domingo, 28 de setembro de 2008

Solidariedade

No jornal O POVO de hoje tem uma matéria sobre a dramática situação dos pacientes de AIDS do Hospital São José. Eu a li ontem à noite, sem conseguir segurar a emoção, tanto pelo relato, como pelo texto fabuloso da Ana Mary C. Cavalcante, que tem um talento excepcional pra escrever. Resolvi postar essa matéria pra que você se motive a prestar solidariedade e também perceba como alguém pode escrever tão bem numa matéria curtinha, arriscada a se perder num jornal que estampa uma pesquisa eleitoral a uma semana das eleições. Vamos ler:

Precisa-se de roupas
Ana Mary C. Cavalcante
A reforma indica: a aids vai tomando espaços. O Hospital São José (HSJ), referência no tratamento de doenças infecto-contagiosas, começou reservando 32 leitos, nas unidades D e E, para pacientes soropositivos. Cerca de 20 anos de aids depois, as unidades A, B e C do hospital também acomodam pacientes com HIV - eram 50, na última sexta-feira. E um anexo deve ampliar, em outros 32 leitos, esses internamentos. Nos livros de registro e nas fichas acumuladas mês a mês, no HSJ, os traços vermelhos indicam 93 mortes, de janeiro até o último dia 16, provocadas pela doença. Os números assustam. E há um espanto maior por trás deles: "A aids está pauperizada e as pessoas têm limitações. Elas morrem porque não têm suporte nutricional para suportar os medicamentos retrovirais. Não têm, simplesmente, comida", identifica a ativista Mirtes Brígido, do Fórum de ONG/Aids do Ceará.

sábado, 27 de setembro de 2008

Vida longa, Fernando!

Essa foto aí tem exatos 30 anos. Nela o Fernando Cela e eu estamos nas ruínas de uma casa de farinha lá na Serra da Meruoca, próximo ao sítio do meu pai, na Palestina. Esses dois cabras hoje têm 45 anos, sendo que o Fernando é a partir de hoje.

Lembro que há um tempo atrás liguei pra ele nesta mesma data e ao dizer que ele estava mais velho, recebi uma resposta e um ensinamento que guardo comigo até hoje. Ele disse: "Bicho, que bom, né? Vivi mais um ano". É isso, meu amigo - aqui essa palavra tem todo o seu melhor significado - vamos vivendo e construindo a vida, a felicidade, um mundo melhor. Num dá muito trabalho se a gente faz isso com muita convicção e muita esperança. Aos trinta anos que nos distanciam dessa foto devemos somar mais alguns referente ao tempo que nos conhecemos, pelo menos mais cinco, e muitos outros que ainda compartilharemos dessa vida.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Guilherme livre

Aqui todo mundo sabe demais da minha paixão desmedida pelo meu menino, o Guilherme. Ele num é só meu filho, é um parceiro da vida, um amigo como nenhum outro e um até um cúmplice de pequenas traquinagens. Pois hoje ele saiu todo prosa prum acampamento do colégio dele. Viajou agora há pouco com mais uma tropa de meninos e meninas pra ficar até domingo curtindo o que ele mesmo chamou de "liberdade pra fazer o que quiser". É mesmo um cara de pau, faz de tudo, tem tudo que gosta de ler, brinca até se cansar e ainda diz que foi ficar livre. Marminiiiino!!!

O que eu sei é que quando fui deixá-lo lá no colégio só saí depois que o ônibus foi embora e ainda dei tchau pro ônibus, sem me importar se meu menino tava me vendo. Num vou dizer que fico tranquilo. Fico não. Fico doido pra saber o que ele vai fazer, como vai se cuidar sozinho - outro dia me pediu pra ensiná-lo a se pentear porque ia acampar e tinha de fazer isso sozinho - e se o fim de semana vai ser tranquilo. Mas digo uma coisa: eu também aprendo com isso. Tenho consciência de que nossos filhos são nossos filhos, mas são também filhos do mundo e é nele que vão viver e, de preferência sem depender de mãe e pai. Eles são parte de nossa contribuição para construir a felicidade e também parte da felicidade que buscamos, por isso precisam disso, de ficar longe de mães e pais, de se virar sozinhos, e é por isso que estimulo todas as ocasiões que o Guilherme tem de esperimentar o mundo sozinho de aprender. Da mesma forma que dou a ele tudo que me pede pra ler, livros, revistas, etc e tal. A liberdade que ele quer curtir nesse fim de semana, mal sabe ele, eu já cultivo desde que imaginei que um dia seria pai. Ainda mais sendo pai de quem busca ser livre.
Trilha sonora - enquanto escrevi esse texto, escutei o música That's The Way ( Esse é o Caminho), do Led Zeppelin, na versão gravada por R. Plant e J. Page, do disco No Quarter, e tomei duas doses de Ypioca 150, bem geladinha, com castanha assada.
"É desse jeito ...
É desse jeito que deveria ser
Oh você não sabe que agora Mamãe disse...
É desse jeito que vai continuar"
(That's The Way - Page/Plant)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

dantasmóvel


Dizem que a polícia já está testando um novo equipamento para evitar constrangimentos aos cidadãos de bem que, por ventura, sejam surpreendidos em situações indevidas, praticando algo em desconformidade com a legislação penal e tenham que ser convidados a comparecerem a alguma repartição público destinada a exercer restrição de liberdade. O novo equipamento, que poderá substituir as algemas, ainda tem o inconveniente de expor indevidamente o conduzido, mas a versão final deverá ter um revestimento fumê.

slotMusic a novidade digital

Desistam, CDs. Algo do tamanho de uma unha pode oferecer a indústria música um jeito de aumentar as vendas nas lojas físicas, já que as vendas de CD continuam a despencar. As quatro maiores gravadoras planejam vender música em mini cartões de memória que podem ser inseridos em alguns celulares, tocadores de música digital e até nos CD players do carro.

Fabricados pela SanDisk, os cartões slotMusic devem estar à venda nos Estados Unidos, até outubro, nas lojas americanas Best Buy Co. E Wal Mart. Nem a SanDisk ou as gravadoras souberam informar o preço de um cartão, mas falaram que seria possível compará-lo ao dos CDs.

Além de música, os cartões slotMusic virão com outros arquivos, como a arte da capa e contra-capa do disco e às vezes vídeo. Como muitos novos formatos antes desse, o projeto slotMusic enfrenta grandes desafios para ganhar o grande público. Os executivos da indústria musical dizem não saber se a idéia vai pegar, mas que querem experimentar maneiras de distribuir seu trabalho.


Num rejeita, mas também num vota

Em geral as pesquisas eleitorais chamam atenção mais pelo posicionamento das candidatas e candidatos na disputa majoritária. Cada pesquisa é aguardada, com a maior ansiedade, pelo público doido pra saber como tá a disputa. É bom lembrar que os comitês eleitorais, pelo menos o mais estruturados, sabem direitinho porque a campanha é toda monitorada por pesquisas quantitativas e qualitativas. Por conta disso é que aumenta ou diminue o nervosismo e os ataques aos adversários nos programas de rádio e tv, nos debates e no meio da rua mesmo. Basta espiar a pancadaria em cima da Luizianne pra sentir como tá a coisa. Nestes últimos dias de campanha, Moroni e Patrícia vão fazer de pra impedir que a eleição seja resolvida no primeiro turno.

Mas o que eu quero dizer mesmo é que uma das coisas que me chamam atenção nas pesquisas é o baixo índice de rejeição da Patrícia. Desde o início ela mantém um baixíssimo índice de rejeição. No Vox Populi nunca passou de 8%, o que se poderia imaginar que o eleitorado estaria aberto pra votar na senadora. É certo que outros candidatos, os de menor expressão eleiotoral, também são pouco rejeitados, mas aí vai um certo desconhecimento e aí vale ressaltar uma atitude justa do eleitor: não pode rejeitar o que não conhece. Mas no caso da Patrícia, o que não falta é conhecimento. Fazem pelo menos uns vinte anos que a mulher taí nas campanhas, seja como esposa de candidato, como candidata ou como apoiadora de candidatos. Pois o mesmo eleitor que conhece e não rejeita, também não vota na Patrícia. É uma coisa curiosa porque penso que numa disputa quente como a de Fortaleza, o normal seria que pelo menos o eleitorado da Luizianne, que cresce todo dia, rejeitaria a senadora. A impressão que eu tenho é que o povo passa o seguinte recado: tudo bem, Patrícia taí na disputa, mas não queremos que ela seja prefeita não, se ela quiser ser parlamentar topamos. Sacaram? Será que tô viajando demais?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Podendo

Recebi um email do Flavinho Dearrudeio, cabra mui distinto, que dizia o seguinte:

A atuação do presidente Lula na crise da Bolívia é apenas uma mostra de como ele está conseguindo ganhar uma imagem de líder internacional. No diário britânicoFinancial Times, ele assinou o artigo 'Países desenvolvidos precisam liderar', afirmando que as nações mais ricas precisam se comprometer com firmeza na redução das emissões de gases para conter o aquecimento global. 'O Brasil vai continuar a fazer sua parte, na crença de que o compromisso coletivo vai prevalecer.' E a revista americana Esquire o coloca entre as 75 pessoas mais influentes do século 21, chamando-o de 'o Clinton da América do Sul'. Moral alta...

sábado, 20 de setembro de 2008

"Poema enjoadinho" .... que nada!


Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de mar Diz que é um porrete... Cônjuge voa Transpõe o espaço Engole água Fica salgada Se iodifica Depois, que boa Que morenaço Que a esposa fica! Resultado: filho. E então começa A aporrinhação: Cocô está branco Cocô está preto Bebe amoníaco Comeu botão. Filhos? Filhos Melhor não tê-los Noites de insônia Cãs prematuras Prantos convulsos Meu Deus, salvai-o! Filhos são o demo Melhor não tê-los... Mas se não os temos Como sabê-los? Como saber Que macieza Nos seus cabelos Que cheiro morno Na sua carne Que gosto doce Na sua boca! Chupam gilete Bebem xampu Ateiam fogo No quarteirão Porém, que coisa Que coisa louca Que coisa linda Que os filhos são! Vinicius de Morais
Guilherme, que bom te ter!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Se quer ver, veja, mas num leia

Tá ali do lado, dito por mim, que aqui exponho opiniões minhas e de outros com os quais eu concordo. Vou manter a linha, mas me perdoe por publicar trechos de uma ofensa ao Educador Paulo Freire, com a qual não concordo. Também me perdoe por divulgar um texto muito longo, o que também não é de praxe neste blog. Mas acontece que é uma carta da Ana Maria Araújo Freire, esposa do Paulo Freire, repudiando os ataques daquela ruma de papel sujo de tinta, que algumas pessoas ainda chamam de revista e o pior, ainda lêem. O texto abaixo veio do Blog do Azenha, que tem muita coisa boa sobre mídia. Vamos lá, leia, e veja do que a Veja é capaz.


Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem "O que estão ensinando a ele?". De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:

"Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado".


Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é "Ceausescu no Ibirapuera". Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época, Paulo era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.

Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:

Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro Paulo Freire – e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.

Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.

A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.

Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.

Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.

Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.

Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!

Ana Maria Araújo Freire, São Paulo, 11 de setembro de 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Te peguei, sua danada!


Num foi muito fácil encontrar a lua no meio de tanto prédio aqui em Fortaleza. Desde ontem que eu pelejava pra fotografar essa bonitona, mas me enfiei numa reunião que durou até umas dez da noite e quando fui ver tava meio sem graça, e de quebra eu tava sem a Sonynha. Mas hoje eu me preparei melhor. Me livrei de reuniões ( mas também encarei uma a tarde inteira, lá em Maracanaú), deixei a Sonynha no ponto e cedinho fui esperar a Lua. Só não contava que ela ia se esconder atrás dos prédios por tanto tempo. Mas finalmente consegui e ainda ampliei um pouco pra mostrar os detalhes, que quando eu era pequeno a gente dizia que era São Jorge e seu cavalo. Pois tai ela, quem num viu ontem, pode ver hoje de novo e ele vai muito linda, pode espiar direitinho.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O verso do Chico

O médico Francisco das Chagas Monteiro, ou Chico Passeata, esse cabra aí da fotinha, é um grande cara. É casado com a Dr.a Helena Serrazul, a Helena Concentração. (Toda passeata começa e termina numa concentração, mas no tempo que eles foram apelidados nem sempre era assim, muitas vezes terminava numa confusão danada) Fiz amizade com ele depois que entrei no PCdoB, mas ele tem amigos e é querido há muito tempo, por muita gente. O Chico é médico e poeta, de vez enquando me manda uns versos ricos de rima e de sentido e sentimento. Veja aí se eu num tô certo. Se gostar pode pedir mais, se num gosta aprenda, porque depois vem mais.


Internacional

gaste-se num gosto
mais que num desgosto
deixe-se consumir pela vida
antes que a morte lhe divida

flua como um rio caudaloso
renovado a cada segundo
sendo o mesmo, sempre

capte a luz do universo
num verso único, universal

unindo o mundo
num único verso

" proletários de todo o mundo, uni-vos"

une verso
o universo

Lula ajuda a “descriar”

"Fome e guerra não obedecem a qualquer lei natural, são criações humanas." Josué de Castro

O Zé também caiu na rede

Pronto, além de falarmos o mesmo idioma, com pequenas diferenças, ora pois; e compartilharmos a crença na sociedade socialista, José Saramago e eu temos mais uma coisa em comum: um blog, ou melhor dois, ele o dele e eu o meu. O dele é bem novinho, nasceu ontem e a esta hora, n’O Caderno de Saramago, já é amanhã, dia 17.

Vocês num imaginam a felicidade que tive ao saber que ele também resolveu, a convite irrecusável de suas amadas “causas motoras” Pilar, Sérgio e Javier, escrever “comentários, reflexões, simples opiniões sobre isto e aquilo, enfim, o que vier a talhe de foice”, desde que não lhe fosse exigida “a assiduidade que a mim mesmo havia imposto nos outros”. Minha felicidade é que aqui também, o mestre e eu pensamos igualzin. Podem ler aí do lado, onde digo, sem o mesmo talento, é claro, que resolvi expor “algumas idéias, opiniões e relatos, meus e de outras pessoas com as quais concordo”. A ajuda de “ colaboradores” deve-se também à minha sinceridade de dizer que não tenho nenhuma aspiração literária e também por achar que posso ajudar a divulgar algumas idéias que me parecem muito relevantes. É o que chamamos na militância de “ contribuir para a luta de idéias”, afinal cada um pode dar uma forcinha pra enfrentar os “ poderosos meios de desinformação” , tipo Veja, Globo e Cia (aqui pode valer um trocadilho).

Se eu fosse você adicionava O Caderno do Saramago aos seus “Favoritos” e se deleitava com sua reflexões muito objetivas e com sua fina ironia, como no texto em que fala do pedido de perdão da Igreja Anglicana a Chales Darwin por não compreender sua teoria evolucionista. (Aliás a Católica fez o contrário, entendeu, mas num pediu desculpas) Bom, sobre as desculpas Saramago disse "Nada tenho contra os pedidos de perdão que ocorrem quase todos os dias por uma razão ou outra, a não ser pôr em dúvida a sua utilidade".

Além de ler o blog, aproveite e dê uma espiadinha num trecho do novo livro de Saramago, chamado "A Viagem do Elefante", que será lançado em breve em espanhol, português e catalão.

Vou lhe dar mais uma dica, que não ta lá no blog, clic aqui e leia o maravilhoso discurso do José Saramago feito na sua premiação com o Nobel de Literatura.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sobralwood

O povo já gosta de curtir com Sobral chamando-a de United States of Sobral, pois achando pouco, o Marcílio Costa, cabra distinto, das melhores qualidades, Sobral tá se tornando uma Los Angeles. É que depois dos terremotos, que vez por outra ainda dão uns sacolejos lá pelas bandas do Jordão e mesmo na sede do município, a Metrópole agora começa a pintar nos meios cinematográficos. É que uma garotada curtidora da chamada “”Sétima Arte”, resolveu filmar umas cenas de ação, editar e dar uma forma continuada. A turma pegou gosto e já fez o Golpe do Peba II cuja sinopse é essa aí embaixo:

Após um ano desde os últimos acontecimentos, Lee Hung Chan e Guerreiro Tejo dividem um apartamento na pacata cidade de Sobral. Esse breve período de paz está para terminar, pois o vilão Zanggroff e o Mago Caboré voltaram e com um aliado inesperado e misterioso… Esquisito Jean McFly!

Na luta para ver quem conseguirá controlar o poder da estátua do Peba, muita porrada vai rolar por toda cidade e a ação não pára até a grande luta final entre o bem e o mal para decidir o futuro de toda Sobral.

Com várias participações especiais e muita comédia esse promete ser o filme do ano, não percam!

A estréia desta obra trash foi nos dias 29 e 30 de agosto, às 17h, no Cinema Renato Aragão, o ingresso era trocado por 1 kg de alimento. Foi uma loucura total. As duas salas com 300 lugares cada ficaram totalmente lotadas, com gente sentada no chão e gente do lado de fora, sem poder entrar.

Aí embaixo seguem uns links de traillers. Caso interesse em se divertir, clic bem em cima.


domingo, 14 de setembro de 2008

Sonynha de óculos


Na sexta-feira, dia 12, fui com o Chico Lopes e o Washington, nosso motorista, prum comício da campanha eleitoral do Carlos Felipe, candidato do PCdoB a prefeito de Crateús. Passamos a tarde inteira cruzando o sertão. Lá pela boquinha da noite, entre Catunda e Tamboril, quando não deu mais pra continuar lendo uma biografia do Luis Bonfá, autor da trilha sonora da viagem naquele instante, olhei pro lado e vi um restinho de sol. Peguei a Sonynha pra registrar a cena mas precisava de um filtro pra foto ficar mais legal. Como ainda não tenho filtros peguei meus óculos de sol, que têm grau, e pus na lente da câmera. Deu isso aí, uma bela foto amadora. Pelo menos eu acho, né?

Os "rappers" arrepiando

Curtam a apresentação da galera do MC Gui durante a Mostra Cultural do Colégio 7 de Setembro na quarta-feira, dia 10. Além do Guilherme a galerinha é composta pelo Elias (blusa amarela e corrente na cintura), Lucas (blusa verde), o pequenino André e a garotinha Gabriela. É tudo muito primário, mas tem muita dedicação dos pequenos. Passei dias tentando, em vão, saber do Gui pelo menos a letra da rap que eles compuseram, a apresentação, nem pensar, só vi na hora e como foram várias apresentações, vi todas. Divirta-se, e aprenda, com essa aí.

Democracia nascendo

Sexta-feira passada fui acompanhar o Guilherme no jogo de futsal que a turma dele faria no torneio interclasses das Olimpíadas do Colégio 7 de Setembro. A garotada tava sempre junta, trocando idéias sobre o jogo difícil, se aquecendo e por fim escalando os titulares. Foi aí que flagrei uma cena muito legal. O jeito do time jogar foi definido no voto. Os "Branquinhos" num impediram a vitória por 3x2 do time Verde, conhecido por jogar muito bem, mas quem ganhou mesmo foi a democracia, que já foi praticada desde cedo por aqueles pequenos craques.

sábado, 13 de setembro de 2008

Mídia acoberta terroristas da Bolívia

Altamiro Borges

“Se precisar, vai ter sangue. É preciso conter o comunismo e derrubar o governo deste índio infeliz”. Jorge Chávez, líder da oligarquia racista de Tarija.

“Não vejo razão pela qual se deve permitir o Chile se tornar marxista pela irresponsabilidade de seu povo”. Henry Kissinger, secretário de Estado do EUA, poucos dias antes do golpe de 11 de setembro de 1973 que derrubou Salvador Allende.



É repugnante a cobertura que o grosso da mídia hegemônica tem dado aos trágicos confrontos na já sofrida Bolívia. Os serviçais da TV Globo tratam os chefões golpistas como “líderes cívicos” e “dirigentes regionais”. Mirian Leitão, que esbanjou valentia ao sugerir que o governo brasileiro retirasse o nosso embaixador de La Paz e enviasse tropas às fronteiras quando da estatização do petróleo, agora é toda afável com a oligarquia racista deste país. Outros “colunistas” bem pagos da mídia chegam a insinuar que a culpa pelos violentos conflitos, que já causaram oito mortes, é do presidente Evo Morales, “um radical e populista” que instigou o separatismo regional.


A manipulação é grotesca até na terminologia. No caso das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que há décadas enfrentam as oligarquias paramilitares e que foram excluídas violentamente da luta institucional no país, os guerrilheiros são estigmatizados como terroristas, narcotraficantes, bandidos. Já os bandos terroristas da Bolívia, organizados e armados pela elite racista que desrespeita o voto popular, são tratados como “comitês cívicos” e “grupos rebeldes”. O embaixador estadunidense Philip Goldberg, que acaba de ser expulso da Bolívia por estimular abertamente a divisão do país, é apresentado pela mídia subserviente como “negociador”.


Leia mais no Blog do Miro

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

11 de setembro - As lições de Allende

Há 35 anos o presidente do Chile, Salvador Allende, era assassinado no Palácio de la Moneda, em Santiago, por conta do golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet. Felizmente a história pôde registrar seu último discurso, cujo conteúdo serve de alerta para uma nova ação anti-democrática, desta ver em curso na Bolívia, novamente contra um governo progressista, mais uma vez com o apoio do imperialismo norte-americano.

O rap da Galera do MC Gui


Vivemos num planeta pra lá de abençoado
temos florestas para todos os lados
a nossa natureza é muito especial
precisamos preservá-la antes que chegue o final.
Aí, mano, presta muita atenção
no que eu vou lhe dizer:
amar, cuidar, zelar e respeitar
amar, cuidar, zelar e respeitar
amar, cuidar, zelar e respeitar

Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô
Se você não cuidar
o mundo vai se acabar

Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô Ô
Se você não cuidar
o mundo vai se acabar


Esse aí é o rap composto pelo MC Elias, pelo MC Gui e outros colegas de sala para a Mostra Cultural do Colégio 7 de Setembro (leia mais sobre o assunto nos textos abaixo) e que eu pedi uma cópia da letra, que taí manuscrita pelo Gui e pelo Renato, um amigão dele. Vou dizer uma coisa pra vocês, se tem coisa melhor do que curtir filho, ainda num pintou no meu terreno não.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Saúde, saúde, saúde, saúde, saúde, saúde ...

Agora pronto, a Patrícia num sabe mais falar de outro assunto. A coisa já num tá fácil pros dois principais candidatos de oposição à Luizianne diante da possibilidade dela dispensar o segundo turno pra ganhar as eleições, agora eles terão de disputar, entre si, quem fica em segundo no primero turno. A estratágia de campanha do Moroni já se mostrou falha ( veja o texto seguinte) e a da Patrícia só serviu pra que ela ficasse onde tá desde o início. As duas serviram mesmo foi pra Luizianne que foi só mostrando serviço e subindo nas pesquisas.

A Patrícia resolveu deixar de ajudar a Prefeita e agora tá falando em propostas, ou melhor, proposta, porque num sabe falar doutra coisa a não ser sobre saúde. Diz que em dois anos arrumou dinheiro pra tudo que é hospital do Ceará (e nos outros quatro anos que ela tá lá no Senado num deu pra arrumar mais um dinheirinho não?) e apresentou um novo produto de campanha: as praças e as pracinhas de saúde, além de falar em construir mais de 400 postos de saúde. EEEita que as pesquisas de opinião tão dando totalmente o tom da campanha da candidata. A saúde tá lá como um dos principais problemas da cidade e é por aí que a mulher quer passar o delegado kid, que também está de volta.

Sinceramente, as vezes tenho vontade ver todos esses candidatos pra saber se cumpririam essa ruma de propostas apresentadas. Vale aqui o velho ditado: " uma coisa é dizer que vai fazer, outra, muito diferente, é fazer".


Falha vossa? No finalzinho do programa da Patrícia de hoje a noite, uma pecinha bem bonittinha, feita em desenho, dizia que a Patrícia combinou com o Lula pra que a licença maternidade fosse ampliada de quatro para seis meses. Tá certo muito bem, uma grande conquista para as mulheres. Mas e o Congresso nacional, num fez nada? E a sociedade num ajudou em nada na mobilização? Pra quem foi vereadora, deputada estadual e é senadora, além de passado pelo movimento estudantil, num ficou bem.

Soltaram o "homi"

Agora tá tudo esclarecido. Quando surgiu o jingle do Moroni onde um trecho "plagiava" a campanha do Lula em 2006 e dizia: deixa o homem trabalhar, a platéia num netendeu nada. Afinal, quem num tava deixando o Moroni trabalhar? Ela tava trabalhando ou queria trabalhar aooonde? Em Fortaleza é que num era afinal nem aqui ele aparecia. Finalmente a própria campanha tratou de mostrar a quem se dirigia o jingle: eram os proprios "marqueteiros" do delegado kid. O homi doido pra fazer o papel dele mesmo e a turma inventando coisa, querendo que ele fosse outro.

Só durou três semanas a invenção da turma do Erivelto pro Moroni se apresentar no programa de TV como um pretenso gestor que preocuparia com a cidade de forma integrada. Finalmente deixaram o homi trabalhar e voltaram aquelas cenas que estamos acostumado a ver. O delegado foi reaparecendo quando o candidato disse que ia fazer coisas na saúde com a coragem que a população tava acostumada a ver noutras ocasiões. Mas no programa de hoje a noite voltaram as bodegas com grades, gente reclamando de assalto e de insegurança nas ruas e as velhas promessas de cabines com monitoramento eletrônico e, de novo, os cinco mil guardas nas ruas ( isso já rendeu piada de todo jeito). Aliás, uma observação na edição do programa: enquanto o Moroni falava de malfeitores soltos nas ruas, a imagem que aparecia a de um cabra preso pela políticia. Falha vossa!

A mudança tem uma explicação: o falso Moroni despencou nas pesquisas e tá ameaçado de nem ir ao segundo turno, se este acontecer, e o jeito agora é tentar fazer o verdadeiro se recuperar e segurar a preferência do eleitorado. Num vai ser coisa fácil!

Nações Unidas

O Guilherme já estuda no Colégio 7 de Setembro há seis anos - aliás hoje ele reencontrou sua primeira professora, a Tia Luciana Marques, do Materanl 2; alegria de sobra pra todos - e nesse tempo todo já vivi muitas emoções como pai coruja que sou. Nem vou listar aqui porque tem muita coisa que vai desde o desempenho do Gui como aluno até um maravilhoso círculo de amizades.

Mas hoje, na Mostra Cultural, vi algo muito marcante. O tema da mostra era os povos que ajudaram a formar a nação brasileira: índios, negros e portugueses, além dos emigrantes: italianos, árabes, japoneses e alemães, são alguns dos que foram apresentados. Eu tava na mostra árabe quando ouvi música indígena ao vivo e deparei com uam cena incrível: um grupo de curumins Tapeba dançava no pátio comandados por um homem e uma mulher, também índios. Como se não bastasse aquela cena belíssima, a criançada do colégio, vestindo roupas de diversas nações, se integrou à dança de uma maneira tão natural que nem parecia ter havido um massacre contra os primeiros brasileiros.

Cabelos mal posicionados

Conheci o Marcão há mais de 20 anos, nas noites e nos shows de Fortaleza. Muitos anos depois nos encontramos novamente no Colégio 7 de Setembro, onde nossos filhos estudam - Guilherme e Mateus são grandes amigos - e ele é professor de música.

Ontem foi a Mostra Cultural lá no "Sete" por conta do período das Olimpíadas internas e aproveitamos pra botar o papo em dia, mas vimos que a garotada sempre olhava pra gente com cara de curiosidade. Na cabecinha deles ali tinha algo meio estranho, aquelas duas figuras pareciam diferentes da maioria. Percebemois isso e concluimos: o que a meninada tava achando estranho era os nossos cabelos mal arrumados, afinal. Se falta cabelo num canto, noutros sobra que é uma coisa.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A jovem Domaducarmo

Essa eu vou soltar na emoção. Acabo de falar com minha mãe (aí na foto com a 4 filhas: Hilda, Maria, Ciana e Nanpaula) pra avisar que amanhã vou me abençoar com ela e o papai numa viagem de campanha com Chico Lopes. Sou assim mesmo, gosto de ligar pra mamãe quando viajo pra fora do Ceará ou quando vou pra Sobral - tá bem podem curtir, viagem internacional, né? - como se pedisse licença pra fazer algo. Ela atendeu e foi logo perguntando como vai a vida e a campanha eleitoral - elogiou a postura serena da Luizianne e pediu que eu dissesse a ela que se votasse em Fortaleza votaria na Lôra - , como vai o Neguin? - um dos jeitos carinhosos dela chamar o Guilherme -, enquanto eu pergunto como vai o papai, se ela tá muito bem e quais as novidades da Metrópole.

Pra dizer que tá bem "Domaducarmo" - Maria só quem chama é o papai, cheio de carinho e manha - contou uma história entrecortada de risos maravilhosos:

- Tô muito bem! Cê acredita meu filho, que um senhor perguntou se eu tinha 56 anos? (Ninguém me peça pra revelar a idade dela, mas pra ela ter essa idade teria que ter engravidado do Ducito, meu irmão mais velho, com apenas 3 anos e aí num dava, né?)

- Eita mamãe, que presente maravilhoso você ganhou, hein?

- Foi meu filho, ele perguntou se eu tinha uns 63 anos e diante da meu espanto - eu disse: "Sessenta e três?!!! Não!!!!" - ele achou que eu fiquei chateada por ele ter me dado muita idade e disse: "Então a senhora tem uns 56, né?".

Olhe, a mamãe, além de muito caridosa, é tão carinhosa que ninguém acredita, e como todo carinhoso gosta de carinho, pra acariciar minha mãe é só confundir a idade dela pra menos.

Há um tempo atrás ela foi ao banco, entrou na fila para idosos e escutou uma senhora reclamar referindo-se a ela: "Num sei o que esse povo com menos de 60 anos faz nessa fila! Ficam só tomando a vez dos idosos". Melodia pura, pra Domaducarmo!!

Minha mãe ainda vai viver muito e será sempre jovem!

O tira-gosto diferente do Waldick

A agonia do Waldick Soriano na madrugada do dia quarta pra quinta-feira trouxe sua morte pras capas do jornais de hoje, mas a repercussão ainda vai durar muito tempo. Tido como um dos “reis do brega”, sua carreira, seus sucessos, sua muitas profissões antes de ser cantor, que ele mesmo disse que descobriu, e suas muitas histórias estão sendo relembradas desde ontem em tudo que é órgão de comunicação.

Acho que ouvi falar dele pela primeira vez quando tinha uns dez anos e ia com o Dadá, motorista do meu pai, pro sítio na Serra da Meruoca, na vila Palestina do Norte. O cabra era paquerador que só ele e arrumou um chamego com uma moça lá no sítio São Pedro, lugarzinho que ficou famoso depois que um sabido disse que viu uma santa e ganhou um agrana até boa (aliás essa história vou contar um dia). Pois muito bem, o Dadá ia lá pra bodega do Aberlado jogar sinuca e ver a Helena. Trilha sonora do lugar: Bartô Galeno, Genival Lacerda, Amado Batista e o caubói Waldick Soriano, que eu achava parecido com o Bat Masterson da TV, por causa da roupa e do chapéu pretos. Tomei muito guaraná Delrio, as custas do Dadá, ouvindo aquelas músicas de amor sofrido!

Mas também tenho uma história ótima sobre o Eurípedes Soriano. Ontem, no escritório do Chico Lopes, a Carol Campos me contou que o caubói, que já morava em Fortaleza, certa vez cantou na porta da casa dela. Num era serenata não, ele tava na companhia dum amigo da mãe dela, a paisana, sem o chapéu e os óculos, e soltou a voz na calçada. O mais curioso era o combinado de bebida que ele tomava: whisky com rapadura. É demais, né?

E pra findar, no final do ano passado a Eliana Gomes, que tava exercendo o mandato de vereadora, fez uma confraternização no escritório político dela no Carlito Pamplona e eu fui lá. Pois num é que o Waldick Soriano tava dando um show num barzinho bem do lado da festa da Eliana? Bom, era ele até o momento que eu fui conferir de perto. Mas o cabra era igualzinho e eu ainda fui falar com ele pra elogiar a semelhança física e a voz idêntica. Como nas músicas do finado, vivi ali uma desilusão. Pensei que finalmente tinha encontrado o Bat Masterson.

Esconderam o galego

Lá pelo interior e na periferia de Fortaleza ainda tem uns cabras que andam vendendo um monte de buginganga nas casas do povo. Eles são os galegos e gostam de ser vistos, de chamar atenção da clientela.

Pois o galego mais famoso do Ceará, que num vende nas ruas mas faz altos negócios, tá é escondido na campanha eleitoral de Fortaleza. O cabra foi principal articulador da candidatura da Patrícia Saboya, mas num pode nem aparecer no programa de televisão porque senão a senadora desaba ainda mais nas pesquisas eleitorais. E a Patrícia fica de cão quando perguntam por ele. Veja o que ela disse quando perguntaram se o Tasso ia aparecer no seu programa: “Não, agora não. Primeiro quero que as pessoas saibam que eu sou candidata (valhamindeus, aiiinda!) O Tasso não é candidato”. Engraçado que o Ciro, o Cid e o Lula também não são e ela tá acusando a Luizianne de “censora stalinista” porque pediu que a justiça proibisse os três de aparecerem no seu programa. A senadora disse ainda que por enquanto quer apenas que as pessoas saibam que o Ciro e o Tasso a apóiam. Pois eu acho que se o galego continuar sumido as pessoas não saberão.

Sinais de desespero

A primeira campanha eleitoral que eu me lembro é a de 1970, quando a Prefeitura de Sobral foi disputada pelos candidatos Nozinho (depois se mudou pra Itapipoca, onde foi prefeito, e tá disputando de novo, agora com mais de 80 anos de idade) e Quinca. Num lembro de muita coisa não, mas nunca esqueci um bordão que, dentro do contexto da chegada do homem à Lua, dizia: “O Apolo Quinca ta subiiiindo!”. Uma baita sacada de marketing que ajudou a eleger Joaquim Barreto. Depois lembro da eleição do Dr. Zé Euclides, pai do Ciro e do Cid Gomes, em 1976, com o slogan “É de Zé pra Zé”, já que era o Zé Prado que saía e tentava eleger o Zé Euclides. Lembro dum trecho do jingle composto pelo talentoso Pedro Lavandeira: “É de Zé pra Zé, é Zé que o povo quer, mantendo a tradição, Sobral de Dom José”. Brilhante, né não?

Na eleição seguinte, em 1982, eu já participei como militante do PCdoB, que ainda estava na clandestinidade. Morava em Fortaleza e minha tarefa partidária era atuar na campanha do Luis Carlos Paes (atual presidente do PCdoB de Fortaleza e que ficou na beirinha pra ser eleito) mas como ainda votava em Sobral, dava uma força na campanha dos candidatos do partido na Metrópole que eram o Veveu e o Moreira. De lá pra cá num tem uma eleição que eu tenha ficado de fora, pelo contrário, me envolvi até a alma.

Tudo isso aí foi pra dizer que já juntei um bocado de experiência e saco muito bem os sinais de quando uma campanha vai bem ou vai mal. Lembro que comentei aqui a primeira pesquisa divulgada este ano pelo Vox Populi. Eu disse que a Patrícia estava numa situação muito favorável mesmo estando em terceiro lugar. Bom, desde então muita coisa mudou e pelo que vejo a campanha da senadora tá pesada e vai descendo de ladeira abaixo, e rápido. É só ver o ataque desesperado que ela anda fazendo contra a Luizianne. Aliás o Fábio Campos, na coluna Política de ontem, faz uma análise interessante sobre o clima nos comitês eleitorais. Em resumo ele diz que mesmo não estão sendo divulgadas pesquisas mais recentes pelos meios de comunicação – por que será, hein? – mas a postura das campanhas revela a situação da disputa com gente intranqüila e gente flanando.

Eu acho que a linha de ataque da Patrícia demonstra que sua situação não está boa, enquanto a Luizianne, sob o comando da turma do Duda Mendonça (falem o que quiserem dele, mas o cabra é craque) vai conduzindo a coisa com tranqüilidade. Aliás escutei um boato de que a Lôra já passou dos 40%. Já vi isso em outras disputas e sei como termina. Vamos aguardar os próximos capítulos e pesquisas.

Dá-lhe Cacique do Vale

Guarany teu nome é uma glória
Guarany és símbolo de vitória (...)
És orgulho da Princesa do Norte.

Esse aí é um trechinho que consegui lembrar do hino do Guarany de Sobral. Nós sobralenses estamos todos orgulhosos do nosso time, que num tem muitos títulos, mas e daí ?, problema do Campeonato Cearense, que nunca quis um campeão tão digno. E ninguém venha encher o saco e falar mal do Cacique do Vale, senão vai ter!

O nosso orgulho futebolístico acaba de subir para a Primeira Divisão do Campeonato Cearense e hoje disputa com o Maranguape, jogando apenas por um empate, o título de campeão da Segundona. Desculpem aí George Valetim, Eduardo Gurgel, Sandra Lima e a turma do PCdoB de Maranguape, amigos, amigos; camaradas, camaradas; mas paixões bairristas à parte.

Eu já disse antes que de futebol eu num entendo quase nada, mas disse também que de paixão eu sou mestre, ou melhor, doutor, por isso, mesmo num sabendo quase nada sobre o Guarany atual, vou ficar de olho no jogo e como amanhã passarei uma horinhas em Sobral pra, junto com o Chico Lopes dar uma força na campanha do Sávio, candidato do PCdoB, vou dar um jeito de garantir uma camisa do meu time de coração.


É bom saber – Esta semana, no embalo da classificação do Guarany, fui saber mais de sua história e descobri que o nome, com piscilone no final, é uma homenagem ao Dr. Guarany Mont’Alverne, o primeiro médico de Sobral. Tive a honra de morar em frente a casa dele, de ser seu paciente (lembro ainda hoje dum comentário gaiato – não publicável – que ele fez quando meu pai me levou para ser consultado por ele). O Guarany Filho, que todo mundo chamava de Nany, era meu amigo de turma e de vez em quando rolava umas brigas de menino entre nós. Pois numa dessas eu joguei uma pedra nele que se desviou e a bicha atingiu a vidraça enorme da casa do Dr. Guarany. Outro dia fui dar uma volta lá pela rua, a Jornalista Deolindo Barreto, e o buraquinho da pedra ainda tá lá. Ô bicho danado é menino!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Veja, demos e o impeachment de Lula

Altamiro Borges

Como ocorre em todo o período pré-eleitoral, a oposição golpista se assanha para evitar desastres nas urnas – ainda mais porque a popularidade do presidente Lula bate recorde, inclusive na antes inexpugnável São Paulo. A marola desta vez se dá em torno das denúncias, não comprovadas, do grampo da Agência Brasileira de Informações (Abin) nos telefonemas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes. Para conter a sangria, o governo novamente recua e afasta, “temporariamente”, o comando da agência. A atitude, porém, não deve intimidar a sanha golpista da direita. O seu alvo não é a direção da Abin, mas sim o próprio presidente Lula.


A conspiração envolve figurinhas sinistras e carimbadas. A revista Veja, hoje o mais ativo antro da direita golpista, foi a primeira a “denunciar” a existência de um “estado policial” no governo Lula – logo ela que apoiou os generais “linha-dura” da ditadura. Numa reportagem apocalíptica, ela transcreve um anódino diálogo entre Gilmar Mendes e o senador-demo Demóstenes Torres e insinua que a escuta ilegal foi obra do governo. Não apresenta qualquer prova concreta, mas nem é preciso – foi assim na denúncia dos “dólares de Cuba” para o candidato Lula, das suas ligações com os “terroristas” das Farc, da remessa de dinheiro do filho do presidente para paraísos fiscais.



terça-feira, 2 de setembro de 2008

Tem raposa gringa na Serra do Sol

Dias atrás postei um editorial do Vermelho a respeito da discussão no STF sobre a reserva Raposa Serra do Sol. Acho um tema muito interessante e merecedor de muita reflexão. Vez por outra leio algo sobre o assunto, como esse texto no site Overmundo que vai na linha da polêmica. Tem muita coisa interesante dita nele. O que você acha?


Incrível notar como a boa-fé devotada ao “Bom Selvagem” e aos nossos matos tropicais serve à perpetuação de uma mentalidade colonial e escravocrata, travestida de bom-mocismo. Claro, ruralistas devem ser punidos, porque quem sai por aí matando 21 índios deve pagar por isso; é ponto pacífico. Mas, se o chamado primeiro mundo está assistindo com tamanha atenção ao desenrolar do conflito na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, deveríamos estar de olhos igualmente abertos para os reais interesses dessas ONGs fajutas criadas por estrangeiros em nome da solidariedade.


Por que será que a maior parte da mídia está mostrando o episódio como uma mera luta pelas terras, restrita a rizicultores versus índios? Só mesmo sendo muito ingênuo para acreditar nessa balela, coadunada com outra grande balela, extremamente explorada pela mídia, chamada sustentabilidade, e que, na maioria dos casos, não passa de um negócio superlucrativo pintado de verde (para as empresas jornalísticas, inclusive. Toda grande empresa de mídia tem um projetinho verde na manga).




Que jornal ele estaria lendo?




Por ela vale o risco


"A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida." Miguel de Cervantes