóis".

Venezuela - Foi o navegador italiano Américo Vespúcio quem batizou a região de Venezuela - pequena Veneza - por associar a imagem das casas dos índios construídas em palafitas sobre as águas do lago Maracaibo, às casas de Veneza.

Curtindo a vida, pra caramba!

Numa época que a vida tava difícil o Laert Melo resolveu desmontar a moto dele e montar novamente. A bicha funcionou direitinho. Pronto, tava preparado pra ser mecânico de motos, e dos bons! Montou uma oficina que o ajudou sustentar a vida junto com sua amada Nêga Nirvana e a filha Indhira. Mas num foi pra montar e desmontar motos que o Laert passou quase 39 anos por aqui. Seu talento era muito maior. Poeta, compositor, artista plástico, músico e vivedor, Laert curtiu mesmo a vida e deixou músicas incrivelmente belas. Há uns anos a Secretaria de Cultura de Sobral lançou um CD póstumo, mas cheio de vida nas músicas do Laert interpretadas por Vicente Lopes, Darico Jr, Rosalvo, João Rodrigues e pela Indhira, a filha. O mestre matuto Joan Edessom, atual secretário de cultura, me presenteou com um na quinta feira passada e desde então todo dia escuto e me emociono com as músicas. Infelizmente não consegui uma só imagem do Laert em foto ou video pra ilustrar essa postagem, mas abaixo tem a letra de Bagagem do Além, que uma vez ele mesmo chamou de "Mala pra Depois", cantada pelo João Rodrigues no CD. Fica minha homenagem ao gênio Laert.


uma estrela de madrugada

me acordou para dizer
que esse corpo aqui
é mais um meio
para a almaa aprender

e me falou
sobre a bagagem do além
lembrando então
que não se leva
um só vintém

a consciência é quem desmancha
e quem desfaz nosso temor
que eu faça tudo
com o pensamento absoluto
do eu superior

meu coração
se fez essência em seu calor
partiu então sem direção
sem ter pavor

A verdade na carta

Como um jornal fiel aos tucanos, em especial ao José Serra, a Folha de São Paulo publicou neste domingo uma matéria intitulada "Grupo de Dilma planejava sequestrar Delfim", com um claro objetivo de atingir a imagem da ministra, que tem subido nas pesquisas como provável candidata a suceder Lula na Presidência da República. A principal fonte da Folha seria o jornalista Roberto Espinosa, que militou com Dilma em organizações que enfrentaram a ditadura militar. Foi justamente através de uma carta do jornalista, enviada por email pelo Mário Albuquerque, do Anistia 64/68, negando a matéria da Folha, que tomei conhecimento de mais uma presepada do jornal dos Frias. A carta é muito interessante e publico todinha abaixo pra você ver como essa imprensa é safada, desonesta e golpista mesmo. O Espinosa pediue a publicação de sua carta seja publicada pelo jornal que ignorou o pedido. Não tem uma linha na edição de hoje da Folha a não ser quatro cartas no Painel do Leitor tratando do assunto. Bom, veja abaixo o quanto a Folha de Sao Paulo mentiu.



A coluna
painel do leitor
Seguem cópias para o Ombudsman e para a redação. Vou enviar cópias também a toda a imprensa nacional. Peço que esta carta seja publicada na próxima edição. Segue abaixo:

Prezados senhores,

Chocado com a matéria publicada na edição de hoje (domingo, 5), páginas A8 a A10 deste jornal, a partir da chamada de capa “Grupo de Dilma planejou seqüestro de Delfim Neto”, e da repercussão da mesma nos blogs de vários de seus articulistas e no jornal Agora, do mesmo grupo, solicito a publicação desta carta na íntegra, sem edições ou cortes, na edição de amanhã, segunda-feira, 6 de abril, no “Painel do Leitor” (ou em espaço equivalente e com chamada de capa), para o restabelecimento da verdade, e sem prejuízo de outras medidas que vier a tomar. Esclareço preliminarmente que:

1) Não conheço pessoalmente a repórter Fernanda Odilla, pois fui entrevistado por ela somente por telefone. A propósito, estranho que um jornal do porte da Folha publique matérias dessa relevância com base somente em “investigações” telefônicas;

2) Nossa primeira conversa durou cerca de 3 horas e espero que tenha sido gravada. Desafio o jornal a publicar a entrevista na íntegra, para que o leitor a compare com o conteúdo da matéria editada. Esclareço que concedi a entrevista porque defendo a transparência e a clareza histórica, inclusive com a abertura dos arquivos da ditadura. Já concedi dezenas de entrevistas semelhantes a historiadores, jornalistas, estudantes e simples curiosos, e estou sempre disponível a todos os interessados;

3) Quem informou à Folha que o Superior Tribunal Militar (STM) guarda um precioso arquivo dos tempos da ditadura fui eu. A repórter, porém, não conseguiu acessar o arquivo, recorrendo novamente a mim, para que lhe fornecesse autorização pessoal por escrito, para investigar fatos relativos à minha participação na luta armada, não da ministra Dilma Rousseff. Posteriormente, por e-mail, fui novamente procurado pela repórter, que me enviou o croquis do trajeto para o sítio Gramadão, em Jundiaí, supostamente apreendido no aparelho em que eu residia, no bairro do Lins de Vasconcelos, Rio de Janeiro. Ela indagou se eu reconhecia o desenho como parte do levantamento para o seqüestro do então ministro da Fazenda Delfim Neto. Na oportunidade disse-lhe que era a primeira vez que via o croquis e, como jornalista que também sou, lhe sugeri que mostrasse o desenho ao próprio Delfim (co-signatário do Ato Institucional número 5, principal quadro civil do governo ditatorial e cúmplice das ilegalidades, assassinatos e torturas).

Afirmo publicamente que os editores da Folha transformaram um não-fato de 40 anos atrás (o seqüestro que não houve de Delfim) num factóide do presente (iniciando uma forma sórdida de anticampanha contra a Ministra). A direção do jornal (ou a sua repórter, pouco importa) tomou como provas conclusivas somente o suposto croquis e a distorção grosseria de uma longa entrevista que concedi sobre a história da VAR-Palmares. Ou seja, praticou o pior tipo de jornalismo sensacionalista, algo que envergonha a profissão que também exerço há mais de 35 anos, entre os quais por dois meses na Última Hora, sob a direção de Samuel Wayner (demitido que fui pela intolerância do falecido Octávio Frias a pessoas com um passado político de lutas democráticas). A respeito da natureza tendenciosa da edição da referida matéria faço questão de esclarecer:

1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;

2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma;

3) Dilma sequer teria como conhecer a idéia da ação, a menos que fosse informada por mim, o que, se ocorreu, foi para o conjunto do Comando Nacional e em termos rápidos e vagos. Isto porque a VAR-Palmares era uma organização clandestina e se preocupava com a segurança de seus quadros e planos, sem contar que “informação política” é algo completamente distinto de “informação factual”. Jamais eu diria a qualquer pessoa, mesmo do comando nacional, algo tão ingênuo, inútil e contraproducente como “vamos seqüestrar o Delfim, você concorda?”. O que disse à repórter é que informei politicamente ao nacional, que ficava no Rio de Janeiro, que o Regional de São Paulo estava fazendo um levantamento de um quadro importante do governo, talvez para seqüestro e resgate de companheiros então em precárias condições de saúde e em risco de morte pelas torturados sofridas. A esse propósito, convém lembrar que o próprio companheiro Carlos Marighela, comandante nacional da ALN, não ficou sabendo do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Por que, então, a Dilma deveria ser informada da ação contra o Delfim? É perfeitamente compreensível que ela não tivesse essa informação e totalmente crível que o próprio Carlos Araújo, seu então companheiro, diga hoje não se lembrar de nada;

4) A Folha, que errou a grafia de meu nome e uma de minhas ocupações atuais (não sou “doutorando em Relações Internacionais”, mas em Ciência Política), também informou na capa que havia um plano detalhado e que “a ação chegou a ter data e local definidos”. Se foi assim, qual era o local definido, o dia e a hora? Desafio que os editores mostrem a gravação em que eu teria informado isso à repórter;

5) Uma coisa elementar para quem viveu a época: qualquer plano de ação envolvia aspectos técnicos (ou seja, mais de caráter militar) e políticos. O levantamento (que é efetivamente o que estava sendo feito, não nego) seria apenas o começo do começo. Essa parte poderia ficar pronta em mais duas ou três semanas. Reiterando: o Comando Regional de São Paulo ainda não sabia com certeza sequer a freqüência e regularidade das visitas de Delfim a seu amigo no sítio. Depois disso seria preciso fazer o plano militar, ou seja, como a ação poderia ocorrer tecnicamente: planejamento logístico, armas, locais de esconderijo etc. Somente após o plano militar seria elaborado o plano político, a parte mais complicada e delicada de uma operação dessa natureza, que envolveria a estratégia de negociações, a definição das exigências para troca, a lista de companheiros a serem libertados, o manifesto ou declaração pública à nação etc. O comando nacional só participaria do planejamento , portanto, mais tarde, na sua fase política. Até pode ser que, no momento oportuno, viesse a delegar essa função a seus quadros mais experientes, possivelmente eu, o Carlos Araújo ou o Carlos Alberto, dificilmente a Dilma ou Mariano José da Silva, o Loiola, que haviam acabado de ser eleitos para a direção; no caso dela, sequer tinha vivência militar;

6) Chocou-me, portanto, a seleção arbitrária e edição de má-fé da entrevista, pois, em alguns dias e sem recursos sequer para uma entrevista pessoal – apelando para telefonemas e e-mails, e dependendo das orientações de um jornalista mais experiente, no caso o próprio entrevistado -, a repórter chegou a conclusões mais peremptórias do que a própria polícia da ditadura, amparada em torturas e num absurdo poder discricionário. Prova disso é que nenhum de nós foi incriminado por isso na época pelos oficiais militares e delegados dos famigerados Doi-Codi e Deops e eu não fui denunciado por qualquer um dos três promotores militares das auditorias onde respondi a processos, a Primeira e a Segunda auditorias de Guerra, de São Paulo, e a Segunda Auditoria da Marinha, do Rio de Janeiro.

Osasco, 5 de abril de 2009

Antonio Roberto Espinosa

Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade e editor da Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.