segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"Perdulação" na Gringolândia

Eu era um menino véi quando ganhei o meu primeiro dinheiro suado. Meus irmãos e irmãs que já iam pra aula usavam o famoso sapato colegial, que igualava todo mundo pelos pés. Pois eu aprendi engraxar sapatos, tinha uma lata de cera preta, uma escova e uma flanela. Lá em casa num faltava brilho nos sapatos de ninguém, pelo menos nos pretos. Eu ganhava umas merrequinhas e torrava tudo no refresco com pão das bodegas do Belchior, do Seu João e outras que num lembro o nome agora, além de muito picolé comprado ali no picolezeiro que se instalava na esquina do museu Dom José, em Sobral. Também andei matando uma graninha juntando oiticica lá no Otoladorrie e vendendo a lata de 20 litros (Querosene Jacaré) por cinquenta centavos. Era um dinheiriin de nada, mas dava pra fazer cada farra... O da oiticica também virava refresco com pão nas bodegas daquela região da periferia de Sobral, principalmente no Ormá e no Zé Maria.

Mas nada dessas minhas farras infantis se compara, nem de muito longe, ao que tá sendo feito pra salvar o capitalismo da crise braba que o sistema anda vivendo desde agosto do ano passado. Nos últimos séculos os Estados Unidos gastaram alguns "punhados de dólares" em coisas que vão desde a compra do estado de Louisiana à França - do México eles tomaram alguns (Califórnia, Novo México, Texas, etc) sem pagar um "dólar furado", até guerras de rapina e invasões, passando por pesquisas espaciais.

Recentemente foi divulgada uma tabela com esses gastos americanos e os valores, principalmente os mais recentes, me levaram aos tempos de leitura das histórias de Patópolis, quando a fortuna do Tio Patinhas era calculada em quaquilhões, zilhões e coisas assim. Dê só uma espiadinha, mas antes vale destacar que o gasto maior foi do estado norte-americano intervindo fortemente na economia, ao contrário do que pregam por aqui os tucanos e demos, seguindo os conselhos justamente dos gringos, que acusam o Brasil de ser perdulário com o dinheiro público. Vamos ver quem "perdula" mais.

Plano Marshall (1947-1951) - US$115 bilhões

Compra de Louisiana (1803) - US$ 217 bilhões

Corrida à Lua (1958-1972) - US$ 237 bilhões

Crise da Poupança (1986-1995)- US$ 256 bilhões

Guerra da Coréia (1950- 1953) - US$ 454 bilhões

New Deal (1933-1941) - US$ 500 bilhões

Guerra do Vietnã (1963-1975) - US$ 698 bilhões

NASA (1958-2008) - US$ 851 bilhões

Guerra do Iraque - US$ 597 bilhões (podendo chegar a 2,1 trilhões)

II Guerra Mundial - US$ 3,6 trilhões

Crise atual - US$ 3,1 trilhões (podendo chegar a 10 trilhões!!!)

3 comentários:

Soninha disse...

Fantástico teu texto, Inácio...

Envolvente.

Parabéns!

Anônimo disse...

Inácio, grande tomador de refresco com pão e tu nem engordou na época.

Só me diga uma coisa, esse Ormá que tu fala é o mesmo da Praça do Siebra, ali na esquina?

Inácio Carvalho disse...

Oi Vicente, tudo bem cabra bom?

O Ormá é o mesmo Osmar lá da Praça do Siebra, hoje o Bosque, só que na época o bodega dele ela lá no Bairro Dom Expedito, numa esquina situada na rua que desembocava na passagem do rio Acaraú e saia lá na Fábrica Randal. Em 1974 a enchente do rio derrubou a bodega e a casa dela, fazendo com que ele se mudasse pro lugar em que está até hoje.

Quanto ao refresco, continuo viciado em suco, mas agora engordei. É também o peso da idade e as consequencias da vida sedentária.

Um abraço e obrigado pelo comentário