O tempo voa
Um reencontro depois de mais de 30 anos |
Naquela manhã de sexta feira pré natal a novidade foi a chegada dum sujeito baixinho, de fala pouco avolumada, mas de ritmo muito cearense. Não reconheci o distinto, mas gostei da prosa dele, mesmo que falasse da safra ruim de caju lá no sítio de meu pai, no Santo Antônio dos Melo, onde fui pela primeira e uma das poucas vezes subindo a cavalo, junto com meu pai e o Veveu, o pé da serra da Meruoca. Mas o Anastácio, filho do Seu Leôncio, caseiro do lugar, me reconheceu e lembrou que há mais de 30 anos não nos encontrávamos. Temos a mesma idade e, quando essa ainda era bem pouca, brincamos no lajeiral e nas quedas dágua do riacho que passa ao lado da casa onde sua família morava. A conversa foi curta porque seu filho o esperava lá fora. Pedi pra alguém transformar o reencontro em imagem e ficamos de um dia eu subir novamente o pé da serra pra pra rever um dos lugares da minha infância feliz. Minhas férias começaram bem.
Natal família
Juntando filhos, netos, noras, genros, amigos e simpatizantes, além do bisneto, o encontro de toda minha família juntaria algumas dúzias de gente boa. No natal deste ano exatamente 47 criaturas participaram do animado amigo secreto no alpendre da casa do Dotô e da Domaria. Era gente de tudo que é idade, presente pra todo gosto (a maioria comprado por mulheres fez alguns homens entrarem numa saia justa, quase um beibidol) e cada comida a mais deliciosa e com um sabor de natal sertanejo.
Se um natal em família já é legal, imagine dois ... Da minha morada sobralense fomos pra casa da Nampaula, minha irmã, e do Fernando, meu cunhado, que junto com Lucas, Gabriel e Zé Artur, acolheram mais gente boa e regaram o resto da noite com carinho, presentes, guloseimas e uma bebidinha pra molhar a palavra e a prosa ficar mais solta. A parábola O Semeador deu à noite um momento de reflexão sobre os desafios da vida e quem a leu em voz alta, provocou o debate e depois ajudou a encontrar lições naquele texto foi o Veveu, que já se prepara para um grande desafio de sua vida.
Mamãe emoção
Exagerada
O prefeito Veveu escuta a nossa mãe falar sobre ele |
Como boa parte das queridas brasileiras e dos queridos brasileiros, Domanducarmo, minha mãe, é curtidora inventerada do Roberto Carlos. E a música predileta dela é Emoções. Nesses dias de Sobral tive a certeza de esse gosto musical de minha mãe é porque é importante pra ela nos fazer viver grandes naqueles momentos lindos. Prepare seu coração pras duas histórias que eu vou contar.
Os vereadores de Sobral, o prefeito sainte Leônidas e o entrante, Veveu, já tinham cumprido as formalidades legais e o vereador presidente, João Alberto "Paredão" ia encerrar a sessão do dia 1.1.11quando a quase octogenária Domanducarmo pediu pra dar uma palavrinha rápida e já foi logo pro microfone antes mesmo de consentida.
"Eu escutei o Veveu falar dos compromissos dele e lembrei que quando ele era menino tinha um garoto que engraxava sapatos lá em casa, ele se chamava Manuel. Num dia o Veveu chegou pra mim e disse: "Mamãe, eu tenho dois sapatos e o Manuel não tem nenhum. Eu posso dar um dos meus pra ele?". Esse é o Veveu desde criança e sei que ele seguirá assim nessa nova missão que recebe".
O silêncio enorme enquanto minha mãe falava denunciava a emoção das pessoas. Uma delas, o Djalma, amigo querido me falou o seguinte: "Inácio, a tua mãe exagerou. Meu pai dizia que homem não chora e eu fiquei ali desobedecendo ele enquanto a Dona Maria do Carmo falava".
Solidária
Minha mãe e a família feliz de Donalurdes |
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