sexta-feira, 5 de março de 2010

Solidariedade faz bem

O mundo anda literalmente agitado. Tem terremoto demais nessa parte do universo que a gente mora. Há quase dois meses foi a tragédia do Haiti, semana passada terremoto e tsunami juntos abalaram o Chile e nesta semana uma terremoto menor, transmitido quase ao vivo pela tv, sacudiu Taiwan. Esses chamados "fenômenos da natureza", têm suas repercussões humanas, inclusive políticas. No caso do Haiti e do Chile o governo brasileiro tem prestado uma bela solidariedade e Lula chegou a ir nos dois países. Mas a turminha mau caráter achou de reclamar e andou espalhando um veneno com a frase"Aqui também tem pobreza...". O jornalista e professor universitário Ítalo Gurgel deu uma resposta muito boa e eu a reproduzo abaixo.



A cantilena mão-de-vaca

Alguns protestam numa clara demonstração de espírito mesquinho. Outros, por desconhecimento da realidade. Outros mais, apenas porque a ajuda financeira destinada ao Haiti é uma iniciativa do Governo Lula. Em plena campanha presidencial, a tropa conservadora enxergou no episódio a chance de faturar dividendos políticos. E passou a explorar demagogicamente a situação, impressionando os parvos com argumentos de lamentável mediocridade: "Aqui também tem pobreza...".

Sim, aqui também existe pobreza. Aliás, ela nunca foi tão combatida. Nenhum governante tem mais autoridade moral para prestar solidariedade a outros países do que o presidente Lula, em cuja gestão 20 milhões de brasileiros saíram da condição de miséria. Sob seu comando, o País se tornou a nona economia mundial, com PIB de quase US$ 2 trilhões. Retirar US$ 100 milhões para ajudar o Haiti representa tanto quanto subtrair um copo d-água da lagoa de Parangaba. Embora represente muito para os haitianos.

Agora, diante da catástrofe que se abateu sobre o Chile, vai-se reproduzir a cantilena mão-de-vaca? & "Aqui também tem pobreza...". Sabe-se que a Bolívia, país pobre, já destinou ajuda aos vizinhos chilenos, um povo que, até recentemente, ia muito bem de vida, navegando na economia mais sólida do continente. É assim que funciona a ajuda humanitária internacional. No momento em que aflora uma catástrofe com a dimensão das que castigaram o Haiti e o Chile, não se trata de agarrar-se a sentimentos provincianos e recolher-se à contemplação dos próprios problemas (dificuldades, todos têm). A hora será de se afirmar como cidadão do mundo, sensível diante do sofrimento humano. O planeta, afinal, é muito pequeno para que se queira compartimentar o território da solidariedade.

Não se pode permitir que a avareza, a ignorância ou interesses políticos mesquinhos venham tolher o gesto fraterno. Embora saibamos, desde Voltaire, que "é difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram".

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