sábado, 14 de novembro de 2009

Comunista do Brasil

Recentemente uma jornalista ligada ao PT falou que gostava de mim porque eu sou "um comunista diferente, mais gente boa". Agradeci a simpatia, mas falei que num é bem assim. Há um certo esteriótipo que vem desde muito tempo. Eu acho até que a trajetória dos comunistas ajudou a criar essa imagem, mas no Brasil isso já foi superado. Aliás, acho que se fosse diferente eu nem ficava também não. Não consigo separar a ideologia do jeito de ser.

Nisso daí a "queda do Muro de Berlim" ajudou muito, viu? O PCdoB encarou essa de modelo único de socialismo como algo a ser superado e um dos problemas da experiência socialista na União Soviética e na Europa. Por essa razão o novo programa aprovado no 12º Congresso faz uma bela abordagem sobre a formação da nação brasileira e seu povo uno. O mesmo vale para o modelo de partido. Nem pensar naquele modelo de partido dissociado do cotidiano do povo, do jeito brasileiro de ser e foi por isso que o congresso também aprovou uma nova política de quadros. Esse documento foi construído ao longo do tempo, é fruto da experiência e da aproximação cada vez maior do PCdoB com a realidade do povo brasileiro. E isso tem a ver também com o acerto da linha política que deu mais visibilidade aos comunistas e ao mesmo tempo apresentou maiores e mais complexos desafios. Como a gente costuma dizer, é um típico problema bom de se resolver afinal é fruto do crescimento, do fortalecimento e da consolidação do Partido Comunista do Brasil como uma instituição quase centenária, muito considerada e respeitada por seus aliados e até mesmo por alguns adversários.

Esse nosso jeito de ser tá bem demonstrado numa matéria da revista Carta Capital que destaca a presença do PCdoB entre a juventude brasileira. Vale a pena ler a matéria, mas quero ressaltar aqui algumas coisa que estão ditas por lá. Uma delas é a forma que os operadores de telemarketing de São Paulo,a maioria com idade entre 18 e 29 anos, encontraram pra tornar as assembléias gerais do sindicato, dirigido por um jovem militante do PCdoB. Diz lá a matéria: "Para atingir o público, realizam assembléias durante festas fechadas em casas noturnas, com DJs e outros atrativos. Num determinado momento, a música para, começam os discursos e as informações importantes são transmitidas. A tecnologia é utilizada na comunicação com a base". Alguém poderia imaginar algo assim nas sisudas assembléias de trabalhadores? Pois é assim que a coisa vai hoje em dia. E imaginar que um jovem ministro de estado curta umas rodas de samba e junte amigos nos finais de semana pra descontrair é o mesmo que foi um dos principais responsáveis por duas grandes conquistas nacionais, o direito de realizar a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Pois é, esse cara é o Orlando Silva Júnior, que ainda surpreende os mais ortodoxos com a seguinte frase:“Quando alguém estranha minha opção e pergunta se sou mesmo comunista, eu respondo: sou comunista, graças a Deus”.

Pra botar mais Brasil nesse comunismo vale reproduzir aqui o que disse pra revista o líder indígena do Alto Rio Negro, Fidelis Baniwa, 35 anos, da etnia Baniwa, o da foto aí do lado. Disse aquele primeiro brasileiro:“O comunismo tem tudo a ver com o dia-a-dia em nossas aldeias. Quando alguém traz uma caça, todos são convidados a sentar juntos à mesa”. Pronto, num falta mais nada. Mas ainda vou dizer pra você que encontrei lá pelo congresso dos comunistas o bravo delegado Protógenes Queiróz, o cantor Netinho, o Aliado G, o primeiro rapper no mundo a se candidatar a deputado, além de um monte de gente feliz da vida por ter feito uma opção tão ousada de ainda querer "mudar o mundo", como dizia Cazuza. A diferença é que nossos heróis não morreram de overdose, mas na luta, como fez o Bergson Gurjão e tantos outrois na Guerrilha do Araguaia.




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