
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
O que está em jogo no caso Raposa Serra do Sol

A questão envolve forte controvérsia - que, muitas vezes se traduziu em confronto aberto e direto - entre comunidades indígenas, fazendeiros, e outros setores da sociedade, com destaque para os militares e sua justa preocupação com a segurança e a soberania de nosso país.
Clarice, seja bem vinda
A Clarice nasceu ontem, vai fazer companhia ao João Pedro e ao Diogo, dois amigos do Guilherme e dois meninos que eu gosto muito. Os três são filhos da Betinha e do Joan, o Mestre Matuto, um casal de sobralenses que só num fez nascer na "Metrópole". A Lispector, inspiradora do batismo, escreveu algo que dedico à menininha que acabou de chegar.
"Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz."
Clarice Lispector
"Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz."
Clarice Lispector
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Os heróis sem medalha na Olimpíada

Por Glauco Faria, para a Revista Fórum
Após a conquista da primeira medalha de ouro do Brasil no Pan do Rio, o lutador de Tae Kwon Do Diogo Silva virou celebridade instantânea. Foi complicado, mas consegui entrevistá-lo para a revista Fórum ainda em meio à competição que rolava na cidade, aproveitando a brecha de uma reunião com possíveis patrocinadores.Na conversa de pouco mais de uma hora, Diogo contou algo que nunca esqueci. Depois do quarto lugar em sua categoria nos Jogos de Atenas, um resultado de histórico, ninguém reconheceu a importância de seu desempenho. Ao voltar ao Brasil, no aeroporto, não havia uma só pessoa para esperá-lo. Pegou um ônibus e seguiu para casa.
Tortura não é crime político: pela verdade e reconciliação!

Manifesto em favor do debate e contra a impunidade e a tentativa de imposição do esquecimento
Um debate fundamental para a democracia brasileira, há muito tempo sufocado, finalmente se estabelece de forma republicana junto à opinião pública: a questão da responsabilização jurídica dos agentes torturadores durante a ditadura militar.
Causa espécie e estranhamento o fato de que, em plena democracia, tal assunto provoque reações contrárias que rejeitam até mesmo o próprio debate público do assunto. Sob os argumentos de que o tema é inoportuno, intempestivo, e até mesmo que significa "um desfavor para a democracia" ou que "não mais interessa a sociedade', percebe-se explicitamente um movimento, certamente motivado por interesses específicos mas nem sempre explícitos, que procura abafar as vozes daqueles que há mais de três décadas clamam e esperam por justiça.
O fato concreto é que existem no Brasil mais de 100 associações de ex-perseguidos políticos e familiares de mortos e desaparecidos políticos. Mais de 62 mil brasileiros ingressaram com pedidos de reparação na Comissão de Anistia nos últimos sete anos, restando quase 25 mil por apreciar. A União apreciou mais de 500 processos movidos por famílias que tiveram familiares mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar. Diversos particulares têm ingressado com ações no Poder Judiciário pedindo a responsabilização jurídica de quem os torturou ou levou à morte dos seus familiares. O Ministério Público Federal promove, atualmente, Ação Civil Pública contra agentes públicos que chefiaram o DOI-CODI de São Paulo. Milhares de brasileiros aguardam reparação, centenas aguardam o direito de enterrar seus entes próximos ou de conhecer a verdade histórica sobre seus paradeiros. Não se pode falar em reabrir feridas que nunca se estancaram. Estudos internacionais recentes revelam que a impunidade aos crimes (ressalta-se sempre, atos praticados na ilegalidade do próprio regime ditatorial) é fator de piora dos índices de violência e de abuso aos direitos humanos, servindo como uma forma de legitimação da violência praticada hoje no Brasil. Não há de se falar, portanto, de que se trata de um assunto do passado. É mais do que presente.
O debate que está posto não é a alteração ou revisão da lei de anistia, mas sim o cumprimento da mesma. O debate que está posto não significa afronta às Forças Armadas enquanto instituição nacional, mas sim o prestígio de sua corporação frente àqueles que não respeitaram nem ao menos as regras do próprio regime ditatorial que proibia a prática da tortura e comprometeram a sua imagem. A questão jurídica central é: se a lei de anistia abrangeu ou não os crimes de tortura enquanto como crimes políticos. O certo é que não há manifestação do Poder Judiciário sobre a questão e, por isso, a importância do debate público. Enquanto este momento não ocorrer o debate permanecerá em pauta junto à sociedade civil.
Questões fundamentais ainda não foram respondidas: Se a anistia foi ampla, geral e irrestrita, porque a anistia a Carlos Lamarca foi questionada por setores militares da reserva na Justiça? Existe correlação moral e ética entre aqueles que usurparam da estrutura estatal do monopólio da violência para torturar com aqueles brasileiros que exerceram a resistência contra uma ordem injusta que os perseguia? Que democracia é essa, incapaz de enfrentar o seu passado? A quem interessa que o debate não seja realizado e os fatos não sejam revelados? Os perseguidos foram processados e julgados e hoje são anistiados à luz da Lei n.º 10.559/02, os torturadores nem ao menos reconheceram seus atos. Como anistiar em abstrato crimes que não foram elucidados e julgados?
As organizações da sociedade civil abaixo assinadas vêm por meio desta mensagem apoiar e somar-se às iniciativas do Ministério da Justiça e do Ministério Público Federal em discutir a validade e alcance da Lei de Anistia de 1979 e os caminhos jurídicos para que, sem alteração das leis que permitiram a redemocratização do Brasil, a questão seja apropriadamente tratada no Poder Judiciário. É dever do Estado, no mínimo, promover o debate sobre as garantias fundamentais dos seus cidadãos, entre elas o direito à verdade, à memória e à justiça.
Cremos, em consonância com diversos tribunais internacionais, e com diversas cortes superiores da América Latina, que os crimes contra a humanidade não são prescritíveis, portanto, não passíveis de anistia, e que aqueles que os cometeram, fora da própria legalidade do regime de exceção, devem ser julgados e responsabilizados.
Apenas com o devido processamento e esclarecimento de todos os fatos que envolveram esses crimes é que será efetivamente possível falar em anistia, permitindo que a reconciliação nacional se consolide, desbancando a tese degenerativa da democracia de que a única solução possível para lidar com as abomináveis violações de direitos humanos perpetradas por agentes públicos é a impunidade e a imposição do esquecimento.
Um debate fundamental para a democracia brasileira, há muito tempo sufocado, finalmente se estabelece de forma republicana junto à opinião pública: a questão da responsabilização jurídica dos agentes torturadores durante a ditadura militar.
Causa espécie e estranhamento o fato de que, em plena democracia, tal assunto provoque reações contrárias que rejeitam até mesmo o próprio debate público do assunto. Sob os argumentos de que o tema é inoportuno, intempestivo, e até mesmo que significa "um desfavor para a democracia" ou que "não mais interessa a sociedade', percebe-se explicitamente um movimento, certamente motivado por interesses específicos mas nem sempre explícitos, que procura abafar as vozes daqueles que há mais de três décadas clamam e esperam por justiça.
O fato concreto é que existem no Brasil mais de 100 associações de ex-perseguidos políticos e familiares de mortos e desaparecidos políticos. Mais de 62 mil brasileiros ingressaram com pedidos de reparação na Comissão de Anistia nos últimos sete anos, restando quase 25 mil por apreciar. A União apreciou mais de 500 processos movidos por famílias que tiveram familiares mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar. Diversos particulares têm ingressado com ações no Poder Judiciário pedindo a responsabilização jurídica de quem os torturou ou levou à morte dos seus familiares. O Ministério Público Federal promove, atualmente, Ação Civil Pública contra agentes públicos que chefiaram o DOI-CODI de São Paulo. Milhares de brasileiros aguardam reparação, centenas aguardam o direito de enterrar seus entes próximos ou de conhecer a verdade histórica sobre seus paradeiros. Não se pode falar em reabrir feridas que nunca se estancaram. Estudos internacionais recentes revelam que a impunidade aos crimes (ressalta-se sempre, atos praticados na ilegalidade do próprio regime ditatorial) é fator de piora dos índices de violência e de abuso aos direitos humanos, servindo como uma forma de legitimação da violência praticada hoje no Brasil. Não há de se falar, portanto, de que se trata de um assunto do passado. É mais do que presente.
O debate que está posto não é a alteração ou revisão da lei de anistia, mas sim o cumprimento da mesma. O debate que está posto não significa afronta às Forças Armadas enquanto instituição nacional, mas sim o prestígio de sua corporação frente àqueles que não respeitaram nem ao menos as regras do próprio regime ditatorial que proibia a prática da tortura e comprometeram a sua imagem. A questão jurídica central é: se a lei de anistia abrangeu ou não os crimes de tortura enquanto como crimes políticos. O certo é que não há manifestação do Poder Judiciário sobre a questão e, por isso, a importância do debate público. Enquanto este momento não ocorrer o debate permanecerá em pauta junto à sociedade civil.
Questões fundamentais ainda não foram respondidas: Se a anistia foi ampla, geral e irrestrita, porque a anistia a Carlos Lamarca foi questionada por setores militares da reserva na Justiça? Existe correlação moral e ética entre aqueles que usurparam da estrutura estatal do monopólio da violência para torturar com aqueles brasileiros que exerceram a resistência contra uma ordem injusta que os perseguia? Que democracia é essa, incapaz de enfrentar o seu passado? A quem interessa que o debate não seja realizado e os fatos não sejam revelados? Os perseguidos foram processados e julgados e hoje são anistiados à luz da Lei n.º 10.559/02, os torturadores nem ao menos reconheceram seus atos. Como anistiar em abstrato crimes que não foram elucidados e julgados?
As organizações da sociedade civil abaixo assinadas vêm por meio desta mensagem apoiar e somar-se às iniciativas do Ministério da Justiça e do Ministério Público Federal em discutir a validade e alcance da Lei de Anistia de 1979 e os caminhos jurídicos para que, sem alteração das leis que permitiram a redemocratização do Brasil, a questão seja apropriadamente tratada no Poder Judiciário. É dever do Estado, no mínimo, promover o debate sobre as garantias fundamentais dos seus cidadãos, entre elas o direito à verdade, à memória e à justiça.
Cremos, em consonância com diversos tribunais internacionais, e com diversas cortes superiores da América Latina, que os crimes contra a humanidade não são prescritíveis, portanto, não passíveis de anistia, e que aqueles que os cometeram, fora da própria legalidade do regime de exceção, devem ser julgados e responsabilizados.
Apenas com o devido processamento e esclarecimento de todos os fatos que envolveram esses crimes é que será efetivamente possível falar em anistia, permitindo que a reconciliação nacional se consolide, desbancando a tese degenerativa da democracia de que a única solução possível para lidar com as abomináveis violações de direitos humanos perpetradas por agentes públicos é a impunidade e a imposição do esquecimento.
Para assinar o manifesto basta remeter seu nome, estado de residência e organização em que trabalha/milita para o e-mail manifestodasociedadecivil@hotmail.com
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Censura na Inglaterra? Cadê a Anistia Internacional?

"Britânicos poderão ver 'Calígula' após quase 30 anos de censura"
Os britânicos poderão ver, pela primeira vez, a versão sem cortes de Calígula, o polêmico filme de Bob Guccione, quase 30 anos depois que as autoridades do Reino Unido censuraram suas cenas de sexo mais explícitas.
O Conselho Britânico de Classificação de Filmes (BBFC, na sigla em inglês) publicou nesta terça-feira em seu site a nova avaliação do filme, desta vez sem veto algum, e que o descreve como um "filme para adultos".
O filme original, rodado em 1979, tinha roteiro de Gore Vidal, e contava com estrelas como Malcolm McDowell, Helen Mirren, Peter O'Toole e John Gielgud.
No entanto, e segundo conta a edição digital do diário britânico Daily Telegraph, o produtor do filme e editor da revista pornográfica Penthouse, Bob Guccione, considerou que não tinha "conteúdo sexual suficiente".
Por isso, Guccione filmou de forma secreta cenas de sexo lésbico explícito, incesto e zoofilia, e as incluiu na edição do filme.
O filme nunca recebeu o sinal verde das autoridades britânicas para sua exibição nos cinemas do país. Quase três décadas depois, a BBFC mudou de parecer e aceitou a comercialização na íntegra desta edição, devido a seu "interesse histórico".
Pois bem, a Anistia Internacional, cuja sede é em Londres acaba de " decretar", do alto de sua "isenção", que o governo chinês violou os direitos humanos durante as Olimpíadas de Pequim. Uma das alegações da AI é justamente que os chineses teriam censurado reportagens e sites, além de limitar o acesso a alguns lugares. Não fiquei plantado em frente à TV durante os jogos, mas pelo que sei foi feito todo tipo de matéria, desde as esportivas até as tradicionais reportagens sobre cultura, culinária, costumes, política e o que mais desse na telha.
Bom, mas o negócio aqui é saber se a Anistia Internacional, tão zelosa com os direitos humanos na China, num viu essa censura na própria Inglaterra. Aqui esse filme passou em plena ditadura e só agora a Elizabeth, que foi interpretada recentemente pela " profana" Helen Mirren, o verá? Sir John Gielgud, coitado, que morre no filme, até já morreu de fato sem ver a obra em seu próprio país. E a International Amnesty, hein? Que coisa feia!
O absurdo pedido de anistia dos repressores do Araguaia

A pretensão de um grupo de 175 praças do Exército que querem os benefícios da lei de anistia e indenizações de pelo menos 500 mil reais para cada um é absurda. Eles serviram o Exército na região do Araguaia, no início da década de 1970, para onde foram levados para reprimir a Guerrilha do Araguaia.
Agora, aquele grupo de soldados, cabos e sargentos entrarou com ações contra a União na Justiça Federal; há notícias de que outros 425 preparam-se para fazer o mesmo, exigindo indenizações da mesma dimensão.
Dizem que foram obrigados a participar da prisão e da morte de guerrilheiros do Araguaia e, por isso, sofrem sequelas morais, físicas e psicológicas decorrentes das ações em que tomaram parte há mais de três décadas.
Dizem que foram obrigados a participar da prisão e da morte de guerrilheiros do Araguaia e, por isso, sofrem sequelas morais, físicas e psicológicas decorrentes das ações em que tomaram parte há mais de três décadas.
A pretensão indenizatória destes soldados tem outra consequência. Ela é mais uma confirmação das barbaridades cometidas contra os guerrilheiros do Araguaia, e negadas pela hierarquia. A confissão que fazem em suas petições, de participação em graves violações das leis brasileiras, internacionais e humanitárias, é outra demonstração da necessidade imperiosa da abertura dos arquivos da ditadura e apuração dos crimes cometidos sob o manto da repressão política.
O pedido de indenização que fazem é inusitado e extrapola todos os limites do sentido da anistia, que é uma medida política para superar ações cometidas contra o Estado - quase sempre na resistência a ditaduras -, cujo esquecimento é fundamental para a organização de uma ordem política nova onde os anistiados voltam a ser incorporados normalmente à vida civil.
O pedido de indenização que fazem é inusitado e extrapola todos os limites do sentido da anistia, que é uma medida política para superar ações cometidas contra o Estado - quase sempre na resistência a ditaduras -, cujo esquecimento é fundamental para a organização de uma ordem política nova onde os anistiados voltam a ser incorporados normalmente à vida civil.
Assim, em decorrência dessa natureza, a anistia não pode ser aplicada a agentes da ditadura na ação repressiva contra adversários políticos de governos contestados por parte significativa da sociedade.
A ''inovação'' da lei brasileira de anistia, de 1979, de autoria da ditadura militar, que incorporou os chamados ''crimes conexos'' - um eufemismo para sequestros, torturas e assassinatos políticos - foi vivamente contestada na própria época de aprovação da anistia. E agora volta a ser debatida, com a crescente pressão pelo julgamento de agentes repressores culpados por crimes contra a humanidade.
Daí a estranheza do pedido daqueles militares. Eles foram instrumentos da ação do Estado que, por essa compreensão, não pode anistiar-se a si próprio. E se há algum procedimento jurídico a ser tomado em relação a agentes repressivos que participaram de ações ilegais e criminosas, ele deve ser seu processo e julgamento. Mas não anistia e indenização, como pretendem.
O próprio regulamento disciplinar do Exército incorpora regras que permitem a reação contra ordens ilegais. O exemplo mais notável de resistência de um soldado contra uma ordem absurda é o de Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho que, em 1968, honrou sua farda, em 1968, ao negar-se a cumprir a determinação do brigadeiro João Paulo Burnier de usar uma unidade do Para-Sar (unidade da força aérea usada para salvamentos) para realizar explosões no Rio de Janeiro, que causariam enorme número de mortos cuja culpa seria atribuída aos comunistas e serviria de pretexto para uma onda massiva de perseguição a adversários da ditadura. Sérgio de Carvalho denunciou a ordem recebida à alta hierarquia da força aérea. E enfrentou as consequências. Foi punido, afastado de suas funções e só foi anistiado muitos anos depois, em 1994, poucos dias antes de morrer. Deixou o exemplo heróico de um soldado que cumpriu seus deveres.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Defendo a UVA

Isso tá me parecendo coisa de quem quer se livrar da “despesa”com ensino superior e quer jogar nos braços do governo federal. Nem venham com essa! Eu sei que ao governo estadual cabe cuidar do ensino fundamental e médio, mas daí a criar uma contradição com relação ao ensino superior é uma distância bem grande. Penso que no momento deve-se justamente fortalecer as universidades estaduais que temos. O Ceará está mesmo preparando-se pra dar um grande salto no seu desenvolvimento com a vinda da refinaria e da siderúrgica, com o início da exploração da mina de urânio e fosfato de Itataia, ali em Santa Quitéria, pertinho de Sobral. Isso e mais outros empreendimentos certamente demandarão muita mão de obra e porque reduzir, ou até mesmo manter a mesma capacidade de formação. Temos é que ampliar e deveria ser justamente esta a função do CEFET que se instalará em Sobral.
Essa é uma questão que mexe com os sobralenses, somos orgulhosos da UVA que este ano completa 40 anos de fundação e já deu generosa contribuição para a formação da juventude não só de Sobral, como de toda a região – há estudantes dumas 40 cidades que estudam nos cursos da UVA – além de contribuir imensamente para o desenvolvimento da cidade e também de pesquisas avançadas. Mas se for confirmada essa “amputação” da UVA a questão não só de bairrismo sobralense, mas sim de defesa das universidades estaduais que ao invés de enfraquecidas, devem ser mais apoiadas e até ampliadas.
Não sou afeito a me fechar numa idéia, mas faço como o Augusto Pontes: essa é minha opinião, topo conversar, mas quem quiser me fazer mudar vai ter que argumentar muito. Se me convencer, mudo de opinião, mas digo logo, num vai ser fácil.
O petróleo é vosso: a grande mídia de novo contra o Brasil

Mário Augusto Jakobskind
Quem acompanha nestes dias as informações e comentários sobre a exploração das reservas petrolíferas do pré-sal constata que há um clima de nervosismo na turma do “petróleo é vosso”. De Arnaldo Jabor a Miriam Leitão, passando por Carlos Alberto Sardenberg e outros que ocupam o espaço midiático conservador, todos foram unânimes em questionar os defensores de a riqueza do pré-sal ficar com os brasileiros e não ser diluída nas mãos de empresas multinacionais do setor.
Trocando em miúdos: tanto eles, colunistas, como seus superiores hierárquicos, querem que as grandes empresas petrolíferas tomem conta das riquezas de uma vez por todas. E chegam até a advertir Lula, que pelo menos na retórica está defendendo a preservação da reserva petrolífera sob o controle brasileiro.
A jóia do pensamento pró-multinacional ficou por conta de Sardenberg ao afirmar que “esse negócio de petróleo é nosso”, “riqueza nas mãos dos brasileiros” é, pasmem, “coisa do passado”, “populismo”.
A jóia do pensamento pró-multinacional ficou por conta de Sardenberg ao afirmar que “esse negócio de petróleo é nosso”, “riqueza nas mãos dos brasileiros” é, pasmem, “coisa do passado”, “populismo”.
sábado, 23 de agosto de 2008
Menino sonhador

Eu acredito na dor do Ronaldinho. Podem dizer que a dor dele num é sincera, num é patriótica, que ele só pensa na carreira e no dinheiro que não ganhou ou vai deixar de ganhar. E será que ele tá ainda necessitado de dinheiro?
Digo que um dia desses soube que o Gaúcho só tem 28 anos. É um garoto ainda, tem idade de ser meu filho. Nesse idade ele ainda pode, e deve, sonhar, ter ilusões, até desejar algo melhor na vida, por que não? Eu posso, imagine ele! O fato de ser famoso,consagrado, não o transforma noutro ser que não seja humano.
Nem sou tão fã do futebol dele – aliás entendo pouco de futebol, muito menos que de emoção – mas acredito que ele se dedicou a realizar o sonho do ouro olímpico no futebol. É um sonho do torcedor brasileiro – isso é quase uma redundância – e portanto, do Ronaldinho também, ou num é?
A influência de Lula nas eleições-2008

A jornalista Cristiana Lôbo, uma das principais porta-vozes da TV Globo, nunca escondeu a sua antipatia pelo governo Lula, às vezes beirando o mais puro preconceito de classe. Durante a CPI do mensalão, em 2005/2006, ela torceu pelo impeachment do presidente. Nas deprimentes mesas redondas do Programa do Jô, ela sempre foi uma das mais ásperas nas críticas, com suas tiradas udenistas de paladina da ética. Numa entrevista à revista Época, da mesma Globo, até anteviu a derrota de Lula na sucessão de 2006. “Cada vez mais, ele tem menos chances [de se reeleger]. O cenário, definitivamente, não é mais favorável ao presidente Lula”, previu a desastrada vidente.
Agora, porém, a comentarista, mesmo mantendo o seu viés oposicionista, está convencida de que Lula será o grande vitorioso das eleições municipais de outubro. Na abertura do horário político gratuito, em 19 de agosto, ela se mostrou surpresa com o prestígio do atual presidente. “Todos os candidatos, até alguns da oposição, querem tirar fotos com ele”, afirmou Lôbo no Jornal das Dez, da Globo News. Para ela, isto é um fato inédito nas últimas campanhas eleitorais. Afinal, “Lula já caminha para o final do segundo mandato e mantém sua força”. Ela só não lembrou, por motivos óbvios, o triste fim de FHC, na qual ninguém queria a sua companhia nos palanques ou nas fotos.
Oh Linda!

Nem vou aqui querer falar de pesquisa, nem mesmo de campanha eleitoral mesmo, sobre isso vou arrumar mais um tanto grande de fôlego. Quero mesmo é dar um cheiro público nessa mocinha aí da foto, a quem a Luizianne Lins tem de agradecer de dia e de noite. Digo uma coisa aqui, a prefeita fez até um bucado de coisa, mas das coisas mais bem feitas acho que nada tá sendo melhor do que a política habitacional. É casa construída, é casa reformada, é casa financiada, é papel da casa, é coisa que num se acaba mais. É tanta coisa que na sexta-feira rendeu um programa inteiro e um monte de inserção da Luizianne sobre moradia .
Pois a Olinda Marques, que tá no comando disso tudo desde o primeiro dia da Luizianne na Prefeitura, além de boa gestora pública é uma criatura doce – com todo direito de azedar quando der vontade e for necessário -, sensível e bem humorada. Num gostar dela é quase um pecado, pois teve quem gostasse de vê-la longe da Habitafor. Eita que tem gente burra nesse mundo!
A propaganda eleitoral pra reeleger a prefeita, dizem as pesquisas, precisa atingir um povo que tá lá na periferia da Fortaleza que ainda nem ficou muito bela. É gente muita que a direita, sincera ou travestida, tem suas armas pra conquistar, mas é um povo que sabe dar valor à casa pra morar.
Já falei que ainda num tenho muito como falar da campanha toda, mas se Fortaleza não esquece o que Luizianne fez pra ela, como ia esquecer as casas que a Olinda arrumou pra sua gente?
O lero da saúde
Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!
(Rita Lee)
Já que entrei por campanha eleitoral e pesquisa, quero meter o bedelho numa coisinha só dessa campanha eleitoral.
Todo mudo viu que as pesquisas dizem que saúde é considerado o maior problema da cidade. E num é que quase todo candidato a prefeito de Fortaleza ta se propondo a atender o que povo quer? O Moroni, no melhor estilo salvador da pátria ( lembram do Collor) e pegando carona no Lula ao pedir pra que o deixem trabalhar, propõe uma tal de “Bolsa Saúde”, que vai até entregar remédio em casa (num debate eu perguntaria a ele se sabe quanto custaria isso). O Neto Nunes fala numa coisa tipo “Saúde do Quarteirão” e a Patrícia enfiou logo foi no slogan – Ação, Saúde e Respeito – e tá chamando pra briga.
Pois é Luizianne, tá na hora de mostrar os serviço do Odorico e seus mais de 20 anos em secretarias de saúde de 4 cidades diferentes. O Duda Mendonça disse que a Lôra tem muito pra mostrar e eu to acredito que vamos ver.
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!
(Rita Lee)
Já que entrei por campanha eleitoral e pesquisa, quero meter o bedelho numa coisinha só dessa campanha eleitoral.
Todo mudo viu que as pesquisas dizem que saúde é considerado o maior problema da cidade. E num é que quase todo candidato a prefeito de Fortaleza ta se propondo a atender o que povo quer? O Moroni, no melhor estilo salvador da pátria ( lembram do Collor) e pegando carona no Lula ao pedir pra que o deixem trabalhar, propõe uma tal de “Bolsa Saúde”, que vai até entregar remédio em casa (num debate eu perguntaria a ele se sabe quanto custaria isso). O Neto Nunes fala numa coisa tipo “Saúde do Quarteirão” e a Patrícia enfiou logo foi no slogan – Ação, Saúde e Respeito – e tá chamando pra briga.
Pois é Luizianne, tá na hora de mostrar os serviço do Odorico e seus mais de 20 anos em secretarias de saúde de 4 cidades diferentes. O Duda Mendonça disse que a Lôra tem muito pra mostrar e eu to acredito que vamos ver.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Emoção e indignação

09:47 MAUREEN é ouro!!!
depois de ter sido execrada por meio mundo!
09:48 eu: isso
a Carol acaba de dizer a mesma coisa que vc
a Carol acaba de dizer a mesma coisa que vc
Dalwton: agora, vai ser idolatrada pelos mesmos que atiraram pedra
eu: tamo aqui na sua TVzinha
Dalwton: brincadeira as lições que o esporte dá
tudo a ver com as demais dimensões da vida
(aproveitem a TVzinha, hein...)
09:49 q vitória fantástica, merecida!
incrível!!! as voltas que a vida dá
eu: que maravilha né cara?
a gente tem mais é que aprender com essa coisa
09:50 to aqui meio emocionado
sou mesmo um cabra meio coração mole
a olhos rasos
Dalwton: incrível isso
não tem como não se emocionar
brincadeira, o quanto uma pessoa dessas se dedica, luta, batalha
imagina como foi ter que levantar a cabeça, depois de ter sido condenada por todo mundo
q volta por cima, q lição!!!
09:51 eu: isso é muio bom de se ver
ninguém nem lembrava dela
ainda hoje eu tava ensando que o Brasil num tinha ganho nehuma medalha no atletismo
09:52 essa menina merece mesmo uma homenagem
Dalwton: incrível!
simplesmente incrível!
eu: ela passou por muitas barras
pesadissimas
Dalwton: a verdade eh q esse ainda eh um país, em muitos sentidos, ingrato com seus maiores talentos
foi muito fácil pra todo mundo condenar naquele momento.
09:53 todo mundo tem uma facilidade espantosa em criticar, condenar, botar pra baixo. a tal síndrome do Nelson Rodrigues...
eu: pelo que lembro foi uma história de um trtamento de pele, ou algo assim
Dalwton: veja q até o Galvão, polianístico, agora está todo com síndrome de perdedor, nessa Olimpíada, botando a culpa nos atletas, dizendo que eles não têm "força mental"
09:54 ridículo o q ele torceu contra o cearense no vôlei de praia
eu: as mulheres são cobradas para serem sempre belas e justamente por querer se cuidar a Maurren nfoi punida
aquele lance do valei de praia foi algo revoltante
09:55 esse galvão é um babaca sem igual
fica agora chamando a garota de guerreira, depois de curcificá-la
09:55 esse galvão é um babaca sem igual
fica agora chamando a garota de guerreira, depois de curcificá-la
09:57 Dalwton: ontem, quando o marcio e fábio perderam para os aericanos, ele não se aguentou: "Vamos confessar q a gente esperava ver Ricardo e Emanuel na final"...
09:58 eu: foi mesmo, cara?
Dalwton: passou o tempo todo exaltando Ricardo e Emanuel, dizendo q eram guerreiros, valentes, e nem se lembrava dos finalistas
eu: mas que filadaputa!!!!
Dalwton: foi incrível
passou toda a transmissão assim,
meio q insinuando q Ricardo e Emanuel poderia ganhar, enquanto Fabio e MArcio perderam o equilibrio no tie-brake
passou toda a transmissão assim,
meio q insinuando q Ricardo e Emanuel poderia ganhar, enquanto Fabio e MArcio perderam o equilibrio no tie-brake
09:59 Ric e Emanuel eram "guerreiros", Marcio e Fabio tinha q "voltar com raiva" orque perderam o ouro "da forma q perderam"
eu: lembro que no jogo da semi ele lamentou a derrota do Ricardo/emanuel, mas disse que pelo menos era pruma dupla brasileira..é demais, né?
10:02 Dalwton: é
pois a final deu muita raiva a quem assistiu - mais pelo Galvão q pelo resultado
eu: ainda bem que num vi isso
pelas duas razões
pelas duas razões
Dalwton: foi incrível: babação do começo ao fim paa Ric e Emanuel, e desprezo do começo ao fim por Fabio e Marcio
de revoltar
de revoltar
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
A Soninha também é daquele tempo

Deleite-se:
Como é que eu vivia antes?
Sou "nega-véia", com muito orgulho. Um dos melhores presentes que recebi num natal, na minha adolescência foi um "toca-discos". Isso mesmo. Toca-discos. Não era um "3 em 1", não. Esse veio depois, bem depois. E nele eu ouvi o long play (ou simplesmente LP) da Clara Nunes (quando ela ainda era viva), que comprei com o meu primeiro salário. Também ouvi o "Compact Disc" do Kid Abelha e Abóboras Selvagens. Compact Disc não tem nada a ver com o CD de hoje, pois era em vinil.
Qual é a ''classe média'' que cresce no Brasil?

Leia mais ... mas antes divirta-se com essa gozação com o finado "Cansei", é boa demais! Ouvi dizer que em Fortaleza tem uma candidatura que tem muito a ver com essas dondocas aí.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Óinóisaí.....
Já o braquelo-brancoso-barbudo é um enxerido, que de vez em quando se mete lá pela Target com a tarefa política de acompanhar os trabalhos do PCdoB, mas num resiste a opinar sobre tudo: roteiro, gravação, edição e o que mais rolar. É assim, o cabra num encarou mudar do curso de Direito pra Comunicação Social, pensando que a vida seria de letras jurídicas. Só que, data venha os nobres colegas que se formaram com ele, seu lugar nunca seria nos tribunais, varas e fóruns, onde muita coisa importante na vida é resolvida, mas é um mundo muito estranho a essa alma inquieta e informal.
sábado, 16 de agosto de 2008
João Valentão

Pra dar bofetão
Não presta atenção e nem pensa na vida
A todos João intimida
Faz coisas que até Deus duvida
Mas tem seu momento na vida
É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar
É quando o cansaço da lida da vida
Obriga João se sentar
É quando a morena se encolhe
Se chega pro lado querendo agradar
Se a noite é de lua
A vontade é contar mentira
É se espreguiçar
Deitar na areia da praia
Que acaba onde a vista não pode alcançar
E assim adormece esse homem
Que nunca precisa dormir pra sonhar
Porque não há sonho mais lindo do que sua terra.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Enganos

É a vida. Quando não observamos as coisas por todos os seus ângulos, com maior profundidade, procurando saber o que de fato representam certas sutilezas e limitações, corremos o risco muito grande de nos enganarmos, ou sermos enganados.
Ocidente lá tem moral pra criticar a China...
Opressão sobre o Tibete, falta de liberdade de expressão, inexistência de democracia, desrespeito aos direitos humanos. Em tempos de Olimpíada, esses são alguns dos problemas pelos quais a China é duramente criticada pelo países ocidentais. No entanto, para o sinólogo Elias Jabbour, o mundo ocidental está "desmoralizado" para criticar os chineses.
- Um país como a Inglaterra, que fez uma guerra contra a China para legalizar o consumo de drogas, pode falar alguma coisa de direitos humanos para a China? - questiona.
Autor do livro China: Infra-estruturas e Crescimento Econômico, Jabbour é pesquisador do Instituto Brasileiro de Estudos da China, Ásia e Pacífico (IBECAP) , professor do Núcleo de Estudos Asiáticos (NEAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e colunista do Portal Vermelho. Atualmente, desenvolve tese de doutorado sobre a economia política do socialismo na China pela Universidade de São Paulo.
Jabbour acredita que os Jogos Olimpícos são uma oportunidade para a China "mostrar que tem voz no mundo". Ele, no entanto, não crê que as Olimpíadas contribuam para a democratização do país.
- Eu acredito que isso não acelera a liberalização. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa - afirma.
Em entrevista a Terra Magazine, o especialista fala sobre a situação econômica da China e sobre as tendências de reforma existentes dentro do país, além de discutir o chamado "socialismo com características chinesas".
- Essa estratégia de desenvolver primeiro o litoral e depois o interior do país foi uma grande jogada. O que está acontecendo na China hoje talvez seja a maior transferência territorial de renda da história da humanidade - diz.
Versos sempre presentes

Elogio da Dialética
A injustiça avança hoje a passo firme.
Os tiranos fazem planos para dez mil anos.
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são.
Nenhuma voz além da dos que mandam.
E em todos os mercados proclama a exploração: isto é apenas o meu começo.
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem:
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos.
Quem ainda está vivo nunca diga: nunca.
O que é seguro não é seguro.
As coisas não continuarão a ser como são.
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados.
pois ousa dizer: nunca?
De quem depende que a opressão prossiga? De nós.
De quem depende que ela acabe? Também de nós.
O que é esmagado, que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha?
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
E nunca será: ainda hoje.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Experiência com algemas

Num digo isso aqui pra contar vantagens, até por que num vejo nenhuma. Esse episódio vai completar 22 anos no final desse mês e acabou gerando um livro (por sinal muito incompleto) editado pela Editora Alfa-Omega. Na época os estudantes invadiram a Assessoria de Segurança e Informação – ASI, que funcionava numa sala do prédio da Reitoria da UFC, quase embaixo do gabinete do Reitor, na época o professor Anchieta Esmeraldo.
A coisa deu um rebuliço danado porque foi revelada uma atividade ainda grande da repugnante “comunidade de informação” do regime militar em plena Nova República, que já tinha mais de um ano. O Brasil vivia uma espécie de lua de mel com a democracia. Os partidos clandestinos e as entidades estudantis conquistaram a legalidade, houve eleições diretas nas capitais em 1985, foi convocada a Constituinte eleita em 1986, etc e tal.
Dois dias depois da invasão, eu tava na sede do DCE com outros estudantes quando a polícia federal entrou de metralhadora na mão e prendeu duas diretoras da entidade, Martinha e Liduína, e eu. Saímos algemados, uns nos outros, pra que não fugíssemos, e ainda ameaçaram nos colocar na carroceria de um carro que levava os documentos apreendidos, numa atitude típica de execração pública, mas não chegaram a tanto. Lembro que, diante duma multidão que se aglomerou na rua, ergui o pulso algemado no pulso da Lidú e gritei bem alto: “ - Olhe gente, é isso que eles fazem com quem luta pela democracia”. No percurso até a prisão um policial nos ameaçava com um daqueles perfuradores de côco, dizendo pra outro: “ - Rapaz, um bicho desse aqui enfiado na esta dum baderneiro deve doer, né?”.
Na sede da PF fomos mantidos detrás das grades, apenas com as tais roupas íntimas, e ainda tive que aturar um “psicólogo” tentando me convencer de que a nossa semi-nudez era uma rotina porque havia casos em que presos que se suicidavam usando as próprias roupas. Foi inevitável a lembrança dos “suicídios” de presos políticos na ditadura. Dei uma gargalhada e disse pro picareta lá: “ - Pois se for por isso, pode trazer minha roupa de volta”.
Saímos das celas pelo menos umas duas vezes e sempre algemados. Numa delas fomos depor e “tocar piano”. Depois fomos para os presídios, eu pro Olavo Oliveira e as meninas pro Auri Moura Costa, que na época funcionava no bairro Jacarecanga, ali perto do Liceu do Ceará, e novamente as algemas enfeitaram nossos pulsos. A “minha” ainda deu trabalho pra abrir lá no presídio e teve que ser arrebentada num torno. Voltei a usar as “pulseiras” no dia seguinte quando fui solto graças ação de advogados como o meu camarada Benedito Bizerril e ao então presidente da OAB, Silvio Brás, mas também às centenas de estudantes que permaneceram acampados por mais de 24 horas em frente à sede da PF.
Só agora virou humilhação?

Lembrei desse episódio depois de ver o Supremo Tribunal Federal decidir sobre o uso de algemas nas operações policiais, principalmente da “Federal”. A polícia deve evitar constrangimentos aos presos e as algemas podem ser usadas apenas nos casos "excepcionais" e de "evidente perigo de fuga ou agressão". Mas o que foi mesmo que motivou essa decisão? Claro que foi a prisão do Daniel Dantas e sua gangue de criminosos do sistema financeiro. (Brecht disse certa vez, com muita sapiência e finíssima ironia, que crime maior que assaltar um banco é abrir um banco) Onde já se viu botar algemas em tanto cabra empaletozado? Isso é uma agressão a “pessoas de bem”! Porque essa decisão num foi tomada quando o casal Nordoni, do caso Isabela, foi absolutamente humilhado ao vivo e em video tape ou em fotografias e artigos por tudo que é de emissora de televisão e jornal do país? Anteriormente já lamentei que eles estejam implicados naquele crime bárbaro, mas ninguém pode ser submetido à tamanha execração. Mas a prisão do Dantas, do Pitta, do Nahas e a curriola deles finalmente sensibilizou os togados lá do Supremo e até figurões do Governo Lula para combaterem tanto desrespeito aos direitos humanos fundamentais e ao estado democrático de direito.
Sinceramente, hipocrisia tem limite. O que se vê em operações policiais nos bairros de periferia, seja contra bandidos ou contra pessoas inocentes e em manifestações populares, com honrosas exceções, como no caso do Governo Cid, é exatamente o que os nobres magistrados e seus assemelhados pretendem evitar a partir de agora. Ontem vi o deputado Chico Lopes num debate na TV Assembléia comentando a tal decisão do STF e a frase final dele, cheia de ironia, sintetiza bem a situação: “- Vamos ver, na prática, como vai ser aplicada essa decisão!”. Talvez voltem a usar outros métodos mais "civilizados", como esse aí da foto que foi capa do Jornal do Brasil a uns anos atrás.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Emoções vermelhas
Mas por dentro sou um cabra véi cheio de emoção mesmo. Minha opção comunista tem muito dum sentimento que foi se criando dentro de mim e que se encontrou com a história, com a política e com as idéias do PCdoB. Antes mesmo de entrar no partido já sabia dumas coisas através duns exemplares mimeografados d’A Classe Operária, ainda clandestina, que o Veveu guardava no fundo das gavetas dele. Aquilo foi um encontro que ainda me traz emoções até hoje. No dia que me recrutaram, 8 de março de 1982, perguntei porque demoraram tanto. Pois é, faz mais de 26 anos que estou no partido. Mais da metade da minha existência.
Pois bem, hoje de manhã vi na tv uma matéria sobre a chegada do Lula à Vila Olímpica, em Pequim depois dele, a principalmente autoridade da delegação brasileira era o Ministro Orlando Silva Júnior. Vocês imaginam o que é isso? Há pouco mais de 30 anos (no tempo histórico isso num é nada!) os comunistas eram caçados como animais, nas cidades e no campo, estavam enfrentado a ditadura militar de armas na mão na Guerrilha do Araguaia, reorganizando o movimento sindical, as entidades estudantis, as associações comunitárias e tiveram parte de sua direção trucidada na Chacina da Lapa. Hoje temos um representante, dos mais dignos, diga-se de passagem, no Ministério da República, além é claro de uma grande presença no movimento social, no debate de idéias, nos poderes legislativo e executivo.
Isso é muito gente, emociona mesmo. Nos faz mais orgulhosos da opção cotidiana que fizemos, de dedicarmos muito de nossas vidas à construção do socialismo. Digo mesmo pra vocês que me sinto feliz. A militância comunista é prazerosa, é exigente, até sacrificante, em certos momentos, é camarada (eita palavra cheia de significados!), é boa de viver. Há só satisfação? Claro que não! Há momentos difíceis, derrotas amargas, mas temos a convicção da justeza de nossa causa e da perspectiva real de uma vitória. Há muitas razões para ser comunista, mas se num tiver emoções, as razões correm o risco de virar pura formalidade, mera afirmação de princípios, e assim não se muda o mundo.
Seu Zezinho, a cachaça e a campanha

O amigo João Veiga, secretário da Saúde de Olinda, exímio cirurgião e servidor público exemplar, conserva suas origens sertanejas do Pajeú e a verve característica daquela gente dada à poesia e aos prazeres da vida. De férias, em Tabira, visita um velho amigo que encontra, no início da manhã, às voltas com uma garrafa de cachaça.
- Oxente, seu Zezinho, tomando pinga à uma hora dessas!
- Doutor João, isso não é remédio não. Remédio é que tem hora certa para se tomar, cachaça a gente bebe quando dá vontade.
- Doutor João, isso não é remédio não. Remédio é que tem hora certa para se tomar, cachaça a gente bebe quando dá vontade.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Dos ipês e outros bichos da caatinga

Dos ermos, dos escondidos, dos grotões do sertão, de onde vim. Áspero sou, sempre fui, feito a terra, a pedra quente, cortante, os espinhos, a caatinga abusada, agressiva. Sou sertanejo. A falta de água, fluida, mineral, amolecente, talvez tenha me feito de dureza, dessa pedra, dessa madeira dura que aparento. Sou sertanejo.
Mas talvez também por sertão é que vez por outra, para poucos, convivas mais íntimos, me abro em flor, cantante, musical, versos que se alam e buscam cor e mel pelos ermos da caatinga. Sou sertanejo.
Agora mesmo, agosto incendiando o calendário, anunciando os bros de fogo que fecharão o ano, desmancho-me todo em ternura, olhos marejados buscando lado e outro da estrada. Procuro os ipês-rosa, já quase idos, que desde junho embelezam a paisagem. Tabebuia dos meus mais antigos, abundaram em julho e agora rareiam, fugindo aos olhos, visguentos na minha memória.
Busquei imobilizar alguns, para lembrar vez ou outra, para dividir com um compadre, uma dama, presentear os meus poucos que me aturam zanga e rabugice.Na caatinga dura, agressiva, jeito de inimiga aos estranhos, a árvore imensa, toda feminina, desfaz a má impressão. Por isso quis capturá-la, por identidade com o chão e o sol. Sou sertanejo, ipê-rosa da caatinga.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Fundamental, é mesmo

Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...
O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho...
Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade...
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...
Vou te contar...
Tem lugar que a gente pensa que num existe e tem coisa que a gente pensa que num acontece. Pois o Wave, do casal Germano e Marta é o lugar onde acontecem coisas que ninguém precisa entender. Fui prá lá neste domingo movido por razões eleitorais, acompanhando o Benedito Bizerril, que tá em campanha pra vereador de Fortaleza. Encontros emocionantes de amigos que não se viam há anos, e por isso não se reconheceram, velhos e novos assuntos na mesa e nas bocas, lembranças e planos capazes de mudar o mundo, ou pelo menos o mundo de cada um. Por isso é bom, é fundamental ser feliz!
Eu uso óculos?
sábado, 2 de agosto de 2008
MinC em refazenda

O baiano Gilberto Passos Gil Moreira, 66 anos, (agora ex) ministro da Cultura, nunca conseguiu reduzir sua própria figura aos limites do terno e da gravata. A liturgia do cargo, ele tirava de letra. Mas não se continha. Por várias vezes, mandou às favas a cerimônia, o protocolo, os seguranças, e fez uso de sua voz e seu violão, em ocasiões teoricamente destinadas ao ministro, não ao artista.
Leia mais...
Cultura "refazida"

Esse texto aí em cima é o primeiro parágrafo do discurso de Gilberto Gil (por favor, clic aí do lado e leia todo) quando assumiu o Ministério da Cultura no dia 02 de janeiro de 2003. A ida do Gil pro MinC causou um fuzuê danado e eu até acreditei numa lorota de que seria parte da "cota" do Duda Mendonça, baiano como ele, que, devido ao sucesso do seu trabalho, teria garantido também um pezinho na Esplanada. Mas foi justamente a leitura do dito discurso (lembro-lhe de novo pra ler) que me deu uma sensação de que a presença do tropicalista ia mexer com a cultura nacional.
O resultado taí, o Gil volta pros palcos e o Ministro deixa saudades na Cultura. Vale aqui reproduzir o que disse o insuspeito e rigoroso Oswald Barroso, pra se sentir o impacto da mudança no Ministério: "A Cultura brasileira fica no prejuízo. O Gil tem uma visão tropicalista, ampla e sábia. É ligado tanto às artes da mais absoluta vanguarda até as culturas mais tradicionais do país. Acho difícil aparecer um ministro melhor do que ele, com tanta tolerância, clarividência, com pensamento tão flexível. Bem formado e informado. Substituí-lo será uma tarefa árdua. Quem assumir o Minc, precisa se aconselhar com o Gil."
Felizmente quem parece que vai ficar lá é mesmo o Juca Ferreira, secretário executivo desde que o Gil assumiu e considerado um dos principais formuladores da pasta. Sendo assim, a mudança deverá ser mais de estilo, enquanto que a política cultural deverá se manter na mesma linha. Isso é bom demais.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Eclipses, dragões e o Guilherme

Bom, vi a notícia na internet e imaginei que meu menino, que é xeretador, também devia ter lido recentemente sobre o assunto. Mas quando perguntei a ele há quanto tempo ele sabia dessa história de eclipse e dragão na China ele disse que há muito tempo. - "E onde você leu sobre isso?" - "Ah pai, na Enciclopédia da Criança, né?"
Tadin do galo

"Há outra espécie de corno
Me contou uma vizinha
Registro aqui com cuidado
Nestes versos, em cada linha
Mas não diga que eu falo
Só divulgo o corno GALO
Por a mulher ser galinha"
Semana passado comprei uns cordéis pra dar um presente e no meio veio um do Guaiapan Vieira que listava todo tipo de corno. O bicho tava guardado, ainda lacrado, mas o Guilherme, que num resiste a nada de leitura, só se aquietou depois de ler todo e ainda me perguntou o que é alienado, pra entender uma das estrofes. Como eu tinha recebido umas fotos muito boas do meu amigo véi, Joan Edessom, achei de pegar uma pra ilustrar esses versinhos aí, afinal, galo é mesmo um corno infeliz, coitado, tem chifre até nos pés.
Me contou uma vizinha
Registro aqui com cuidado
Nestes versos, em cada linha
Mas não diga que eu falo
Só divulgo o corno GALO
Por a mulher ser galinha"
Semana passado comprei uns cordéis pra dar um presente e no meio veio um do Guaiapan Vieira que listava todo tipo de corno. O bicho tava guardado, ainda lacrado, mas o Guilherme, que num resiste a nada de leitura, só se aquietou depois de ler todo e ainda me perguntou o que é alienado, pra entender uma das estrofes. Como eu tinha recebido umas fotos muito boas do meu amigo véi, Joan Edessom, achei de pegar uma pra ilustrar esses versinhos aí, afinal, galo é mesmo um corno infeliz, coitado, tem chifre até nos pés.
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