Participei da minha primeira reunião como militante do PCdoB em 8 de março de 1982 (tenho orgulho dessa data por minha decisão haver coincidido com o Dia Internacional da Mulher), mas não lembro direitinho quando iniciei minha militância política. Em 1979 participei, junto com o hoje advogado Menescal Júnior, da eleição do Grêmio do Colégio Sobralense. Perdemos a eleição mas fomos convidados para participar do trabalho da entidade devido a algumas propostas que tínhamos. Uma delas, o FEMUP - Festival de Música e Poesia - chegou a ter umas três edições, mesmo depois de nos mudarmos pra Fortaleza.
É isso, militância política é uma espécie de contaminação da qual a gente não tem a menor vontade de se livrar. Lembrei disso depois de ler no Portal Vermelho uma entrevista do Senador Jose "Pepe" Mujica, da Frente Ampla, do Uruguai. Ele, que, durante a ditadura em seu país, foi um dos líderes do grupo guerrilheiro Tupamaros, deverá ser candidato a presidente do seu país com grande chance de ser eleito. Sua entrevista é muito interessante e andei catando uns trechos pra reproduzir aqui. Mujica é um exemplo de que a contaminação da política é muito saudável, principalmente quando se buscar o bem estar de seu povo. Leia o que ele diz, assista o que ele fala sobre a liberdade e depois veja se não tenho razão.
"Estar na política é como estar em uma sala com muito de ruído e onde nunca se apaga a luz".
"Eu amo a Espanha por cima de minhas raízes e dos pleitos que a dividem. Não a Espanha da charanga e do pandeiro a que se referiu António Machado [poeta espanhol, 1875-1939, jornalista e militante republicano), mas para aquela dos pequenos botequins de bairro e dos povoados banhados em luz, onde as pessoas se cumprimentam pelo nome".
"A ETA é a crónica de um litígio não resolvido. Ela é o testemunho de que os nacionalismos resistem veementemente a essa discreta evaporação das fronteiras – geográficas ou étnicas – trazida pela globalização".
"Eu não acho que o bom desempenho de um governo esteja em desacordo com a vocação de construir uma sociedade razoavelmente justa. Existem hoje na América Latina governos para todos os gostos, mas nenhum que tenha renunciado a buscar comida, moradia e cuidados de saúde para os mais necessitados. O mesmo acontece em países ricos. (...) Eu não sou um defensor de boicotar as importações, nem de deixar os agricultores entregues à própria sorte, mas tampouco de se governar com os olhos postos na redação do Wall Street Journal".
O senhor passou treze anos na prisão, em solitária, numa cela. Como conseguiu manter sua cordura?
"Não era uma cela, era um poço. Eu tive que aprender a disciplinar-me: inventava ferramentas e as aperfeiçoava com minha imaginação. Minha única companhia eram as formigas: aprendi que esses insetos gritam. Pode-se comprovar quando se aproxima o ouvido. Eu também aprendi que o homem tem recursos inesgotáveis para enfrentar a adversidade. É por isso que dói muito quando alguém se sente quebrado e renuncia à vida".
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