sábado, 2 de agosto de 2008

Cultura "refazida"

"A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva foi a mais eloqüente manifestação da nação brasileira pela necessidade e pela urgência da mudança. Não por uma mudança superficial ou meramente tática no xadrez de nossas possibilidades nacionais. Mas por uma mudança estratégica e essencial, que mergulhe fundo no corpo e no espírito do país. O ministro da Cultura entende assim o recado enviado pelos brasileiros, através da consagração popular do nome de um trabalhador, do nome de um brasileiro profundo, simples e direto, de um brasileiro identificado por cada um de nós como um seu igual, como um companheiro".

Esse texto aí em cima é o primeiro parágrafo do discurso de Gilberto Gil (por favor, clic aí do lado e leia todo) quando assumiu o Ministério da Cultura no dia 02 de janeiro de 2003. A ida do Gil pro MinC causou um fuzuê danado e eu até acreditei numa lorota de que seria parte da "cota" do Duda Mendonça, baiano como ele, que, devido ao sucesso do seu trabalho, teria garantido também um pezinho na Esplanada. Mas foi justamente a leitura do dito discurso (lembro-lhe de novo pra ler) que me deu uma sensação de que a presença do tropicalista ia mexer com a cultura nacional.

O resultado taí, o Gil volta pros palcos e o Ministro deixa saudades na Cultura. Vale aqui reproduzir o que disse o insuspeito e rigoroso Oswald Barroso, pra se sentir o impacto da mudança no Ministério: "A Cultura brasileira fica no prejuízo. O Gil tem uma visão tropicalista, ampla e sábia. É ligado tanto às artes da mais absoluta vanguarda até as culturas mais tradicionais do país. Acho difícil aparecer um ministro melhor do que ele, com tanta tolerância, clarividência, com pensamento tão flexível. Bem formado e informado. Substituí-lo será uma tarefa árdua. Quem assumir o Minc, precisa se aconselhar com o Gil."

Felizmente quem parece que vai ficar lá é mesmo o Juca Ferreira, secretário executivo desde que o Gil assumiu e considerado um dos principais formuladores da pasta. Sendo assim, a mudança deverá ser mais de estilo, enquanto que a política cultural deverá se manter na mesma linha. Isso é bom demais.

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