segunda-feira, 8 de junho de 2009

Medo em segundo plano

O acidente do vôo AF 447, da Air France, pautou novamente assuntos ligados a aviação. Segurança, manutenção, conforto e medo de voar, por exemplo, são temas de muitas matérias jornalisticas. Hoje o Diário do Nordeste, traz uma matéria em que são destaques o sanfoneiro Dominguinhos, que deixou de andar de avião há 25 anos, e o deputado Chico Lopes, que se pela de medo, mas encara voar e se prepara pra missão.

Trabalho com o Chico Lopes desde 1987, quando ele era vereador - entre 1989 e 1996 trabalhei com Inácio Arruda como vereador, deputado estadual e deputado federal - e sei muita história desse cabra com avião, mas num vou contar. Pois é, mesmo sabendo muitas, hoje aprendi mais com o meu camarada véi. Na matéria do "Diário", questionado sobre o fato de ser deputado federal e ter medo de avião ele demonstra, mais uma vez porque é tão querido pelas pessoas. Diz ele lá:"Tenho um dever de respeito porque, quando pedi o seu voto, não disse que tinha medo de voar ". E emenda com seu tradicional bom humor: "Estou doido para que inaugurem um trem bala que viaje a 600 Km por hora".

Faço minhas e torno públicas as palavras do jornalista Dalwton "seu" Moura, nosso colega de trabalho, num email que mandou pra toda a equipe: "Que o exemplo deste cabra danado, vencendo desafios pessoais em prol de um trabalho coletivo, seja sempre renovada inspiração".


Leia abaixo a íntegra da matéria sobre o "medo de avião" do Chico Lopes.


Deputado Chico Lopes recusa viagens longas


“Foi com medo de avião...” Os versos do cantor e compositor cearense Belchior não saem da cabeça de muitos brasileiros quando o assunto é viagem aérea. Na prática, o medo de avião pode ou não estar associado a algum trauma ligado a experiências anteriores e também pode surgir com o tempo.

O deputado federal pelo PCdo B Chico Lopes, por exemplo, nem sempre teve medo de andar de avião. Ele conta que o temor surgiu após uma viagem realizada em 1967, a Recife, para um curso de Educação Cooperativa. Até então, tinha aquele medo normal, de quem nunca andou de avião. Quando se aproximou da Capital pernambucana, aeronave passou uns 30 minutos dando voltas quando, finalmente, o piloto anunciou que, se o pouso não fosse autorizado, voltaria para Fortaleza. Bastou isso para que um medo irracional tomasse conta de Chico Lopes para sempre.
A fobia é tamanha que, quando era vereador, Chico Lopes chegou a passar para frente viagem à Europa e, até hoje, o trecho voado mais longo foi Fortaleza-Porto Alegre.

Se você está se perguntando como uma pessoa com medo de voar pode ser deputado em Brasília com residência fixa no Ceará, Chico Lopes tem a resposta: “Se tenho uma coisa para executar, o medo fica em segundo plano, trabalho a minha cabeça, penso que uma pessoa não passaria anos se preparando para ser aviador se avião caísse todo dia, que tem muito mais acidente de carro que de avião e me engano fazendo palavras cruzadas, lendo livro, jornal”, conta.

Mas nem sempre foi assim. Chico Lopes conta que houve tempo que chegava a tomar três doses de whisky para tomar coragem. “Teve uma vez que me peguei tomando uma dose de cachaça às 5 horas da manhã. Daí pensei que, se continuasse, ia acabar virando alcoólatra e parei”, afirma.
O deputado federal conta que sempre que acontece um acidente aéreo seu medo aumenta, daí começa a retrabalhar a questão em sua cabeça. “Tenho um dever de respeito porque, quando pedi o seu voto, não disse que tinha medo de voar. Estou doido para que inaugurem um trem bala que viaje a 600 Km por hora”.


Um comentário:

Soninha disse...

As pessoas que não têm, nem imaginam o que é uma fobia. Sofri um acidente de carro anos atrás e fiquei mais de 5 anos sem conseguir entrar noutro carro, acreditas? Pois é verdade. Agora, sem dúvida o exemplo de superação do Lopes em detrimento do coletivo é impressionante. Parabéns a ele e a ti que nos brindou com essa história.