terça-feira, 7 de julho de 2009

É o Bergson!

Ao poeta Drummond, em seu Poema De Sete Faces, a lua e o conhaque o botam comovido como o diabo. A mim, nesse dia de lua crescente a comoção veio por conta da identificação dos restos mortais do Bergson. Em maio falei aqui da minha alegria com a possibilidade de se confirmar a identificação "do respeitado líder estudantil cearense, que foi imolado na selva amazônica defendendo a liberdade, a justiça social, os direitos do povo, a soberania nacional, a democracia e o socialismo". No dia 21 de maio assisti a uma histórica sessão da Comissão de Wanda Sidou de Anistia do Ceará em que foi aprovada reparação do Estado do Ceará a Bergson por sua perseguição e morte. O presidente do PCdoB, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, emocionou muitos ali presentes pela riqueza de detalhes e por revelar o quanto seu camarada de partido era querido por todos e como sua convicção revolucionária era sólida.

Bergson, se vivo fosse, teria hoje 62 anos, e com certeza estaria vivendo com muito entusiasmo a situação de avanço das forças progressistas no Brasil e na América Latina. Estaria eufórico vendo o seu glorioso partido em um novo patamar da luta política, atuando numa enorme diversidade de frentes, superando desafios de grande envergadura e respeitado por sua conduta coerente e aguerrida em todas as batalhas políticas. Essa notícia de hoje mexe com o nosso partido. Mesmo aqueles que ingressaram mais recentemente e nunca sequer ouviram falar dele e de outros heróis do Araguaia, de algum modo serão tocados por esse acontecimento histórico. Estamos vivendo o processo do 12º Congresso e espero que o exemplo de Bergson nos inspire em nosso sonho de amor Brasil.

Dentro de alguns dias Bergson estará de volta ao Ceará e nem consigo imaginar a repercussão que isso terá. Será um acontecimento com dimensões semelhantes ao retorno do Frei Tito de Alencar, quando um cortejo emocionando e cheio de fé na luta pela transformação do Brasil percorreu o centro de Fortaleza. Bergson voltará ao Ceará e aqui será acolhido por seus familiares, camaradas e amigos . Sua mãe, Dona Luzia, aos 90 anos, poderá finalmente velar o filho assassinado pela ditadura militar, mas jamais saiu da memória de todos que lhe dedicaram amor e carinho. Os amigos, e não são poucos, poderão se unir para lembrar as muitas histórias do estudante, do atleta e do amigo leal. Nós, seus camaradas, que nunca o esquecemos ou deixamos de lutar, ao lado de sua família, por sua identificação prantearemos sua memória, o envolveremos nas bandeiras vermelhas que carregamos em nossos corações e saberemos honrar seu exemplo.

Seja bem vindo, camarada Bergson Gurjão Farias, para nós aqui, ou Jorge, para aquele povo das selvas do Araguaia, que compartilhou seus últimos anos e dias de vida e viu sua inteira dedicação à libertação dos oprimidos e explorados.