A UNE reúne futuro e tradição
A UNE, a UNE, a UNE é união
A UNE, a UNE, a UNE somos nós
A UNE, a UNE, a UNE é nossa voz.
(Refrão do Hino da UNE, de Carlos Lyra)
Qualquer um que me conhece sabe o quanto valorizo o movimento estudantil, seu papel indiscutível na história recente do país. Desde o empenho da entidade na busca de conquistas específicas dos estudantes universitários até as mais importantes batalhas políticas dos últimos 70 anos (mobilização da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para combater o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial, campanha O Petróleo é Nosso, luta contra a ditadura militar, Diretas Já, Fora Collor, etc.) a UNE jamais falhou. Além de um espírito de luta aguerrido, os estudantes sempre tiveram como marca a busca da unidade, a condução unitária de suas lutas.
Neste final de semana esta unidade foi novamente posta à prova. A direita apostou que os estudantes cairiam num certo "canto de sereia" e que até se "venderia" por conta da idenização que terá direito por conta da destruição de sua sede histórica no Rio de Janeiro. A chamada grande imprensa insinuou de todo jeito, mas prevaleceu mais uma vez a máxima de que a "a UNE é união" quando o Conselho Nacional de Entidades decidiu por ampla maioria que não apoiaria nenhuma candidatura específica à Presidência da República, mas aprovaria propostas a serem encaminhadas aos candidatos. Assim feito a entidade se manteve independente, mas comprometida com suas bandeiras históricas e quem quiser o apoio dos estudantes que apóie suas propostas.
No meio do debate vale destacar o artigo do jornalista Alon Feuerwerker, ex-diretor da UNE no início dos anos 80, que registrou um episódio semelhante por conta das eleições de 1982, quando o debate foi entre apoiar o PMDB, então uma frente de forças que lutava contra a ditadura, ou o recém nascido PT. A decisão foi apertada e o voto decisivo do Fredo Ebling (esse menino de barba rala, que na foto histórica aparece de jaqueta jeans e hoje é dirigente do PCdoB no distrito federal) manteve a UNE unitária e independente.
Diz o Alon:
"Corria o ano da graça de 1980 e a diretoria da União Nacional dos Estudantes estava reunida no DCE da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em Vitória, para tomar posição diante da reforma partidária imposta — ou segundo outras versões permitida — pelo governo João Figueiredo. A UNE fora reconstruída um ano antes e compunhamos a primeira direção, eleita pelo voto direto. Já eram os ventos da abertura a soprar. A diretoria de 15 integrantes era complicada que só. Todos militantes ou simpatizantes de grupos e partidos que uma década antes tinham aderido à luta armada. Um assunto superado pela vida, mas as diferenças políticas persistiam. Parte pendia para o nascente PT, que outros acusavam de ser subproduto da manobra de Figueiredo para dividir o MDB (Movimento Democrático Brasileiro, única oposição partidária permitida pelo regime até então)". Leia mais...
Dessa vez prevaleceu novamente a unidade e seu presidente, Augusto Chagas, anunciu a posição da entidade: “Uma ampla maioria de delegados aqui foi dessa opinião, de que a UNE participe do processo político que vai se dar este ano, no Brasil, com independência e apresentando propostas, o que é mais valioso na nossa trajetória”. Augusto foi mais enfático ainda ao dizer que "quem deve ter candidatos numa disputa eleitoral são os partidos políticos. A UNE deve contribuir com aquilo que há de mais valioso na nossa trajetória, que são as propostas. Nós vamos lutar para que o Brasil não retroceda a determinadas políticas que, na nossa opinião, são negativas. A instituição só tem o prestígio que tem porque sempre conseguiu pautar as grandes questões nacionais, aquilo que interessava à maioria da população, e porque conseguiu conviver com as diferentes opiniões”.
Agora resta saber quais candidaturas se identificarão com os estudantes brasileiros.
Agora assista à entrevista do Augusto Chagas após o 58º CONEG da UNE.
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