segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ah é, Dona Judith?

"A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo". Maria Judith Brito


Dona Maria Judith Brito é uma senhora com muitos compromissos, como executiva do Grupo Folhas, dono da Folha de São Paulo, integra a Associação Nacional de Jornais e ali exerce a destacada função de presidente. Ao falar com tanta transparência sobre o verdadeiro papel dos meios de comunicação presta um importante serviço ao povo brasileiro e especialmente aos que acreditam na propalada isenção da mídia.

Eu já disse por aqui que não acredito nessa isenção, na suposta imparcialidade da imprensa. Não vejo razão pra isso. Afinal, há ou não há uma clara divisão de interesses entre os diversos segmentos, mais precisamente, entre as classes em que a sociedade se divide? O fato de, em alguns momentos, haver convergência pontual de interesses não desfaz as contradições fundamentais, os antagonismos. Diante disso porque o jonal O POVO, ou o Diário do Nordeste, ou todo o Sistema Verdes Mares, iria expressar uma opinião favorável às lutas dos trabalhadores, suas mobilizações, greves e manifestações. Para os meios de comunicação as lutas sociais "criam problemas para a população carente", "atrapalham os estudos dos alunos" e até "congestionam o trânsito". É raríssima a ocasião em que buscam saber e exponhem aos leitores/telespectadores/ouvintes as razões dessa ou daquela luta.

No âmbito da cena política as contradições podem até ser menores, pode haver certas coincidências, mas a chamada "grande mídia" não deixa barato e não perde a oportunidade de seguir fielmente o que recomenda a Dona Judith: fazer oposição. Assim, as contradições aparentementes mais tênues, na verdade são muito mais conflitantes porque dizem respeito aos destinos do país e do seu povo. Mas o que me deixa invocado que só um siri na lata, é a cara de pau da imprensa em afirmar candidamente que apenas está cumprindo o seu "papel democrático de fiscalizar os governantes, não importa a que partido pertençam". Será mesmo verdadeiro esse pendor democrático? Pra falar da casa onde Dona Judith executa seu trabalho: a Folha de São Paulo, quando emprestou seus carros para que a ditadura, por ela rebatizada pelo neologismo ditabranda, transportasse presos políticos, exercia mesmo que tipo de oposição? Chegando mais pra cá na história do Brasil, no tempo que o Fernando Henrique Cardoso comprou o voto de deputados pra mudar a Constituição Federal e permitir a reeleição, fato que provocou até a cassação de alguns parlamentares, por que a "mídia oposicionista" não foi atrás de apurar as responsabiliades do Presidente da República? E mais uma do FHC, alguém aí lembra de algum gesto oposicionista/fiscalizador da tal mídia quando o dio cujo foi flagrado ao telefone fazendo lobby em favor de poderosos grupos econômicos na privatização do Sistema Telebrás? Agora aqui no Ceará, alguém viu a oposição da imprensa fazer escarcéu quando o Tasso Jereissati abasteceu o jatinho dele com a verba de desempenho parlamentar do mandato dele no Senado? Não? Ah, não? Ah, sei, é que a oposição é só ao governo Lula e seus aliados, né?

Nos dias de hoje é muito comum os órgãos de defesa do consumidor anunciarem o ranking de empresas com maior número de reclamações. Pois bem, no topo da lista de pior atendimento ao consumidor normalmente estão as empresas de telefonia. Esse fato os meios de comunicação noticiam, nem sempre com muito destaque, mas até que sai alguma coisa. Mas alguém já viu essa mesma mídia ir atrás de saber por que isso acontece? O que isso tem a ver com a privatização das telecomunicações? E a Coelce? Essa sim tem bronca até na raiz: além do serviço questionável, burla o cálculo da tarifa de energia, trata mal seus trabalhadores e ainda faz demagogia com um problema do governo federal dizendo que doa eletrodomésticos à população. Alguém já viu isso na tal imprensa independente?

Sendo assim, acho que a Dona Judith deve ter desagradado alguns de seus pares que tentam manter a pose de anjos, mas acho que ela fez muito bem ao revelar os demônios que se escondem por baixo da falsa imparcialidade. Ela foi tão sincera que, sem pudor, colocou a imprensa no lugar dos partidos políticos de oposição.

Domaducarmo, minha mãe, é uma criatura de muita fé, capaz de perdoar muito pecador malino, mas ela sempre passava um carão nos filhos quando a gente arrumava um mentirinha pra se livrar duma enrascada. Quando ela descobria, não tinha perdão de jeito nenhum e ainda dizia: "Meu filho, a mentira tem pernas curtas, num vai muito longe. Ainda mais pra mim que conheço você mais do que ninguém". Pois assim digo eu pra falsa imprensa, um dia a mentira da insenção cai, e o povo fica sabendo da lorota. É só lembrar das eleição de 2006. Bem que tentaram, mas o Lulinha deu um baile, foi Lula de novo, com a força do povo!

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