quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ditabranda, é?

Eu sou desses caras que num me iludo muito com imparcialidade de jornal, tv, rádio e o que mais vier de meio de comunicação. Sinceramente não existe essa de neutralidade. Mas tem muito jornal por aí, inclusive no Ceará, que se diz imparcial, que represnta a tal de opinião pública e que não toma partido por A nem B. Tudo mentira! Tudo um bando de hipócrita! A opinião pública não é uma coisa monolítica, a sociedade é dividida, pra começar em classes sociais muito distintas, mas também tem outras segmentações e isso significa que não existe essa de uma opinião pública, há sim muitas opiniões na sociedade e sendo assim, não há um, nem dois, nem dez, nem mil representantes da opinião pública. O que há é muitos representantes, das muitas e diversificadas opiniões existentes no meio da sociedade, do povo, da população.

Com isso eu tô querendo dizer que essa última da Folha de São Paulo, que num editorial achou de rebatizar o regime militar que traumatizou o Brasil entre 1964 e 1985 chamando de "ditabranda" é mais uma prova dessa cara de pau da chamada grande imprensa brasileira. Sei que muita gente, inclusive da esquerda, é chegada a uma leiturinha fiel da "Folha" e acha que o jornal é mesmo imparcial. Pois isso me faz lembrar o que certa vez me disse o velho Dynéas Aguiar, hoje vice-prefeito de Campos do Jordão, pelo PcdoB: "Se é pra saber o que pensa a burguesia, prefiro ler o Estadão ao invés da Folha. Ele pelo menos é sincero, enquanto a Folha disfarça, dando uma de independente".

Pois é, como diz o Miro Borges, "a máscara caiu em pleno carnaval" e surgiu o lado verdadeiro da Folha que durante a ditadura chegou ao absurdo de ceder suas peruas C-14 para transportar presos políticos que iam ser torturados. Diz o Mauro Santayna que era o "jornal de maior tiragem do país" devido a quantidade de tiras (policiais) infiltrados em suas redações. Sendo assim não poderia pensar que a ditadura militar chegasse a ser um mal tão grande ao povo e ao Brasil, né?

Pois agora tem aí um manifesto circulando na internet de repúdio a esse jornal vagabundo. Minha assinatura é a 2312ª e chamo você pra também botar seu nome na lista de brasileiros que rejeita essa "releitura" da Folha. Se você quiser assinar é só clicar bem aqui e o texto do manifesto é esse aí abaixo.


REPUDIO E SOLIDARIEDADE

Ante a viva lembranca da dura e permanente violencia desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repudio a arbitraria e inveridica revisao historica contida no editorial da Folha de S. Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009. Ao denominar ditabranda o regime politico vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direcao editorial do jornal insulta e avilta a memoria dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratizacao do pais. Perseguicoes, prisoes iniquas, torturas, assassinatos, suicidios forjados e execucoes sumarias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no periodo mais longo e sombrio da historia política brasileira. O estelionato semantico manifesto pelo neologismo ditabranda e, a rigor, uma fraudulenta revisao historica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensao das liberdades e direitos democraticos no pos-1964.

Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota de redacao, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro (p. 3) em resposta as cartas enviadas a Painel do Leitor pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fabio Konder Comparato. Sem razoes ou argumentos, a Folha de S. Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrarios e irresponsaveis a atuacao desses dois combativos academicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insolitas criticas pessoais e politicas contidas na infamante nota da direcao editorial do jornal. Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fabio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro.

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