Na Segunda Guerra Mundial a máquina de propaganda ideológica dos Estados Unidos usou os desenhos animados do Walt Disney pra fazer política de boa vizinhança com o Brasil e a América do Sul. Daí surgiu o Zé Carioca. A edição no. 32, da Revista História da Bibioteca Nacional conta direitinho como se deu a coisa.
Pois bem, tenho a impressão que a mesma estratégia pode estar de volta. O objetivo seria o mesmo e o alvo são os governos democráticos e progressistas que se contrapõem aos interesses estadunidenses nessa banda de cá da América.
Sempre vou ao cinema com o Guilherme e nos últimos tempos dois filmes me chamaram atenção. O primeiro foi o Indiana Jones, que desta vez resolveu fazer suas estripulias no Peru. Aliás, o tal filme deu um show de desrespeito àquele país. Apresentou música mexicana como trilha sonora, exibiu um rio cheio cataratas – que na verdade ficam no Havaí - em plena selva amazônica, mostrou que o herói mexicano Pancho Villa e seus amigos falavam quechua ( língua dos antigos povos peruanos) e de quebra localizou no país andino a pirâmide mexicana de Chichen Itzá. Os peruanos protestaram, e com toda razão.
O outro filme é a mais nova aventura do Hulk ( por sinal, verde como o Zé Carioca) que tem muitas cenas na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Imagino o impacto entre a população ver sua comunidade num filme hollywoodiano. Só que, além das incríveis aventuras do verdão lá, há coisas inacreditáveis. De noite o cara vira bicho no Rio e de dia aparece como gente no meio duma floresta da Guatemala. Eu lá sabia que o Hulk voava, e tão rápido. Da Guatemala ele pega umas caroninhas e num instante chega ao México. Eita bicho danado!
Bom, todo mundo sabe que a CIA bancou e ainda banca muito da guerra ideológica no mundo inteiro, mas os Estados Unidos num são de ficar só fazendo filme pra enfrentar as situações adversas. Por via das dúvidas, se os sucessores do Zé Carioca não funcionarem como reforço à agressiva diplomacia da Casa Branca, a Quarta Frota está de volta com seus navios de guerra e um enorme contingente de marines pra dar uma forcinha. É o velho Big Stick ameaçando novamente os povos.
Um comentário:
Ahh, nada como aprender geografia com os americanos e com alguns europeus... afinal para muitos nossa brasileira é Buenos Aires!
Lembro de um filme do 007 em que uma havia uma perseguição que começava no rio Amazonas, desmbocava nas cataratas do Iguaçu e após saírem ilesos de tal queda, James Bond-Roger Moore se engalfinhava com o temível Dentes- de-Aço nos cabos do bondinho do Pão de Açúcar.
Cinema é ou não é fantasia?
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