domingo, 20 de fevereiro de 2011

prosa de comunicação

gente muita se juntou pra prosear com o amorim e o miro
sou da parte norte desse chão libertário, conterrâneo de domingos e deolindo. lá no norte a prova da luz curvada se fez verdade, como dizia alberto, o einsten.
sou do estado redentor, terra de chico da matilde, o dragão famoso, que fechou os portos pra escravidão.
sou daqui do ceará, onde bárbara fez morada e revolução, criou seus filhos valentes e virou verso de canção.
sou desse lugar que recebe bem os amigos, faz das novas velhas amizades e acolhe a prosa boa.
minha terra amanheceu faceira, fez festa e loas pro amorim, na sua noite de conversa, afiada como aço de peixeira, firme como um laço de vaqueiro, segura como vela de jangada.
também feliz ficou com a visita do altamiro, bom de papo, bom de peleja, também não rejeita água que não se gargareja.
a noite foi de animação, mas tá claro pro mundo inteiro, que sem luta não se faz democracia na comunicação.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mandela, além das palavras

Mandela (o mais alto), ao lado de outros jovens revolucionários africanos
Continuo minha conversa quase diária, na hora de dormir, com Nelson Mandela através do seu último livro, Conversas que tive comigo, onde são transcritos trechos de suas cartas, entrevistas e documento. Hoje transcrevo o trecho de uma carta dele para sua então esposa, Winnie, do dia 20.06.70, que serve muito pra uma moçadinha que se acha muito danada, gosta de falar bonito, mas na hora do pega pra capar derrapa na inconsequência, não vai além do discurso.

"Há um estágio da vida de todo reformador social em que ele troveja nas tribunas, primeiramente para se aliviar dos fragmentos de informação indigesta acumulada em sua cabeça; é mais uma tentativa de impressionar as multidões do que iniciar uma esposição calma e simples de princípios e ideias cuja verdade universal se evidenciou por meio da experiência pessoal e do estudo mais aprofundado. A esse respeito não sou exceção e tenho sido vítima da fraqueza da minha geração, não uma, mas cem vezes. Preciso ser franco e lhe dizer que, quando volto a ler alguns do meus primeiros escritos e discursos, fico abismado com o pedantismo, a artificialidade e a falta de originalidade. A ânsia de impressionar e fazer alarde é evidente". 

Mandela, mais uma vez, mostra sua extrema simplicidade e modéstia ao reconhecer suas limitações, quando lhe faltava maior preparo para dirigir a luta do seu povo. Suas lições neste texto valem para os mais jovens, os iniciantes, mas também pra muitos que se satisfazem com o que já sabem, se acham suficiemente capazes de dar conta de tudo. Da minha parte, prefiro aprender diariamente, inclusive com os mais jovens e inexperientes. 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Estados Unidos são péssimos vizinhos

No clássico "Veias abertas da América Latina", Eduardo Galeano intitulou o capítulo sobre o México da seguinte forma: "Pobre México, tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos". Ali sabe-se muito bem como a pátria der Zapata, Pancho Villa, Frida Kahlo e outros bravos foi surrupiada pelos gringos que levaram as riquezas mexicanas e ainda engoliram parte do território vizinho.

Em seu artigo publicado na revista Carta Capital, Delfim Netto a certa altura relata uma conversa dele com o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos no Ronald Reagan. Na maior cara de pau o gringo fala que o Brasil só não perdeu a Amazônia porque não é vizinho dos Estados Unidos.

Leia o trecho do artigo e me diga se isso num vale como alerta pra certos ambientalistas que tratam a natureza como um santuário intocável e com isso acabam se aliando, junto com umas ONGs picaretas, a serviço dos interesses de grandes grupos econômicos interessados nas riquezas nacionais, aos Estados Unidos e aos tais grupos multinacionais.

No início dos anos 80, auge da crise produzida pela explosão dos preços do petróleo, num jantar em Washington com o então secretário do Tesouro John Connally, ouvi um desses comentários despretensiosos. Lembrei-me do episódio durante a recente discussão das leis de imigração do estado do Arizona, que pretendem restringir o ingresso de estrangeiros e estão causando enorme desconforto aos antigos imigrantes. Connally era o governador do Texas que recepcionava o presidente Kennedy em Dallas e foi atingido no ombro e na perna por uma das balas assassinas, a qual ainda lhe causava desconforto ao caminhar.

A conversa no jantar (e não podia mesmo ser outra) era sobre o velho vício texano. Ele falou do petróleo de Angola e demonstrou curiosidade sobre as pesquisas da Petrobras no litoral norte angolano, se não me engano em Cabinda. Apesar das tensões ocasionadas pelas duras discussões sobre os problemas do endividamento brasileiro para garantir as importações do produto, tínhamos construído um relacionamento bastante civilizado e quase sempre cordial.

Num dado instante, Connally  quis saber das prospecções na Amazônia e, como quem tivesse alguma carta na manga, comentou descontraidamente: “Vocês sabem por que continuam donos da Amazônia?” E ele mesmo, rindo, respondeu: “Seus vizinhos são menos competentes: se vocês fossem vizinhos do Arizona, a Amazônia teria outros donos…”

Lembro-me que devolvi, na hora, com outro non sense: “Pode ser, mas vocês já não fazem John Waynes como antigamente…”

Se quiser ler todo o artigo, clique aqui

A meia verdade da Globo

Caracteres multiplicam por mil o valor desviado pelos vereadores
Estreito é uma cidade maranhense onde moram umas 35 mil pessoas, situada na parte menos larga do Rio Tocantins, fronteiriça dos dois estados e que hoje foi notícia nacional porque seus vereadores teriam feito umas traquinagens com dinheiro público, apropriando-se indevidamente duns 198 mil reais. Esse montante eu fiquei sabendo no Jornal das 10, da Globonews, como informou a reporter da TV Mirante, que pertence ao Sarney, politicamente criticado pela TV dos Marinho, mas sócio da família nos negócios de comunicação. Mas no mesmo jornal a imagem simplesmente multiplicou por mil e transformou 198 milhões a soma sumida. Isso equivale a 8 vezes as receitas da cidadezinha maranhense, mas a Globo num tá nem aí pra verdade.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pessoa e Van Gogh

Girassóis, de Vincent Van Gogh
    O meu olhar é nítido como um girassol. 
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda, 
    E de vez em quando olhando para trás... 
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
    E eu sei dar por isso muito bem...
    (Fernando Pessoa, como Alberto Caeiro, em O Guardador de Rebanhos)

Ginástica Rítmica: atletas brasileiras, talento cearense

Meninas da periferia botam os pés no clube da elite fortalezense
O Náutico Atlético Cearense é um desses clubes sociais em que uma parcela pequena da população das cidades frequenta para encontrar amigos, praticar esportes, fazer uma refeição eventual, ir a festas e outros deleites. Dos muitos que existem, ou existiram em Fortaleza, o Náutico é um os poucos que mantêm uma certa atividade, mas teve que se reciclar um pouco, abrir mais suas portas para um público mais amplo. Era um lugar da chamada "classe média alta", que passou a receber gente "mais de baixo", até por uma questão de sobrevivência.

Mas eu não sabia que o clube abrigava um projeto tão legal como o Mão Amiga, que forma e treina garotas na ginástica ritmica, um esporte que eu nem sabia direito que havia praticantes no Ceará. Pois a professora Ester Vieira, que já foi treinadora da Seleção Brasileira Infantil, se estabeleceu por aqui e se dedica a aprimorar o talento magnífico de garotas como a Vanessa Tavares e a Tárcila Barboza, que eu vi se apresentarem junto com outras integrantes do grupo que treina no Náutico durante uma espécie de ensaio.

Fiquei encantado com a apresentação e com a dedicação das meninas. Conversei com Tárcila e Vanessa, que devem ter entre 10  e 12 nos. As duas moram em bairros populares de Fortaleza, mas no final de semana se mudam pra casa da professora para se dedicarem mais à ginástica. Ambas já receberam propostas de bons salários para treinarem em clubes do sul do país, mas preferiram ficar aqui e fortalecerem o esporte no Ceará, além de curtirem um pouco mais o chamego de suas famílias.

A partir do Ceará, Vanessa e Tárcila, juntos com outras amigas, fozeram bonito no XVI Torneio Nacional de Ginástica Rítmica em Brasília, garantiram vaga no campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica de 2011 e passaram a compor o seleto grupo de apenas com doze meninas que compõem o time das melhores atletas da ginástica rítmica do Brasil.

Não contive minha emoção ao ver e conversar com essas lindas e talentosas pirralhinhas, que ficaram inquetas, espichando as pernas e braços alongados, abrindo aquele sorrizão, quando pedi pra fotografá-las. Veja você mesmo a Vanessa e a Tárcila, nossas campeãs que vão brilhar nas Olímpíadas de 2016, ou quem sabe já em 2012.
Vanessa e Tárcila, talento alongado

Não há limites pra essas meninas

A doçura de Tárcila

O arrojo de Vanessa

Seu Silva, um sósia do Mubarak

Seu Silva é um garçon muito do simpático, que não deixa você passar sede nem por um segundo e, de vez em quando, caminha no ritmo da música que rola nos salões do Náutico Atlético Cearense, tradicional clube social de Fortaleza. Conheci o distinto ontem na feijoada de aniversário da amiga jornalista Marina Valente, mas ao vê-lo podia jurar que Hosni Mubarak tinha se refugiado por aqui e já tinha até arrumado um emprego de pra sustentar Dona Suzanne e os filhos do casal, Alaa e Gamal. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Egito, vitória com a mão do povo

Ao contrário de muitos que se iludiram com a possibilidade de renúncia tranquila do ditador Hosni Mubarak, mantido no poder até hoje graças ao apoio dos Estados Unidos e à simpatia de Israel, o povo egípcio não arrdou o pé da Praça Tahir enquanto os presidente e o vice não pegaram o beco. Agora é festa, mas também é hora de ficar ligado pra garantir que a vitória tenha consequências cada vez mais positivas ao povo da beira do Nilo e que inspire outros povos árabes na luta contra os governos fantoches dos Estados Unidos na região.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Passeio instrumental

O Manassés é um desses músicos que falam literalmente por seu instrumento. Seu talento é sem limites, sua música sem fronteiras. Neste vídeo o músico cearense de Maranguape toca ao lado de Cainã Cavalcante, um menino que conheci miúdo, ao lado do seu pai Ronaldo, um amigo de velhos tempos. Curta o "Passeio de Ônibus" e saiba do talento que essa terra aqui é capaz de gerar.

Imposto Sexual

Os defensores do chamado "estado mínimo" gostam sempre de reclamar que o Brasil tem uma carga tributária muito elevada, chegam a dizer até que o brasileiro é o cidadão que mais paga imposto nesse pedaço do universo. Tá certo que por aqui não se paga pouco imposto, ainda mais que o retorno é bem aquém do esperado e mais ainda do necessário. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) a carga tributária do Brasil equivale a 34% do PIB nacional, percentual que já foi 25%, em 1998,  33%, em 1999, 37%, em 2000. Veja que a subida aconteceu justamente quando a tucanagem mandava por essas bandas.

Agora imposto alto mesmo que tem é Luxemburgo que saltoude 35,5% em 2008 para 37,5% em 2009, Suíça de 29,1% para 30,3%  e Eslovênia de 37,2% para 37,9%. Nos Estados Unidos a carga pode chegar a 40% para o setor industrial e nos países europeus a coisa também não fica por menos. Não é à toa que os milionários daquelas bandas adoram paraísos fiscais pra enterrar suas valiosas botijas.

Na Holanda, onde a carga tributária é em torno de 39% do PIB, o governo busca novas formas de arrecação e o que não falta é criatividade e uma boa dose de ousadia. Veja essa informação que arrecadei na coluna da jornalista diplomada, roqueira e apreciadora da filosofia e do futebol, Ana Cristina Cavalcante, no portal InvestNE e me diga se não há formas muito originais de aumentar a receita pública.

Garotas do Red Light  virarão contribuintes na Holanda
"Acontece na Holanda, o país da Laranja Mecânica e das exóticas vitrines de moças do Red Light District (o Distrito da Luz Vermelha).  O fisco holandês vai cobrar imposto de quem vive de vender seu corpo. Não pense, caro leitor-internauta, que é uma medida de cunho moralista. Não é. Trata-se de apetite da receita holandesa mesmo. Olhem só: será cobrada alíquota de 19% em cada relação sexual. “Começamos nos bordéis, agora vamos às vitrines”, disse  Janeke Verhegen, porta-voz do Serviço Fiscal do país. Os holandeses precisam conter o déficit nas contas públicas. Com este pretexto, o governo passou a cobrar impostos das casas de prostituição. Agora vai taxar as prostitutas que se exibem nas vitrines de Amsterdã. As meninas, claro, estão protestando. Acham que o imposto é pesado demais. Mas os números são bom argumento para o fisco: o setor movimenta cerca de 660 milhões de euros por ano, na Holanda".