quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O tempo não pára, mesmo que ande devagar

Hoje todo mundo praticamente só fala na eleição do Barack Obama. Tem declaração de tudo que é líder político, além de figuras respeitáveis como Mandela, Saramago e o próprio Lula. No Quênia, terra dos avós de Obama e onde ainda mora boa parte de sua família, decretou-se feriado. Há vários aspectos a serem considerados na campanha e no resultado das eleições americanas e aí basta abrir jornais, acessar internet e ligar tv e rádio pra escutar todo tipo de opinião.

Uma questão que me parece muito relevante é o grande poderio que os Estados Unidos ainda guardam, mesmo sendo o centro de uma gravíssima crise que começou no mercado financeiro e já atingiu a produção. Basta observar justamente o quanto as eleições chamaram atenção e mobilizaram pessoas no mundo inteiro para se ter uma idéia de tal força. Se duvidar a turma que gosta de tomar uma cachacinha lá na bodega do Abelardo, na Vila Palestina, em Meruoca, ou que toma uma cervejinha com torresmo - o mais saboroso do mundo - no Fuscão Preto, em Sobral, só tem um assunto: Barack Hussein Obama. Nem que pra seja entender como foi que o primo do Saddam Hussein se elegeu presidente logo dos Estados Unidos. Imagino os cabra conversando. "Rapaz, aquele Saddam era forte mesmo, morreu, mas já tinha deixado o primo dele lá nos Estados Unidos, só pra infernizar a vida do Bush", diz um. Ali do lado o cabra emenda: "Que nada rapaz, esse aí ainda é um daqueles que o Bin Laden infiltrou nos Isteites. Ele tentou fazer terrorismo, mas agora ele vai comer é por dentro. Vai dominar os gringo tudin". E por aí vai todo tipo de tese. Tudo contaminado pela propaganda ideológica anti-oriental. Mas o certo é que foi um fato histórico de grande importância. Só de imaginar que 66% dos eleitores americanos votou, quando nem a metade disso costuma votar, dá pra se ter uma idéia do que fez o Obama e da expectativa que ele gerou.

Curioso que a palavra de ordem do Obama era mudança. A mesma que foi usada na campanha de Tancredo Neves, em 1984 e que o levou à vitória no Colégio Eleitoral da ditadura. No ano seguinte a mesma idéia voltou nas eleições para governador e no Ceará o Tasso Jereissati foi eleito com a mesma palavra de ordem e iniciou a chama Geração das Mudanças. Isso também pode nos dar uma noção de como a sociedade ainda avança lentamente sob o domínio do Tio Sam, enquanto que na América do Sul a coisa vai muito mais rápido e o povo botou abaixo, no voto, o modelo neoliberal. O fato é que a vida segue em movimento, a humanidade continua construindo sua história e nenhum lugar do mundo vai ficar de fora.


Sugestão de leitura: Obama eleito; a história, afinal, não acabou , de Bernardo Joffily e o discurso de Barack Obama

Um comentário:

Gerson Pinheiro disse...

E isto aí Inácio. Infelizmente aqui no Maranhâo, mesmo com a ajuda da valoroza "legião estrangeira" não conseguimos derrubar o tucano da palmeira "gonçalvina". E os ataques continuam. Um deles, o Roberto Rocha, resolveu defender a tese de que o PSDB é a mais autêntica esquerda no Maranhão, dentro da surrada cantilena do anti-sarney. Mas teve e cuntinuará a ter respostas, pois "a vida é combate que aos fracos abate aos fortes aos bravos só pode exaltar" (G.D.).O futuro é nosso pois do povo surge o novo: Obamas, Dinos e Inácios (neste caso de dois por vez. Viva O socialismo. Abraços camarada.