segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Almirante Negro



Em 1910 a Lei Áurea, que determinou a abolição da escravatura no Brasil já tinha mais de vinte, mas os negros ainda enfrentavam muita violência. Um dos símbolos maiores da escravidão era a chibata, instrumento de açoite usado para castigar os escravos mas que ainda ardia no lombo dos marujos da Marinha, a grande maioria negros. Aliás na força naval os oficiais eram oriundos da casa grande e a marujada vinha quase toda da senzala, o que fazia com que o ambiente da escravidão ainda fosse presente.

A inexistência completa de limites para os castigos impostos aos marujos gerou a Revolta da Chibata, deflagrada há exatos 100 anos, liderada por João Cândido,, um brasileiro que durante muito tempo a Marinha se tentou negar até a sua existência mas que a história não permitiu que isso acontecesse. O jornalista cearense, Edmar Morel, que trabalhava na imprensa do Rio de Janeiro, o localizou e revelou toda a história no livro Revolta da Chibata, onde o marujo recebeu o nome de Almirante Negro.

Na virada da noite de ontem pra hoje li a publicação em quadrinhos, "Chibata! João Cândido e a Revolta que abalou o Brasil", de outros dois cearenses Hemetério (arte) e Olinto Gadelha (roteiro), que ganhei recentemente do casal Neidinha e Osvaldo. Ela sabia que eu paquerava esse livro há muito tempo lá na Revista e Cia - um paraíso dos quadrinistas onde meu filho Guilherme se deleita e o Sylvio, dono do lugar, dá aulas sobre a arte do quadrinho - e emocionou com o presente. Pois nesta noite a emoção me pegou quando me dei conta que era 1:30h do Centenário da Revolta da Chibata e eu tinha acabado de ler aquele belo trabalho. Achei que tinha de registrar isso aqui e deixar você com outra obra maravilhosa sobre a João Cândido, que é a música Mestre Sala dos Mares, do João Bosco e Aldir Blanc, interpretada por ninguém menos que Elis Regina.

Neste centenário muito se avançou nas conquistas do povo brasileiro, dos negros em especial e é simbólico que ele aconteço no governo do Lula, uma cara que ajudou a mudar muita coisa nesse país e abriu o caminho pra muitas mudanças necessárias. João Cândido certamente ficaria feliz de viver esse momento, mais ainda se tivesse visto o grande navio brasileiro batizado com seu nome.

Veja abaixo algumas fotos não muito conhecidas deste bravo navegante negro.


O Marujo
O Líder 

O pai e o filho

O senhor polido

Com Edmar Morel

O vendedor de peixes


Muita história pra contar

Três por quatro

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