quinta-feira, 29 de maio de 2008

Charge e hipocrisia


Ali embaixo, do lado da minha foto, ta dito que nesse blog eu “exporei algumas idéias, opiniões e relatos, meus e de outras pessoas com as quais concordo.” Pois é, eu num concordo com essa charge aí e larguei a danada aqui. E agora, assumi a contradição?

Mas é que eu queria botar ela aqui justamente pra dizer o que penso dessas coisas. Nada contra o autor Clayton, rapaz que num conheço pessoalmente, mas num preciso disso pra dizer que é do bom (do bombril, como dizia aquela prosa antiga). Tem um traço meio clássico. Mas tenho de meter a pua no que ela diz. E é isso que pretendo aqui. Como num gosto de falar mal de ninguém pelas costa, boto logo a charge na frente.

Ora onde já se viu o jornal O POVO defendendo direito dos trabalhadores? No mesmo dia em que eles botam uma charge dum operário sendo sugado pela Contribuição Social para a Saúde – CSS, num dão uma linha, nadica de nada, sobre a mobilização que aconteceu no Brasil inteiro pela redução da jornada de trabalho. O dia nacional de mobilização uniu, inclusive em Fortaleza, todas as centrais sindicais em favor dessa bandeira unitária, de grande interesse da classe operária. A redução da jornada pode gerar criar mais de dois milhões de novos empregos no Brasil, 23º mil só no Ceará. E o jornal O POVO não tomou conhecimento? Ô povin mal informado!

Na verdade esses caras num tão preocupados com os trabalhadores coisa nenhuma. Tentam usar o povo como instrumento para defender suas idéias e sustentar suas regalias. Conseguiram derrubar a CPMF, com graves conseqüências para uma multidão de gente que vive na miséria, e agora querem impedir a aprovação de um “imposto” que mande mais recursos pra saúde. E dizem que tão é preocupados com o povo, com a maioria da população que paga imposto. Haja óleo de peroba pra tanta cara de pau. Essa elitizinha mixuruca e mesquinha num quer é pagar imposto. Faz isso porque num precisa da saúde pública. Quando tem um passamento ou um pitiripapo se manda, pega um avião e vai se tratar em qualquer lugar do mundo. Sonegam imposto e quando são obrigados a pagar entram em parafuso. Hipocrisia pura!

Desconfiaaaado...

Num tem jeito, vou ter de cutucar o jornal O POVO mais uma vez. Ontem li meio desconfiado a primeira matéria da série que o jornal tá fazendo sobre a “a máfia das invasões de terrenos”. Até que dava pra passar, apesar da minha preocupação com a proximidade que a matéria coloca entre as lutas do povo por moradia e a bandidagem (traficantes, politiqueiros, oportunistas, etc e tal). Sei que tem muito sacana envolvido nas lutas legítimas do povo, é só ver o que aconteceu em Fortaleza com a questão das carteiras estudantis. Mas sinto que existe no ar uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais, logo agora que há um ambiente de democracia e liberdade de ação, quando há muitas possibilidades de se conseguir vitórias em bandeiras históricas, como a redução da jornada de trabalho.

A luta por moradia é antiga no Brasil inteiro. A Federação de Bairros e Favelas de Fortaleza - FBFF surgiu no embalo das lutas por moradia, contra a carestia e por mais emprego. De lá pra cá houve muito avanço, a moradia é hoje um dos direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal e muito se tem feito para superar esse problema grave.

Em Fortaleza qualquer um que tenha um pingo de seriedade sabe que há um esforço grande para reduzir o déficit habitacional e amenizar a vida dos que vivem em condições quase desumanas. E apesar disso o jornal diz em editorial que “é preciso que o problema habitacional seja tratado com prioridade pelo poder público, sob pena da sociedade tornar-se refém de falsos e inescrupulosos líderes”. Além de ignorar o trabalho da Habitafor, por exemplo, demonstra que num tem nenhuma preocupação com a vida do povo, mas sim em evitar que a “sociedade” vire refém de “falsos e inescrupulosos líderes”.

Sei não! Ainda vou querer ler o resto das matérias, mas já to com uma pulga atrás da orelha.

Tá se vendo...


Ainda sobre a festa dos 50 anos do Veveu.
Na homenagem que fez ao seu amado, Izolda falou esse texto aí entreaspas. A foto mostra como a aniversariante tava calçado e confirma o Izolda falou.

"E o Veveu é assim... a mente aberta para a modernidade e os pés firmados no chão do sertão."

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fotografando como o Duran?

Sempre gostei muito de fotografia. Muito mesmo. Mas nunca peguei embalo pra fotografar, até que resolvi me dar como presente de natal em 2007 uma câmara semi-profissional Sony DSC H9, logo apelidada de Sonynha. Tenho curtido muito e enchido o saco de muita gente com meu brinquedinho pra lá e prá cá. Mas num tô nem aí, vou curtindo. Aí inrriba tem uma das minhas investidas. Foi num evento lá num distrito da cidade de Graça, no pé da Serra da Ibiapaba. Cada olhar e cada gesto diz uma coisa.


Nesta semana li uma entrevista do fotágrafo JR Duran, que alinhais se chama Josep Ruaix Duran - nome de catalão mesmo - na Playboy (tá, num fiquei só na entrevista...tem uma linda foto da Vera Fischer feita pelo entrevistado) . Depois do entrevistador só perguntar baboseira, tentando passar a idéia de que todo fotógrafo é ganhão das mulheres que fotografa, o catalão lá deu uma bela resposta e eu descobri que temos algo em comum, gostamos de fotografar gente. Ninguém se expressa melhor do que as pessoas, é só espiar pros olhos delas.
A respeito de fotografia Duran e eu pensamos o seguinte:

"Difícil é fazer uma foto boa. De qualquer coisa. Ainda mais num tempo como hoje, em que, com as câmaras digitais, todas as pessoas têm acesso à fotografia. Como um celular você consegue fotografar. Tenho consciência de que fazer boas fotos é a coisa mais difícil do mundo. O fotógrafo tem de ser um curioso. Tem coisas que eu não sei fotografar: carros, comida, esportes ... Mas gosto de fotografar gente. Me interessa a fotografia para descobrir o outro. Minha viagem pessoal é o retrato".

terça-feira, 27 de maio de 2008

O bem querer do João Amazonas


Estive pela primeira vez com João Amazonas em junho de 1982,três meses depois de ingressar no PCdoB. Era sua primeira viagem ao Ceará depois da anistia conquistada em 1979 e ele fez uma palestra na Faculdade de Direito. Depois fomos para a casa da Daciane Barreto, hoje dona, junto com seu companheiro Edson, do bar e restaurante Maria Bonita, que convidou o Camarada João para um festa de aniversário coletiva (coisa mesmo de comunista). Além da anfitriã, também faziam anos, a Noélia, a Norminha, a Noêmia e eu – todo mundo aí na foto. Pois é, mal entrei no Partido Comunista e tinha o principal dirigente na minha festa de aniversário.

Hoje é aniversário da morte do Amazonas. Há exatos seis anos, por volta das 14 horas, João faleceu e deu em todos nós um sentimento de vazio enorme. E agora, como o partido se comportaria sem aquele que o conduziu durante tantos anos, que enfrentou enormes desafios, entre eles duas ditaduras, a do Estado Novo e o regime militar; uma divisão profunda no movimento comunista internacional que o obrigou a, junto com mais uma centena de revolucionários, reorganizar o partido em 1962 e a derrocada da União Soviética e da experiência socialista na Europa? João Amazonas nunca esmoreceu e até os 92 anos trabalhou pela construção do socialismo.

Antes de João Amazonas morrer, dois episódios reforçaram ainda mais minha admiração por ele. O primeiro foi o bilhete que deixou manuscrito com seu último pedido. Com sua inconfundível letra já demonstrando o precário estado de saúde escreveu:"As cinzas devem ser espalhadas na Região do Araguaia, onde houve a Guerrilha. É uma forma de juntar-me aos que lá tombaram."

O outro episódio é narrado por Augusto Buonicore numa pequena biografia de João Amazonas. Ao final ele narra a seguinte passagem: “Segundo testemunhas, quando João estava às vésperas da morte, uma jovem enfermeira, preocupada, insistia para que comesse alguma coisa e ele, teimosamente, se recusava a atendê-la. Curiosa, perguntou-lhe: “Mas seu João, do que é então que o senhor gosta?”. E ele respondeu sorridente:Eu gosto mesmo é da Edíria*”.”

É isso, comunista é gente!
* Edíria Carneiro, companheira de João Amazonas desde os anos 40, é baiana, artista plástica e foi, durante muitos anos, ilustradora do jornal A Classe Operária, órgão oficial do Partido Comunista do Brasil.

Terroristas? Pois sim ...

Os dois cabras aí na foto são, o então Presidente da Colômbia entre 2000 e 2004, Andrés Pastrana e Manuel Marulanda, codinome de Pedro Antonio Marin, também conhecido como “Tirofijo” (tiro certeiro, em espanhol – se dizia que onde o homem botava o olho, botava a bala.

Pois o cidadão bom de mira, que morreu há dois meses e teve sua morte anunciada sábado passado, era só um dos fundadores e o principal líder das FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. E que esses dois tavam fazendo se abraçando? Cumé que um guerrilheiro fica de prosa com o presidente do país?

Pois é, essa foto desmente muito do que se diz das FARC e das guerrillhas, dos que fazem a luta armada. São homens e mulheres, a maioria ainda jovem, que se dispõem a enfrentar dificuldades que a gente nem imagina, arriscam a própria em nome de seus ideais, de seu povo e de sua pátria. Se hoje o Brasil tem um sindicalista, que foi preso, processado e condenado, há muitos outros países que são ou foram dirigidos por pessoas que eram acusados de terrorismo. E nem vou citar apenas os de esquerda, como Fidel Castro e Daniel Ortega. Que tal Nelson Mandela? Ainda é esquerda. E o Menahen Begin, direita pura, que junto com outros antigos “terroristas” fez luta armada, ajudou a fundar e dirigiu Israel? Se ainda for pra aumentar a lista podemos citar simplesmente George Washington, perseguido pela Inglaterra e primeiro presidente dos Estados Unidos. A lista é grande, mas vamos ficar por aqui. Acho que já fui claro, né?

Voltando pra foto, na ocasião Pastrana, quem nem de longe era de esquerda desmilitarizou uma área da Colômbia do tamanho na França só para negociar a paz. A coisa num foi pra frente porque a direita, interna e externa, fez de tudo para impedir o avanço das negociações. Hoje a Colômbia é dirigida por Álvaro Uribe, com o apoio descarado dos Estados Unidos, que é uma ameaça permanente à estabilidade da América do Sul. É só ver o que esse maluco fez para assassinar o Raul Reyes, também líder das FARC, em pleno território do Equador.

Maralunda se foi, e eu digo, fiquei muito triste porque percebia nele uma grandeza infinita, uma tranqüilidade necessária a todo grande dirigente revolucionário e uma simplicidade que só os que conhecem a alma do povo têm. Mas também seu que a revolução segue seu caminho na Colômbia. A América Latina está em movimento e o sonho de Simon Bolivar vai ficando cada dia mais real. A terra do grande Garcia “Gabo” Márquez num vai desafinar e haverá uma “Canción para Todos” a embalar o nosso sonho.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Clarinha comunica


Muita gente deu uma força pra fazer uma comemoração bem porreta dos 50 anos do Veveu. Eu entrei já na última semana pra ajudar a montar um vídeo e como parceira tive a Clara, ou melhor, a Clarinha ou Cacá, filha do próprio Veveu. Centenas de fotos, muitas horas de trabalho, muito aprendizado, uma vontade enorme de fazer bonito e um resultado que se num foi 100%, agradou bem a turma que viu. A Clarinha tem comunicação na alma, tem opinião própria, é ousada e não lhe falta energia. Vai longe...

Veveu é assim

Hoje é o aniversário do Veveu, que aliás se chama José Clodoveu de Arruda Coêlho Neto, mas quando era menino pequeno num sabia dizer Zé Clodoveu, que era como a mamãe o chamava. Pois foi ele mesmo que arrumou um jeito mais simples de dizer o nome dele e até hoje é assim. No sábado foi a festa de aniversário e lá foi exibido um vídeo que tem um trecho de depoimento da sua Izolda amada. Veja um trechinho do que ela disse:

"O Veveu é um homem que planta ipês; que tem gosto no tempo da espera para ver a beleza das flores. (...)
O Veveu é assim... tem vínculo forte com a vida, reverencia a memória; a memória dos lugares, dos tempos e, principalmente, das gentes.
O Veveu tem um aguçado senso de humanidade... e de esperança na humanidade. A verdade, para ele, é que o mundo precisa ser melhor para todos.
E ele vem utilizando, desde pequenino, a força e os dons que Deus lhe dá a serviço dessa verdade."

Além do cansaço

A festa de aniversário do Veveu foi além de tudo que se poderia imaginar. Mas quando já parecia que todos iam dormir, os que ainda resistiam ao cansaço se instalaram numa grande mesa no jardim da casa do aniversariante. As velas do bolo foram acesas novamente, iluminaram a madrugada e permitiram essa foto, reacenderam os ânimos e inspiraram o querido amigo João Rodrigues a relembrar músicas que embalaram o convívio de nossa turma lá em Sobral, no final dos anos 70.

Cebola Cortada, Conflito, Vira Vento, Chão da Praça, Você se Lembra ... foi uma fieira de músicas que a gente num cantava juntos há muito tempo mesmo. Mas foi 'Além do Cansaço', de Petrúcio Maia e Brandão (caramba! esses caras viviam no Estoril!) que mais mexeu com a emoção, com as lembranças, com a luta pela liberdade e a democracia. Entre uma música e outra, uma prosa sobre abeleza dos versos do Petrúcio e de outros tantos cabras bons na poesia. O Veveu pediu pro João repetir a dose e acompanhou...


Além do Cansaço (Patrúcio Maia e Brandão)

Quando não houver mais música no ar
nem houver sorrisos em volta
quando nada na tarde morta
além do cansaço da vida falar
quando o cigarro irritar a garganta
e a bebida os lábios queimar
e a presença de alguém que inda canta
não consiga no peito cantar
quando a rua a casa e a porta não mais falem de ir ou chegar
quando não mais houver poesia na triste canção da mesa de um bar é preciso entender que perdida pela vida uma estrada caminha
e que uma cidade sozinha não comporta a procura da vida.

É preciso sair pelo mundo procurando somente encontrar
é preciso alcançar a aurora que a noite teimou em fazer não chegar
é preciso entender que a vida quer um jeito de resistir
é preciso saber que agora a aurora não pode esperar por vir.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

De repente, versos

Se tem um cabra nesse mundo que num esconde um tantin só do que pensa, esse é o Flávio Arruda, o Flavin (taí nós no bloco Sai na Marra, ele e seu fiel escudeiro Gildeci e eu, mais suado do que tampa de chaleira, já apelando pruma garrafinha dágua). O cabra, além de sincero, é criterioso e entende um bucado desse negócio de comunicação, novas mídias e coisa e tal. O humor do Flavin é coisa fina e é sempre bom ele ter um lencinho pra limpar o veneno dos beiço, senão já viu... num vacile! Pois eu achei de pedir pra ele dar uma conferida nesse blog. Ele mandou a resposta rapidinho e em versos.


Recebi na tal da NET
1/2 de amigo Carvalho
Falando dum bicho, um blog
Que ‘posta’ o seu comentário
Lá tem causos dessa vida
Tem as lutas de quem lida
O bicho tá ‘do caralho’!

Perdão, amigo Carvalho
Pois lasquei um palavrão
É que fiquei animado
Com a vossa arrumação
Os textos não têm fraqueza
Do Sobral à ‘Fustaleza’
E viva a revolução!

A idade da Eliana Gomes

Não se deve perguntar e, muito menos, revelar a idade de mulher, mas hoje resolvi dizer quantos anos a Eliana tem. O aniversário dela é amanhã, mas a festa começa logo é hoje.

Ah vou, e ninguém vai mimpedir. E olhe que eu sei, até porque fui eu que fiz o perfil dos membros do Comitê Estadual do PCdoB eleitos na última Conferência, em novembro do ano passado, e a idade da Eliana tá lá, é só somar mais um ano.

Só que antes da revelação maldosa, eu preciso dizer do meu carinho grande puraquela criatura. Ano passado eu tava passando uns dias das férias de julho em Sobral, com o Guilherme, e me ligaram dizendo que ela ia assumir o mandato de vereadora. Num contei pipoca e liguei pra Eliana já com uzói afagados nágua. Disse pra ela que tava morto de feliz e que eu queria ajudar muito no mandato dela porque eu tinha certeza que o povo tava dinovo com uma representação legítima na Câmara de Vereadores.

Daquele dia em diante foi quase dois meses pra posse. Um vaivem sem fim. Conversei muito com ela e o partido sobre a equipe, sobre seu desempenho e sobre a expectativa que o movimento popular tinha dos primeiros sete meses da Eliana como vereadora. Sim, porque os outros 48 meses começam em janeiro de 2009, ou alguém duvida que ficou um gostin de quero mais? Ela já deixou uma saudade das grandes na cidade, mas o povo num se agunei que ela já volta. Alinhais ela nem saiu porque pra mim ela continua “viriadora” e deverá voltar depois de eleita este ano.


Hoje, depois duma agenda bem carregadinha, inda vou dar um abraço e um “xêro” bem carinhoso na Eliana. A festa começa hoje e ainda vai rolar o dia todo lá pelo Bairro Ellery. De manhã tem a licitação para as obras do Açude João Lopes, luta que ela encampou desde cedo, quando dirigia a Associação Comunitária do bairro. O povo de lá vai passar dois dias cumprimentando a Eliana. Eu sei cumé quiele gosta dela. Todo mundo fala com ela na rua e ela sabe o nome de cada um e conhece a família de todos. É mesmo uma coisa linda de se ver.


Sim, sobre a idade da Eliana. Poisé, eu minlembro que cometi um erro justamente na idade dela e agora num sei se a nominata que tenho no meu computador é a certa ou a errada. Purisso num vou correr o risco de fazer injustiça. Bom, mas na dúvida vamos arrumar uma idade pra ela. Ela é filha, mas também mãe e irmã da luta do povo, principalmente do povo simples, trabalhador, que mora nos bairros populares de Fortaleza. Então vamos combinar uma coisa, a Eliana tem a mesma idade da luta do povo, nem mais, nem menos.
Atualizado em 11.08.2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Fidel não está só

Quando Fidel Castro anunciou que não mais aceitaria a indicação para disputar um mandato de deputado e dirigir Cuba, o Lula comentou que ele era o único ícone ainda vivo da esquerda. Pois eu num concordo de jeito maneira com o presidente brasileiro. Fidel tem ao seu lado Nelson Mandela, figura admirável, simples, porém de uma firmeza inacreditável. E ainda tem momentos poéticos como esse que contrapõe o amor ao racismo: "Ninguém, nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."

Big Stick ecológico?...veeeenha!!!

Depois das publicações inglesas The Economist e The Independent, agora é o The New York Times que está preocupado com a preservação da Amazônia. A matéria diz textualmente: "É uma briga que deve apenas se tornar mais complicada nos próximos anos, à luz de duas tendências conflituosas: uma demanda crescente por recursos energéticos e uma preocupação crescente com mudanças climáticas e poluição." Pois é com base nesse "conflito" aparentemente incontornável que os "líderes mundiais" querem interferir na soberania do Brasil sobre seus recursos naturais, em particular sobre a Amazônia.

Ora vejam, quem é Al Gore pra dizer que: "ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazônia não é propriedade deles, ela pertence a todos nós"? A quem, senhor Al Gore? Esses caras e seus papagaios-tucanos não estão preocupados em proteger a Amazônia coisa alguma, mas em meter a mão nas riquezas minerais e na maior biodiversidade do planeta. Agora tentam usar a saída da Ministra Marina Silva para dizer que a floresta está desprotegida.

Alto lá, seus cabras! Essa terra tem dono! Escutei falar que a 4a. Frota vai voltar a navegar pelos mares da América Latina e do Caribe. É que se a diplomacia e a pressão política não funcionarem, ameaçam usar o "Big Stick". Só que a coisa agora é bem diferente. Até tem ainda uns por aqui que dizem amém aos grigos, mas o que vai funcionar mesmo é o velho sentimento nacional, a "pátria de chuteiras" já chutou pena de tucano pra tudo que é lado, por isso deixe vir...

Joan Miró por Guilherme


No final de 2006 fui com o Guilherme ver umas obras do pintor espanhol-catalão Joan Miró em exposição na UNIFOR. Quando chegamos em casa o meu menino, que estava numa fase de desenhar usando o computador, resolveu por na tela sua inspiração. Deleite-se.

De cara com um mito

Em 1974 o papai e a mamãe botaram os cinco filhos mais velhos – o mais novo era eu – num carro, sob a direção do Melo “Chorão” (uma figura inacreditavelmente engraçada) pra gente percorrer os estados nordestinos do Ceará até a Bahia.

Num final de tarde, cruzando o sertão pernambucano, simplesmente demos de cara com o Riacho do Navio, ele mesmo, o cantado em verso pelo Rei do Baião. O papai num contou pipoca, falou pra gente descer do carro e cruzar o bicho a pé. Nem lembro direito se eu já conhecia a música, apesar de já ter visto Mestre Lua tocar inrriba duma corroceria de caminhão, em julho de 73, lá em Sobral, mas agradeço até hoje a sensibilidade do papai.

Na foto, da esquerda pra direita, a Hilda (13), o Veveu (16), a Ciana(14), eu(10), o Ducito (18) e o Melo “tangendo”a tropa atrás. Detalhe, os irmãos mais velhos com a camisa amarrada na camisa e mininorréi aqui imitando, querendo ser gente grande. Ô bicho “inxirido”é menino!.

Ana Paaaaaula!!!

O José Artur é o meu sobrinho mais novo, filho da Ana Paula e do Fernando. Fez três anos em março e tem uma fieira de histórias engraçadas dele. Uma das mais interessantes aconteceu quando ele já estava quase deixando de mamar. Deitado no berço, montado no quarto dos pais, de repente ele começou a chamar pela mãe: “Ana Paula, Ana Paaaaula”. Diante do silêncio, ele voltou à carga: “Ana Paula, Ana Paaaaula”. Mais silêncio e ele repetiu mais algumas vezes. O Fernando resolveu entrar em cena: “Uquié José Artur? O que você quer?”. O cabra num contou pipocou e arrematou: “Cala a boca, Fernando! Ana Paaaaaaula!”.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Excesssssso de SSSSSSSSSSSS

Há uns 25 anos atrás eu ia num ônibus para o Congresso da UNE em São Bernardo do Campo e um amigo, estudante da primeira turma de Fonoaudiologia da UNIFOR, perguntou-me porque eu não cuidava dessa minha fala excessssssivamente ssssssibilar. Ele disse que eu tinha um problema chamado sigmatismo e que se eu topasse poderia frequentar a clínica lá da UNIFOR e eles tentariam "me curar". Achei bonito o nome da "minha doença", mas fiquei muito cabreiro de ser uma espécie de cobaia daqueles neófitos da Fonoaudiologia. Além do mais eu confesso que gostava de um certo charme daquele jeito de falar e até que fazia um certo sucesso entre as meninas, afinal "tudo vale a pena se a alma num é pequena". O certo é que até hoje eu nunca nem pisei na tal clínica, nem sei onde fica o curso de "Fono"da UNIFOR, apesar de conhecer muita gente que se formou lá, inclusive o meu amigo, que depois se formou em Direito e hoje vive das causas.


Mas nestes dias, procurando umas fotos pra homenagem ao Veveu por ter vivido meio século, encontrei essa foto da primeira comunhão dos meu dois irmãos mais velhos (hoje em dia o Veveu e o Ducito tentam negar o tempo, mas eles são bem mais velhos que eu, podem acreditar) quando eu tinha entre 2 e 3 anos. Aí está a causa dos meus SSSSSSSS demais. Um polegar direito que eu adorava! O coitado num tinha sossego. Eu dormia e acordava literalmente com o coitado na boca, nem me lembro de ter usado chupeta. O "pobirréi" chega era fino, parecia a lagartixa da historinha João e Maria de tão magricelo. Ameaça pra tudo que era jeito eu sofria. Diziam que eu ia ficar cheio de "lumbriga" porque num lavavo o dedo direito, ameaçavam botar pimenta quando eu tivesse dormindo, sem falar da minha fala que já era meio ssssssssibilante. Eu até me encabulava de falar certas palavras tipo chave - só saia ssssave -, cochilar - virava cossssilar - chaveiro então virava um barco que eu nem sabia que existia, e por aí ia.


O certo é que depois de entrar pra Escola Nossa Senhora de Fátima, na verdade a Escola da Dona Maria José Carneiro (um dia vou falar desse lugar e dessa mulher incrível), eu num podia mais manter aquele vício com a mesma intensidade. Eu já tinha 6 e "tava dentro" dos 7 anos, portanto mais do que na hora de largar o bico (era assim que a gente chamava a chupeta moderna). Pois aquela escola foi a salvação do meu dedo. Mas o estrago já tava feito, minha fala nunca mais se ajeitou totalmente, ganhou até um nome de doença, e fiquei com a mordida aberta (é assim que a minha irmã Hilda - ô mulher e dentista paidégua! - chama os meus dentes separados que não me deixam morder a língua). Já na universidade, durante a campanha pra eleição do DCE em 1983 (eita perído magnífico da minha vida que também ainda falo um dia!) o Ivonilo Praciano me deu umas dicas de exercício pra curar meu "mal", mas eu lá me lembrava de ficar falando "bra bre bri bro bru...tra tre tri tro tru ..pra pre pri pro pru" e outros salamaleques mode cuidar dessa fala. Agora tá sem jeito, mas o dedo tá ssssssalvo!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Opção pelo desenvolvimento

Há alguns anos o Departamento de Estado/Pentágono divulgou as razões que motivariam uma intervenção militar dos Estados Unidos em qualquer região do mundo. Dentre as motivações estavam: a ameaça à liberdade e à democracia (o que teria "justificado" a invasão ao Iraque), a ameaça às riquezas naturais (esta a verdadeira causa da invasão ao Iraque) e os riscos à preservação do meio ambiente ( o que explicaria certas insinuações de que o Brasil não cuida bem de seu patrimônio natural).

Agora surgem novos "defensores da Amazônia", entre eles Angela Merkel e agora The Economist e The Independent, afora os "bem intencionados" Jacques Custeau, - mapeou a Amazônia inteira e ainda pretendia levar uma ariranha, apelidada de Cachá ( um diminutivo de cachaça - tudo muito bem planejado)de brinde - , Sting ( circulou mundo a fora com Raoni como atrativo de seus shows), o Greenpeace ( “guerreiros” sempre em oposição ao desenvolvimento) e outros tais.

Coincidentemente surge uma polêmica entre a preservação da Amazônia/meio ambiente no Brasil e o desenvolvimento. Justamente no momento em que o Brasil, depois de quase 40 anos, sistematiza um programa de governo que tem como centro o desenvolvimento, necessário para enfrentar as dificuldades internas e externas, além, é claro de gerar emprego, segurar a inflação e superar o atraso em que o país se encontra.

Pois bem, imaginem que na 3a. Conferência Nacional do Meio-Ambiente o senhor Joel Kovel, membro do PV dos Estados Unidos, fundador da Rede Ecossocialista Internacional e co-autor do 1º Manifesto Ecossocialista, defendeu que todos os paises devem "paralisar o seu desenvolvimento". Tenha santa paciência! Felizmente a representante do Ministério do Meio Ambiente, Thelma Krug ( que lá deverá continuar apesar da saída de Marina Silva) rebateu esta tese estúpida.

Portanto, imagino que a questão é exatamente esta, criar uma contradição entre meio-ambiente e desenvolvimento. E este dilema existe desde o momento em que o homem lascou a pedra e ainda acendeu o fogo. Esta foi uma opção, superar as limitações da própria natureza, mas sabendo respeitá-la e preservá-la, sem no entanto transformá-la em santuário intocável.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Carta de despedida de Olga Benário


Queridos:


Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha carta de despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.


Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ei, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz t sentes por nossa filha?


Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo.


Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão por que se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte. Beijo-os pela última vez.


Olga

Mulheres negras

Hoje cedinho li esse artigo da publicitária e militante do movimento negro, Pedrina de Deus, e gostei muito de sua opinião sobre a luta das mulheres negras no Brasil. Resolvi postá-lo aqui em homenagem às negras nestes dias em que se comemora a sanção da Lei Áurea e para ilustrar achei por bem lembrar de Helenira Resende, estudante negra e guerrilheira do Araguaia, que dedicou sua vida à liberdade, à democracia e ao socialismo.


"Quando o Congo foi invadido pelos Jagas (caçadores de escravos), a jovem Aqualtune, filha do Rei Cajanga, defendeu o reino do pai comandando cerca de 10 mil homens. Vencida e aprisionada, desembarcou de um navio negreiro no Recife e foi obrigada a manter relações sexuais para reproduzir mão-de-obra escrava. Mas, mesmo estuprada, engravidada e vendida para um Engenho de Açúcar em Porto Calvo, ela comandou a fuga de numerosos negros para Palmares e liderou, com Ganga Zumba, o maior Quilombo do Brasil. Sua filha lhe deu o neto Zumbi dos Palmares.


A Lei do Ventre Livre No. 2040 de 28 de setembro de 1871 libertou os filhos de escravas, nascidos a partir daquela data. Os recém-nascidos ficavam em poder do Senhor de sua mãe que podia utilizar-se dos serviços da criança até a idade de 21 anos completos. Entretanto, a negra-mãe, continuava proibida de amamentar seu recém-nascido-livre para dar seu leite materno aos filhos das Sinhás, passando para a história como a submissa "mãe-preta". Ela se submetia à exigência para preservar a vida dos próprios filhos.


A Lei Áurea, assinada a 13 de maio de 1888, livrou os donos de escravos da responsabilidade com os trabalhadores negros escravizados. Os abolicionistas queriam uma Lei de libertação com reforma agrária, ou seja, uma "casa própria" para os negros que passaram mais de 400 anos trabalhando de graça. Não tiveram sucesso. A Princesa emocionalmente coagida assinou a apressada Lei com dois artigos. Nesse momento histórico, as máquinas e os emigrantes europeus e japoneses profissionalizados já entravam no Brasil. O novo modo de produção substituía o trabalho escravo pelo trabalho assalariado, preparando terreno para a Proclamação da República em 1889. No dia da assinatura da Lei Áurea as grades das senzalas se abriram e os negros foram pras ruas, sem trabalho, sem casa, sem comida e livres para viver nos cortiços, favelas e periferias onde a maioria está até hoje. Contudo, a única parcela de ex-escravos capaz de desempenhar uma função que interessava ao novo modo de produção eram as mulheres negras com seu trabalho doméstico: cozinhando, lavando, passando, limpando. Foram elas, trabalhando na cozinha dos ex-senhores (agora patrões) que sustentaram os homens até eles encontrarem uma ocupação que um ex-escravo pudesse desempenhar. No fogão, de onde a maioria ainda não saiu, a mulher negra garantiu a sobrevivência da família negra.


Hoje, 120 anos após a "abolição", as mulheres negras do Brasil ainda lutam com garra e autonomia para construir um justo espaço social para si e para os seus excluídos. Incansavelmente. Invisivelmente. Porém, com a mesma coragem da escrava cearense "tia Ana" que em 1835, indignada pelos violentos castigos impostos a uma velha escrava, tocou fogo na casa do fazendeiro português conhecido como Marinheiro Chico. E com a mesma determinação de bravas cearenses que lutaram contra o racismo como Maria Tomázia, Francisca Clotilde, Elvira Pinho, Joana Antonia Bezerra, Serafina Pontes, Maria Correia do Amaral e Dona Maria José de Jesus Simão, falecida no dia 6 de maio de 2008 aos 91 anos de idade. Os exemplos estão no mundo. Só que nós precisamos aprender".

terça-feira, 13 de maio de 2008

Ver a entrada ao sair

Uma vista diferente da entrada de Sobral. Esse é um privilégio dos pedestres e dos ciclistas. Só eles podem "caminhar" pela cidade nesta direção, sair vendo a entrada. Tá muito confuso? Pois tem que ir lá pra ver, se não consigo explicar com as palavras, quem quiser saber como é, tem que ver. Pronto, eu só queria mesmo era justificar a postagem dessa foto, que me pareceu bem legal. Agora se alguém quiser ver, ao vivo, a entrada pela entrada mesmo é só clicar aqui, ó.

Olha eu aqui, seu bobão

Nem sei o nome dessa árvore, mas tenho uma enorme admiração por ela, mais que admiração, respeito.

E não é pela espécie da árvore, é por essa aí da foto, ela mesma. Essa belezura da natureza fica ao lado do Teatro São João, lá em Sobral e dever te mais de 30 anos que está aí. Mas no comecinho da vida dela era uma coisinha frágil, duas varinhas fininhas encimadas por tufinhos de folhas. Pois nessa fragilidade ela quase deixou de existir porque um cabra muito do inconsequente, numa madrugada dessas, lá pelo fim dos anos 70, achou de tentar destruí-la, puxando cada os dois galhinhos até o chão, partindo-a ao meio e deixando-a semi-destruida no chão.

Agora taí o resultado daquele gesto estúpido. Nenhum, a bicha tá é bonita, frondosa, embelezando ainda mais o jardim do "São João" e a própria cidade. Quanto ao autor da "façanha", felizmente frustrada, restou olhar pra ela e fazer um gesto respeitoso, imaginar que ela lhe fez uma bela gozação e fotografá-la no último dia 4 para depois postar no blog dele com um pedido de desculpas meio encabulado.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Assim definiu Guilherme, ao seu modo...


A vasta divisão do Piauí com o ceará é grande que só, grande, mas tão grande, não tão grande, mas enormes de imensas assim é a divisa do ceará com o Piauí. Fim. Gui.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

SOBRAL E SUA INFLUÊNCIA SOB O PONTO DE VISTA LITERÁRIO


O texto abaixo é do senhor Luciano de Arruda Coêlho, meu pai. Eu o li pela primeira vez hoje e já que resolvi homenagear meu filho ao retomar o Blog, vou também homenagear meu pai. Vamos ler então:


Somente 200 anos após a descoberta do Brasil,ou seja,na última década do século 17, ano de 1690,aproximadamente, os portugueses abrasileirados,começaram a se instalar nas terras da Região de Sobral (vales do Acaraú, Aracatiaçu e Coreaú). Estas terras foram distribuídas pelo Reino de Portugal as pessoas por ele selecionadas, através de dotes de sesmarias e os donatários montavam suas fazendas de criação de gados aproveitando as pastagens, única riqueza da região.

Em 1742 foi inaugurada a 1ª capela, em torno da qual foram se instalando as casas das famílias dos fazendeiros, constituindo o núcleo original de Sobral.

Trinta anos após, em 1773, foi solenemente fundada a Vila Real e Distinta de Sobral, já com todas as ademanes que caracterizam Sobral.

Sob o aspecto literário o estouro monumental só viria um século depois, em 1883 com a publicação do romance LUZIA HOMEM, de Domingos Olímpio Braga Cavalcante, que ainda hoje, mais de cento e vinte anos decorridos, continua no podium.

Claro que neste período de mais de um século,muitos e muitos livros foram editados. Biografias, poesia, história, economia e mesmo romances, vieram a luz como produção do núcleo intelectual sobralense que cultiva a arte de pensar e cultivar as aspirações e os sonhos dos sobralenses.

No século XX, dois fatos dominaram a história de Sobral: 1º o fecundo e secular episcopado de Dom José Tupinambá da Frota e 2º a criação da Universidade Vale do Acaraú, fundada pelos sobralenses, com “a cara e as unhas”.

Dom José e a Universidade Vale do Acaraú são os símbolos da aspiração de um povo que cultiva e alimenta o ideal de construir uma cidade moderna,rica e generosa em pleno deserto do sertão nordestino.

Uma palavra sobre o PIB sobralense que, se não é o maior, é pelo menos o mais interiorano do Ceará. Sobral nasceu e cresceu sob as bênçãos do capim panasco uma riqueza à vista nestes sertões. Mas desde as últimas décadas do século XIX os sobralenses abriram os olhos para as atividades industriais datando de 1892 a inauguração da fábrica de tecidos de Sobral.

Seguiram-se as fábricas de beneficiamento do algodão que germinaram juntamente com a lavoura do algodão que não resiste à concorrência do couro.

Hoje, os pilares do industrialismo sobralense são a fábrica de Cimento Votorantim e a fábrica de calçados Grendene, a maior do mundo,com 17.000 operários.

Outro destaque que se pode creditar aos sobralenses é a sua permanente atenção aos rumos da administração do Ceará, procurando estar sempre presente no processo político administrativo, para vigiar e defender os interesses da região. Várias vezes através da história, os sobralenses fizeram presença no Governo do Estado. Agora mais uma vez, o governador do Estado é o ilustre sobralense Cid Ferreira Gomes, celebrizado como o grande prefeito de Sobral.

Hoje é o dia do Guilherme e falar do futuro melhor


Hoje estou de volta a este Blog para retomar de fato o espaço virtual, mas onde pretendo tratar de coisas muito reais, verdadeiras. Voltar hoje não é um mera casualidade. Há oito anos nascia o Guilherme, lá pelas 15:45h, e em sua homenagem estou de fato começando a usar este Blog. E a homenagem que faço ao Guilherme é na verdade publicando este desenho que ele fez há mais de dois anos. Creio que ele nem se apercebe do significado de seu desenho para a luta dos povos, em
especial os da América do Sul.

Na verdade meu menino pôs no papel a integração que ocorre nos tempos atuais nesta parte do mundo e que tem sido um exemplo a ser seguido por outros povos. Aqui as forças democráticas e progressistas conquistam, por meio de eleições, avanços significativos através das vitórias de Lula, no Brasil; Hugo Chavez, na Venezuela; Evo Morales, na Bolívia, Rafael Correa, no Equador; Nestor e agora Cristina Kirchner, na Argentina e mesmo Michelle Bachelet, no Chile. Mais recentemente a vitória de Fernando Lugo, no Paraguai, aumenta ainda mais a fé de que a América do Sul se desfaz de seu período de ditaduras, nos anos 70 e 80, e de governos neoliberais, nos anos 90 e início deste século. Ainda resta a Colômbia e, de certo modo, o Peru, onde ainda persistem forças conservadoras, mais atrasadas. A presença de Álvaro Uribe na Colômbia é na verdade uma ameaça permanente à paz e por esta razão é preciso que se busque um entendimento entre os segmentos mais avançados daquele país, desde as FARC até segmentos liberais, para assegurar uma vitória progressista.

Tenho esperança de avanços ainda maiores nesta parte do mundo, o que vai fazer com que os povos conquistem novas vitórias mundo afora. Não me falta a convicção de que o menino que desenhou essas bandeiras unidas ainda vai viver, e espero ainda compartilhar um pouco com ele, dias muito melhores no Brasil e no mundo.

Também em homenagem ao Guilherme quero deixar aqui um depoimento de pai e de alguém que busca respeitar cada vez mais as opiniões e idéias dos outros. Há muitos que se esforçam para que seus filhos sigam seus passos na mesma pisada. Penso diferente, quero que meu Guilherme seja esse cara maravilhoso que já é, curioso, instigador, leitor e até teimoso. Ele é também um grande amigo, somos parceiros em muitas coisas e gostamos de brincar sempre um com o outro. Quero preservar esta relação por toda a vida, afinal ele é meu filho, mas é também um cidadão do mundo, que devo respeitar e ser um amigo fiel.

Em relação ao respeito, volto a dizer, quero sempre dialogar com ele sobre as coisas do mundo, as idéias, os acontecimentos, as polêmicas e tudo que acharmos que merece uma conversa. Nunca irei agir como doutrinador, mas como instigador da reflexão. Estimularei, como fazemos a Cláudia(mãe dele) e eu, o conhecimento, a leitura, o acesso às manifestações artísticas, à cultura, à informação e o que mais for necessário. Tudo num esforço para que ele mesmo construa suas opiniões, idéias e o seu caminho.