sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Quem é Cesare Battisti?

O Ministro da Justiça, Tarso Genro decidiu enfrentar todo o aparato da direita e sua "mídia venal", como bem define o jornalista Messias Pontes, e recusou o pedido do governo italiano liderado pelo fascistão Silvio Berlusconi para que o Brasil entregasse o ex-militante da gurrilha urbana Cesare Battisti. O quiprocó tá grande e a Itália tá querendo abrir uma celeuma grande.

Mas afinal quem é mesmo o cidadão em questão, Cesare Battisti, que por sinal lançou um livro "Minha fuga sem fim” ? Como é preciso navegar para se saber das coisas, aportei no desfocado Blog do Adeodato e encontrei uma matéria da revista Piaui, que vale a pena conferir.


À Espera - Cesare Batista, o último preso político do Brasil, pela Revista Piauí


Um grupo de jovens armados tentou assaltar a pizzaria Transatlantico, em Milão, na noite de 22 de janeiro de 1979. Um dos clientes, o joalheiro Pierluigi Torregiani, se fazia acompanhar por guarda-costas. Eles reagiram e, na troca de tiros, morreram um bandido e um freguês. Menos de um mês depois, veio a vingança. De revólver em punho, meia dúzia de rapazes entrou na joalheria de Torregiani. O comerciante sacou a sua Smith & Wesson e fez fogo. Errou o alvo e atingiu o próprio filho adotivo, Alberto, de 13 anos. Torregiani levou um disparo no coração e morreu na hora. O filho sobreviveu. Mas, com uma bala na medula, ficou paraplégico. Alberto só anda de cadeira de rodas.


No mesmo dia, 16 de fevereiro, a 500 quilômetros de Milão, na cidadezinha de Santa Maria di Sala, um bando armado matou a tiros o açougueiro Lino Sabbadin, que pouco antes também havia reagido a um assalto e matado um ladrão. As duas mortes foram assumidas pela organização Proletários Armados para o Comunismo, os PAC. Além de julgá-los assassinos, o grupo acusou o açougueiro de integrar um partido fascista, o Movimento Social Italiano, e o joalheiro (por ter guarda-costas), de ser o xerife do bairro. Os PAC reivindicaram outras duas execuções naquela época: a do comandante de prisão Antonio Santoro, numa emboscada de rua, em Udine, e a do policial Andrea Campagna, na frente da casa da namorada, em Milão. Ambos foram condenados à morte porque teriam torturado militantes da organização.


Os Proletários Armados para o Comunismo eram uma organização pequena e regional, que foi fundada em 1976 e deixou de existir apenas três anos depois. Nunca tiveram a expressão das Brigadas Vermelhas, que seqüestraram e mataram Aldo Moro, o líder democrata-cristão. Enquanto as Brigadas tinham ideologia rígida e se estruturavam militarmente, os PAC eram um grupo fluido, sem hierarquia, que assaltava mais para garantir o sustento de seus militantes que para incentivar a expropriação de capitalistas. Em vinte anos, contados a partir de 1969, cerca de 600 grupos reivindicaram ações subversivas na Itália. Só em 1979, quando os PAC fizeram três vítimas fatais, mais de 200 grupos de extrema-esquerda praticaram atentados na Itália.



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