terça-feira, 29 de março de 2011

Valeu, Zé!

"Não tenho medo da morte,
 tenho medo da desonra"

O POVO tá certo sobre reforma política

Eu não sei se todos os jornalistas, colunistas, editores e até os donos do O POVO lêem os editoriais do jornal, mas eu leio boa parte deles e acho que esse pessoal citado também deveria fazê-lo. Pelo menos pra sintonizar um pouco as opiniões. Eu leio, mas nem sempre concordo, mas em relação ao de hoje, eu não só concordo como resolvi postá-lo todinho aqui pra ajudar a construir no debate sobre a reforma política. Sei que tem todo tipo de interesse sobre o tema, mas se falam tanto que os partidos no Brasil são frágeis, fisiológicos e sem ideologia, que tal tomar medidas que mudem de fato esse perfil? Pois o editorial do O POVO de hoje dá uma boa dica de como fazê-lo.

Reforma política: dinheiro público e lista fechada

A reforma do sistema político brasileiro está embolada no meio do campo. Cada Casa do Congresso (Senado e Câmara dos Deputados) articula sua própria proposta sem consultar a outra. O que prevalece é a busca de garantir os instrumentos favoráveis a cada uma das instâncias parlamentares.

A extinção do inciso XV do Art. 49, CF, pondo fim à exclusividade do Congresso Nacional na convocação de plebiscitos e referendos (como foi abordado em editorial anterior) seria o ideal para que esse assunto pudesse ser resolvido pelo próprio povo. Enquanto não se dá esse passo, o jeito é lutar para conquistar o que for possível.

Um dos pontos da reforma é o financiamento público das campanhas eleitorais, através de um fundo específico de recursos a ser distribuído aos partidos, segundo critérios a definir. Será a maneira de reduzir, ao máximo, a interferência do poder econômico privado nas eleições, que tem sido o maior fator de corrupção do processo eleitoral.

Argumentar que o contribuinte seria contrário ao emprego desses recursos, preferindo vê-los aplicados na melhoria dos serviços públicos, denota uma falta de percepção de que é mais factível obter essa melhoria quando se impede ao máximo que interesses privados se imiscuam na esfera pública, indiretamente, através do financiamento dos dirigentes políticos, pois estes ficam devedores das fontes privadas do financiamento.

Outro fator fundamental é o fortalecimento dos partidos políticos para que se tornem expressão das aspirações reais dos vários segmentos da sociedade, concretizadas em programas e doutrinas. A eliminação do voto no candidato individual é fundamental para isso. O mandato do representante pertence em última instância ao eleitor, mas se expressa através do coletivo do partido. É este que detém a legitimidade para representar, perante o poder, os que se agregam em torno do seu ideário.
Assim, o voto em lista fechada é a melhor forma para traduzir o projeto que se quer para a sociedade. Ao mesmo tempo, viabiliza a governabilidade, pois as negociações se darão em torno dos partidos e suas propostas, e não mais em torno de individualidades. Essa modificação, é claro, deve vir acompanhada de mecanismos partidários democráticos de escolha dos componentes da lista. 

Os "benfeitores" do povo líbio

Outro dia um grande amigo me contestou por criticar a invasão da Líbia dizendo que o Obama, Sarkozy, Berlusconi e Cia agiam em defesa da população que estava sendo massacrada por Kadafi. Argumentei que não era bem assim, que ali há interesses econômicos que falam mais alto que o "bom mocismo" dos chamados "aliados", que o interesse de verdade é no petróleo e que de quebra a indústria bélica ainda fatura um pouco mais. Não o convenci e ao final ele disse que não vê outra solução a não a retirada de Kadafi e que, se fosse ele, faria o mesmo que o Obama. Ontem li a coluna do ex-juiz Wálter Maierovitch na revista Carta Capital e achei que deveria fazer mais uma tentativa de levar meu amigo, um leitor deste blog, à reflexão. Aproveite você também, leia e refleita sobre o humanismo dos bombardeios cirúrgicos.


Entre tapas e beijos

A propósito, a pena de morte está prevista na legislação da Líbia desde 1969, quando o então capitão Kaddafi promoveu o golpe que derrubou o soberano Idris, responsável pela proclamação da independência em 1951.
O premier britânico, David Cameron, pensa diferente dos rebeldes e deu canhestra interpretação à Resolução 1.973 das Nações Unidas, aquela que autorizou a intervenção humanitária e que contou, no início, com o aval da Liga Árabe, com exceção de dois Estados dela membros, Argélia e Síria. Assim, um ataque britânico destruiu, em Trípoli, toda parte residencial do complexo de Bab el-Aziziya. A meta era, efetivamente, matar Kaddafi. Nos primeiros três dias de intervenção, atuaram três comandos (EUA, França e Reino Unido), cada um a agir por si e a livremente interpretar a resolução das Nações Unidas.
Como sabem todos os grãos de areia do deserto líbio, o conflito a produzir um mar de sangue estava localizado na antiga região da Cirenaica, onde fica Bengazi, o berço da revolta e das reservas de petróleo e gás. Na velha região da Tripolitânia, sob domínio de Kaddafi, não existe conflito. Portanto, o ataque britânico a Bab el-Aziziya nada teve de humanitário. Só que Kaddafi, escaldado, lá não estava.
Em 5 de abril de 1986, um ataque terrorista financiado e ordenado por Kaddafi matou 229 frequentadores da discoteca La Belle, em Berlim Ocidental. Dentre os mortos estavam 50 militares norte-americanos que lá se divertiam. Como represália, o presidente norte-americano Ronald Reagan determinou o bombardeamento da residência de Bab-elAziziya. Avisado pelo ex-premier italiano Bettino Craxi, Kaddafi conseguiu deixar a residência, mas sem tempo de tirar sua filha adotiva de 16 anos. Sem Kaddafi, não haveria garantia de abastecimento de gás e petróleo para a Itália.
A Resolução 1.973 foi concebida num momento em que havia uma guerra civil e as forças militares de Kaddafi, próximas a Bengazi, tinham matado mais de 180 civis num único dia. A resolução “autoriza o emprego de todas as medidas necessárias a proteger as populações civis e as zonas habitadas por civis.”
No campo do direito internacional, pode-se discutir a sua pertinência em face de uma revolta interna, da violação ao princípio do Estado soberano e da autoderminação dos povos. No entanto, o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos permite a intervenção para a defesa da pessoa. Como frisou Massimo D’Alema, ex-premier e ex-ministro de Relações Exteriores da Itália, “a intervenção era justa. Vidas humanas foram poupadas e a ofensiva de Kaddafi levaria a um massacre de civis inocentes”. O problema, ressalta D’Alema, está na falta de definição de objetivos e no protagonismo e precipitação de Sarkozy, que se gaba de ter evitado o massacre em Bengazi.
Nesta quadra, convém registrar que França, Itália e Reino Unido sempre tiveram interesse na região. Em 1911, ela foi tomada pelos italianos do Império Otomano por 30 anos. De 1943 a 1951, ficou sob desfrute de um consórcio formado por França e Inglaterra. Por outro lado, impor uma no-fly zone para cumprir a resolução da ONU não implicava partir de pronto para um bombardeamento, voltado à destruição dos meios e das forças militares de Kaddafi. Medidas de persuasão deveriam anteceder os ataques. Mas nem o controle de fronteira com o Chade, onde são arregimentados os mercenários por Kaddafi, foi realizado. E nem se cogitou em abater apenas os caças que decolavam.
Com o fim da Guerra Fria, Kaddafi mudou de lado. Logrou levantar embargos e despejar pelo planeta dinheiro de cinco fundos soberanos da Líbia. Apenas na Europa, o país mandou investir 340 bilhões de dólares e chegou a evitar a falência da Fiat. Hoje, o Reino Unido é o maior dependente financeiro dos fundos líbios.
Uma pequena amostra dos receptores de dinheiro líbio: nos EUA, Xerox, Pfizer, Halliburton, Mobil e Chevron; na França, Electricité de France (EDF) e Alcatel-Lucent; na Alemanha, Siemens; no Reino Unido, Shell-Royal Dutch, Vodafone, Glaxo SmithKline, Person, Standard Chartered e BP; na Itália, ENI (energia), Unicred (segundo maior banco) e Finmeccanica.
De repente, fala-se em derrubar Kaddafi para implantar democracia e permitir liberdades individuais e públicas. Antes, Kad-dafi era incensado e plantava barracas em Paris e Roma. E o amigo dos ditadores, Sarkozy, agora assume o papel de protagonista de uma farsa para encobrir interesses econômicos e eleitorais. No Bahrein, na Jordânia e na Arábia Saudita, os ditadores convêm e o povo não adianta esperar por uma Resolução 1.973. A secretária Clinton queria o diálogo e não a queda de Mubarak.

terça-feira, 22 de março de 2011

Anistia em cena

Carol e Alexandre encenam Filha da Anistia
Eu tinha uns 10 anos quando soube que um sobrinho da Tia Thermutes, irmã da minha mãe, tinha sido preso pelo governo, encapuçado e levado para Recife. Lembro bem que as pessoas falavam de marcas no corpo dele, nos olhos, especialemente. Acho que na época não eu sabia sabia o que era tortura, em que pese já ter levado uma palmadas maternas e paternas por conta de certas traquinagens, mas nada se compara ao que o sobrinho meio parente havia sofrido. Menos de dez anos depois eu entrei no PCdoB e soube que passei a ser camarada daquele personagem da minha memória. Lembro que fiquei até meio ansioso por conhecê-lo e saber mais sobre o que ele vivera. Hoje nossa camaradagem continua firme e ainda compartilhamos uma hora das manhãs de terça feira o seu programa de rádio Espaço Aberto, na Rádio Cidade AM de Fortaleza.

No programa desta terça feira, o Messias Pontes recebeu o elenco (Carol e Alexandre)  e o diretor (João Otávio) da peça Filha da Anistia, que escacaveia a memória em busca do passado, cutuca a ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964, insstiga a juventude de hoje para que ela fique vigilante na defesa da democracia, da liberdade e das ideias. Os envolvidos na peça não se prendem (sem trocadilho, por favor) apenas em revolver o passado, trazer lembranças tristes, mas querem resgatar a história, não toldar a memória dos que não viveram a agonia da noite. Vão aos subterrâneos da liberdade para contar a história, contada através de recortes da vida dos perseguidos da ditadura, mas com o cuidado para não apavorar os que acreditam na luta, que não se dobram diante das injustiças e da tirania, sonham com a vida mais feliz, sempre.

Conversei com a turma da peça. Falei aqui sobre a peça. Mas a peça não verei por conta de uma viagem de trabalho. Se você tá a fim de ver em Fortaleza, vá no Teatro do Dragão do Mar às 17h e às 20h desta quarta feira, e no sábado às 11h e às 20h. Mas não saia depois da peça porque ainda vai ter um papo com uma turma que encarou, e venceu, o dragão da maldade. A peça e a prosa vão ser legais, pode crer.


segunda-feira, 21 de março de 2011

Gilse no Ceará

Conheci a Gilse no comecinho dos anos 80, quando eu ainda nem havia sido recrutado para o PCdoB, mas já conhecia muita gente do partido e por isso, de vez enquanto, encontrava aquela miudinha, sorridente, que falava até pelos cotovelos, com uma convicção impressionante. No dia que entrei no partido, 8 de março de 1982, dei a notícia pra ela na comemoração do Dia Internacional da Mulher e escutei sua fala mineira já misturada com cearês: "Ô baxim, escolheu um dia bom, num foi? Você é bem vindo e muito querido por nós".

Por quase dez anos, aprendi muito com aquela moça de Minas Gerais, sempre disposta a uma conversa mais esclarecedora. Em 1984, pouco antes de encerrar a gestão Viração no DCE/UFC, onde eu era Diretor de Cultura, Gilse me chamou pruma prosa e perguntou o que eu achava de ajudar a criar a União da Juventude Socialista (UJS) no Ceará. Topei na hora e lembro que ela me ajudou a organizar uns roteiros de palestra para jovens. O meu problema era que tava com uma linguagem cheia de chavões do Movimento Estudantil e tinha dificuldades de expor para jovens trabalhadores, inclusive rurais. Mas o sertanejo aqui tratou de relembrar a vida no interior e logo a coisa desenrolou.

No primeiro semestre de 1987, ainda trabalhei com Gilse no escritório de advocacia popular, onde também trabalhava o saudoso Roberto Macambira, antes de receber meu novo desafio: assumir a assessoria do então vereador do Fortaleza, Chico Lopes. Aos vinte e quatro anos, meio assustado, falei pra Gilse que não sabia muito como daria conta da tarefa e ela disse: "Se preocupe não baxim, você vai é aprender muito com o Chico Lopes e o Partido vai tá sempre junto". Dito e feito, mas a tarefa que ia durar só até o fim daquele mandato, em 1988, dura até hoje, depois de bom período com o vereador, depois deputado estadual e depois federal Inácio Arruda, que hoje é senador.

Candidata a deputada federal em 1990, Gilse adotou o slogan "Sem perder a ternura" e ganhou a simpatia e a adesão de muita gente ao longo da campanha que, se não a elegeu, apresentou pra muita gente a bela e destemida história daquela mulher, que também é mãe da Juliana e da Gilda. Pouco tempo depois Gilse assumiu uma tarefa nacional, foi pra São Paulo e depois pra sua Minas Gerais, onde mora até hoje, e por aqui deixou camaradas e amigos que sempre guardam boa lembranças dela.

Gilse chegou à Fortaleza neste domingo e por aqui vai ficar a semana inteira quando o nosso PCdoB comemora 89 anos de história. Ela vai estar em muito eventos de homenagem ao partido, mas também receberá muitas homenagens, ainda por conta do Dia Internacional da Mulher, o "dia bom". Também vai ajudar num trabalho de resgate da memoria do PCdoB no Ceará, que está sendo coordenado pelo Joan Edessom e que eu também faço parte. Vamos relembrar e registrar muitas boas histórias, Gilse terá oportunidade de falar muito, rir de alguns momentos engraçados, como o que ela quebrou o pé dançando frevando comigo, ou de emoções como a festa que fizemos, junto com o povo, no dia da derrota do regime militar no Colégio Eleitoral.

Seja bem vinda, camarada Gilse!

Auto retrato


SELF PORTBAIT from singsfish on Vimeo.

Fonte: Coisas de Ada

sábado, 19 de março de 2011

Hoje é dia de luar


Pra Fernanda, com quem ainda quero ver o luar muitas vezes

O luar
Do luar não há mais nada a dizer
A não ser
Que a gente precisa ver o luar
Que a gente precisa ver para crer
Diz o dito popular
Uma vez que existe só para ser visto
Se a gente não vê, não há
Se a noite inventa a escuridão
A luz inventa o luar
O olho da vida inventa a visão
Doce clarão sobre o mar
Já que existe lua
Vai-se para rua ver
Crer e testemunhar
O luar
Do luar só interessa saber
Onde está
Que a gente precisa ver o luar
Luar, de Gilberto Gil
Essa aí foi a lua que, junto com a Sonynha, quase peguei com a mão no comecinho da noite, da janela do meu apartamento em Fortaleza. Esperei por ela, assim como o céu de Fortaleza, que não deixou uma só nuvem atrapalhar a beleza do luar.
Meio dia em Fortaleza


Finalzinho da tarde em Fortaleza



Essa beleza toda do dia de luar, ficou meio triste por conta dos bombardeios que o Estados Unidos, a França e outros, que se acham "donos do mundo", estão fazendo contra a Líbia. E lembrar que o quarto-crescente é o símbolo dos muçulmanos, religião predominante entre o povo que é bombardeado hoje. Antes que alguém venha com papo de que "alguém deveria intervir para conter o Kadafi", eu digo logo que cada povo deve resolver seus problemas entre si. No passado o atual Presidente da Líbia foi o fator de unidade das diversas tribos do seus país, se houve entendimento antes, por que não agora? Já respondo dizendo que agora tem, gente a fim de vender armas e botar a mão na riqueza petrolífera líbia. Tenho dito! 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu também assino a carta pro Obama

A paparicação de certos setores, principalmente da chamada grande mídia, ao Obama tá uma coisa nojenta mesmo. Agora, se tem uma coisa positiva nessa vinda do gringo aqui ao Brasil é exatamente o fato dele vir antes da Dilma ir por lá, como acontecia até pouco tempo, inclusive com o Lula. Todo presidente que assumia ia se largava pra lá pra se abençoar com o plantonista da Casa Branca. Acho que teve gente que não chegou nem a tomar posse e já ia logo saber como deveria se comportar, como se fosse uma espécie de síndico do Condomínio Brasil, onde quem mandava de fato era o Tio Sam e seus sobrinhos servis daqui. Agora a coisa se inverteu e isso é um bom sinal.

Seu Barak (lembrei agora Borat lá do filme) vem por aí querendo agradar o Brasil, limpar um pouco a barra dele por conta da fiasco que vai tomando conta de seu governo, que agora demonstrou que não pode nada contra as grandes corporações, especialmente as empresas petrolíferas e a indústria bélica, que dão as cartas por lá. Prometeu mudança, mas o mudou foi só a aparência, mas o jeitão imperialista, belicoso, é o mesmo. Mudança a gente vê é fora dos Estados Unidos, onde os povos vão tentando tomar conta do seu próprio destino. Aqui na América do Sul a orquestra já não toca lá muito afinada com o hino da bandeira listrada com estrelas. Por aqui o som é outro e quem dá o tom é o desejo de mudança do povo e daqueles que governam olhando pra cá e não pra lá.
Seu Barak queria fazer cena lá no Rio de Janeiro, no meio duma praça do povo, mais usada pra reclamar do que pra paparicar. Com medo duma vaia grande, ou até mesmo duma criminosa bolinha de papel, que carioca num rejeita uma gaiatice boa, o homem mudou de planos e foi se enfurnar no palco do Teatro Municipal, lugar muito distinto e bonito, mas também menos arriscado pro sujeito lá. De tudo que é segmento apareceu manifesto contra o gringo. As centrais sindicais fizeram uma carta pro Obama, a Coordenação dos Movimentos Sociais convocou uma manifestação contra a política belicista dos Estados Unidos, o PCdoB divulgou uma nota dizendo que Obama representa o velho estilo americano, inimigo dos povos e muitas outras iniciativas marcam a passagem do Obama por aqui. Uma delas é um abaixo assinado, encabeçado pelo Oscar Niemeyer passando um recado e fazendo uma cobranças ao incômodo viajante. Reproduzo abaixo o texto e lhe convido a assiná-lo, talqualmente eu fiz.


Abaixo-assinado do povo brasileiro à Barak Obama

Para: Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama


O presidente Lula foi definitivo: quando nos dirigimos a V. Exa. não parece que falamos com o representante de um poder imperial e sim com um brasileiro como qualquer um de nós. Sua eleição trouxe muita admiração e muita esperança para o povo brasileiro e para toda a América Latina. Contudo, devemos confessar-lhe que nos encontramos profundamente decepcionados.


Acreditamos nas promessas de campanha. Entre elas esperávamos que seu governo trouxesse a paz e a justiça para nossa querida Ilha Cubana, que, como é sabido, apesar do embargo de mais de 50 anos, conseguiu ocupar um lugar de destaque no mundo com avanços significativos na área da biotecnológica, educacional e na área de saúde pública. Apesar da campanha difamatória e da propaganda violenta, Cuba resiste a todas as agressões e intempéries com dignidade. Desnecessário citar a V. Exa. todos os desmandos contra Cuba, sob as mais mentirosas alegações. Assim foi a Baia de Porcos; assim foi a promessa de desativar Guantánamo; assim é a prisão dos Cinco Cubanos em prisões estadunidenses, com julgamentos sem nenhum critério ético e justiça; assim foi assinado, há mais de 50 anos, um embargo econômico, cruel e desumano.


Assim tem sido contra Honduras, Venezuela, Bolívia, África, sem citar o apoio e o trabalho das agências de inteligência contra os países sul-americanos nas décadas de 60 e 70 do século passado.


São incontáveis essas agressões. O senhor chegou como esperança de crescimento do homem em todas as esferas. Veio de uma classe média diferenciada; traz nas veias a herança de seus antepassados, os mesmos que construíram a economia de seu País.


Sabemos de seus interesses na grandiosidade do Brasil, que transcende o imaginável: Pré-sal, riquezas inesgotáveis de energia, biodiversidade, mão de obra barata, são apenas alguns exemplos.


Senhor Presidente Barack Obama, nosso contencioso é grande; mas, nosso carinho pelo povo norte-americano transcende as desavenças.


Queremos aproveitar esta ocasião para uma reflexão necessária: a generosidade, a solidariedade, o respeito à soberania de cada país e, principalmente, centrar nossas potencialidades para transformar o caos em que vivemos num mundo melhor.


Acabe com o embargo a Cuba e liberte os Cinco Herois Cubanos, em nome da real integração entre os povos.


Rede das Redes em Defesa da Humanidade – Capítulo Brasileiro
Oscar Niemeyer – Presidente de Honra
Marília Guimarães – Presidente do Capitulo Brasil


Pra assinar, dê um clique bem aqui

segunda-feira, 14 de março de 2011

Poema sobre uma tragédia

Há mais de 200 anos Lisboa, assim como o Nordeste do Japão, foi atingida por um terremoto, seguido dum tsunami, provocando a morte de quase 10% dos lisboetas. O acontecimento rendeu um bela polêmica filosófica entre vários pensadores. Voltaire entrou na prosa em forma de versos e fez o seu Poema sobre o Desastre em Lisboa, que reproduzo um trecho:

(...)Ó infelizes mortais! Ó deplorável terra!
Ó agregado horrendo que a todos os mortais encerra!
Exercício eterno que inúteis dores mantém!
Filósofos iludos que bradais «Tudo está bem»;
Acorrei, contemplai estas ruínas malfadas,
Estes escombros, estes despojos, estas cinzas desgraçadas,
Estas mulheres, estes infantes uns nos outros amontoados
Estes membros dispersos sob estes mármores quebrados
Cem mil desafortunados que a terra devora,
Os quais, sangrando, despedaçados, e palpitantes embora,
Enterrados com seus tectos terminam sem assistência
No horror dos tormentos sua lamentosa existência!
Aos gritos balbuciados por suas vozes expirantes,
Ao espectáculo medonhos de suas cinzasfumegantes,
Direis vós: «Eis das eternas leis o cumprimento,
Que de um Deus livre e bom requer o discernimento?»
Direis vós, perante tal amontoado de vítimas:
«Deus vingou-se, a morte deles é o preço de seus crimes?»
Que crime, que falta cometeram estes infantes
Sobre o seio materno esmagados e sangrantes?
Lisboa, que não é mais, teve ela mais vícios
Que Londres, que Paris, mergulhadas nas delícias?
Lisboa está arruinada, e dança-se em Paris.(...)

Os japoneses já viram algo muito parecido

Hiroshima não esquece o que aconteceu em 1945

Ao falar sobre as graves consequências do terremoto, seguido de tsunami, que se abateram sobre seus país,  o primeiro ministro japonês Naoto Kan disse que o Japão vive a sua pior crise desde a 2ª Guerra Mundial e arrematou: "Não será fácil, mas superaremos esta crise, como fizemos no passado". O chefe do governo sabe muito bem o que disse e, mesmo diante de uma enorme tragédia, que choca a todos que vêm as fotos e as imagens, não ousa desafiar a verdade histórica de que os japoneses já viram algo muito parecido e até mais grave do que vivem atualmente.


Em maio de 1945 os aliados, sem muita ajuda dos Estados Unidos, que só chegaram à Europa no dia 06.06.1945,  já haviam derrotado as tropas nazistas de Hitler, a maior máquina bélica montada até então. Mais pro oriente os combatentes do Imperador Hiroito, ainda ofereciam alguma resistência, mas nada que pudesse mudar o rumo das coisas. Os Estados Unidos, porém, ainda estavam a fim de um espólio mais expressivo, já que na Europa atuaram como coadjuvantes do Exército Vermelho Soviético e das resistências nacionais que atuaram em vários países. A 2ª Guerra era também uma oportunidade para que os "Isteites", que não sofreram nenhum dano material em seu território, já que lá não houve combate, se firmassem como grande potência econômica, política e militar. Mas ainda era preciso um fato que permitisse exibir o poder e a arrogância dos gringos. 
Imagem da destruição de 1945 é parecida com a de hoje
O local escolhido foi o Japão, onde as tropas americanas perderam mais ou menos metade dos soldados que morreram em toda a guerra. Mas além das razões militares, o que determinou mesmo foi o interesse político-econômico dos Estados Unidos, já que o Japão era a única potência que ameaça o fluxo de mercadorias e capitais. Hiroshima e Nagasaki foram as cidades escolhidas como alvo das primeiras bombas atômicas usadas numa guerra justamente por serem duas das mais desenvolvidas cidades japoneses. O resultado foi a morte imediata de mais de 200 mil pessoas, quase todas civis, e danos físicos e psicológicos em milhares de outras pessoas, até hoje. Por uma certa ironia, a maior ameaça contra os japoneses hoje é justamente um acidente nuclear, mas nem de longe o número de vítimas se compara ao que foi provocado pelas bombas "Little Boy", contra Hiroshima, e "Fat Man", contra Nagasaki, o que deve provocar mesmo muito mais temor na população nipônica de cuja memória não sai o massacre nuclear praticado pelos Estados Unidos contra ela. 


Imagem da destruição de hoje é parecida com a de 1945
Os cientistas ainda discutem as causas, ao que parece inevitáveis, do terremoto e do tsunami acontecidos na semana passada, mas também se discute se a consequências humanas, bem menores que as do tsunami de 2004, não poderiam ser amenizadas. Nesse sentido vale o que diz Marco Aurélio Weissheimer, em seu artigo Tragédias naturais como do Japão expõem perda da noção de limite, onde diz a certa altura: Não podemos, mas ocupamos, de maneira cada vez mais destemida. O que está acontecendo agora com as usinas nucleares japonesas atingidas pelo grande terremoto do dia 11 de março é mais um alarmante indicativo do tipo de tragédia que pode atingir o mundo globalmente. O que esses eventos nos mostram, enfatiza (Rualdo ) Menegat (professor da UFRGS), é a progressiva cegueira da civilização humana contemporânea em relação à natureza. A humanidade está bordejando todos os limites perigosos do planeta Terra e se aproxima cada vez mais de áreas de risco, como bordas de vulcões e regiões altamente sísmicas. “Estamos ocupando locais que, há 50 anos, não ocupávamos. Como as nossas cidades estão ficando gigantes e cegas, elas não enxergam o tamanho do precipício, a proporção do perigo desses locais que elas ocupam”, diz ainda o geólogo, que resume assim a natureza do problema:


"Estamos falando de 6 bilhões e 700 milhões de habitantes, dos quais mais da metade, cerca de 3,7 bilhões, vive em cidades. Isso aumenta a percepção da tragédia como algo assustador. Como as nossas cidades estão ficando muito gigantes e as pessoas estão cegas, elas não se dão conta do tamanho do precipício e do tamanho do perigo desses locais onde estão instaladas. Isso faz também com que tenhamos uma visão dessas catástrofes como algo surpreendente". 


Como se pode ver, tanto a tragédia atual, como a de 1945, têm a mão humana pelo meio, e mais do que isso, têm o desatino capitalista, o desejo de explorar desordenadamente os recursos naturais, sem considerar as consequências disto. Em 1945 havia o desejo imperial dos Estados Unidos de se afirmar como "novos donos do mundo", ainda mais diante da ameaça vermelha que se espraiava pela Europa, agora a ocupação desordenada de um país com escassos recursos naturais. O mais aterrador é imaginar que tragédias como a japonesa, cujos prejuízos são avaliados em mais de 50 bilhões de dólares, fazem brilhar os olhos daqueles que atuam na chamada "indústria da reconstrução", que faturou bilhões no tsunami de 2004, fatura até hoje na invasão americana ao Iraque e já deve estar esfregando as mãos pensando na grana que vai ganhar com o "novo empreendimento".


Clique aqui para ver como eram e como ficaram áreas atingidas do Japão. 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mandela e Amazonas: a certeza na frente

O jovem "Paulo" ao lado do camarada João
No dia 8 de março de 1982 participei de minha primeira reunião do PCdoB, ainda meio clandestina, onde eu e mais três pessoas, inclusive uma nova companheira que também ingressava no partido naquele dia, nos tratávamos por "nomes frios". Eu me chamava Paulo, numa homenagem à Pavel, filho da personagem de "A Mãe", de Máximo Gorki. Pouco meses depois conheci pessoalmente João Amazonas, ideólogo e principal dirigente da história do PCdoB que, depois de uma palestra na Faculdade de Direito, foi à uma comemoração conjunta do aniversário de vários militantes, inclusive eu. A certa altura um grupo de jovens comunistas sentou-se junto ao Camarada João, que saudou a garotada desejando-lhes muito sucesso na luta. João, então com 70 anos, disse também que talvez não presenciasse a construção do socialismo no Brasil, mas estava seguro de que cumpria bem o seu papel e  apostava muito na juventude.

Noite passada madruguei lendo o livro "Conversas que tive comigo", de Nelson Mandela e, à certa altura, li um trecho que me recordou aquela conversa de quase trinta anos atrás. Trata-se de uma pasagem da carta que Mandela escreveu a uma amiga, em 1º de abril de 1985. Veja que maravilha:

"Os ideiais que cultivamos, nossos maiores sonhos e esperanças mais ardentes podem não se realizar durante a nossa vida. Mas isto não é o principal. Saber que em seu tempo você cumpriu o seu dever e viveu de acordo com as expectativas de seus companheiros é em si uma experiência compensadora e uma realização magnífica".

Maria Bonita, 100 anos

O Dia Internacional da Mulher é também o dia do nascimento de Maria Gomes de Oliveira, a "Maria Bonita" querida do Capitão Virgulino Ferreira "Lampião", que pra ela fez uns versos e eu os deixo aqui em homenagem a essa mulher de valor, que uniu flor e espinho num só ser.

"Cabrocha pra sê bunita.
Bunita como os amô.
Basta um vistido de chita
si chamá Maria Bonita.
E na cabeça uma frô".

terça-feira, 8 de março de 2011

Ser mulher

"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores".
Cora Coralina
Mulher e criança, de Portinari


"O  protagonismo das mulheres contribuirá para o avanço das reformas democráticas, tão necessárias para impulsionar o projeto nacional de desenvolvimento que o país almeja".
Trecho da nota do PCdoB sobre o Dia Internacional da Mulher.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Pra sambar do lado certo

Science sabia sambar
Dorival Caymi cantou que não regula muito bem, é doente do pé ou até bom sujeito não é aquele que do samba não gosta. Acho que desde então quase todo mundo deu um jeito de aprender a sacudir o esqueleto pra fugir da maldição do baiano bom. O problema é que não basta mais saber sambar, é precisar sambar direito, com o pé bem ajustado e a cabeça bem ajuizada. A vida nos cobra mais afinação com as coisas que acontecem por perto, capacidade de dar um "trato de responsa" aos desafios, que sempre são muitos e muitas vezes bem complicados. Às vezes o cabra até  pensa que samba e é até um "pé de valsa", mas se enrola todo quando precisa fazer um trancelin mais complicado. Pensando nisso lembrei da música Samba do Lado que o manguebeateano Chico Science elaborou e interpretou na curta estadia entre nós. A certa altura ele diz: "O problema são problemas demais/Se não correr atrás da maneira certa de solucionar" . Fique com o dica e a interpretação da Nação Zumbi, herdeiros do Chico.

Sobral no maior clima

No Boulevard do Arco meus conterrâneos mostram certa adaptação ao frio

Em certos lugares num se enxergava ao um palmo do nariz
O povo gosta de tirar muita onda com Sobral e quando se trata do clima estão vem logo a gozação. POis veja só como tava a manhã da última sexta feira, dia 4, na minha metrópole. Esse tempinho assim meio engaroado durou boa parte da manhã, até que o sol resolveu botar moral e trazer de volta o nosso calor natural.

Fotos: Wellinton Macedo
Fonte: Sobral em Revista

Pro Brasil ser um pais rico deveria olhar pra China

O slogan do Governo Dilma é "País rico, é país sem miséria", um trocadilho bem feito como peça publicitária, mas que na opinião carece de um conteúdo mais programático, principalmente quando o Brasil necessita justamente de um maior impulso no seu desenvolvimento. Aliás, o que a Presidenta mais falou na campanha foi de que seu governo promoveria o avanço nas mudanças iniciadas por Lula. Penso que avançar nas mudanças é justamente dar maior consistência ao desenvolvimento capaz de gerar bem estar para o conjunto da população, em especial para os trabalhadores.

Duas medidas do Governo Dilma, no plano da economia, deixaram os que querem ver as mudanças avançaram preocupados. A primeira foi a a decisão de cortar R$ 50 bilhões no Orçamento da União cujo valor total é R$ 2,7 trilhões. Aparentemente o corte não significa muita coisa se comparado ao total, que equivale a 54 vezes o valor cortado. Porém há duas questões que devem ser consideradas. A primeira é que a tesoura foi em cima de valores que não podem ser contingenciados, o que significa que valores ainda maiores podem ser contidos, dependendo do que as "exigências macroeconômicas" impuserem. A outra questão é a sinalização dada pelo governo de "segurar os gastos públicos para garantir o superávit fiscal". Esse pode ser um caminho equivocado, pelo menos pra mim, que não sou nenhum sabido em economia, mas sei muito bem que quando mais dinheiro circulando, mais gente se beneficia, maior volume de riqueza pode ser distribuída, como ocorreu nos oito de Lula e a própria Dilma também propala no momento em que aumenta o valor do Bolsa Família.

A outra medida negativa na economia foi o novo aumento da taxa de juros determinada pelo Comitê de Política Monetária - COPOM, do Banco Central, que nada mais é do que  um grupo de pessoas - o presidente, diretores e chefes de departamento do BC - no qual não participa ninguém da chamada sociedade social, com poder de decidir sobre os destinos do país. Pois bem, a taxa de juros aumentou em 0,5%, o que pode parecer pouco, mas significa o aumento das despesas financeiras públicas em R$ 9 bilhões, ou seja quase 20% do corte feito pelo governo e quase o valor de R$ 12 bilhões que o Bolsa Família gastava até este mês durante um ano para atender mais de 12 milhões de famílias. Aliás, só no mês de janeiro  o setor público (governos federal, estaduais e municipais) gastou mais de R$ 17 bilhões, quase 1,5 Bolsa Família, com juros pagos ao mercado financeiro. É bilhão pra todo lado, mas num tem graça nenhum deixar de gastar com o desenvolvimento do pais pra queimar dinheiro com a oligarquia financeira que num tá nem aí pro desenvolvimento do pais e o bem estar do povo.
Falo tudo isso aí com certa tristeza e esperançoso de que seja apenas um começo de governo, um momento de "travessia da arrebentação" até se chegar numa situação mais tranquila, que permita retomar o desenvolvimento, que no ano passado foi de 7,5%, o que nos colocou como 7ª maior economia do mundo. Tenho confiança que além dos investimentos que estão em curso e planejados, como a Transnordestina, o projeto de transposição de águas do Rio São Francisco, a construção de refinarias e a ampliação dos projetos sociais, como afirmou Dilma em reunião com Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, a Copa de 2014 e as Olimpíadas, também motivem mais desenvolvimento.

A China, que é um inegável exemplo de desenvolvimento e busca de bem estar da sua população gigantesca continua na mesma balada e pretende até aumentar o ritmo. Pelo menos foi o que disse o Primeiro Ministro Wen Jiabao, sábado passado, dia 5, na abertura da sessão da Assembléia Nacional Popular, que discutirá e aprovará o 12º Plano Quinquenal (2011/2015) desde que a China pegou o rumo do socialismo. O chinês tá de olho aberto nos problemas, afinal num é coisa fácil comandar uma imensidão daquela, de gente e território, com atrasos seculares que não são superados em 60 anos. Alguns problemas são até iguais ao nosso como a miséria e a exclusão social, o desenvolvimento desigual das diversas regiões e coisas bem conhecidas dos brasileiros, como inflação e até a corrupção. Mas a chinesada não se enrola problema e até entendem certos problemas como uma oportunidade de ajustar o que não tá sendo bem feito. É mais ou menos o que nós aqui chamados de "fazer do limão, uma limonada".

Busquei algumas frases do discurso de Jiabao que nos servem como uma exemplo a ser observado, não necessariamente seguido como um modelo, afinal são dois com muitas diferenças, mas com um objetivo a ser atingido: o bem estar de seus povo. Diz ele:

"A China está confrontado com uma situação extremamente problemática neste ano e vai desempenhar um papel construtivo em ajudar a resolver questões polêmicas e problemas globais".
"Devemos julgar corretamente a situação, permanecer lúcidos, dobrar a vigilância e nos preparar para todos os riscos possíveis".


"Vamos estimular todos os setores a focalizar seus esforços sobre a aceleração da reestruturação econômica, a elevação da qualidade e da eficácia do desenvolvimento, a criação de empregos, a melhoria do bem-estar e a promoção de uma sociedade harmoniosa".


"A expansão da demanda doméstica é um princípio de longo prazo e algo fundamental para promover o desenvolvimento econômico equilibrado. (...) Vamos estimular a procura ativa do consumo. Vamos continuar a aumentar os gastos do governo para ajudar a expandir o consumo e aumentar os subsídios para a população de baixa renda nas cidades e no campo".


"É preciso fazer com que os chineses estejam contentes com seus empregos e suas vidas para que o país desfrute de paz e estabilidade".

Concordo com a ideia do slogan da Dilma de que não há país rico se há miséria, mas digo que não se combate miséria segurando o desenvolvimento, sem um projeto nacional que conduza o Brasil a uma situação favorável ao bem estar de sua gente brava e que deseja ser feliz.

domingo, 6 de março de 2011

Alberto Granado, amigo do Che

"Íbamos a conocer mundo, pero el viaje nos cambió a los dos. Ernesto se hizo un ejemplo, empezó a ser Che; yo aprendí que en vez de conocer el mundo había que transformarlo".

Alberto Granado, companheiro de Che Guevara durante sua primeira viagem pela América do Sul, ocorrida há exatos 60 anos, e que faleceu neste sábado, aos 88 anos. 




Alberto e Ernesto, juntos com Aleida March, ajudaram transformar Cuba

sábado, 5 de março de 2011

Verso e traço brasileiros


Ai, mulata assanhada
Que passa com graça
Fazendo pirraça
Fingindo inocente
Tirando o sossego da gente

Pink Bossa Nova Floyd

Já se disse, em verso e prosa, que a bossa nova é um samba americanizado, o que sendo verdade ou não em nada tira a beleza desse segmento da MPB que embala aqui, acolá e ali,  mundo a dentro, mundo a fora. Mas samba é samba, com sotaque brasileiro ou qualquer outro. É só escutar esse samba floydiano que virou a famosa Wish You Were Here cheia se bossa pra embalar esse comecinho de carnaval.

Imagem de solidariedade e luta

Na imagem, um concentrado de lideranças populares do Ceará nos anos 80.

Nos anos 80, quando uma manifestação estudantil sentia a presença da repressão uma das palavras de ordem mais comuns era: "Fora daqui, o SNI". Há quase vinte e cinco anos os estudantes cearenses da Universidade Federal do Ceará resolveram levar a expressão ao pé da letra e invadiram a sala onde funcionava a Assessoria de Segurança e Informação - ASI, orgão que bisbilhotava a vida da comunidade universitária e possibilitava a ação dentro da instituição da turma que prendia e arrebentava. Foi um ato ousado e causou grande impacto não só por aqui, como também no resto do país.
Liduína, eu e Martinha, livres

Dois dias depois a Polícia Federal invadiu, de armas na mão, a sede do Diretório Central dos Estudantes da UFC e de lá levou presos e algemados três estudantes: Liduína Fonteles, da Geografia, Martinha e eu, do Direito. Era meio dia e a notícia correu solta pela cidade, feito rastilho de pólvora. Os restaurantes e cantinas universitárias viraram palcos de atos mobilizadores, quase todas salas de aula, não só da UFC, mas também da Universidade Estadual/UECE, da UNIFOR, da então Escola Técnica Federal, hoje IFCE e até de algumas escolas secundaristas foram visitadas e os estudantes convocadas para uma grande manifestação de solidariedade.

Solidariedade pelas ruas da cidade
Lá pelas quatro da tarde, pouco antes de prestarmos depoimentos, as meninas e eu escutamos as palavras de ordem de milhares de estudantes, apoiados por sindicalistas, líderes comunitários e militantes do movimento social, que percorrem alguns quilômetros a pé até a sede da Polícia Federal, anunciando que de lá só sairiam depois de sermos soltos. Era muito emocionante e animador escutarmos nossos nomes segudos pela palavra liberdade. Nos encorajou para encarar o então delegado da DOPS, César Nunes (foi Secretário de  Segurança do primeiro governo de Jaques Wagner(PT), na Bahia) durante o depoimento. O policial, assim como o então coordenador num sei de que da PF na época, delegado César Bertosi, que vive nas colunas sociais do Ceará, não tavam a fim de dar moleza pra gente e jogaram pesado, tentando nos pegar no depoimento. Mas aquele povo lá foram era boa parte da nossa energia e seguramos a peteca mesmo quando nos mandaram pros presídios Auri Moura Costa, as meninas, e Olavo Oliveira, eu, onde ficamos até a tarde do dia seguinte. Os que foram nos soltar cumpriram a palavra e só sairam da PF depois que passamos por lá, já soltos, e os convidamos para um confraternização no Pátio da Reitoria da UFC.

Virgïlia solidária virou a noite na PF
Toda essa lembrança me veio à mente há uma semana quando o jornalista e amigo querido, Paulo Mota, que estava na manifestação, postou no Facebook a foto do topo onde estão uma pequena, mas muito significativa parte dos que se solidarizam com Liduína, hoje professora da rede pública em sua Acaraú natal;  Martinha, advogada atuante em favor do bem viver do povo, e eu, que sou esse escrevinhador que você visita vez por outra. Nessa imagem da solidariedade estão vários amigos e amigas de quem tenho gostado ao longa dessa vida. Cito todos que identifico, da esquerda pra direita, por nome: Pedro Ivo, Pedrinho, Leonardo, Luiz Carlos Antero, Virgílio, Raimundo Lutif, Valéria Duarte, Tânia Alencar, Wládia, Paulo Mota, Carlos Augusto Patinhas, Souza Jr, Rosa da Fonseca, Carlos Décimo, Daciane Barreto, Dioneide, Ricardo Azevedo (falando), Miguel Ângelo, Inácio Arruda, Teresinha Braga, Marcos Nogueira, Marcus, Luis Carlos Paes, Aninha Cassiópia (?), Moisés Souza, Iramilson, Teresa Cristina, Carlão, Ernesto, Ilana Amaral, Luiz Alcântara, Paulo Maciel, João Emiliano, Dimas Oliveira, Gustavo Alberto, Antonio Marinho, Renato Abreu, Sérgio Brasil(?), Geraldo Azevedo, Homero Arruda, Aninha Lúcia, Watson, Franci, Miguel, Irma e Márcia Meneses (saudosa memória). A todos, inclusive quem não identifiquei, meus cumprimentos pela determinação de luta pela liberdade e meu agradecimento pela solidariedade.

O título desta postagem é uma homenagem ao Cesinha Uchôa, bravo lutador e amigo fiel, que já não está mais entre nós e encabeçou uma chapa para Sindicato dos Bancários chamada  Solidariedade e Luta.

Quem tem orkut pode ver um álbum com 16 imagens do episódio aqui.