domingo, 30 de outubro de 2011

Sal e poesia

O domingo já ia pela metade quando li esses versos aí embaixo. São do Ronaldinho Salgado, jornalista e professor universitário, a quem não faltam ideias agudas e palavras afiadas na lida e na vida do povo que ele soube e sabe como o jornalismo deve retratar da forma mais verdadeira. Seus versos valem como inspiração e também devem nos instigar a termos uma existência digna dos seres que somos, ou que devemos ser. Salve, Ronaldim!


Não brigo
Com as lembranças.
Sequer com as palavras.
Ao contrário.
Em palavras e lembranças
Enfronho-me.
Abrigo-me.
Faço-me existir
Ao nascer dos dias.
Ao debulhar das horas.
À cumplicidade dos gritos.
À existência do outro.
Minha existência é ponta de faca.
Ou ponta de lápis.
Deixo-me existir na insistência.
Deixo-me insistir na resistência.
Ao abrir o olho
Escancaro-me tal qual girassol.
Ao fechá-lo,
Entrego-me à luz
Dos sonhos e dos desejos.
Confesso-me em meu próprio silêncio.
Desabafo em meu próprio sorriso.
Existo em minha própria lágrima.
O mundo vira vida.
A vida vira mundo.
Sou apenas mais um
A mundoexistir!