O cavalo cego
A cidade acordou ocupada.
Ao amanhecer tudo estava em poder deles.
Duas éguas baias, postadas à frente da igreja, revistavam as mulheres que se dirigiam à missa, cobertas pelas mantilhas. Cheiravam-nas e levantavam as suas roupas, sem levar em conta os seus protestos.
Quando o carteiro chegou ao prédio dos correios encontrou um ruço de passo miúdo a abrir todas as cartas, e a ordem seca, ríspida, para que sentasse e esperasse.
O cabo Valfrido e os dois soldados foram trancados por um casal de tordilhos de crinas encrespadas, que ficaram examinando as poucas armas, enquanto uma água rosilha jovem, ancas largas, chegada depois, dirigia-se á cela dos fundos onde dois prisioneiros, pivôs de toda a situação, aguardavam assustados o interrogatório.
Às nove horas o líder entrou na casa do Major. Todos os viram passar, um grande corcel negro, os cegos olhos refletindo os azuis da manhã, guiado por duas potrancas brancas e escoltado por uma guarda de potros alazães.
Não se sabe o que conversaram durante aquela interminável hora, mas quando partiram as mães tinham motivos para chorar pelas três décadas seguintes.
11.junho.2002
Um comentário:
Do Carvalho,
cá da terrinha, te mando um grande abraço e boa fartura de gente no lançamento do site, me perdoe ter entrado poesia adentro, boa sorte mano véio.
Vander
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