sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mladic, Osama e Obama

Ontem foi anunciada com grande alarde a prisão do ex-general Ratko Mladic, acusado de ter praticado genocídio contra milhares de bósnios durante a chamada Guierra dos Balcãs, nos anos 90, que resultou no desintegração da antiga Iuguslávia e o surgimento de seis novos países. Pois bem, o preso, que seria responsável pelo extermínio de quase 20 mil pessoas, é classificado como o homem mais procurado da Europa e será levado às barras do Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda. O caso me fez lembrar o que foi feito com Osama Bin Laden, tratado de forma bem diferente. Sobre o assunto, o advogado cearense e ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ernando Uchoa Lima, escreveu um artigo que eu reproduzo abaixo, peço-lhe que leia com atenção e reflita sobre se esse senhor que governa os  Estados Unidos não deveria devolver o Prêmio Nobel da Paz preventivo que recebeu em 2009.


A execução de Bin Laden
Ernando Uchoa Lima


Não se procure neste artigo uma só palavra capaz de ser interpretada como favorável a Osama Bin Laden. Minha formação cristã, jurídica e democrática jamais poderia justificar os atos terroristas da Al-Qaeda, atualmente a mais temível organização criminosas do mundo.
 

Fanático, frio, insensível, autor intelectual confesso dos mais hediondos atentados terroristas, notadamente os ataques do 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, em que morreram milhares de seres humanos, Bin Laden não podia restar impune.

Finda a longa caçada, que culminou com sua captura, só alcançada pela delação, sob tortura, de um mensageiro do líder da Al Qaeda, Bin Laden devia ter sido submetido à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, a fim de ser julgado pelos terríveis crimes praticados contra a humanidade.

Infelizmente, isso não aconteceu. Não se fez justiça. Sob o domínio do ódio, praticou-se a vingança. Em verdade, o que houve foi um assassínio premeditado, uma execução sumária, haja vista que Bin Laden estava desarmado, consoante declarações das próprias autoridades estadunidenses.

Mas a vingança criminosa só estaria completa com sua morte. Por isso não foi capturado vivo pelos experientes e fortemente armados marinheiros que invadiram seu esconderijo.

Bem de ver que houve indisfarçável ofensa aos princípios do Direito e da Democracia, que exigem julgamentos imparciais, justos, quaisquer que sejam os criminosos e por mais nefandos que sejam os seus crimes.

De outra parte, repugna à razão a maneira extremamente perversa com que seus executores o lançaram ao mar, indiferentes ao direito que tem cada família de sepultar seus mortos, culpados ou inocentes, que não deixam de ser humanos.

Um comentário:

Emerson Saboia disse...

Não entendo o medo que as pessoas tem ao se posicionarem contra a atitude dos Euas com relação ao assassinato do Bin Laden. Foi crime sim. É errado matar alguém na frente dos filhos, mesmo ele. O cara era um terrorista, cometeu vários crimes, mas ele é um homem. Os Euas são uma nação. Ao agir assim, chutaram, como sempre fizeram, todos os tramites que envolvem a justiça.