Em 1978 uma cara de 18 anos tava ali pela Praça José de Alencar, no centro de Fortaleza, e achou de cometer a loucura de roubar um relógio. O cabra num era ladrão coisa alguma, mas caiu na besteira e logo foi preso. Pois por conta de "descuido" o Francisco Ferreira Silva, conhecido como Beiçola, foi parar no Instituto Penal Paulo Sarasate, IPPS, de onde num saiu nunca mais. Pois é, o cara tá preso há 30 anos porque roubou um relógio. É lógico que ele acabou se metendo noutras "broncas" que viraram novas razões pra prolongar sua estadia. Uma das "novas ações" do foi justamente a tentativa de fuga, liderada por um cara chamado "Carioca", que usou como refém D. Aloisio Lorscheider, então Arcebispo de Fortaleza.
Há uns anos o então Diretor do Instituto Médico Legal, Francisco Simão, apresentou numa audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Ceará um relatório de um exame de "corpo delito coletivo", feito em quase todos os detentos do IPPS, justamente depois da tal tentativa de fuga. Na verdade ele acabou fazendo um diagnóstico meio sociológico daquela população carcerária e digo pra vocês, é uma coisa alarmante a situação em que vivem mais de mil homens enjaulados num lugar em que deveria caber talvez a metade. Entre as muitas coisas graves que me chocaram, era exatamente a enorme quantidade de presos cujas penas já estavam cumpridas, mas eles continuavam presos.
A situação do Beiçola, que é amigo de infância do meu calega de trabalho Washington, nos choca, porém o mais grave é imaginar que muitos outros estão no IPPS e em vários outros presídios espalhados pelo Brasil e pelo mundo vivendo a mesma situação. Lembro que no filme Um Sonho de Liberdade, que se passa numa penitenciária dos Estados Unidos, havia um personagem bem idoso que após décadas na prisão foi posto em liberdade e não sabendo o que fazer com ela acabou se suicidando.Agora imaginem se o Beiçola fosse solto, o que aconteceria com o Francisco Ferreira Silva?
Um comentário:
Chocante!
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