segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Histórias iguais
Uma dos livros que mais marcaram minha vida foi Vidas Secas, do Graciliano Ramos, que li pela primeira vez aos 11 anos. Uma das músicas que mais me encantam é Fotografia 3x4, do Belchior. Neste vídeo isso tudo se juntou através do incrível talento de Nelson Pereira dos Santos. Num dá pra não se emocionar.
sábado, 29 de agosto de 2009
A perigosa travessia da Conferência de Comunicação
Esta semana o debate sobre a Conferência Nacional de Comunicação – CONFECOM agitou os envolvidos por conta de um acordo firmado na Comissão Organizadora Nacional, que acabou cedendo às pressões dos empresários e definindo o percentual de representação em 40% para a sociedade civil não-empresarial, 40% para o empresariado e 20% para a representação do governo. Além disso foi estabelecido também o quórum qualificado de 60% para a aprovação de “questões sensíveis” . Ressalte-se que o Coletivo Intervozes foi o único a votar contra. Sem dúvida uma vitória dos empresários que há alguns dias retiraram parte de suas entidades da CON numa manobra para pressionar o governo a ceder, que acabou cedendo.
E aí, o que fazer? A resposta a essa pergunto marcou a discussão e esquentou o debate entre as entidades que lutam pela realização da conferência. Na Comissão Pro-Conferência do Ceará – CPC-CE, não foi diferente. A reunião da última quarta feira, dia 26, decidiu aprovar uma nota para ser assinada pelas entidades que concordassem com seu teor. Infelizmente um outro compromisso no mesmo horário da reunião impediu-me de comparecer, mas se tivesse comparecido jamais teria aceitado uma nota assinada individualmente afinal devemos buscar posições comuns e não estimular o “cada um por si”. Não é assim que se constrói unidade. Essa deve ser uma fixação dos que buscam a democratização das comunicações, afinal de contas o inimigo é poderoso e tem feito de tudo para impedir o sucesso da CONFECOM. Neste sentido, nos dividir só os fortalecerá ainda mais.
No dia seguinte a reunião foi enviada ao grupo de discussão da CPC-CE uma proposta de nota que condena a decisão da COM e defende uma percentual míinimo de “60% para a sociedade civil não-empresarial”. Caso a proposta não seja aceita as entidades devem se mobilizar “para alterar esses percentuais quando da leitura e aprovação do regimento interno da Conferência Estadual de Comunicação do Ceará e da própria Conferência Nacional, a fim de restabelecer a representatividade da sociedade civil não-empresarial”. Até aí não vi nada tão grave na proposta, apesar de achar que a correlação de forças no momento não parece favorável para bancarmos um a mudança de regimento nas plenárias finais das conferências. Porém o último parágrafo da proposta de nota me surpreendeu bastante. Diz o texto na íntegra: “Seu propósito de, em sendo cerceada a possibilidade de alteração dos regimentos internos, das conferências Nacional e estaduais, da cláusula que estabelece os percentuais de representação de cada segmento na composição do número de delegados, absterem-se de participação nos processos institucionais de realização das conferências estadual e nacional, mobilizando as organizações de outros estados a procederem da mesma forma e convocando a sociedade para a realização de Conferências Paralelas de comunicação nos âmbitos estadual e nacional, deslegitimando os processos institucionais ora em curso”.
Diante de tal sugestão fiz a seguinte argumentação:
“Tenho firmado que a CONFECOM é uma conquista principalmente da sociedade brasileira, mais até do que dos movimentos sociais, que será a grande beneficiada com sua realização, mesmo que os avanços que desejamos não surjam na primeira, que espero não ser a única. Sabemos que a guerra tem caráter estratégico e como tal será composta de muitas batalhas. Assim sendo devemos saber que teremos avanços e recuos, mas devemos ter "a certeza na frente" de que a história está conosco. Não se trata aqui de nenhum determinismo, mas é observando a paisagem que podemos imaginar que lá no horizonte, por mais distante que possa estar, nos parece muito favorável às nossas ideias avançadas para o Brasil. Diz um ditado por aí que "não se bate em cachorro morto", né verdade? E vocês poderiam me dizer porque a ANJ e suas similares andam tão preocupada com "os riscos de autoritarismos" que "ameaçam" a América Latina? Viram a nota dos 30 anos dessa associação patronal?
Esse leriado todo aí em cima é pra dizer que devemos ir até o fim nessa contenda, cientes de que não será nem mesmo na plenária final da CONFECOM, com ou sem empresários (e acho que eles irão), que nossa vitória se dará. Ali será um momento da guerra mais geral pela democratização da comunicação. Já falei antes que estamos acumulando vitórias nesse processo de mobilização da sociedade e tenho confiança que ainda acumularemos muito mais. Digo isso porque discordo INTEGRALMENTE de que as entidades devam "absterem-se de participação nos processos institucionais de realização das conferências estadual e nacional, mobilizando as organizações de outros estados a procederem da mesma forma e convocando a sociedade para a realização de Conferências Paralelas de comunicação nos âmbitos estadual e nacional, deslegitimando os processos institucionais ora em curso". Isso me parece algo inteiramente fora de propósito, descabido mesmo. O movimento social nunca teve tanta oportunidade de exercer seu protagonismo e agora vai pular fora do barco? Isso não cola com a nossa tradição de luta. Nada de "correr da raia, na de morrer na praia". Eu poderia alongar a prosa aqui por muito mais, porém fica aqui esse registro de minha discordância e a disposição de travar esse debate.
No que tange aos percentuais de representação e o quórum qualificado, concordo, assim como todo mundo, que a gracinha dos empresários não deve colar e devemos fazer esforços para amenizar, ou até tentar reverter na prática esse desvario. Não sei se todos viram a proposta da Comissão Pró de São Paulo. A formulação de lá me parece mais ajustada com a correlação de forças. Não temos força para bancar os 60%. Sejamos realistas. Vejam o que dizem lá:
“Por tudo isso, reivindicamos o fim do quórum de 60% para a aprovação das propostas e que a representação de delegados na Conferência não reserve vagas de antemão para nenhum setor da sociedade civil – conforme proposta já apresentada pelas organizações que integram a Comissão Nacional Pró-Conferência, na qual o poder público teria direito a 20% dos delegados e a sociedade civil (incluindo todos os seus segmentos), 80% e a aprovação dos temas na conferência observasse o critério já consagrado pelas outras conferências institucionais, o quórum de 50% +1 dos votos”.
Se alguém desejar ler a íntegra o Miro Borges a disponibilizou e vc pode ler aqui.
Acho um equivoco que a CPC-CE debata em seu fórum de discussão uma nota para ser assinada individualmente pelas entidades que a compõem. Temos no PCdoB um mal que nos impregna a alma, a construção da unidade, ou a consolidação dela, ou a busca dela quando não existe, e é isso o que me move aqui. Essa unidade não deve existir sem um propósito, qual seja, fortalecer as lutas do povo e da sociedade.
Vi que prevaleceu ontem a idéia de focarem os esforços na construção e realização de conferencias livres em vez do espaço institucional. Perdôem-me a doentia sinceridade mas acho que se está contrapondo idéias que não se não chocam. O espaço institucional é uma conquista e devemos avançar nela, ao invés de abrir mão. Não quero aqui tomar uma posição isolada e mais, nem tive ainda oportunidade de conversar um pouco mais com outros companheiros do PCdoB e com o nosso coletivo. Aqui vai muito do meu "faro", mas imagino que não vamos deixar de participar dessa batalha, mesmo que em situação de desvantagem.
Amigos e amigas, estou lendo o livro "Do golpe ao Planalto", do Ricardo Kotscho, e esta manhã rememorei em leitura a batalha das diretas-já. Vivi todo o drama daquele momento como dirigente do DCE/UFC - primeira entidade a levantar essa bandeira, em maio de 1983, enquanto alguns diziam que era coisa institucional e que a palavra de ordem deveria ser ainda "abaixo a ditadura" - e sofri, assim como milhões, com a derrota da emenda Dante de Oliveira ( apesar da enorme mobilização social), mas acumulamos força para derrotar o regime militar no Colégio Eleitoral - amplamente favorável, em tese, ao Maluf - com Tancredo, Sarney e muito mais. Aquilo lá foi o início de muitas vitórias que vieram depois e deu no ambiente político que temos hoje, que permitiu, a duras penas a convocação da complicada CONFECOM. Cito esse episódio para ajudar os meus argumentos de que ainda teremos muitas dificuldades, mas não temos a derrota diante de nós. Tenho convicção disso.
Perdôem-me mais uma vez a lauda, mas estou aberto ao debate com minhas opiniões e, como dizia finado Augusto Pontes, se alguém me convencer que estou errado, eu as mudarei”.
Uma boa doutro Guilherme
- De onde vem tanta vontade de comer pão?
- Da barriga! De onde podia ser?
Amor não se vende

No final dos anos 1970, já mais crescido e meio aventureiro, comecei a frequentar Camocim com minha turma de amigos, entre eles João (que compôs a belíssima "Barreiras", dedicada ao lugar) e Fernando Cela, sobrinhos netos do incrível pintor Raimundo Cela, um dos filhos mais importantes da cidade, apesar de nascido em Sobral. A gente se hospedava na casa de Dona Noemi, avó dos meninos, na Rua Engenheiro Privat, atrás do Camocim Clube. Ali, por várias ocasiões vivemos histórias inesquecíveis. Em Camocim, pela primeira vez encarei um passeio de barco em área de mar e, revelação inédita, pela primeira e única vez na vida, fiz nudismo numa praia ( próximo ao farol, onde certamente seria preso se ousasse nos dias de hoje).
De vez em quando ainda vou por lá passar uns dias de final de ainda, ainda com a família Cela, que hoje se integrou com parte da minha ( Veveu/Izolda e Nampaula/Fernando) e na mesma casa de antes. Nunca vou largar de gostar daquele lugar. E foi por que me arreteu com a notícia de que tem um anúncio na internet de que a "Ilha do Amor" está a venda por uns R$ 8 milhões. Quem oferece é uma tal de Tibério Imóveis, lá de São Paulo, que botou até um mapa com foto de satélite. Interessante que o anúncio, além de propagar o atrativo turístico do lugar, diz também que é "ideal para a implantação de um parque eólico". Esse detalhe não é à toa, afinal Camocim é uns dos melhores lugares para produção dessa energia renovável. Um dos projetos que estão sendo implantados por lá simplesmente vai dobrar os atuais 100 megawatts produzidos no resto do Ceará inteiro. Até pouco tempo as únicas atividades econômicas da ilha eram pesca artezanal e umas barraquinhas de praia malamanhadas. Pois agora apareceram até donos do pedaço, com papel passado e tudo. Imagine-se como isso tudo foi "legalizado".
Belchior e suas palavras

Lá em Sobral, onde a rapaziada num perde tempo prá tirar uma onda, um cabra sentou numa mesa do bodega do João Raul e juntou uma bem arrumadas linhas, botando palavras do Belchior junto com outras e deu esse texto criativo aí em baixo que o Luciano Filho, meu irmão caçula, mandou pra mim.
Leia que tá bem legal.
Domingo último, como de costume, eu me balançava na velha rede de solassol
enquanto assistia ao Fantástico. Pois foi ANTES DO FIM, quando já ia
desligando a televisão, que me deparei pelas ONDAS TROPICAIS com a
derradeira reportagem dando conta do sumiço do cantor e compósitos Belchior.
Estranhei.
Hoje, na HORA DO ALMOÇO, pus-me a pensar com meus botões: Sendo APENAS UM
RAPAZ LATINO-AMERICANO, A PALO SECO, estaria o grande Bel escapando da
DIVINA COMÉDIA HUMANA? Ou seria apenas fuga de uma ALUCINAÇÃO por MEDO DE
AVIÃO?
Em conversas PARALELAS, dizem tê-lo visto no MUCURIPE trajando uma VELHA
ROUPA COLORIDA, TODO SUJO DE BATOM e tecendo COMENTÁRIOS A RESPEITO DE JOHN.
que eu já to é vendo GALOS, NOITES E QUINTAIS! Vou fugir na minha nave
ESPACIAL e me esconder do CLAMOR NO DESERTO, pra cantar aquela BALADA DO
AMOR e ler meu ALMANAQUE em paz!
COMO NOSSOS PAIS diziam, tem gente BRINCANDO COM A VIDA. Não que seja coisa
de RETÓRICA SENTIMENTAL, mas um SUJEITO DE SORTE não pode viver COMO O DIABO
GOSTA, pensando “se a vida não bebe, eu BEBO POR ELA”.
É, vai ver que tudo isso tenha ocorrido a BEL PRAZER, talvez até por algum
VÍCIO ELEGANTE, MEU CORDIAL BRASILEIRO. Afinal de contas, vivemos NUM PAÍS
FELIZ e, sendo a VIDA CIGANA, devemos seguir o PEQUENO MAPA DO TEMPO em
busca do PEQUENO PERFIL DE UM CIDADÃO COMUM.
No mais, ATÉ AMANHÃ, ou ATÉ MAIS VER, que eu vou pegar a RODAGEM e viver o
DOCE MISTÉRIO DA VIDA, a qual não vim a PASSEIO!
Toim da Meruoca
Bodega do João Raul, 14:30h do dia 24/08/2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Patrimônio destruído
Ditadura
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Jornalismo encalhado

O título da postagem era "Baleia encalha em Bitupita e vira prato do dia" e numa das fotos publicadas a legenda dizia que a população retalhou o animal para comer. Pois às 10:42 de hoje o dito blog fez nova postagem onde repoduziu a seguinte nota:
“Sou membro da equipe de resgate da Aquasis, uma ONG cearense responsável pelo atendimento a encalhes de mamíferos marinhos no Ceará há 15 anos.
Essa baleia trata-se de uma jubarte, de 10m de comprimento, que encalhou viva em Bitupitá no dia 21/08. Nossa equipe se deslocou ao local imediatamente após o chamado de resgate, onde permaneceu monitorando o animal durante o tempo todo. Infelizmente, durante a madrugada a baleia veio a óbito, à 1h20.
Assim que o dia amanheceu, começaram os procedimentos de exame macroscópico para coleta do maior número de informações possível que pudessem ajudar a elucidar a causa do encalhe e/ou óbito. E a foto postada na reportagem foi tirada durante esse procedimento. Vale ressaltar que foi realizado por equipe especializada. Todo material coletado será destinado única e exclusivamente para pesquisa.
O consumo de mamíferos marinhos é proibido por lei. A carcaça do animal foi devidamente enterrada no local, e nenhum morador teve acesso a sua carne para consumí-la ou fazer qualquer outro tipo de uso.
Obrigada.
Thaís Moura Campos"
domingo, 16 de agosto de 2009
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Aos 70 ainda samba

Mas eu comecei essa história pra dizer que o Chico Lopes já era tão discreto na comemoração do aniversário dele que nem lembro de saber a data naqueles tempos. Depois eu fiquei sabendo que ele gostava de ficar em casa escudando os vinis dele e tomando uma ou mais. Nunca consegui compartilhar dessa momento reservado dele e também nunca fui atrás também. Mas dessa vez ele num escapou e chegando aos 70 anos vai ter festa das boas. E o cabra se animou tanto que o Dalwton "Seu" Moura capturou uma bela entrevista que eu aconselho a você ler com muita satisfação.
Peguei um trecho apenas, justamente o que fala de aniversário. Prove um pouco e depois clique aqui pra ler todinha que vale a pena.
"Me sinto muito honrado e quero agradecer a iniciativa de alguns companheiros do PCdoB e da sociedade em fazer essa homenagem aos 70 anos. É a primeira vez que vou comemorar assim de público um aniversário. Fui muito homenageado quando professor, quando os alunos, no meu aniversário, levavam bolo pra sala de aula, faziam aquela festa toda. Geralmente era assim, no local de trabalho. Agora, eu mesmo, sempre preferi ficar mais reservado, em casa. O estatuto me dava direito, né? (risos)... Agora, este ano vai ser diferente. Estou muito feliz, mas não sei, sinceramente, como vou reagir a isso, tantos amigos reunidos, as pessoas lotando o Náutico, onde por muito tempo na minha vida eu nem podia entrar, porque era um clube de elite de Fortaleza. Então, por muito tempo, eu nunca poderia nem imaginar isso. De modo que estou muito feliz, porque é um reconhecimento, uma gentileza das pessoas que convivem há muito tempo comigo. Quero aproveitar e convidar a todos que possam ir, para que não deixem de estar presentes. Já que é pra ter festa, eu quero ver gente."
Coisa boa é chuva
Taí uma coisinha boa pra eu gostar é chuva. Quando chove de noite e eu tô em casa, na hora de dormir começo o sono numa rede que tá sempre armada na varanda. É bom demais se embalar com aquele barulhinho gostoso e um friozinho que joga a gente debaixo do lençol. Quando era mais menino do que hoje gostava de sair na rua pra tomar banho de chuva, curtia uma bica de jacaré, tomava banho até no rio Acaraú pra curtir os pingos batendo na água. Lembro também quando já morava em Fortaleza e voltava do Colégio Cearense debaixo dum toró sem fim. Num tinha problema, botava a pasta de livros debaixo da camisa do colégio e diminuia as passadas só pra prolongar o banho com roupa e tudo. Às vezes sobrava um carão da Mãe Teresa por conta da farda molhada e do risco de pegar uma gripe, mas a satisfação compensava o relho.
Mas e depois da chuva? Pois é, falei isso aí em cima pra dizer que depois da chuva fica um climazinho gostoso e tem gente que faz arte disso. E foi justamente uma arte dessas que encontrei no blog desfocado do Adeodato e trouxe aqui pra você curtir. Aproveite que dá até uma paz danada.
Olhe, antes que alguém venha aqui reclamar de que eu num me toco com o sofrimento do povo com as enchentes eu vou logo dizendo me parte a alma ver o sofrimento da gente minha, ainda mais porque o sofrimento dela é maior quando a chuva escasseia. Sei demais o que é vida nas terras áridas do sertão e por essa razão digo aqui o o sertanejo gosta demais da chuva e do bem que ela faz, por isso gosta também do depois da chuva. E tenho dito!
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Uma Aquarela de 70 anos
Deleite-se.
Parabens pra você...
Há exatos 70 anos, Ary Barroso compunha "Aquarela do Brasil", a música brasileira mais conhecida no mundo, ao lado de "Garota de Ipanema", pondo o Brasil no cenário internacional da música.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Bergson numa crônica recortada

Só no ano 2000 ou um dia eu apareço
Do basculante da sala de receber, se viam os dias dos anos 70 correrem num fusquinha café-com-leite. Quente, fedido de gasolina cara. Combustível comprado no mocó, porque as bombas estavam proibidas a partir da sexta-feira à meia-noite, no sábado e domingos-família. Em preto e branco e racionamento general.
No ano 2000, não haveria assim. Seria em cores, dentro de uma nave espacial dos Jetsons movida à casca de banana de fazer voar e soltar fumaça de doce Real. Por enquanto, ainda andávamos Flinstones. Empurrando o fusca para pegar no tranco e quase sempre pifar em frente ao portão do colégio. De mangar de quem não tinha um Corcel (azul caixão de anjo) zero bala.
Mas era uma questão de tempo. No futuro, 30 anos prafrentex, seríamos outros. Aprovados no vestibular da Medicina, acadêmicos do Direito ou concursados do Banco do Brasil ou do Instituto Rio Branco. Finalmente testar o inglês. O ano 2000, se não acabasse com os mundinhos, prometia.
Só no ano 2000 seríamos, finalmente, felizes. Casa com bidê, banheiro com descarga em vez de balde e chuveiro grosso no lugar da bacia de alumínio. O guarda-roupa viria embutido numa parede de algum conjunto residencial do Bradesco. Piso no taco. Garagem, área de guardar o Opala (Opala?), grama, pé de jambo lilás, jardim de inverno suspenso próximo à mesa de almoçar e periquitos australianos (verdes e amarelos) trilando.
Quem se formasse, tardaria, iria adquirir até uma linha telefônica e não perturbaria mais o vizinho nas horas mais incômodas. Notícias de Bergson? Não. Bem... Compraria uma enceradeira, um Mido e um filtro ozonizado que ficaria acoplado à torneira da cozinha azulejada...
Queria que 2000 rebentasse logo, mesmo com medo dos boatos sobre o derradeiro. De se imaginar encerrado, mutemo, censurado. Mas fez assim, se juntou com alguns bons amigos (flor da idade) e foi protestar após o vestibular. Fez carreira, levou bordoada, foi preso, torturado, solto, mas não se aquietou. Era novo demais para não apostar.
Não iria esperar pelo ano 2000. Mesmo correndo o risco de desviver, foi guerrilhar. Por ele, por Tânia fraterna, contra o fim do mundo... Num 1972, Luíza sobressaltou-se do nada. “Desviveram meu filho”. Choro.
E foi. Não viu o 2000 virar nem soube que ainda se torce por uma espetacular III Guerra.
domingo, 9 de agosto de 2009
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Mariano e o estudante Bergson

"Ele defendia que era preciso ampliar as ações do movimento estudantil e garantir que as manifestações seriam ordeiras e pacíficas. Ele lutava para que o movimento não fosse taxado de baderneiro porque isso esvaziaria as manifestações. Bergson era o defensor mais ferrenho desta compreensão pois acreditava que para crescer, o movimento estudantil precisava ter credibilidade".
Fora da Lei

NA REDE
Depois de faturar uma TV para Sobral, o grupo de comunicação do senador tucano Tasso Jereissati acaba de conquistar mais três concessões de rádio FM. As emissoras serão instaladas nos municípios de Crateús, Crato e Quixeramobim.
Agora vamos dar uma espiada no que diz a Constituição:
"Art. 54 - Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;"
É um santo!!!