segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Orlando, mais do que inocente é vítima

No Dia do Saci quem brilhou foi Orlando Silva , um garoto negro que vendia doces nas ruas de Salvador pra ajudar no sustento da família, que sobreviveu à inúmeras dificuldades - certa vez,quando era presidente da UNE ele me disse que metade dos seus amigos de infãncia estavam presos ou mortos, por envolvimento com o crime - até ingressar no curso de Direito da Univesidade Católica de Salvador, tornar-se o líder maior da juventude universitária, presidir a União da Juventude Socialista, tornar-se uma expressão nacional do PCdoB e assumir o Ministério dos Esportes do primeiro governo verdadeiramente democrático do Brasil, presidido por Lula, e continuar com a mesma tarefa no segundo governo com as mesmas caracteristicas. Mas a podridão que ainda infecta o submundo da luta política no Brasil, que toma forma pública através de uma mídia cretina, servil e venal, não aceita tanto. Conseguiu retirar Orlando Silva do Ministério e a resposta já veio imediata como você pode ver na ovação que o menino baiano recebeu em sua despedida.

PiG no século 19?

"Começa a ocorrer uma opinião que, considerada a imprensa como um instrumento de delito semelhante a qualquer outro, entende que não tem direito a leis e fórmulas especiais".

Assim o então jovem jornalista cearense e futuro escritor José de Alencar fez suas primeiras críticas no Diário do Rio de Janeiro, em julho de 1854, a um certo tipo de imprensa que ainda hoje fuça na lama da calúnia e da difamação, numa atitude cretina para impedir que o Brasil continue avançando nas conquistas.

Fonte: "O Inimigo do Rei", de Lira Neto

domingo, 30 de outubro de 2011

Onde andará Alceu Valença?

Na passagem do ano de 1986 pra 1987 passei férias em Santa Catarina e numa noite fui assistir o Alceu Valença cantar num palco montado debaixo duma lona de circo, em Balneário Camboriú. O lugar num era muito grande e também num precisava porque a maioria dos veranistas nem conhecia o primo do meu cunhado Pedro Igor, lá de São Bento do Una. Valença largou o verbo no mundo, enquanto eu cantava e dançava tudo que ele tocava e cantava em cima do praticado. No intervalo da segunda pra terceira música ele gritou lá de cima: "Eita que tem um nordestino ali que parece que tá com saudade dum forró". Era eu que, mais uma vez, encontrava Alceu numas férias fora de casa. A primeira tinha sido em Olinda, três anos antes, onde fui apresentado a ele por uma prima minha que mora no Recife, a Teresa Coêlho. O cabra era duma simpatia só e ainda arrumou uma casa perto da dele, no Largo do Amparo, pra eu alugar e passar o carnaval com mais de duas dezenas de cearenses. Nossa morada momina ganhou o nome de "Casa da Boca Roxa" - um dia eu conto  o porque - e era frequentada pelo dobro de inquilinos. Foram dez dias de folia, onde guardei saudade dum amor que partiu.

Mas continuando a prosa do começo, depois de flagrado eu respondi: "Nordestino, cearense, nascido em Sobral!", e lá do palco veio o complemento: "Conterrâneo dum rapaz latino americano". Pronto, foi prosa durante quase todo o show e no final um abraço pra cá, outro prá lá. Nunca mais nos cruzamos na estrada, mas sempre que posso acompanho as coisas do Valença. Agora a noite descobri que ele virou cineasta e tá dirigindo um filme chamado "A Luneta do Tempo", que como ele diz, vai e volta, acompanhando a formação da identidade nordestina com seus personagens, sua artes e seu força cultural. O filme fica pronto lá pro meio do ano que vem e haverá de ser uma coisa muito bonita, a tirar pelo conjunto da obra do diretor em outros ramos artísticos. No vídeo abaixo tem um momento de descontração, dos muitos que devem existir, nas filmagens filmagens. Curta a gaiatice do cabra, todo de cara nova.




Fonte: Canalvalença

Mia Couto e o medo

Fui apresentado ao escritor moçambicano Mia Couto pelo poeta Joan Edessom. Li boa parte da obra dos dois, mais deste que daquele, compartilho da maioria das ideias de ambos e por isso quero lhe oferecer a oportunidade de conhecer algumas ideias que nós três comungamos, através de um texto do mais conhecido entre nós, lido pelo próprio autor. Mia Couto pegou o mote do medo, mas foi muito além desse sentimento e cutucou forte as agressões que vitimam os povos no mundo, particularmente na sua África nativa. São menos de oito minutos de vídeo e você, ao final, não terá medo de indignar e enfrentar os que fazem do medo sua arma.



Fonte: Marcio Acselrad

Sal e poesia

O domingo já ia pela metade quando li esses versos aí embaixo. São do Ronaldinho Salgado, jornalista e professor universitário, a quem não faltam ideias agudas e palavras afiadas na lida e na vida do povo que ele soube e sabe como o jornalismo deve retratar da forma mais verdadeira. Seus versos valem como inspiração e também devem nos instigar a termos uma existência digna dos seres que somos, ou que devemos ser. Salve, Ronaldim!


Não brigo
Com as lembranças.
Sequer com as palavras.
Ao contrário.
Em palavras e lembranças
Enfronho-me.
Abrigo-me.
Faço-me existir
Ao nascer dos dias.
Ao debulhar das horas.
À cumplicidade dos gritos.
À existência do outro.
Minha existência é ponta de faca.
Ou ponta de lápis.
Deixo-me existir na insistência.
Deixo-me insistir na resistência.
Ao abrir o olho
Escancaro-me tal qual girassol.
Ao fechá-lo,
Entrego-me à luz
Dos sonhos e dos desejos.
Confesso-me em meu próprio silêncio.
Desabafo em meu próprio sorriso.
Existo em minha própria lágrima.
O mundo vira vida.
A vida vira mundo.
Sou apenas mais um
A mundoexistir!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PCdoB na TV, assista

Falar em versos





Falar, falar

Se conviver é conversar,
esse falatório sem pausa,
onde o silêncio é mais temido
que palavrão dentro de casa,

faz da vida inteira um entulho
de vozes de bar, de barulho;

neste metralhado lugar
tão atulhado de palavras
que não se pode caminhar,

onde do corpo só a paz
do amor calado satisfaz

Poema de
Alberto da Cunha Melo
Fonte:

Como se faz o PCdoB na TV

Há mais de vinte anos eu participo do trabalho de comunicação dos comunistas. O produto final sempre é muito gostoso de se ver, mais ainda quando ele agrada ao público. Nesse tempo todo evoluímos bastante em termos de linguagem, estética, técnica (lembro de cada improviso feito pela falta de mais e melhores recursos...) e mesmo nas ideias que veiculamos, na medida em que analisamos e compreendemos com mais apuro a realidade e a evolução da sociedade. Sou fascinado pelo processo de produção. Gosto de discutir o tema, construir o briefing, debater o roteiro, acompanhar as gravações e a edição, além de ver e rever a peça final até cansar. Fiz, e continuo fazendo, excelentes amizades, que já foram além do ambiente de trabalho. Já vive tensões e alegrias inacreditáveis. Passei por situações que nunca imaginei passar e espero ainda passar por muitas, preferencialmente mais tranquilas. A vida segue, na rua e na telinha.

Todo esse leriado aí, foi pra dizer que o PCdoB vai ao ar hoje, às 20h30m, em rede nacional, pra falar sobre nossas ideias e experiências para as cidades, mas também pra dizer algo que o povo precisa saber a respeito das sacanagens que estão fazendo com o Orlando Silva, Ministro dos Esportes e com o próprio partido. Nesse vídeo abaixo você curte um pouco de como foi feito o programa de hoje. Curta agora e mais tarde.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Solidariedade camarada

Sabe aquela expressão "mexeu com meu amigo, mexeu comigo"? Pois bem, aqui no Ceará, além conhecida hospitalidade, a solidariedade também tem muita por aqui. A turma da mentira foi se meter a besta e agredir o governo da Dilma e o PCdoB através de calúnias contra o Orlando Silva, vai recebendo o que merece. Daqui, dos comunistas cearenses, vai uma nota da direção estadual e eu publico aqui pra você ler.

Em repúdio às calúnias ao Ministro Orlando Silva Jr e em defesa do PCdoB


A revista Veja, na verdade com o objetivo de atacar e injuriar o histórico Partido Comunista do Brasil e criar embaraços para o novo ciclo político iniciado com a eleição do ex-Presidente Lula e seqüenciado pela Presidenta Dilma, mais uma vez, cumpre sórdido papel. Com base unicamente em declarações de uma pessoa indiciada por desvio de recursos públicos, a publicação da Editora Abril lança sobre o Ministro dos Esportes, Orlando Silva Jr, denúncias de supostas irregularidades.


A Comissão Política Estadual do PCdoB no Ceará torna pública sua inteira solidariedade ao Ministro, repudia as acusações que lhe são feitas e se indigna com as insinuações injuriosas assacadas ao Partido. Orlando Silva tem se comportado com extrema competência e honestidade à frente do Ministério, em sintonia com a linha do Governo Federal de fortalecer o esporte, as políticas públicas de inclusão social e de estímulo ao desenvolvimento nacional.


O Ministério dos Esportes, oriundo da antiga Secretaria Especial de Esporte da Presidência da República, é hoje um dos órgãos do Governo Federal com atuação mais expressiva. Este fato gera incômodos em segmentos que não se conformam em ver o êxito do PCdoB através de militantes ocupando cargos do primeiro escalão da República. Neste sentido, forjam denúncias, fomentam intrigas e levantam suspeitas infundadas para tentar constranger os comunistas e encobrir sua atuação exitosa.


O PCdoB cearense conclama sua militância a defender o Ministro Orlando Silva e o Partido de mais este ataque. No parlamento, nos movimentos sociais, nas diversas frentes de atuação, é preciso enfrentar com firmeza e convicção tais agressões, que já receberam vigorosa resposta nas redes sociais, assim como a repulsa de um grande número de personalidades e instituições democráticas e progressistas. Certamente os agressores insistirão nos ataques e provocações, mas enfrentarão a merecida repulsa e serão desmoralizados.


Fortaleza, 16 de outubro de 2011.


Comissão Política Estadual do PCdoB/CE


Jeito paidégua de falar

No nosso modo de falar nordestino, nós daqui de cima num  não temos só um sotaque catarolado e gostoso de se ouvir. Por aqui sobra criatividade também na forma de chamar as coisas por um nome só nosso. Pra saber algumas é só dar uma espiada nesse atlas da anatomia humana aí debaixo. É coisa marlinda!

domingo, 16 de outubro de 2011

"Um bandido me acusa e eu preciso explicar"

Lembro bem quando foi anunciado que o PCdoB indicaria o Ministro dos Esportes do primeiro governo do Lula. Pela primeira vez os comunistas passaram a com o primeiro escalão da República do Brasil. O ministério num era lá essas coisas todas, até outro dia tinha sido uma secretaria especial da Presidência, onde figuraram algumas estrelas do esporte nacional que serviram muito mais para ilustrar o governo do que pra fazer alguma coisa mais concreta. Os superatletas Pelé, Zico, Bernard, Torben Grael não tiveram sequer um desempenho regular e, em boa parte, por conta da falta de estrutura do órgão sem capilaridade nesse país enorme, diverso e doido por futebol, mas muito longe de ter uma organização desportiva capaz de atender, com certa ousadia, as aspirações e as grandes possibilidades dos brasileiros e brasileiras.

Numa situação dessas, cheia de dificuldades e poucas possibilidades de se vislumbrar um trabalho legal, houve gente até graúda no PCdoB que tratou com certo desdém a oferta do Presidente Operário ao Partido do Proletariado. Num achavam uma oferta muito camarada. Felizmente prevaleceu a ousadia, o destemor e a capacidade dos comunistas de encarar tarefas às vezes meio enjoadas. Os comunas foram lá, resolveram encarar o bicho de frente e estão até hoje dando conta com mais sucesso do eles mesmos até imaginavam. Noite já virou madrugada, da Bahia pro Rio Grande do Sul, o verão já papou uma hora, e eu num vou listar aqui o que feito e o feito será, mas só quero lembrar que entre 2011 e 2016, os mais importantes eventos desportivos desse pedaço do universo vão acontecer aqui nessa pátria amada de todos nós. Em todos eles os comunistas do Brasil estarão no centro dos acontecimentos. Isso explica, sinteticamente, a cretinice duma revista que além de vista, ainda é lida por muita gente e serve pra pautar uma montueira de jornal e revista querendo vender fácil e faturar com denúncias, além de deleitar muito jornalista que se sente sócio do patrão até o dia em que leva um pé na bunda.

A frase lá em cima é do Orlando Silva Jr, um cara que da periferia de Salvador foi ser líder nacional dos estudantes universitários e agora é o Ministro dos Esportes do Brasil, indignado com o fato de ter que provar que não é verdade as acusações que lhe são feitas por um policial que virou bandido, é indiciado por crimes que cometeu. A maioria dos que reproduzem as "denúncias" sequer investigam a veracidade das acusações e muito menos a folha corrida do acusador e do acusado. Alguns, como o Juca Kfouri, seguem a máxima nazista do Goebbels e repetem mentiras, na tentativa de transformá-las em verdade e outros, como o Eliomar de Lima, repetem no Ceará as mesmas mentiras e ainda tentam fazer gracinhas. Um pouco de dignidade faria bem, um mínimo de imparcialidade ajudaria o público a formar uma opinião sintonizada com os fatos.

Abaixo reproduzo uma entrevista do próprio ministro à ESPN, onde trabalha citado Juca. Espero que você, e o Eliomar, assistam e, se quiserem mais informações, leiam os dois textos abaixo sobre o mesmo assunto.




PCdoB rechaça calúnia de Veja e apoia ministro Orlando


Ministro do Esporte processará a Veja


Por Altamiro Borges

A revista Veja desembestou de vez. A cada semana ela aciona um de seus jagunços midiáticos para destruir reputações e produzir “reporcagens” com calúnias e difamações, sem qualquer consistência jornalística e sem ouvir as vítimas das agressões. A revista dá tiros para todos os lados, pouco se importando com sua credibilidade em declínio ou com a abertura de processos judiciais.

No mês passado, a Veja usou um repórter para tentar invadir o apartamento do ex-ministro José Dirceu num hotel em Brasília. A ação criminosa, que lembra as escutas ilegais e os subornos do império Murdoch, foi desmascarada e está na Justiça. Na semana seguinte, ela deu capa para um remédio, num típico “jabá jornalístico”, e foi criticada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ataques ao PCdoB e a Lula

Na edição desta semana, a revista resolveu investir contra o ministro dos Esportes, Orlando Silva (PCdoB). Para isso, abriu espaço em suas páginas ao policial militar João Dias Ferreira, preso em 2010 por corrupção. Na “reporcagem”, ele afirma que o ministro participaria de um esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que atende mais um milhão de crianças carentes no Brasil.

Ainda segundo a “reporcagem”, que não apresenta qualquer prova concreta e se baseia inteiramente nas declarações do policial, os recursos do programa seriam repassados para ONGs, depois destas pagarem uma taxa de até 20% sobre o valor dos convênios. O dinheiro seria utilizado como caixa-2 do PCdoB e, também, serviu “para financiar a campanha presidencial de Lula em 2006”.

João Dias, um policial sinistro


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

À nós, meninos e moleques



Bola de meia, bola de gude
Milton Nascimento

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão
E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor

Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Canção Quintana

Canção de nuvem e vento
Mário Quintana


Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem Nuvem Nuvem
Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento Vento Vento
Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe...
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento Vento Vento!

Cocaine in America

Num dos discursos contidos em seu livro "Eu não vi fazer um discurso", Gabriel Garcia Márquez aborda o narcotráfico, problema que aflige sua Colômbia e serve como justificativa para os Estados Unidos manterem tropas e bases militares naquele país mas com o verdadeiro objetivo de combater o guerrilha colombiana. "Gabo" discursou, em 1995, na Cidade do Panamá, durante uma laboratório do Grupo Contadora, que debateu o tema "A América Latina existe", e a certa altura falou o seguinte:

"Há pouco tempo estive com um grupo de jornalistas norte-americanos num pequeno planalto que não deveria ter mais que três ou quatro hectares de papoulas. Fizeram uma demonstração pra gente: fumigação de helicópteros, fumigação de aviões. Na terceira passagem de helicópteros e aviões, calculamos que aquilo nos custava mais do que custava o terreno. É desanimador saber que assim ninguém conseguirá combater o narcotráfico. Eu disse aos jornalistas norte-americanos que estavam conosco que aquela fumigação deveria começar pela ilha de Manhattan e pela Prefeitura de Washington. Também recriminei o fato deles - e o mundo - saberem como é o problema da droga na Colômbia - como é semeada, como é processada, como é exportada - porque nós, jornalistas colombianos, investigamos, publicamos e divulgamos pelo mundo. Muitos, inclusive, pagaram com a  vida. Mas nenhum jornalista se deu ao trabalho de nos dizer como é a entrada da droga nos Estados Unidos, e como é a sua distribuição e a sua comercialização interna".


Gabriel Gárcia Marquez, 
em "Eu não vim fazer um discurso"







Eric Clapton

domingo, 9 de outubro de 2011

Che Guevara meio inédito

Esse pacato cidadão, que você não faz a menor ideia de quem seja, nesta foto que certamente você nunca viu, é  um dos caras mais conhecidos do mundo, um verdadeiro mito, cuja imagem mais conhecida é umas das imagens  mais conhecidas de todos os tempo. Este é Ernesto Rafael Guevara de la Serna que acabara de chegar à Bolívia, em 1966, onde viveu até a morte, em 8 de outubro de 1967. Durante cerca de um ano Che Guevara viveu clandestinamente na Bolívia, onde organizou um movimento guerrilheiro que acabou descoberto e derrotado. Uma das regras da clandestinidade é justamente evitar fotos, registros que possam facilidade a localização do clandestino. Pois durante seu último ano de lutas de Guevara a tal regra foi burlada e algumas fotos infratoras estão sendo expostas na Argentina, sua terra natal, pelo Museu La Pastera, dedicado ao revolucionário latino americano. Caso você não possa ir até o museu, as fotos podem vir até você desde que clique aqui e entre no site do jornal argentino El Clarin, que é um jornal muito ruim, mas é como você pode ver essas tais fotos meio inéditas.

No livro "Reportagens Políticas", Gabriel Garcia Marquez conta que quando voltava da África para Cuba, de onde depois seguiria para a Bolívia, Guevara viajou acompanhado de um combatente cubano num voo que circulou pela Europa antes de seguir pra ilha socialista do Caribe. A certa altura o passageiro sentado ao lado dos dois viajantes puxou conversa com o amigo do Che e acabo descobrindo que se tratava de um cubano. Foi o suficiente para que o moço puxasse prosa sobre a ilha, sobre seus líderes revolucionários, especialmente sobre o argentino que seguia ali ao lado. Certamente o curioso não identificou Che exatamente porque jamais o reconheceria na imagem desse senhor aí da foto.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Amor e lágrimas

"Cebola Cortada" talvez seja a primeira música que eu escutei cantada pelo Fagner. Foi meu irmão Veveu quem me apresentou, lá pelo final dos anos 70. Ela faz parte do excelente disco Orós, uma obra prima da discografia brasileira,  produzida por ninguém menos que Hermeto Pascoal. Hoje me bateu uma vontade de ouvir e compartilhar essa beleza musical com você. Infelizmente não achei sua melhor versão, a original do disco, mas vai aqui uma do Clodo Ferreira, um dos seus co-autores, ao lado do genial Petrúcio Maia. Curta, porque é linda demais.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Imbecis

Humor faz bem, muito bem. Mas humor também pode fazer muito mal, quando ele perde a graça, claro. A jornalista Cynara Menezes definiu bem direito as pessoas que fazem humor sem graça. Leia, e ria, se for capaz.


O perfeito imbecil politicamente incorreto


Em 1996, três jornalistas – entre eles o filho do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, Álvaro –lançaram com estardalhaço o “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”. Com suas críticas às idéias de esquerda, o livro se tornaria uma espécie de bíblia do pensamento conservador no continente. Vivia-se o auge do deus mercado e a obra tinha como alvo o pensamento de esquerda, o protecionismo econômico e a crença no Estado como agente da justiça social. Quinze anos e duas crises econômicas mundiais depois, vemos quem de fato era o perfeito idiota.


Mas, quem diria, apesar de derrotado pela história, o Manual continua sendo não só a única referência intelectual do conservadorismo latino-americano como gerou filhos. No Brasil, é aquele sujeito que se sente no direito de ir contra as idéias mais progressistas e civilizadas possíveis em nome de uma pretensa independência de opinião que, no fundo, disfarça sua real ideologia e as lacunas em sua formação. Como de fato a obra de Álvaro e companhia marcou época, até como homenagem vamos chamá-los de “perfeitos imbecis politicamente incorretos”. Eles se dividem em três grupos:


1. O “pensador” imbecil politicamente incorreto: ataca líderes LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trânsgeneros) e defende homofóbicos sob o pretexto de salvaguardar a liberdade de expressão. Ataca a política de cotas baseado na idéia que propaga de que não existe racismo no Brasil. Além disso, ações afirmativas seriam “privilégios” que não condizem com uma sociedade em que há “oportunidades iguais para todos”. Defende as posições da Igreja Católica contra a legalização do aborto e ignora as denúncias de pedofilia entre o clero. Adora chamar socialistas de “anacrônicos” e os guerrilheiros que lutaram contra a ditadura de “terroristas”, mas apoia golpes de Estado “constitucionais”. Um torturado? “Apenas um idiota que se deixou apanhar.” Foge do debate de idéias como o diabo da cruz, optando por ridicularizar os adversários com apelidos tolos. Seu mote favorito é o combate à corrupção, mas os corruptos sempre estão do lado oposto ao seu. Prega o voto nulo para ocultar seu direitismo atávico. Em vez de se ocupar em escrever livros elogiando os próprios ídolos, prefere a fórmula dos guias que detonam os ídolos alheios – os de esquerda, claro. Sua principal característica é confundir inteligência com escrever e falar corretamente o português.


2. O comediante imbecil politicamente incorreto: sua visão de humor é a do bullying. Para ele não existe o humor físico de um Charles Chaplin ou Buster Keaton, ou o humor nonsense do Monty Python: o único humor possível é o que ri do próximo. Por “próximo”, leia-se pobres, negros, feios, gays, desdentados, gordos, deficientes mentais, tudo em nome da “liberdade de fazer rir.” Prega que não há limites para o humor, mas é uma falácia. O limite para este tipo de comediante é o bolso: só é admoestado pelos empregadores quando incomoda quem tem dinheiro e pode processá-los. Não é à toa que seus personagens sempre estão no ônibus ou no metrô, nunca num 4X4. Ri do office-boy e da doméstica, jamais do patrão. Iguala a classe política por baixo e não tem nenhum respeito pelas instituições: o Congresso? “Melhor seria atear fogo”. Diz-se defensor da democracia, mas adora repetir a “piada” de que sente saudades da ditadura. Sua principal característica é não ser engraçado.


3. O cidadão imbecil politicamente incorreto: não se sabe se é a causa ou o resultados dos dois anteriores, mas é, sem dúvida, o que dá mais tristeza entre os três. Sua visão de mundo pode ser resumida na frase “primeiro eu”. Não lhe importa a desigualdade social desde que ele esteja bem. O pobre para o cidadão imbecil é, antes de tudo, um incompetente. Portanto, que mal haveria em rir dele? Com a mulher e o negro é a mesma coisa: quem ganha menos é porque não fez por merecer. Gordos e feios, então, era melhor que nem existissem. Hahaha. Considera normal contar piadas racistas, principalmente diante de “amigos” negros, e fazer gozação com os subordinados, porque, afinal, é tudo brincadeira. É radicalmente contra o bolsa-família porque estimula uma “preguiça” que, segundo ele, todo pobre (sobretudo se for nordestino) possui correndo em seu sangue. Também é contrário a qualquer tipo de ação afirmativa: se a pessoa não conseguiu chegar lá, problema dela, não é ele que tem de “pagar o prejuízo”. Sua principal característica é não possuir ideias além das que propagam os “pensadores” e os comediantes imbecis politicamente incorretos.

América Latina canta unida



Fonte: Blog do Miro

O PCdoB e a luta dos professores

Aqui é um espaço pessoal, em que expresso minha opinião sobre diversos assuntos e também a de outras pessoas com as quais concordo. Hoje achei por bem publicar a nota do PCdoB cearense sobre a greve dos professores cearenses. Acho que nestas poucas linhas meus camaradas mostram que a luta presente tem conexão com o passado e o futuro. A mobilização dos professores faz parte duma trajetória histórica do Brasil, que não começou há poucos anos, como desejam alguns, e não se finda daqui a pouco, como imaginam outros. "Se muito vale o já feito, mais vale o que será", diz Milton Nascimento.



Greve dos professores: a negociação é o caminho

O atual ciclo de mudanças que vive o Brasil é resultado da trajetória de nosso povo para construir um país democrático, soberano, livre, desenvolvido e socialmente justo. Tal objetivo somente será atingido com a mobilização de amplos setores nacionais e com a luta dos trabalhadores e do povo. O entrelaçamento das lutas específicas dos diversos segmentos sociais com a defesa de bandeiras políticas nacionais impulsionará os avanços que o Brasil e o Ceará têm vivido nos últimos anos.


Neste contexto é que se dá a atual mobilização dos professores da rede pública estadual, em greve há quase dois meses. O PCdoB/CE, por meio de seus parlamentares, tem intermediado, desde o início, as negociações para que sejam atendidas as reivindicações da categoria, dentro das condições possíveis para o governo estadual. Nesse sentido desaprova os atos de violência ocorridos recentemente na Assembleia Legislativa. Os comunistas consideram que o caminho efetivo para a solução do atual impasse passa pela persistente negociação, com serenidade e transigência, buscando o entendimento capaz de elaborar uma proposta comum entre professores e governo estadual, possibilitando a retomada das aulas e evitando mais prejuízos a milhares de estudantes.


Os comunistas consideram que a luta por melhorias efetivas na educação passa pela implementação plena da Lei do Piso Nacional do Magistério e mais ainda, com a realização de uma profunda reforma da educação e a ampliação dos investimentos públicos na área. Isto posto, deve ser amplamente apoiada a proposta da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) para que 10% do PIB sejam destinados para educação. Assim, união, estados e municípios terão melhores de condições pagar o salário justo a que têm direito os professores, bem como melhorar suas condições de trabalho e assegurar uma educação a altura das necessidades do país.


Fortaleza, 1º de outubro de 2011.


Secretariado Estadual do PCdoB/CE