segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Histórias de Xarás

Uma prosa boa entre dois Inácios
Na última sexta feira foi parado numa blitz do Detran. Tudo beleza no carro, mas notei que o fiscal examinava com mais rigor minha carteira de motorista. Olhou pro documento e pra mim várias vezes. Chegou a tirá-la do envelope plástico e perguntei se a foto 3x4 do meu filho Guilherme, que nunca sai de lá, tava atrapalhando. Ele negou e disse que tava curioso com meu nome. Já fui logo dando rindo e confirmei que meu nome tinha sim o Arruda também. Ele perguntou se eu era Inácio Arruda, o senador comunista do Ceará, e já foi logo dizendo que tava me achando diferente. Rimos juntos e a vida seguiu. Essa é mais uam das muitas histórias desses dois comunistas homônimos, que vez por outra se tratam como Xará, forma que a Teresinha e parte da família do Inácio me tratam carinhosamente.

A primeira história curiosa foi em 1982, quando foi criado em Fortaleza o Comitê de Solidariedade ao Povo de El Salvador, que sob a liderança da FMLN, atual partido dirigente do país, construia sua revolução. Os dois Inácios participavam das reuniões, assim como muitos outros pessoas, entre elas o professor Reynaldo Cuê, cubano de origem. Pra inibir a iniciativa a Polícia Federal instaurou um inquérito para tentar expulsar o professor. Vários participantes do comitê foram chamados a depor e a todos era perguntado quem era o Inácio, representante da Tribuna Operária. Ninguém dava detalhes e até nem lembrava direito o nome das pessoas. Ninguém facilitava a vida da repressão, como mostrou Dilma. Resultando, nenhum dos Inácios foi chamado, porque os caras não sabiam qual deviam notificar.

Noutra ocasião, Inácio Arruda era deputado estadual e eu seu chefe de gabinete. Certa vez fui ao Banco do Brasil pra pegar um talonário de cheques pra mim e o bancário que me atendeu disse que somente o titular poderia pegar. falei que eu era o titular e ele insistiu que não, já que o titular verdadeiro era o deputado estadual. Tive que mostrar minha carteira de identidade para provar que eu era eu mesmo.

Inácio e eu trabalhamos juntos, em diferentes mandatos que ele exerceu, e de tanto as pessoas chamarem por um Inácio, alguém perguntava: "o Arruda ou o Carvalho?". Ele ficou mais com o nome, eu com o sobrenome e nossa amizade já tá perto de completar 30 anos.

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