Chamou minha atenção hoje a contradição entre dois jornalões sobre a situação na Faixa de Gaza. Enquanto o Estadao dizia que Israel declarou um cessar fogo unilateral e listou as "vitórias" sionistas sobre o Hamas, a Folha de Sao Paulo dizia que os palestinos anunciaram a trégua. Prefiro aguardar mais as coisas, enquanto isso fico com a opinião do Antonio Mello em seu blog, que reproduzo abaixo integralmente.
Israel propõe cessar-fogo ou 'cala a boca'?
Só não digo que esse cessar-fogo unilateral proposto por Israel é uma piada, porque piada é para divertir, e tem que ser inteligente, tudo o que a proposta de Israel não é. Porque esse cessar-fogo tem chance zero de levar à paz. E Israel sabe disso.
Afinal, o exército israelense invadiu e ocupou a faixa de Gaza, matou milhares de pessoas, incluindo quatro centenas de crianças, e ainda mulheres e idosos, destruiu escolas, hospitais, postos de saúde, navios e caminhões com mantimentos, prédios da ONU, da Cruz Vermelha, e agora diz apenas que vai continuar ocupando Gaza, sem dar um tiro, desde que os palestinos fiquem quietinhos.
É história da carochinha, enquanto o Obama não vem. Porque aí Israel aceita tirar o bode da sala (as tropas de Gaza) e empurra com a barriga a devolução das terras palestinas aos palestinos.
A paz só virá no dia em que Israel abandonar Gaza, chamar de volta seus colonos que ocupam irregularmente terras palestinas para dentro das fronteiras de Israel reconhecidas pela ONU. Só com o reconhecimento por ambas as partes da existência dos dois Estados a paz será possível.
No dia em que Israel fizer o que tem que fazer — obedecer à resolução da ONU de mais de 20 anos que estabelece as fronteiras dos dois países — poderá dizer que é um Estado que busca a paz.
Por enquanto, com esse cessar-fogo, Israel age como aquele valentão que, após surrar bastante o adversário mais fraco, pisa sobre seu corpo caído no chão e diz que não vai mais bater nele, desde que fique caladinho, com o rabinho entre as pernas e aceite sem um pio a humilhação de ter seu corpo (suas terras) invadido, agredido, degradado.
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