
Nesta semana li uma entrevista sua ao site do Zé Dirceu, onde avalia o desempenho dos Governos Lula nas diversas áreas, defende um estado forte, capaz de dar conta dos desafios de recuperar o país, lista as questões centrais de um projeto para o Brasil, comenta o projeto eleitoral do PCdoB para 2010, opina sobre como é possível fazer a reforma política, fala sobre socialismo, China, América Latina, questões militares e seu atual desafio de relatar o novo Código Florestal. No final Aldo Rebelo comenta a postura da chamada "grande mídia" ao tentar interferir nos destinos políticos do pais e afirma o que reproduzo abaixo. Veja que execelente definição de política o Aldo apresenta, numa demonstração inequívoca de que Aristóteles estava certíssimo ao afirmar que o "homem é um animal político".
"Às vezes, eu tenho a impressão que a imprensa quer subtrair da política a atribuição de ser dona do destino, mediando os conflitos da sociedade. Ela pensa que é uma instituição mais apropriada para fazer isso do que as pessoas, os partidos, a política. Isso deforma o papel da própria imprensa. Retira-lhe a condição de ser parte integrante do país e de reconhecer que há virtudes, qualidades, e também defeitos e deformações que ela não assume. A imprensa junto com outras corporações diagnostica: o país está mal, a culpa é da política e vamos ver se nós que estamos acima disso resolvemos o problema.
Isso gera conseqüências muito graves, porque jamais substituirão a política. Primeiro, porque não têm legitimidade; segundo, porque não tem capacidade; e terceiro, porque as pessoas não vão permitir que isso aconteça. A política nasceu pela necessidade das pessoas. Num país como o nosso, desigual, tornou-se o reduto onde as pessoas podem participar livremente. Ninguém pode, por exemplo, escrever roteiro de novela ou editar os telejornais. O povo não pode fazer isso. O povo não escolhe a hierarquia das igrejas, nem os dirigentes das organizações empresariais e dos clubes. Pode torcer. O que o povo escolhe é deputado, vereador, senador, prefeito, governador, presidente da República. Como o povo vai abrir mão disso? Abrir para quê?
Por essa razão a política ainda se mostra tão forte. Você vai na posse do prefeito do mais modesto munícipio do Nordeste e aquilo é uma festa cívica. Não que eles, os vencedores, nunca vão ter um defeito. Não se trata disso, a festa é porque as pessoas sabem que "aqui eu boto, aqui eu tiro". Então, a política é um espaço em que o povo ainda posso exercer a sua influência. E a imprensa não se dá conta disso, o que a transforma numa instituição arrogante, pretenciosa e que se afasta das pessoas, o que é ruim".
Leia a entrevista inteira.
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