segunda-feira, 18 de julho de 2011

Passeio passado em Camocim

Fui à Camocim no sábado, dia 16, para um reunião com o PCdoB de lá. Antes passei por Sobral, onde estava meu filho Guilherme, que se animou para viajar junto. A cidade praiana é um xodó meu há muitos anos, foi lá que conheci mar e praia, junto com papai, mamãe, irmãos e irmãs. Depois, gente crescente e adolescente, fui muitas vezes e, sempre que posso, vou mais.

Gui agora viaja ao meu lado, como co-piloto
Pela primeira vez Guilherme e eu viajamos pra lá só nós dois, pela primeira vezes ele viajou ao meu lado, como carona do carro. Resolvemos fazer uma programação diferente na cidade, antes da minha reunião, prevista pro sábado, às 14h. Chegamos ao final da tarde de sexta, dia primeiro da lua cheia do mês e nos programamos pra esperar a bonita surgir na linha da praia. Antes nos hospedamos numa pousada nova na cidade, pertencente a um japonês. Seu Mário não revelou como foi parar ali, mas soltou um enigmático "é uma longa história", que me fez pensar se ele num é mais um daqueles soldados japoneses que somente há pouco tempo se deram conta de que a 2ª Guerra Mundial acabou há mais de 60 anos, ele parecer ter idade pra isso.

Não há foto ruim que esconda a beleza da Lua
Depois de quase pegarmos a lua com  mão, mas sem conseguir fotografá-la direito por conta do vento forte e da falta que me faz um tripé de responsa pra Sonynha, demos mais um giro pela cidade, tomamos um delicioso sorvete local, vimos um reisado gaito e arreamos no sono depois dum banho quente no bangalô do Seu Mário e da Dona Né, palavra que a mulher repete 11 vezes a cada 10 que pronuncia.

Devoto franciscano circula a caráter pelo mercado
Sábado amanhecido, café da manhã tomado, vestidos para a praia, foi pra lá que não fomos. O tempo tava meio feioso e a disposição do Guilherme era pouca, quase nenhuma. Fomos então circular na cidade. Apresentei uns lugares que eu já conhecia e outros conhecemos juntos. O mercado é lugar que sempre vou pra sentir cheiros, escutar a fala arrastada e as gaiatices (um sujeito anunciava a venda dum filhote de gato por um real, parcelado em três vezes - quase de graça!), encher os olhos de cores, ver gente curiosa e também ter raiva da falta de cuidado com lugares tão especiais como aquele, onde a cidade pulsa intensamente.

Ruinas da Estação Ferroviária
Do mercado fomos a Praia dos Coqueiros, reduto de pescadores, ao Cais do Porto, recuperado pelo Presidente Lula, e à área onde funcionou a Estação Ferroviária e suas oficinas, quase tudo em ruinas, restando de pé apenas a sede da administração, onde agora funciona a Prefeitura Municipal. É um conjunto cheio de memória do desenvolvimento daquela cidade em épocas passadas e das lutas dos trabalhadores, com forte participação dos comunistas, que ali tinham sua principal força no Ceará, tendo eleito na década de 1940, o vereador Pedro Rufino. Fiquei animado com o movimento no cais, mas também vi sucatas de barcos pesqueiros e não dá pra ficar triste com o abandono da ferrovia. No passado não cheguei a pegar o trem circulando, mas ainda vi tudo aquilo de pé, numa beleza de encher os olhos.

Aqui ninguém escapa da lingua anavalhada
Antes da reunião e do almoço no Fortim, restaurante que existe há mais de 40 e onde vivi muitas histórias desde menino, resolvi fazer cabelo e barba num lugar bem popular da cidade, onde a prosa corre solta, fala-se de tudo e de quase todos, o macharal faz fila na manicure e sai com as unhas brilhando de base. Seu Benedito trabalha bem, gosta duma gaitada e no final me falou dum cliente seu por quem ele tem muito respeito e admiração. Deixei encomendado um abraço pro Dr João Conrado. velho amigo sobralense,  e apalavrada uma visita minha na próxima ocasião.

A reunião das duas começou com atraso grande, chegou gente, inclusive de Chaval, até o fim, a prosa tratou do passado, do presente e do futuro do partido na região - vamos ver no que vai dar - e depois os cabra ainda traçaram uma janta leve praquele começo de noite: feijoda regada a umas poucas garrafas de cervejão. Dispensei a cortesia porque estrada noturna, mal sinalizada e  molhada de chuva num é lugar de barriga pesada. Deixei o Guilherme no comando do som, tal como na ida, e em menos de duas horas, chegamos à casa onde cresci de menino pra rapaz, pegamos no sono e de manhã caimos na estrada de volta pra Fortaleza. Na capital ainda fomos espiar o SANA2011 e visitar o Domaducarmo e o Dotô Luciano, que num aguentou dois dias de saudade e veio pra perto da sua amada.

Chego em casa, vou saber das novas na internet e dou de cara com o vídeo Camocim do Totonho Laprovitera, pendurado no blog do próprio, junto com muita coisa boa e que lhe convido pra por lá ir e se divertir muito.


Abaixo mais algumas belezas de Camocim, mesmo numa manhã acinzentada, sem o realce do azul brilhante do céu e a energia do sol.


Cheiros e cores diversas nas bancas do Mercado Municipal
A fachada da Estação Ferroviária ainda é preservada, o mais, é ruina

Os pescadores que inspiraram Raimundo Cela ainda estão por lá

No Cais do Porto recuperado barcos são preparado para a pesca

Um comentário:

Maria Carvalho disse...

Que falta faz seus relatos para um jornal,revista,pense numa coisa boa se ler??
As palavras revelam os lugares imediatamente,pela bela descrição.
eu adoro!!!