segunda-feira, 28 de julho de 2008

Um erro e o finado

Uma das melhores leituras que fiz nos últimos dias foi o artigo do meu amigo e camarada de partido, Joan Edessom, meu Mestre Matuto, intitulado “Lampião, um rastro de ousadia e ódio pela caatinga”, publicado na última edição da Revista Princípios. Gostaria de publicar todinho aqui, mas acho melhor que seja lido na própria revista, que tem outros textos muito bons para serem lidos. Como Joan e eu gostamos sempre de citar um erro do capitão Virgulino em nossas conversas políticas, reproduzo uma parte do final do seu artigo.


"Lampião viveu quarenta anos, mais da metade no cangaço. Comeu o pó das estradas sertanejas ao longo de mais de vinte anos. Palmilhou, por vezes a cavalo, mas no mais das vezes a pé, com suas sandálias de couro, incontáveis léguas por sete estados brasileiros. Travou centenas de combates e escapou de todos eles. Em Angicos, o cego não disparou um tiro sequer.

Cometera em toda sua trajetória no cangaço, um erro muito sério. O fracasso do ataque a Mossoró, no Rio Grande do Norte, acompanhou-o por toda a vida. (...)

Em Angicos ele errou pela segunda vez. Muitas vezes repetira que não se fica em coito com uma única saída, “ ratoeira”, segundo os cangaceiros. Angicos era exatamente isso. (...)

Na manhãzinha de 28 de julho de 1938 havia em Angicos os bandos de Lampião, Luis Pedro e Zé Sereno. Corisco ainda chegaria com Dada e seu bando. Conforme dizem os sobreviventes, o combate durou apenas quinze minutos. Foi o mais curto da vida de Lampião, e também o que apresentou maior número de baixas. Foi o combate fatal. Há setenta anos passados.

Lampião e Maria Bonita correm o sertão até hoje, nos romances de cordéis, na boca dos cantadores, na voz sussurrante das contadoras de histórias, na boca do povo, de pai para filho, de avó para neto, de bisavô para bisneto."

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu sigo sempre encantada....